Respostas às Reviews do Capítulo Anterior:
Nicolle Snape: Nem quero ver se isso acontecer ;-)
Bela Chan: Que bom que você gostou! Quanto a Sirius pegar Snape e Harry no sofá, o mesmo que eu disse para a Nicolle: Nem quero ver!
Marck Evans: Você foi profético outra vez, só que vai ter de esperar o capítulo 6 para verificar...
Srta. Kinomoto: Por favor, pensem um pouco antes de pressionar os autores assim. Eu tenho problemas graves na vida real. Corro o risco de ficar cega. Eu sei que você está só querendo me incentivar, mas nem sempre isso funciona. Pense de outra forma. Pense que cada capítulo que eu consigo postar é mais uma etapa cumprida, mais uma vitória.
Natália-Lupin-Snape: Outra que quer ver sangue... Talvez no capítulo 6.
Half Dane: Adoro essas expressões, espero poder usar todas elas em minhas fics. Que bom que você gostou da cena final!
Capítulo 5 - A Taça
Na manhã seguinte, Severus acordou Harry bem cedo, transfigurou o sofá de volta à sua forma normal e mandou Harry de volta a seu quarto. Eles se encontraram de novo depois do café da manhã, no quarto de Harry, para sua prática de magia conjunta. Assim que Severus fechou a porta, Harry o abraçou. Severus segurou-lhe os ombros com firmeza e o afastou.
— Harry, isto é sério. Estamos aqui para praticar.
— Oh, só um beijinho...
— Quando terminarmos o treino.
— Tudo bem — resmungou Harry.
Depois de várias semanas de prática, não havia nada que não conseguissem fazer juntos, e ver sua magia começar a fluir naturalmente das duas varinhas e combinar-se era uma experiência muito agradável para Severus. Eles haviam atingido um nível elevado de comunicação por meio de Legilimência e conseguiam até mesmo lançar feitiços não-verbais juntos. Agora eles só precisam aperfeiçoar a sincronia, o foco e a técnica.
Já Oclumência era algo totalmente diferente. Harry conseguia contratacar e ler a mente de Severus quando Severus tentava ler a sua, mas raramente conseguia bloquear Severus.
Talvez isso ocorresse porque Harry se sentia confortável com suas próprias emoções; ou talvez isso se devesse ao vínculo entre eles — Harry não queria cortá-lo.
Qualquer que fosse a explicação, Severus estava preocupado e não sabia como ajudar Harry a superar o que Severus considerava uma fraqueza.
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— No quintal de Bellatrix há um olmeiro. Quando eu era criança, eu ia brincar lá com ela e suas irmãs. Ela herdou a casa dos pais, você sabe. Junto a esse olmeiro, havia uma arca do tesouro enterrada — contou Sirius.
— E você acha que ela escondeu a taça lá? — perguntou Harry.
— Se conheço Bellatrix, foi exatamente o que ela fez.
Sirius passara o dia todo planejando cada detalhe do que eles deveriam fazer, e dando instruções a Remus e Harry.
À noite, quando Snape levou a mão ao braço, Sirius olhou para Remus.
— Preciso ir — disse Snape, olhando para Sirius e Remus, e então mais longamente para Harry. — Tenha cuidado.
— Você também, Severus — disse Harry enquanto o corpo de Snape desaparecia.
— Remus, por favor, conte aí dez minutos no relógio — pediu Sirius.
— Acha que é o bastante? E se ela se atrasar? — perguntou Remus.
— Bellatrix, se atrasar para um encontro com seu amado mestre? Nunca! — disse Sirius. — Vocês estão prontos?
— Estamos.
— Nós iremos aparatar direto no quintal. Não queremos, de jeito nenhum, entrar na Mansão de Bellatrix. Aquela casa não é só mal-assombrada, é cheia de armadilhas — avisou Sirius. — Harry, você vai lado-aparatar comigo, já que não tem ainda licença para aparatar.
Harry olhou para o teto.
— Tá, eu sei. Você já falou isso dez vezes, Sirius. — resmungou Harry
Quando Remus anunciou que os dez minutos haviam passado, Sirius deu o braço a Harry, que o segurou. Sirius olhou para Remus, que assentiu com a cabeça, e eles aparataram.
Assim que seus pés pisaram em terra firme outra vez, Sirius olhou para Harry e viu que ele estava inteiro. Respirou fundo, aliviado. Então olhou em torno e surpreendeu-se com o que viu.
O gramado do quintal de Bellatrix se transformara em um campo de asfódelos. Com suas folhas estreitas e flores brancas, os asfódelos formavam um tapete verde e branco por sobre a terra.
