Snack Bar

Capítulo 9:

" Uma carta de amor faz bem !"

Heero teve uma pequena amostra do que alguém sentiria ao ter uma bomba jogada sobre a cabeça. Certamente poderia definir a "bomba Maxwell" em três etapas mortais: surpresa, choque e...felicidade histérica!

– Eu sei que parece uma bobagem, mas...quero dizer... – o japonês processou uma ou duas palavras sussurradas pela voz envergonhada de Duo, do outro lado da linha.

Seus neurônios estavam ocupados demais com uma constatação capaz de embrulhar até a mente mais brilhante.

DUO O AMAVA! O executivo pensou rápido, tentando se lembrar desesperadamente de que a palavra "amor" realmente significava o que queria que significasse. Onde se encontrava uma droga de dicionário quando se precisava de um!

Precisava ter a certeza de que seus ouvidos contaminados pela perversão iminente do seu lado Bad não haviam enganado-o! Se Duo o amasse mesmo...seria capaz até mesmo de sair por aí vestido apenas com um dos sutiãs ridículos de Budd e Jay, cantando algo bem meloso para mostrar ao mundo sua felicidade. Tudo bem, talvez fosse parar na cadeia se tentasse algo assim, por atentado ao pudor, mas certamente o executivo não se importaria em ser trancado numa cela se pudesse trazer ao menos uma foto de Duo consigo para...bom... "manter" a sua felicidade viva e forte! E molhada também...

Sua mente martelou algumas possibilidades de palavras, mas nenhuma delas pareceu inteligente o bastante para ter algum sentido. Precisava dizer algo! O seu maior sonho trançado estava do outro lado da linha, esperando! Vamos, Heero!

– Duo...

Seus neurônios embaralhados travavam uma guerra contra a perversão dominadora que ameaçava explodir com palavras bem maliciosas quando uma outra voz, estranha e afetada, surgiu na ligação, assustando-os:

– Diz alguma coisa, menino!

Só poderia ser brincadeira. E uma brincadeira terrível e frustrante. A legião do couro teria um membro a menos, se dependesse de Heero...

– Jay? – Ouviu a voz confusa de Duo de encontro ao seu ouvido, e teve que concordar que ansiava por matar o inconveniente maníaco por couro.

– Oi, querido! Tudo bem? – Jay gritou do outro lado da linha, ignorando o desagrado palpável pela sua intromissão repentina numa ligação tão importante.

Heero estava prestes a criar uma nova cor para o tingimento nos curtumes: vermelho-sangue, e com um tom especial de Jay à la picadinho.

– Jay...o que faz espiando a nossa ligação? – uma veia nervosa saltou na testa do executivo japonês enquanto sua mente maquinava uma forma de enforcar Jay com um dos seus próprios sutiãs de couro.

– Eu não estava espiando, menino! Só estou ajudando! – defendeu-se, aparentemente muito ofendido.

Antes que qualquer um dos dois pudesse retrucar ou enxotar o intrometido couro-maníaco, Jay continuou, desta vez com uma firmeza completamente incomum à sua voz geralmente afetada e desengonçada:

– Escutem, pombinhos, vocês precisam ter mais reação! Heero, o nosso queridinho acabou de dizer que te ama e você ainda não respondeu! Eu sei muito bem que você sente o mesmo, apesar de não saber como dizer isso a ele. Portanto, não deixe algo tão importante ser resolvido por telefone! Quero que os dois encerrem essa ligação agora! E quando o expediente acabar, o Duo irá até a sua sala e vocês conversarão e resolverão isso, sim?

As pessoas podem surpreender, com certeza. Tanto Duo quanto Heero só puderam concordar, temendo aquela desconhecida parte da personalidade de Jay, que certamente era capaz de comandar até a mais feroz das feras.

– Muito bem, queridos! Agora, tenham um bom dia de trabalho! –voltando à afetação de sempre, ouviram os barulhos estalados dos beijinhos mandados por Jay.

