Antes de começar o capítulo, gostaria de avisar a todos que desisti de mudar de nick! XP Não me perguntem o porquê!! Boa leitura!!!

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Capítulo 5

" Romantismo e boliche!"

- Wuffei! Você é um gênio!

Colocando o telefone no gancho, Heero encarou seu amigo chinês com um sorriso bobo no rosto. Ainda não acreditava que...TERIA UM ENCONTRO COM DUO!!Bom...talvez jogar boliche não fosse exatamente o maior dos encontros românticos, mas já era o bastante!

Sentado ao seu lado no espaçoso sofá, Wuffei sacudia a cabeça de forma triunfante, dando uma tapinha no ombro do executivo:

- Elementar, meu caro Heero...não é à toa que eu sou o maior conselheiro amoroso dessa cidade!

Heero libertou uma risada quando não conseguiu evitar de imaginar a imagem do chinês vestido com uma daquelas fantasias ridículas de coração, saltitando por aí.

- Pelo visto está feliz mesmo, hein, "Gata borralheira"?

O chinês não teve tempo de desviar do travesseiro que cortou o ar no mesmo instante, derrubando-o no chão.


Com um sorriso cansado, largou-se no chão, de braços abertos, encarando o renovado porão. Após três horas pagando sua bendita promessa, Duo havia deixado o lugar brilhando. Estava todo arrebentado, mas com certeza valera a pena. Jogar boliche com Heero...mesmo não sendo nada convencional, parecia uma idéia extremamente atraente.

Mas antes de tudo, precisava de um bom banho! Com algum esforço, correu até o banheiro, abandonando as suas roupas pelo caminho, imaginando o que a noite guardava por entre as pistas de boliche.


"Vamos, Heero! Rápido!!" A figura do japonês corria de um lado para o outro , juntando as roupas separadas por Wuffei, enquanto tentava enxugar os cabelos ainda úmidos pelo banho. Tropeçando nos próprios pés, Heero bateu com a cabeça na porta da cozinha, libertando um gemido de dor e um palavrão.

- Hum...muito bom, Yuy! Quando chegar ao encontro, talvez não tenha mais seu cérebro! – se repreendeu, enquanto depositava todas as peças de roupa sobre a sua cama, encarando-as de forma analista.

Seu amigo chinês poderia ser um gênio nos assuntos do coração, mas com certeza era um desastre em moda. Com um suspiro, jogou no chão o extravagante conjunto formado por uma camisa de seda azul berrante, acompanhada por uma calça repleta de lantejoulas negra, e sapatos de couro branco.

Encarou os sapatos ridículos por alguns segundos, sentindo um calafrio ao lembrar-se de Budd e Jay, a dupla mais estranha que já vira, ambos completamente obcecados por couro. Com um súbito ataque de medo, chutou os calçados para debaixo da cama, imaginando o que faria para despistar os dois homens, que aparentemente estava muito interessados na "coleção de peças caras e raras dos curtumes de Roma" do japonês. Talvez pudesse mentir dizendo que ladrões haviam levado toda a sua coleção inexistente, mas tinha receio de que Budd e Jay enlouquecessem e saíssem por aí atacando qualquer potencial ladrão de couro.

Tentando afastar a imagem dos dois vestidos com uma versão mais sado do uniforme do Super Homem, voando por aí com chicotes de couro nas mãos, Heero abriu seu closet, avaliando o que iria vestir.

Acabou optando por algo mais simples: uma calça jeans escura, uma camisa social azul-marinho com as mangas simplesmente dobradas à altura dos cotovelos, e tênis. Desistira de usar gel nos cabelos, de nada adiantaria mesmo. Ao invés disso, resolveu deixá-los revoltos mesmo, pois segundo Wuffei, assim o japonês ganhava um ar mais "selvagem".

- Eu fico parecendo um louco, isso sim... – sorriu ao encarar-se no espelho, correndo até o banheiro, se perfumando com a sua melhor colônia.

