Snack Bar

Capítulo 11:

" Até os céus por você, baby!"

Heero não poderia, em hipótese alguma, negar que a sua capacidade em se dar mal parecia estar em alta naquela maldita noite. Não era algum tipo de ingrato, afinal há apenas poucos instantes tinha Duo em seus braços, e a noite ainda podia ser definida como "maravilhosa". E agora...agora a música melosa parecia extremamente melancólica, embalando, confidente, as suas lágrimas silenciosas.

A lua já estava alta no céu quando o japonês decidiu que, ficando ali, não conseguiria mais do que ser um alvo potencial para algum assaltante. Com um suspiro resignado, passou as mãos pelos cabelos já bagunçados num gesto impaciente. Sinceramente, odiava não saber o que fazer. Exceto quando essa incapacidade era causada por Duo. Ah, Duo...só em imaginar o seu lindo atendente sorrindo, rindo, falando...ou gemendo sob o seu corpo, Heero sentia-se flutuar no paraíso. Exceto no último caso, que o mergulhava num delicioso e ardente inferno de desejo.

Suas maiores preocupações agora estavam localizadas em pensar numa forma de mostrar a Duo que Relena era apenas uma louca imbecil, e que não havia noivado algum. O japonês sabia que seria extremamente difícil fazer com que o atendente acreditasse no que diria, mas não deixaria que uma garota idiota impedisse sua felicidade junto a Duo. Mais uma vez naquele dia as palavras de Wuffei o salvariam; que o mundo se danasse, mas não desistiria de sua melhor escolha: Duo.

Girando a chave na ignição, Heero tomou ar, usando uma imagem mental de um Duo sádico arrancando a pele de Relena com um alicate como uma excelente injeção de ânimo para prosseguir em seu plano épico de trazer o atendente de volta para si.

Deixou o estacionamento já escuro com uma única certeza: voaria até os céus para conseguir uma estrela para Duo, se isso fizesse com que o rapaz de olhos violetas aceitasse ouvi-lo.


Decisões erradas eram um dos maiores temores de Wuffei. Por isso, sempre que precisava tomar uma delas, planejava cada passo e repassava todas os possíveis resultados, bons e ruins. Mas, para a sua própria surpresa, se viu agindo como um idiota impulsivo. Fora mais forte que ele. O cheiro marcante de Treize impregnado em sua pele embaralhou qualquer tentativa de sobriedade, e o empurraram rumo ao telefone. O cartão que encontrara junto às flores dadas por Treize estava firmemente preso em sua mão enquanto seus dedos relutantes apertavam as teclas da combinação numérica. Só precisava de uma ligação...apenas isso...

Antes que completasse a seqüência de números, algo explodiu na mente do chinês: como o maior mestre do amor poderia recorrer a uma tática tão idiota como um telefonema? Seu orgulho o impediu de continuar. Libertando um suspiro, Wuffei percebeu que precisava encontrar uma forma de manter o seu orgulho e os seus impulsos em harmonia. Seria uma convivência certamente problemática, mas estava disposto a mediar esta aparentemente impossível união.

Colocou o telefone novamente no gancho, analisando melhor toda a situação. Não podia negar que havia sido injusto com Treize. Expulsar o moreno de sua casa fora algo muito frustrante, para os dois. Sim, o rapaz oriental estava em dívida com o romântico moreno. E Wuffei não era alguém que esquecia do que devia.

Com um suspiro determinado, alcançou novamente o telefone. Seus dedos pressionaram algumas das teclas, e após aguardar alguns segundos para que a chamada fosse completada, ouviu um bip e uma voz aveludada o cumprimentou:

- Telefonista. Em que posso ajudá-lo?

- Eu...- puxando ar para os seus pulmões, o chinês juntou toda a sua coragem para continuar - ...preciso de um endereço.

- Claro, senhor. Por gentileza, poderia me fornecer os dados para a localização?

Após informar o telefone de Treize escrito no cartão, Wuffei anotou, com mãos trêmulas, o endereço cedido pela telefonista. Decisões tomadas. Agora só precisava fazer com que o seu pobre coração agüentasse uma visita ao belo moreno.

Em dois tempos deixava sua casa rumo ao endereço de Treize.

- Tudo bem, Wuffei, é só uma visita. Vocês conversarão e se entenderão, apenas isso... – o chinês repetiu para si mesmo, tentando se convencer de que sairia inteiro daquele encontro. Mas que droga! Não queria sair "inteiro" de lá! Mesmo que tentasse negar, a sua alma desejava deixar o seu coração nas mãos de Treize.

Antes que pudesse se conter, suas divagações o carregaram para outra direção. Saltando do carro, encarou o simpático mercadinho 24 horas. Precisava comprar algo.

Depositando suas compras no banco de passageiros, Wuffei teve ímpetos de se chutar por estar fazendo aquilo. Só esperava que Treize não o considerasse um maníaco sádico quando descobrisse o que traria para o jantar.

Não foi difícil encontrar o apartamento de Treize. Após meia hora de trânsito, o rapaz de cabelos negros viu-se diante de um luxuoso e sóbrio prédio, na zona nobre da cidade.

- É agora, Kung-Love. Saia desse maldito carro e honre as calças que veste! – suspirando, Wuffei depositou todo o seu esforço para saltar do automóvel, tendo a sacola com suas compras apertada firmemente contra o peito.

Atravessar a rua nunca pareceu uma tarefa tão difícil. Suas pernas pareciam indecisas entre seguirem ou se congelarem. Com um considerável esforço, conseguiu chegar até o hall do prédio. Lá, foi recepcionado por um rotundo e simpático senhor, que prontamente se dispôs a atendê-lo.