Mas que diabos fora aquilo? Heero ponderou seriamente a possibilidade de se beliscar para verificar se estava sonhando. Primeiro, Duo dizia que o amava, e depois, recebia ajuda de quem menos esperava. Nem mesmo nos animes mais sem senso que assistia quando criança, algo assim poderia ser possível.

Não que isso fosse um problema! A ajuda de Jay viera em boa hora!

– Então...- a voz divertida de Duo acariciou seus tímpanos, fazendo um sorriso se desenhar em seus lábios - ...nos vemos depois do expediente!

– Eu vou te esperar...

A ligação foi cortada, e até mesmo o irritante e repetitivo bip do telefone pareceu uma bela música aos ouvidos do japonês.


– Trowa...tem certeza de que isso vai atrair a atenção do público?

O senhor Peacecraft ergueu ambas as sobrancelhas ao reler o roteiro alterado por Trowa. Tinha que concordar que todo o público feminino, e uma boa parte do masculino grudariam a cara na tv caso aquele roteiro virasse um comercial. Mas era um tanto...embaraçoso. Principalmente para Quatre.

– Claro que sim! O público vai adorar! – o psicólogo comentou, cumprimentando-se mentalmente pela genialidade de sua adaptação. Uniria o útil ao agradável...e ao excitante também.

O milionário pareceu ponderar por alguns segundos, analisando novamente as linhas do roteiro. Trowa esticou-se nas pontas dos pés para acenar para Quatre, do outro lado do estúdio, ignorando o quão idiota estava parecendo balançando os braços como se estivesse a ponto de sofrer um ataque.

– Mas...será que o Quatre concordará em ficar nu diante das câmeras?

" Tomara que sim!", Trowa viu-se desejando mentalmente. Só em imaginar o lindo ator retirando peça por peça de suas roupas, expondo sua pele clara e deliciosa para seus olhos famintos e para...todo o público mundial!

O psicólogo quis se chutar ao perceber a burrada que quase cometera. Se deixasse aquele roteiro ir ao ar, todos veriam o que só ele poderia ver: a beleza do SEU Quatre.

Talvez estivesse sendo possessivo, e bem idiota, levando em conta o simples e triste fato de não haver qualquer relacionamento real entre os dois. Quase haviam se beijado...mas o que isso significava? Que o psicólogo era um pervertido aproveitador de anjos? Ou significava uma bela e iluminada chance que estava lá para reanimar suas esperanças de conquistar o lindo ator? Trowa não sabia ao certo, mas a segunda opção era bem mais atraente, apesar da primeira ter algum sentido...

Fingindo um exagerado acesso de tosse, Trowa arrancou o roteiro das mãos do desavisado patriarca Peacecraft:

– Acabei de me lembrar que preciso alterar algumas coisas, senhor Peacecraft...

Sim, o roteiro precisava de "melhorias". E a primeira delas seria o figurino de Quatre: arranjaria um jeito de enfia-lo numa roupa bem pesada de inverno, com o mínimo do corpo maravilhoso do anjo loiro à mostra, apenas para "combinar com a estação". Claro que inventaria outra desculpa se alguém o perguntasse porque tanta roupa durante o verão Mas sua vontade real era a de atirar em cada um dos telespectadores que se atrevesse a ter pensamentos diferentes do consumismo de cosméticos ao ver aquele comercial.

Parecia mesmo um pervertido aproveitador de anjos! E o pior: um aproveitador apaixonado!


– Tem geléia no canto da sua boca...

Wuffei piscou algumas vezes, tentando evitar um sorriso bobo diante do tom malicioso da voz de Treize. O homem de cabelos castanhos poderia ser um perfeito romântico, mas não era nada criativo...

– Essa história de "geléia no canto da boca" é o pior dos chavões, Treize...e além do mais, eu nunca coloco geléia no meu pão. – o chinês se acomodou melhor sobre o balcão da cozinha, observando divertidamente o muxoxo de Treize.