Dando uns tapinhas leves no próprio rosto, rezou para que o Bad Heero não desse o ar da sua (des)graça naquela noite, não perto de Duo. Não queria estragar tudo antes mesmo de começar algo.

Girando a chave na ignição do seu carro, retirou o endereço de Duo do bolso da calça, imaginando se teria uma hemorragia nasal inconveniente quando encontrasse o atendente de novo.

O trajeto até o condomínio onde Duo morava levou pouco mais de quinze minutos. Apertando o volante entre os dedos, estacionou o carro diante da casa referida no endereço, verificando o número antes de descer do veículo.

Enquanto caminhava até a porta, verificou se tudo estava no lugar, apalpando suas roupas e ajeitando como podia os cabelos, ao mesmo tempo tentando lembrar-se de tudo que ensaiara com Wuffei, desde o que dizer até o que fazer.

Engolindo em seco, Heero pressionou o botou da campainha, ficando incrivelmente tenso quando a voz de Duo soou de dentro da casa:

- Já vou!

Apertando com força a barra da sua camisa, o japonês suspirou, esquecendo-se de respirar quando a porta se abriu, revelando a imagem sorridente de Duo. Os olhos de Heero esquadrinharam o atendente de cima a baixo, incapazes de acreditar no que viam. O japonês teve certeza de que, se tivesse uma hemorragia nasal como temia, perderia todo o sangue do seu corpo.

A calça jeans clara que emoldurava as pernas do rapaz de trança dava uma visão perfeita de suas coxas. Cobrindo o tórax esguio, um suéter vermelho, e um par de tênis simples completava o maravilhoso conjunto.

Permaneceram alguns segundos apenas se encarando. O sorriso na boca de Duo se alargou quando Heero piscou algumas vezes, ainda em choque:

- Heero? Vamos?

Acordando do seu transe com um estalo, Heero tentou sorrir, gesticulando nervosamente, indicando o carro:

- Claro!

Ainda sorrindo, Duo trancou a porta da sua casa, passando por Heero em direção ao veículo. O perfume do atendente chegou até o cérebro de Heero, e o japonês se sentiu inebriado. Era suave, mas ao mesmo tempo possuía notas fortes...assim como Duo!

Hipnotizado, o japonês apressou o passo, chegando até seu carro antes do atendente, para abrir a porta do lado do passageiro com uma mesura, arrancando uma risada de Duo:

- Deus! Eu encontrei o homem mais perfeito do mundo!

Tomando seu lugar à direção, Heero sorriu , olhando o atendente de soslaio. A noite prometia! Dando partida no veículo, Heero o colocou em movimento. Tentando imaginar algo para dizer, o japonês passou com tudo sobre um pequeno declive na estrada, sacudindo o carro. Um baque surdo se fez ouvir do fundo do carro, seguindo de um gemido de dor abafado:

- Você ouviu algo? – Duo se esgueirou no banco, olhando por cima do ombro.

- Não...você ouviu?

Sorrindo para o executivo mais uma vez, Duo passou a mão pela franja, retirando-o da frente dos olhos:

- Acho que foi só a minha imaginação!

Mas não era apenas a imaginação do atendente. Dentro da mala do carro, Wuffei se encontrava encolhido, massageando a cabeça de forma pesarosa:

- Que pagamento eu recebo? Eu me escondo aqui pra avaliar meu "pupilo" e ele tenta me matar!

A partir daí, a conversa rolou solta entre os dois "pombinhos", passando desde coisas banais até o trabalho que Heero desempenharia na empresa:

- Ah, e mais uma coisa! Nunca tome o café que servem na empresa, eu desconfio que a Anna, a moça do café, tem tentado nos matar...- confidenciou, com uma careta, arrancando uma gargalhada de Heero.