Só que, de repente, o tapete florido se abriu, e a terra começou a ceder.
— Sirius — gritou Harry, mas Sirius não podia fazer nada, pois já estavam todos sendo tragados pela terra, que se abria em abismo, a uma velocidade vertiginosa. O grito de Harry ainda ecoou enquanto eles caíam.
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A consciência retornou-lhe aos poucos. Sentiu dores e uma coceira pelo corpo. A custo, abriu os olhos, e um arrepio percorreu-lhe a espinha. Ratos e insetos de todos os tipos o cercavam. Sentou-se rápido, sacudindo o corpo e distribuindo tapas para todos os lados. Olhou ao redor, em busca de Harry e Remus. Eles estavam caídos junto a ele, também cercado pelos ratos, baratas e até mesmo aranhas. Morcegos voavam ao seu redor, e ao ver um deles mergulhar na direção de Harry, Sirius correu para espantá-lo. Afastou de Harry tantos bichos quantos pôde. Mais adiante, Remus estava levantando, parecendo em forma, como se não houvesse caído em um abismo ainda há pouco.
Remus correu para eles e ajudou Harry a se sentar. Sirius sacou sua varinha, e começou a afugentar os bichos com jatos de fogo. Quando conseguiu afastá-los de Harry e Remus, criou um círculo de fogo ao redor dos três.
— Vocês estão bem?
— Pronto pra outra — respondeu Remus.
— Tudo bem — disse Harry.
Mantendo o círculo de fogo ativo, Sirius olhou ao redor. Eles estavam em uma espécie de caverna, muito alta e muito ampla — ele não conseguia sequer enxergar os seus limites. A terra que se abrira para os engolir provavelmente se fechara de novo sobre eles. Sirius voltou-se novamente a Harry e viu os olhos do afilhado se arregalarem. Harry olhava para cima, como se algo estivesse vindo do alto, por trás de Sirius. Sirius se virou, com a varinha em riste, e seu coração parou por vários segundos diante da visão que o esperava.
— Meu Deus, Sirius, é um Barriga-de-Ferro Ucraniano! — exclamou Remus, em voz baixa.
Sirius viu um pé rugoso, áspero, com unhas horrivelmente longas; olhando um pouco mais para cima, como que hipnotizado, viu um corpo maciço recoberto por escamas metálicas cinzentas, e depois a imensa cabeça, onde olhos vermelhos profundos brilhavam com uma ira satânica. O grande animal rolou a cabeça e rugiu, soltando uma torrente de fogo de por entre as presas de sua boca na direção deles.
— Corram — gritou Sirius, disparando ele mesmo em uma corrida vertiginosa caverna adentro. O problema era... aquela caverna teria saída?
O Barriga-de-Ferro lançou outro jato de fogo, quase atingindo Harry, que corria um pouco à frente de Sirius, à sua direita. Por sorte, o dragão era pesado demais, e lento, e logo eles conseguiram chegar a uma distância que ele não conseguia alcançar com suas chamas.
Sirius forçou-se a relaxar. Foi quando avistou o olmeiro opaco, enorme, seus ramos e galhos seculares estendidos em todas as direções. Era uma estranha visão, o olmeiro dentro da caverna. Não combinava. Mas Sirius não tinha tempo para esse tipo de reflexão.
— Harry, Remus, nós o encontramos. Por que vocês não aparatam daqui enquanto eu escavo em busca da arca?
— De jeito nenhum — disse Harry, decidido.
Sirius conhecia aquele tom: ouvira-o em James muitas vezes. James jamais recuara diante do perigo, e Harry herdara isso dele e de Lily. E a expressão no rosto de Remus também não deixava margem para dúvidas: Remus também iria até o fim a seu lado.
— Muito bem. Então vocês dois me dão cobertura.
Lentamente, o Barriga-de-Ferro se aproximava de novo. Sem pensar mais, Sirius apontou a varinha para a terra sob o olmeiro e tentou o óbvio:
— Accio arca!
Imediatamente, seres monstruosos começaram a surgir de todos os lados: Quimeras, Graphorns, Runespoors, Quintapeds... Em desespero, Sirius começou a atacá-los desvairadamente.
De repente, sentiu a mão de Remus em seu ombro.
— Padfoot, eles não são reais. São fantasmas.
Só então Sirius reparou que eles tinham uma consistência etérea, transparente. Remus sentou-se ao solo e começou a cavar a terra, e Sirius o imitou. Os fantasmas de monstros ficavam passando diante deles, deixando-os arrepiados.
— Não acha que devíamos tentar levitar a terra ou...
Remus o interrompeu.