– Okay, você venceu, não há geléia no canto da sua boca. Mas eu adoraria que houvesse, porque assim...

Aquilo sim conseguiu arrancar uma gargalhada de Wuffei. Estaria realmente perdido se aquelas indiretas de Treize fossem sempre tão lindamente imbecis. As flores que recebera com certeza formavam um ingrediente perfeito para um plano de conquista, que estava funcionando rápido demais para o bem do próprio Wuffei. Treize era um estrategista nato.

Diante do olhar atento do chinês, Treize se esticou sobre a mesa de mármore branco, alcançando um pote intocado de geléia de morango. Um chavão, hum? Iria mostrar àquele deus nipônico que um chavão poderia ser bem...inovador...e porque não dizer, bem excitante.

A tampa plástica foi abandonada no trajeto até o corpo esguio do chinês, largado num convite bem pecaminoso sobre o balcão que separava a cozinha em duas partes. Tudo corria bem para Treize...só mais alguns passos...

Wuffei sentiu seu corpo todo formigar ao perceber as intenções do moreno. Elas eram terrivelmente atraentes. Hum...quando percebeu os dedos do moreno, banhados pela geléia, tocarem os lábios que sabia serem macios e doces, o chinês percebeu que sofreria muito nas mãos daquele desgraçado sedutor.

Lambendo as pontas dos dedos adocicados pela geléia, Treize alcançou o corpo perfeito do chinês, avaliando-o atentamente, passeando o olhar sobre cada músculo perfeito e curva deliciosa. Não havia mais escapatória. Wuffei era seu, e não permitiria que ele escapasse dos seus dedos famintos.

A certeza de que os olhos de Wuffei o acompanhavam o incentivou a continuar. Com um sorriso, Treize afundou novamente dois dedos no doce, levando-os lentamente aos lábios tensos do chinês. Acariciou os contornos perfeitos de sua boca, banhando sua pele com o doce avermelhado, espalhando no ar o aroma de morangos, misturado ao calor da excitação que transbordava dos seus corpos.

Wuffei desistiu definitivamente da teoria sobre chavões ao sentir a língua astuta e grossa de Treize contornando seus lábios, saboreando o doce da geléia e roubando-lhe toda a sanidade que ainda restava em sua pobre mente. Só porque era chinês precisava passar por tudo aquilo? Bom...não importava...se a sua nacionalidade atraia "problemas" como o toque suave dos lábios de Treize sobre o seu rosto, amaria ainda mais suas origens.

Uma mão habilidosa desmanchou o laço do robe de seda que havia vestido pouco antes do delicioso ataque, expondo sua pele ao toque mais que bem-vindo de Treize. Os suspiros do chinês soaram como música aos ouvidos do mais alto. Com certeza passaria a apreciar geléia dali por diante.

Queria mais. Era delicioso demais para ser negado. Wuffei sabia que tudo acontecia rápido demais e do modo mais enlouquecedor que poderia haver, mas isso deixou de ser uma preocupação quando sentiu as carícias suaves e abrasadoras de Treize passeando por seus músculos, arreliando sua pele quente e tensa. O chinês alcançou os lábios do moreno, tomando-os numa exigência poderosa, que nem mesmo ele entendia. Precisava de tudo. Precisava de calor. Precisava de Treize. Poderia se arrepender depois, mas no momento só precisava sentir mais e mais.

O contato entre seus lábios foi quebrado pelo gemido longo e lânguido de Wuffei, ao sentir algo gelado e úmido cobrir seu tórax, juntamente com toques ardentes em seus mamilos endurecidos pelo desejo, tencionando seus músculos e enviando ondas de calor para a ereção que surgia sob o tecido do seu pijama. A excitação enevoava os olhos negros do chinês, mas mesmo assim foi capaz de distinguir uma das mãos de Treize espalhando uma grande porção de geléia sobre seu peito, com o cuidado e dedicação de quem prepara uma refeição deliciosa. Talvez fosse isso mesmo.