- Bom, quanto a isso eu nem preciso me preocupar. Afinal, eu tenho um ótimo lugar pra tomar café!

- Claro que sim! E eu prometo que sempre que você for até a lanchonete, eu mesmo me encarrego de fazer o seu café. Não que eu queira me gabar, mas o meu café é o melhor da cidade! – o atendente fechou uma das mãos em punho, encarando o infinito, numa posição heróica.

Riram juntos , sentindo algo docemente agradável no ar. Algo que logo se tornaria palpável...

Heero parou de rir, mas um sorriso ainda se conservava em seu rosto quando este desviou o olhar por um segundo da direção, prendendo-o ao de Duo:

- Então eu irei todos os dias até a lanchonete, pra tomar o melhor café da cidade! Isto é, se você não se importar...

O sorriso que recebeu de Duo no instante seguinte poderia com certeza ter iluminado toda a escuridão do mundo. Nunca se cansaria de ver aquele sorriso tão brilhante...

- Claro que eu não me importo! Na verdade, seria muito bom!

- "Eu que o diga..." – voltou a olhar a estrada, ainda sorrindo – Você não deveria ter dito isso...agora terá que me aturar todas as manhãs!

O atendente deu um soquinho de leve no braço de Heero, voltando a rir:

- Bom, "aturar" você deve ser moleza se comparado a aturar o meu chefe Afinal, você é uma das pessoas mais legais que conheço!

- Você acha? Eu garanto que após dois dias comigo você vai pedir seu chefe em casamento...

Era incrível como Duo conseguia faze-lo se soltar. Nunca sentira tanta leveza perto de alguém, e isto fazia com que quisesse estar sempre perto do atendente.

De dentro do porta-malas , Wuffei ouvia tudo, com um sorriso vitorioso no rosto:

- O garoto aprende rápido...


Quando estacionou o carro, Heero poderia jurar que borboletas agora habitavam seu estômago, e que elas estavam bem agitadas. Como um perfeito cavalheiro, correu até a porta de Duo, impedindo-o de abri-la sozinho. Como esperava, Duo apenas riu, puxando-o pela mão para dentro da pista de boliche.

Quando ouviu os passos dos dois se afastarem, Wuffei logo tratou de empurrar a porta do bagageiro, tentando sair. Mas após inúmeras pancadas, a maldita não abria.

- Droga! Porta imbecil! Por que não abre logo?! Não vai me dizer que emperrou!!

A movimentação suspeita chamou a atenção de um homem que acabava de sair do seu próprio carro. Cautelosamente, o estranho se aproximou do carro que galgava no chão, ouvindo gritos abafados. Quando estava perto o bastante, aproximou o rosto do porta-malas, intrigado. Mas para a sua infelicidade, Wuffei havia chutado com toda força as dobradiças do bagageiro, abrindo-o, e conseqüentemente atingindo o infeliz curioso.

Saltando de dentro do lugar apertado, Wuffei encarou intrigado a figura estirada no chão, se contorcendo e apertando o rosto entre as mãos:

- Você está bem? – Se aproximando do homem estatelado, avaliou-o. Era alto, seus cabelos eram castanhos e curtos, e possuía um porte bem atlético.

- Hum...acho que sim...- recebeu um gemido torturado em resposta.

O homem se levantou, ainda massageando o queixo dolorido, sob o olhar curioso de Wuffei. O chinês se surpreendeu quando o estranho estendeu uma mão em sua direção, sorrindo:

- Eu sou Treize, muito prazer. Você sabe como aparecer teatralmente! – sua voz soou divertida quando indicou com uma das mãos o queixo que ganhava um tom avermelhado.

- Que seja.Eu me chamo Wuffei... – irritado, o chinês girou sobre os calcanhares, seguindo em direção ao boliche.

- Ei, espera!

Bufando, Wuffei ignorou o chamado, apressando o passo, enquanto o belo homem fazia o mesmo , tentando alcança-lo.