— Acho que Bellatrix deve ter colocado proteção contra qualquer tipo de magia. Vamos cavar com as mãos mesmo.
Uma língua de fogo roçou a mão de Sirius, e ao erguer os olhos, Sirius viu o dragão muito próximo e Harry apontando a varinha para ele.
— Protego!
O jato de fogo que o Barriga-de-Ferro lançara se voltou contra si mesmo.
— Muito bem, Harry! — gritou Sirius.
— Continua cavando aí, que eu seguro as pontas — respondeu Harry.
Sirius voltou a cavar. Por um minuto, pensou se não cavaria de modo mais eficiente em sua forma de Animagus, mas afastou a idéia ao perceber que como Padfoot ele não seria capaz de defender a si próprio e aos companheiros. O dragão lançava urros medonhos cada vez que Harry repelia seus ataques. A terra estava cheia de sanguessugas que grudavam em seus corpos, mas Sirius nem parava para pensar. Finalmente, sentiu algo duro e áspero sob as unhas. Logo, Remus e Sirius estavam puxando uma pesada arca de madeira, toda carcomida pela umidade e os bichos, para fora da terra.
— Cistem Aperio! — gritou Remus, e a arca se abriu.
Sirius mal podia acreditar. Ali estava a taça, reluzente em seu ouro, imaculada e intacta, apesar da arca apodrecida onde estava guardada.
— Não toque nela, Moony. Preciso pronunciar o encanto de extração da Horcrux primeiro.
Sirius apontou a varinha para a taça.
— Expellianimula!
Um brilho verde saiu da taça no exato instante em que o dragão dava um urro terrível e se consumia em chamas. Suas pernas traseiras oscilaram e toneladas de carne escamada caíram ao chão, fazendo a terra estremecer.
— Ele morreu! — exclamou Harry, virando-se para Sirius. — Você conseguiu extrair a Horcrux?
— Consegui.
— Então vamos embora!
— Não — disse Remus. — Vamos repor tudo no lugar, inclusive a taça, para que Bellatrix não perceba que estivemos aqui.
Remus já colocara a taça dentro da arca e fechara a pesada tampa. Sirius ajudou-o a colocar a arca no buraco que haviam aberto, e os três a cobriram de terra novamente.
Sirius levantou-se e apontou a varinha para o dragão morto.
— Evanesco!
— Bem, se Bellatrix for observadora, irá notar que seu monstrinho de estimação desapareceu — disse Remus. — Mas quanto mais dificultarmos as coisas para ela, melhor.
— Certo, pessoal. Todos prontos para Aparatar? — perguntou Sirius, estendendo o braço para Harry e preparando-se para a desagradável sensação com a qual jamais se acostumara.
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Severus estava cansado do discurso arrogante do Lord das Trevas a seus asseclas. Enraivecido pelo fato de ter de desistir de seu plano de atacar Hogwarts e informado por Severus que Dumbledore se retirara ao Quartel-General da Ordem, o Lord das Trevas repetira suas cansadas ameaças e cobranças a todos. Quando a reunião terminou e Severus achou que poderia voltar para "casa" e ver se os seus "companheiros" haviam encontrado a taça e se Harry estava bem, o Lord das Trevas o chamou e pediu que permanecesse para conversar com ele.
Aquelas conversas em particular nunca eram um bom sinal.
— Severus, gostaria de deixá-lo a par de certos... acontecimentos...
— Pois não, meu Lord. Sinto-me honrado com a sua confiança.
— Veremos se você se mostra à altura!
— Não irá se decepcionar comigo.
— Como eu disse, veremos. — Os olhos do Lord das Trevas pareciam escorrer sangue, de tão vermelhos. — Como você pode imaginar, o fracasso de Malfoy no episódio do Departamento de Mistérios, um ano atrás, me desagradou imensamente.
— E com razão, meu Lord.
— Isso não pode passar em branco. Por isso, encarreguei o filho dele de cumprir uma missão: ordenei-lhe que mate Dumbledore.
Severus sentiu uma súbita tontura.
— Mas... meu Lord... trata-se de uma criança! Ele dificilmente terá condições de derrotar um mago da envergadura de Dumbledore.
O Lord das Trevas deu uma gargalhada.
— Eu sei disso, Severus. Essa é apenas a minha vingança contra Lucius Malfoy.
— Entendo. E há algo que eu possa fazer, para ajudá-lo nesse... plano?
— Por enquanto não. Mas fique de olho tanto no garoto como em Dumbledore, e me informe dos acontecimentos.
Severus se inclinou diante do Lord e aparatou de volta à Cornualha com mais um peso sobre seus ombros.
Continua...