Os beijos do homem de cabelos castanhos abandonaram o seu rosto, escorregando numa doce tortura até o seu pescoço, marcando sua pele com mordidas desejosas e beijos ardentes, enlouquecendo-o pouco a pouco. Wuffei não agüentava mais...a cada segundo esquecia de tudo ao seu redor. Seu mundo se resumia aos beijos e toques de Treize, que destruíam qualquer senso, erguendo um castelo de desejo e luxúria em seu lugar.

O corpo forte de Treize se empurrava contra o seu, pedindo mais sensações. Oh, droga...o chinês estava a ponto de explodir! Era tudo tão confuso e delicioso...estava realmente perdido. Desistindo de pensar racionalmente, envolveu a cintura de Treize com as pernas, extinguindo qualquer sombra de distância entre seus corpos, aumentando consideravelmente a temperatura ao redor.

Talvez tenha sido uma decisão errada. Sim, fora errada por causar as sensações destruidoras que causou.

Wuffei pôde sentir que o desejo não estava destruindo apenas a ele. Sim...Treize se encontrava no mesmo estado. A ereção que lutava contra a calça do moreno não deixava dúvidas quanto a isso, e o contato dela com a sua própria deixou claro que o desejo era realmente mútuo. Não queriam parar...

Trocaram um gemido longo e estrangulado, mergulhando num lugar longe da razão...um lugar chamado "loucura". O ritmo das carícias aumentou, embalado pelos gemidos e suspiros entrecortados pelas respirações falhas e pesadas.

Os lábios desesperados de Treize alcançaram o peito do chinês, clamando sua pele em uma súplica exigente, saboreando o doce da geléia misturada ao suor que banhava o desejo no corpo de Wuffei. Sua pele era tão macia...

Wuffei não tinha mais forças para se manter erguido. O desejo roubava-lhe a resistência e marcava-lhe como fogo, esquentando sua carne e coração. Seu corpo inclinou-se sobre o balcão, oferecendo a Treize total alcance ao seu objetivo.

Definitivamente tivera muita sorte por ter ido àquele clube de boliche naquela noite, e por ter encontrado aquele chinês birrento dentro de um porta-malas. A progressão de cada momento parecia ainda mais delicioso a Treize, que tremeu completamente ao vislumbrar o corpo ofegante e delineado de Wuffei, se oferecendo a ele com apenas um olhar das pérolas enegrecidas que marcavam seus olhos orientais, combinando perfeitamente com as mechas negras que lhe caiam bagunçadas, sobre o rosto.

– Wuffei...

Não conseguiu esperar mais. Mergulhou novamente no tórax trabalhado, livrando-o da geléia e aderindo mais e mais desejo ao momento com o trabalho hábil e luxuriante de sua língua sobre a pele fervente do chinês.

Ah, aqueles gemidos... queria gravar cada um na memória, para nunca esquecer o desejo expresso em cada um deles, soprados como uma melodia pecaminosa pelos lábios vermelhos e entreabertos de Wuffei.

Os lábios de Treize se aproximavam cada vez mais do lugar onde Wuffei sabia se concentrar todas as sensações poderosas que sacudiam seu corpo. Mais um pouco...

Então tudo parou. Os beijos pararam. O desejo contido reclamou, se espalhando dolorosamente por seu corpo febril. Wuffei não entendeu inicialmente o porquê do fim dos toques de Treize. Mas a sua frustrante conclusão chegou estridente, juntamente com o toque agudo do telefone da cozinha.

– Droga...- ouviu Treize murmurar, afundando o rosto contra seu peito, num suspiro frustrado.

Tudo pareceu voltar à mente do chinês. Os momentos de pouco antes, quando quase se entregara sem reservas ao moreno. Por Deus...onde estava com a cabeça? Conheciam-se a menos de um dia e ...e...