Uma veia nervosa saltou em sua cabeça quando sentiu seu braço ser agarrado. Puxando-o de volta, o chinês encarou-o:

- O que quer?

- Como assim? Você acaba de arrebentar meu maxilar e não diz nada?

Rindo com toda aquela cena, Wuffei fingiu-se de desentendido, carregando cada uma das suas palavras com ironia:

- E o que você quer que eu faça? Que eu dê um beijinho pra sarar?

- Não é isso, é que...

Wuffei não ouviu suas palavras seguintes. Gelou ao ver Heero passando pela porta, seguindo em direção ao seu carro, provavelmente pra pegar algo que esquecera. O chinês, atordoado, tentou imaginar alguma forma de não ser pego. Sem opções, agarrou a gola da camisa de Treize, puxando-o para um beijo, se escondendo atrás do corpo do maior. Este, apesar de surpreso, correspondeu.

Por cima dos ombros do mais alto, Wuffei observou quando Heero pegou algo dentro do veículo, voltando à pista de boliche em seguida. Quando teve a certeza de que o executivo já estava bem longe, o chinês se separou de Treize, largando sua camisa:

- Sarou? – perguntou, um pouco ofegante.

O outro apenas o olhava, estático. Com algum esforço, conseguiu balbuciar um "sim". Wuffei apenas sorriu, correndo até a portaria do lugar, entrando de fininho para não ser percebido por Heero ou por Duo, deixando um Treize boquiaberto para trás.


- Olha só, eu nunca joguei boliche, você téra que ser paciente comigo!

Pegando uma das bolas oferecidas numa bancada, Duo testou o peso dela, analisando-a curioso. Sentado numa das mesas de ponto, Heero observava-o de uma forma nada casta. Em sua mente, a imagem de um Duo completamente nu, agarrando de forma pervertida duas bolas de boliche se formou. A irritante tarja em forma de copo de café estava de volta, cobrindo as partes "mais interessantes". Heero podia ouvir a voz de Duo soar de forma sensual e baixinha na sua cabeça: "Hum, Heero...eu adoro pegar nas bolas...são tão grandes e quentinhas...".

O cérebro de Heero teria um blecaute, se não fosse o chamado de Duo tira-lo do seu transe. Sentiu um puxão na sua virilha, e logo tratou de cobrir a vergonhosa ereção gerada por suas perversões com a caderneta onde deveria anotar a pontuação:

- Ahn...er...está pronto? Pode jogar!

Sorrindo, o atendente tomou ar, se afastando da linha que demarcava a área de máxima de lançamento da bola. Com alguns passos desajeitados, correu, lançando a bola em direção aos pinos.

Sob o olhar desapontado de Duo, a pesada bola de madeira se arrastou por alguns metros, até cair na sarjeta da pista, escorregando até a área por trás dos boxes dos pinos.

- Droga! É muito difícil!

Heero sorriu, tentando encoraja-lo:

- Ah, não foi assim tão mal! Por que você não tenta lançar com mais força dessa vez?

O biquinho que havia se formado no rosto de Duo se desfez, dando lugar à um sorriso entusiasmado:

- Tá! Eu vou tentar!

Tomando ainda mais distância, o rapaz de trança pôs os dedos nos orifícios da bola de boliche , preparando-se para lança-la. Quando lançou seu braço para trás para imprimir força ao arremesso, o pesado objeto escapou de sua mão, atingindo algum ponto às suas costas. O atendente apertou os olhos ao ouvir um grito doloroso:

- Desculpa! – Gritou, observando por cima do ombro várias pessoas carregarem um homem desacordado.

Voltando a desanimar-se, Duo encarou emburrado o rosto de Heero, cruzando os braços:

- Eu não sirvo pra isso. Acho melhor você jogar sozinho...