– Eu...acho melhor você ir... – o chinês sussurrou, encarando a parede azulejada da cozinha.

A respiração de Treize tornou-se lenta, quase suspensa. Talvez tivesse sido um erro ter se apressado tanto...talvez fosse um erro estar ali..

Então, se afastou. Desejava ficar, mas se Wuffei não queria o mesmo, iria embora. Sorriu, constrangido, murmurando um pedido de desculpas antes de atravessar a porta da cozinha, alcançando a sala.

Wuffei suspirou, afundando o rosto entre as mãos ao novamente se sentar sobre o balcão, sentindo ainda todo o corpo quente pelos toques recentes do moreno. O telefone imbecil continuava a gritar. Se estivesse com a sua katana à mão, teria partido o aparelho ao meio.

Realmente estava confuso. Treize chegara em sua vida de repente, e tudo parecia mergulhar num furacão de sensações estranhas e deliciosas, que fundiam sua cabeça. Não tivera coragem de encarar as próprias escolhas. Sim, fizera uma escolha. Escolhera ser de Treize no momento em que o beijara naquele estacionamento. Parecia uma conclusão irracional, mas era real e fazia bastante sentido para Wuffei.

Nem sequer percebeu que caminhava até o telefone. Sua mente dava voltas e voltas ao tentar imaginar o que teria acontecido se não tivesse mandado Treize embora, se o pedisse para ficar. Não...não sabia o que aconteceria. E sempre tivera medo do incerto.

Somente percebeu que atendera ao telefone ao receber a voz angustiada de Heero pelo aparelho. Ainda sob o estado de confusão completa de há pouco, sorriu ao ouvir as palavras do amigo, e o seu pedido de ajuda. Mesmo tendo se tornado um baita covarde, ainda era o maior conselheiro amoroso daquela cidade:

– Escreva uma carta pra ele, e esteja presente quando ele ler. Pode confiar em mim.

Seu sorriso se alargou ao receber os inúmeros agradecimentos do japonês pelo aparelho, e promessas de uma katana nova.

– Tudo bem, tudo bem! Não precisa agradecer. Eu tenho um último conselho para te dar, e este é o mais valioso: nunca tema suas próprias escolhas. Siga em frente, não importa a situação.

A ligação foi encerrada alguns segundos depois, com mais agradecimentos do executivo de olhos azuis.

Uma olhada para a sala de estar mostrou-lhe que Treize havia partido. E o pior: Wuffei fora o motivo.

Que ironia...Kung-Love, o maior dos maiores, precisava de conselhos amorosos.


Desligou o aparelho, eufórico. Como não pensara nisso antes? Era tão simples!

Heero praticamente subira pelas paredes tentando imaginar como dizer a Duo que o amava sem cometer nenhuma besteira ou se enrolar nas palavras. Pensara até mesmo em aprender a linguagem de sinais para contar-lhe o que sentia, mas isso rapidamente saiu de cogitação ao lembrar-se de que sua coordenação motora se reduzia a zero com a proximidade do lindo atendente.

Uma carta. Só precisava escrever uma carta.

Mas isso sim pareceu algo difícil. Desde quando escrever uma simples carta havia se tornado algo impossível!

Durante boas horas, gastara o equivalente a todo o estoque de papel de sua sala tentando esboçar algum sentido em suas palavras. Sempre que algo parecia bom o bastante, o japonês pegara-se analisando clinicamente a própria grafia e definindo-a como "terrível", "ilegível" ou "indecifrável", e sempre terminava mandando suas frustradas tentativas para a lixeira abarrotada de bolinhas amassadas de papel.

– Ah, Duo...você me deixa louco...- suspirou, lançando mais uma carta fracassada em direção ao pequeno monte que se formava sobre a lixeira.