O japonês via o plano perfeito de Wuffei ir por água abaixo. Tomando uma resolução, se levantou, agradecendo por seu corpo já ter se acalmado e por seu lado pervertido estar "desacordado", pelo menos por enquanto. Caminhou, parando ao lado de Duo, ofereceu uma mão ao atendente, nunca perdendo seus gestos com o olhar:

- Vem, eu te ensino...

Quando suas mãos se juntaram, por um momento, tudo sumiu. Ficaram se encarando, cada um buscando nos olhos do outro alguma explicação para tantas coisas inexplicáveis daquele momento, ou o porquê do elo que os unia naquele segundo.

Ao perceberam que algumas pessoas os olhavam, sorriram sem graça. Heero o puxou pela mão, erguendo-o . Sob o olhar atento de Duo, o japonês foi até a bancada automática, pegando uma bola em mãos. Voltando para perto de Duo, entregou-a, parando às suas costas, colocando um braço em volta da sua cintura, e com o outro guiou a mão de Duo até a posição certa:

- Você deve deixar a coluna ereta, e deixar a mão relaxada, para lançar a bola com a força certa...

Sussurrava as instruções ao seu ouvido, sendo seguido prontamente por seu "aluno", A proximidade entre seus corpos era perturbadora...estavam tão próximos, e seus corpos estavam quentes. Mas um sentimento de calmaria e uma estranha leveza davam ao momento um toque completamente romântico, perfeito para uma declaração...

- Agora...lance-a!

Se afastando ansioso, Heero observou os passos de Duo, desde o momento em que a bola deixou sua mão, até o segundo em que todos os pinos foram derrubados, e o placar eletrônico anunciava um lance perfeito!

- Eu consegui! – Duo saltou no ar, rindo, antes de correr até Heero e se jogar em seus braços, saboreando aquele momento único.

- Sim, Duo....você conseguiu! – Mesmo hesitante, o japonês envolveu sua cintura com os braços, encarando-o hipnotizado.

E novamente a sensação estranha de que nada mais existia os envolveu, carregando para longe o mundo real, e deixando a certeza de que entre eles, algo forte crescia:

- Heero,eu....

Duo se afastou do abraço, encarando o rosto do executivo, tentando pensar em algo pra dizer:

- Eu...tenho que ir ao banheiro.

Com um sorriso de desculpas, Duo seguiu na direção indicada pelas placas do lugar. O japonês ainda podia sentir o calor do atendente em seus braços, as formas esguias coladas ao seu corpo.

De repente, dois vultos saltaram diante do executivo, assustando-o:

- Heero! Você por aqui? – Heero gelou ao reconhecer a voz de Budd, e ao seu lado, Jay dava saltinhos de afetados.

- Ah...oi, Senhor Budd. Como vai, Senhor Jay?

- Menino! "Senhor" está no céu, não precisa nos tratar assim! – Jay interviu, colocando uma mão na cintura.

Com um sorriso amarelo, se desculpou, encarando os dois por alguns instantes. A dupla trocou um olhar cúmplice, para em seguida, discretamente, afastarem um pouco suas blusas, revelando estarem usando sutiãs de couro:

- Aposto que está louco pra ter um desses! - Budd sussurrou, dando um tapinha em seu braço.

"Nem que me pagassem...", teve vontade de responder. Mas ao invés disso, apontou por sobre os ombros dos dois, em direção à uma mulher que comprava algo na pequena lanchonete embutida à um canto:

- Olhem!! Aquela bolsa não é de "Couro da Rússia"(1)?

- ONDE?!- os dois exclamaram juntos, procurando como loucos, até correrem em direção à mulher, que recuou assustada. – Menina, espera! Deixa a gente ver esse couro lindo, louca do inferno! – Riu ao ouvir os gritos de Budd enquanto Jay exclamava histericamente, perseguindo a pobre desavisada.