Já deveria estar acostumado, afinal Duo tinha aquele efeito estranho sobre sua mente e corpo. Bastava uma aproximação ou sorriso e tudo enlouquecia num furacão de sensações. Era como tomar sorvete sob a luz do sol. Precisava ter cuidado para não se sujar. E Duo era um tremendo sorvete, o mais delicioso. E Heero sempre se sujava. Literalmente.

Passando uma mão nervosa pelos cabelos bagunçados, o japonês suspirou, imaginando o que faria quando Duo chegasse. Era óbvio que amava o atendente. Mesmo tendo conhecido-o há apenas um dia, sentia-se preso a ele com correntes fortíssimas. Só poderia ser amor.

Um sorriso surgiu em seu rosto ao perceber que inconscientemente esboçava um desenho desajeitado sobre a última folha de papel que lhe restara. Como uma criança entretida, passeou o lápis pela superfície branca por algum tempo, suspirando ao depositar no papel tudo o que desejava. Seria tão mais fácil se tudo acontecesse como nos seus animes de infância, nos quais todos os amores eram correspondidos.

Mas a sua vida não era um anime, infelizmente.(1)

A porta da sua sala foi aberta, mas nem sequer percebeu. Sua atenção continuava voltada para folha de papel, que ganhava aos poucos as marcas dos seus anseios.

Não..não podia finalizar aquele desenho. Não sabia como faze-lo. Era engraçado o modo como se sentia, desesperado por não conseguir dizer apenas três simples palavras. Duo logo o encontraria, e a coragem seria necessária. Mas... não sabia como consegui-la.

Largando o lápis num claro sinal de cansaço, se inclinou na confortável poltrona, massageando as têmporas.

Por pouco não gritou ao perceber uma conhecida trança caída sobre o encosto do assento.

– Duo...

Não teve coragem de erguer seu olhar. Podia sentir a presença de Duo, bem próximo, observando atentamente o seu desenho. Agora sim era o fim...

O atendente piscou algumas vezes, alcançando o papel com as sobrancelhas erguidas em curiosidade. Aproximou-o do rosto, sorrindo ao reconhecer uma versão toscamente desenhada de si próprio: um bonequinho feito de palitinhos com uma trança engraçada e enormes olhos. Um balão estava junto à sua figura, onde algumas palavras haviam sido escritas em letras miúdas: "Eu te amo, Heero..."

Diante da pequena figura, outra estava desenhada, que Duo reconheceu como sendo uma versão de Heero. Esta parecia feliz, com pontos de exclamação voando ao seu redor. O pequeno Heero também tinha um balão, mas nele não havia palavras, mas sim um pequeno coração pulsante: o mesmo que um lindo e doce "eu também te amo".

As figuras se repetiram em outra parte do papel, mas os balões haviam mudado. O balão de Duo agora era maior, chamativo, como num imenso letreiro que espalhava ao mundo suas palavras borradas pela tinta da caneta: "Faça amor comigo..."

O restante do desenho era apenas um borrão incompleto. Não poderia saber a reação do Heero desenhado sobre a superfície branca. Mas...havia uma maneira muito melhor de conseguir essa informação.

Sorrindo, Duo tentou ignorar algumas lágrimas que abandonaram seus olhos, sumindo na barra da sua camisa de linho. Heero permanecia sobre a poltrona, escondendo o rosto entre as mãos. Tinha tanta vergonha...o que Duo pensaria dele agora?

– Eu te amo, Heero...

Okay, estava enlouquecendo! Só poderia ser! O japonês sentiu seu corpo tremer quando as palavras sussurradas por Duo atingiram sua mente. Seu desenho ganhava vida, ou morrera e fora para o paraíso?

Sua poltrona foi girada pelo atendente, e finalmente pôde encarar os olhos úmidos e brilhantes de Duo, sua silhueta iluminada pelo sol da tarde que atravessava as imensas janelas de vidro, tornando-o ainda mais perfeito.