Suspirando aliviado, Heero ficou alerta quando seus olhos encontraram a figura de um senhor de idade adentrando furtivamente o banheiro masculino. Percebera que, desde que chegaram àquele lugar, o velho não tirava os olhos de cima de Duo. Por várias vezes, imaginou-se correndo até o velho e tacando uma bola de boliche na sua cabeça.

Quando a porta do banheiro se fechou atrás do homem, Heero imediatamente seguiu-o, tentando evitar que algo ruim acontecesse.

No banheiro, Duo terminou de enxugar o rosto, suspirando. Quase haviam se beijado...Heero era tão encantador, tão perfeito! Um certo Maxwell novamente ficara sem palavras.

A porta se abriu vagarosamente. Duo ergueu o olhar, sorrindo educadamente para o senhor que adentrou o espaçoso lugar.

Jogando o papel-toalha usado numa cesta de lixo, Duo seguiu em direção à porta, mas o velho se colocou à sua frente, impedindo sua passagem...

- Com licença, senhor... – pediu educadamente

- Sinto muito, meu jovem, mas não posso deixar um anjo passar por mim sem fazer minhas preces...

Heero abriu a porta devagar, tentando não fazer nenhum ruído. Sua vontade era de invadir aquele lugar e levar Duo dali, mas não faria um escândalo sem ter certeza de nada, afinal o atendente poderia acha-lo um idiota.

- Eu...não estou entendendo o que quer dizer. Por favor, me deixe passar. – Na verdade, Duo estava entendendo sim, mas não queria ser mal educado com um senhor naquela idade.

- Meu jovem...desde que eu te vi passar por aquela porta, eu senti uma corrente elétrica passar por meu corpo... – o velho sussurrou de forma demente, acariciando o braço de Duo, que recuou desconfortavelmente.

Os olhos de Heero se arregalaram quando o velho tocou em Duo...o SEU Duo! Um alarme soou em sua mente, e seus olhos escureceram, ganhando um aspecto sombrio e irônico. O Bad Heero voltava com força total:

- Eu acho que seu marca-passo estava dando choque, "senhor"... – abandonando o lugar de espectador, Heero se aproximou dos dois, se colocando entre Duo e o outro homem.

- Que falta de educação! Não está vendo as rugas em meu rosto? Eu tenho idade pra ser seu avô!

O sorriso do Bad se alargou quando deu um passo à frente, fazendo o velho recuar:

- Correção...você tem idade pra ser o avô do Adão e da Eva... – enquanto falava, continuava andando, até que o velho assustado tropeçou nos próprios pés, caindo sentado:

- Moleque desaforado!

- O que foi? Não consegue mais ficar em pé? Eu deveria imaginar...pelo visto, você deve ter muita dificuldade em manter "outra coisa" em pé, não?

O Bad lançou-lhe um olhar ameaçador, desafiando-o a proferir uma resposta à altura. Como esperava, o velho se levantou, resmungando por todo o caminho até a porta.

Duo encarava, surpreso, a cena. Heero parecia diferente...estava tão estranho!

- Heero? – sua voz soou hesitante quando tocou o ombro do japonês.

Heero pareceu acordar de um sonho enevoado ao sentir o toque de Duo. No mesmo instante, seu lado "malvado" abandonou o controle.Sorrindo preocupado, voltou-se para o atendente, encontrando confusão em seu rosto:

- Você está bem?

Aliviado, Duo retribuiu seu sorriso, puxando-o para fora do banheiro:

- Sim, eu estou...

Passaram mais algum tempo se divertindo. Duo estava admirado com a perícia de Heero no boliche, e este estava espantado com a capacidade do atendente de ser cada vez mais desejável, a cada instante.


Wuffei observava estupefato o desempenho do seu amigo japonês. Não tinha mais nada pra ensinar...Heero era um conquistador nato!

De tão impressionado, acabou esquecendo que viera escondido na mala do carro do japonês, e só se deu conta disso quando viu o veículo dobrando a esquina.

- Droga! Agora como eu volto pra casa?

Uma mão tocou seu ombro, assustando-o. Ao seu lado, Treize surgira, sorrindo, e balançando as chaves do próprio carro entre os dedos:

- Se quiser, posso te dar uma carona...

Suspirando derrotado, o chinês concordou à contragosto, seguindo o outro homem até o estacionamento:

- Mas eu só estou aceitando porque é uma emergência... – murmurou, ao sentar-se no banco de passageiros, não percebendo o sorriso de incredulidade no rosto de Treize.


Estavam na estrada há alguns minutos, e conversavam sobre o trabalho. Hora ou outra Heero tentava convencer Duo a revelar a receita secreta do seu café, recebendo uma negativa bem-humorada em resposta.

Ambos se calaram quando o som do celular de Heero soou.

- Duo? Você pode atender pra mim? – o japonês indicou o celular no porta-luvas.

O atendente pegou o aparelho em mãos, levando-o até o ouvido. Sua expressão se tornou confusa e depois levemente assustada. Heero acompanhou as mudanças no comportamento de Duo atentamente. Este lhe estendeu o telefone, e Heero, hesitante, colocou o telefone no viva-voz:

- Alô?

Alguns segundos de silêncio se passaram, até que uma voz esganiçada e sussurrante soou do outro lado da linha:

- A gente vai pegar você, meu precioso...

Revirando os olhos, o japonês continuou:

- Mãe! Você andou fumando de novo? Sua voz está estranha...

- Desculpa, meu precioso, eu já resolvo isso...

Os dois no carro ouviram um pigarro alto, e logo a mãe de Heero estava de volta, com a sua voz normal:

- Pronto! E então, meu precioso? Como você vai? Tem trocado de cueca todo dia?

Duo abafou uma risada enquanto Heero sentia suas faces corarem:

- Sim, mãe! – murmurou entre dentes –

- Que ótimo, precioso! Eu só liguei pra avisar que estamos indo te visitar!

- O quê?! – Com o susto, Heero vacilou o volante, fazendo o carro frear bruscamente.

- Ah, eu sabia que você ficaria muito feliz, meu precioso! E eu tenho uma notícia que vai te alegrar mais ainda!

Heero encarou o atendente exasperado, pedindo ajuda. Duo apenas sorriu, encolhendo os ombros. Temendo o que viria a seguir, Heerro se atreveu a perguntar:

- Que...que notícia ?

- A Relena vai conosco! Ela disse que está com muitas saudades!

O japonês sentiu suas estranhas desaparecerem, e um vazio terrível engoli-lo. Não...só poderia ser um pesadelo!

- Não!!!!!!!!!!

CONTINUA...

(1)Couro preparado com pele de vitela, cavalo, etc., curtida com casca de salgueiro, faia ou carvalho, e cujo carnaz se fricciona com óleo de bétula, para ficar macio e perfumado e afugentar insetos. Originalmente preparado na Rússia, era tingido só de vermelho, com pau-brasil .Lavrado ou, mais comumente, estampado, com desenhos losângicos, usa-se na estofagem de móveis, no fabrico de bolsas e em encadernações de luxo. Também conhecido como couro de Moscóvia ou apenas moscóvia.

Notas do autor

Aloha!!!!!!!!!! XD Nossa, demorei dessa vez, né? Maaaaaas, de qualquer forma, estou eu aqui,!Bom, para quem havia reclamado que o último capítulo estava pequeno, resolvi tentar escrever mais nesse! Ah, e vocês podem ter se espantado pelo 13x5 inesperado, até eu me espantei, mas eu surtei e resolvi que TINHA que colocar esses dois na história! E não pensem que eu abandonei o 3x4, nunca faria isso ! O loirinho e o moreno estarão aqui sim! XD Logo,logo!

Bom, é isso! Obrigado por lerem, e por comentarem!

Ah, e comentem mais, sim? XD

Beijão!!!!!!