Heero não foi capaz de dizer ou pensar em algo. Apenas fechou os olhos ao sentir uma das mãos de Duo alcançar o lado esquerdo do seu peito, sobre o seu coração acelerado. Só esperava que tudo não fosse um sonho...

– Faça amor comigo...

O seu sonho real rompeu todos os seus medos, surgindo como brilho em seus olhos azuis. Sim...milagres poderiam acontecer. E quando aconteciam...eram extremamente bem-vindos.

Em poucos segundos, o corpo de Duo estava colado ao seu, sobre o seu colo, na espaçosa poltrona. O Sol no horizonte os assistia pela passagem vitral, lançando sua luz fraca como uma carícia ao sentimento único que compartilhavam.

Seus lábios uniram-se mais uma vez, esquecendo o receio que tanto atrapalhara. Uma única certeza permanecia entre seus corações: amar era demais!

As mãos de Heero estavam definitivamente famintas por tocar e reverenciar a pele macia de Duo. Não tinha mais medo. Não esqueceria o conselho de Wuffei: seguiria em frente, sem receios.

Suas mãos deslizaram pelas costas deliciosas do atendente, alcançando a carne durinha do seu bumbum. Sorriu ao arrancar um suspiro longo de Duo, aderindo mais calor e adoração aos beijos e carícias que surgiram entre seus corpos em seguida.

Como Heero imaginara, a linda paisagem lá fora se tornou apenas um borrão sem atrativos quando comparada ao lindo jovem em seus braços...

CONTINUA...

(1) Quem nunca se lamentou pela vida não ser um anime? XD

( ( Notas do autor ) )

O.O' Minha deusa...eu sabia que não deveria ter tomado aquela limonada super-concentrada que a mamãe fez com os limões transgênicos! x...x Eu não acredito que me atrevi a tentar escrever coisas...er... assim! O.o Gente, até eu me assustei agora!

Eu já escrevo mal, e escrevendo coisas quentes então...credo, deve ter ficado uma droga! x.x

Eu sei que pareceu algo repentino, as faíscas trocadas nesse capítulo, e que provavelmente eu não sirvo pra escrever esse tipo de coisa (eu não sirvo pra escrever nada mesmo o.o') . Por favor, se vocês quiserem que eu pare de me meter com coisas lemonescas, por favor, digam, sim? Eu sei que eu sou um desastre, mas...er...eu estava me aventurando XD

Bom, eu dei um pouco de atenção ao Wuffei e ao Treize nesse capítulo, os coitados estavam esquecidos XDDD

Bom, eu queria fazer três agradecimentos muito especiais aqui

Primeiro, gostaria de agradecer imensamente à minha minu linda Yoru no Yami, que escreveu pra mim uma incrível e maravilhosa fic-presente! Eu recomendo a todos que leiam! Se chama "A Torre de Cristal", e é 3x4! Eu amo 3x4! Muito obrigado mesmo, Yoru linda, eu adorei mesmo! Fiquei emocionado ao terminar de ler! Te amo muito!

Em segundo, gostaria de agradecer à Pipe! Eu ainda não tive o prazer de conversar com ela, mas eu AMO as fics dessa moça linda! Muito obrigado por ter falado da minha humilde fic no seu blog! duplamente emocionado

E em terceiro, gostaria de agradecer à moça Arsinoe do Egito, nossa linda, poderosa e hiper-escritora de fics lindos e maravilhosos! Ela disse uma vez que era minha fã, mas na verdade, eu é que sou fã dela! O agradecimento no final do perfeito capítulo7 da sua fic Brincando de Seduzir, que por sinal está ficando cada vez mais perfeita, me deixou hiper-feliz! Muito obrigado mesmo por ter me deixado feliz, moça! Não sabe o quanto eu precisava disso!XD

E mais um obrigado (nossa, agora são quatro XD) a todos que lêem essa humilde fic! Meus amigos e amigas que sempre me apóiam e me incentivam! Valeu mesmo, gente!

Adoro todos vocês!

Beijão!