- Boa noite, meu jovem! Deseja comprar um dos nossos apartamentos? Temos ótimos preços e vantagens para te oferecer o maior conforto possível!

Exasperado, Wuffei ergueu as sobrancelhas diante da verdadeira explosão de marketing do senhor. Sorrindo sem graça, tentou soar simpático:

- Na verdade, não. Eu estou procurando uma pessoa. Poderia me ajudar?

Para a sua surpresa, o homem pareceu perder todo o seu ar de simpatia e gentileza, colocando uma carranca no lugar das feições bondosas do seu rosto.

- Ah, claro... – gemeu, numa voz entediada. – Quem você procura?

Realmente as pessoas eram manipuláveis. Principalmente por dinheiro. Com um sorriso amarelo, Wuffei tentou não se arrepiar com a simples menção do nome da pessoa que o trouxera até ali:

- Treize. – inconscientemente, o chinês fechou os olhos e mordeu os lábios, libertando um gemido lânguido.

O recepcionista o encarou surpreso, imaginando se aquele rapaz havia batido a cabeça e enlouquecido quando criança.

- O senhor Treize? Treize Kushrenada? - Wuffei viu-se concordando, mesmo não sabendo o sobrenome do seu doce moreno. Uma pontada em sua alma dizia-lhe que estava no caminho certo.

O homem o observou atentamente por mais alguns segundos, analisando-o.

- O senhor Kushrenada mora na cobertura, mas não recebi permissão a deixar qualquer um entrar. Você tem alguma autorização por escrito?

- Ahn...não. Mas se o senhor puder ligar para ele, creio que tudo será esclarecido. – sorriu, mostrando todos os seus dentes. Começava a se irritar com aquele tom jocoso na voz do recepcionista, além de temer que Treize estivesse zangado e o expulsasse sob balas.

Claramente contrariado, o recepcionista alcançou um telefone sobre o balcão, consultando uma agenda antes de efetuar a ligação que decidiria a vida do chinês que, ansioso, observava as teclas serem pressionadas uma a uma.

- Peço perdão por incomodá-lo, senhor Kushrenada, mas há um rapaz aqui que o procura. Ele parece um tanto idiota, acho que é algum mendigo louco pedindo esmola...- o recepcionista fez uma careta, olhando atravessado para o chinês, que a essa altura desejava ter trazido consigo sua katana para partir aquele imbecil ao meio.

- Hum...peço um momento... – O homem se voltou para Wuffei, torcendo o nariz – O senhor Kushrenada pergunta o seu nome.

- Chang Wuffei...- o chinês engoliu em seco, cruzando os dedos. Só esperava que Treize aceitasse recebe-lo.

Dois segundos se passaram, e diante de Wuffei, o atendente afastou o fone da orelha, com os olhos arregalados. Com um sorriso envergonhado, o homem enfiou um polegar gordo no ouvido, girando-o desconfortavelmente depois do grito que quase o ensurdecera.

- O senhor Kushrenada pede para que...você suba.

Um sorriso abobalhado se desenhou no rosto de Wuffei. Então... ainda tinha uma chance! Seus pés o levaram até o elevador antes que pudesse comandá-los, ansiosos por levá-lo de encontro ao sonho moreno e perfeito que era Treize.

Não percebeu as portas metálicas se fecharem, nem reparou quando se abriram, revelando um rosto ansioso e surpreso. Um toque em seu ombro o trouxe de volta à realidade.

- Wuffei...mas o que...? – Treize parecia bobo demais para poder colocar qualquer sustento inteligente em suas palavras, e apenas encarou-o, mudo, com o queixo levemente caído.

Seus olhos negros perceberam a presença de Treize, e rapidamente receberam uma carga de brilho que só o amor poderia lhes dar. Com um sorriso envergonhado, tentou parecer descontraído:

- Eu pensei em...jantarmos juntos. Você já jantou?

- Sim! Quero dizer...não! De forma alguma, eu não jantei! Estou quase derretendo de fome, nunca desejei tanto um jantar como agora! Nunca mesmo!Jantar seria muito bom!– o moreno mentiu, se atropelando nas palavras. Na verdade, havia acabado de jantar, mas estava entusiasmado com a possibilidade de juntar as pontas de toda aquela confusão e ter o seu lindo chinês novamente em seus braços.

- Que ótimo! – Wuffei sussurrou, satisfeito em constatar que o mais alto estava tão nervoso quanto ele próprio. – Como eu não sabia o que tipo de comida você tinha em casa eu passei no supermercado e comprei algumas coisas... – sorriu, desejando que Treize não percebesse o que trazia na sacola.

Só então Treize reparou no saco de papel preso nos braços esguios do chinês. Recriminando-se mentalmente por ter se esquecido completamente do seu tão característico cavalheirismo, estendeu os braços, oferecendo ajuda:

- Deixe-me carregar isso pra você, sim? – sorriu abertamente, retirando o embrulho das mãos do seu deus oriental, que parecia relutante em largá-lo.

- NÃO! Não precisa...- sorriu, nervoso, tentando puxar a sacola de volta.

- Eu insisto! – ao tentar arrancar a sacola do chinês, o papel se rompeu, e todo o seu conteúdo se espalhou pelo chão carpetado do apartamento, arrancando um olhar surpreso e malicioso de Treize, e uma explosão de tons rosados no rosto de Wuffei.

Próximos a seus pés, meia dúzia de potes grandes de geléia de morango caíram. Sim, a noite seria longa e doce. Muito doce.


- Duo, querido, tem certeza de que está bem? – Budd sentou-se ao lado do amigo na mesa da cozinha, observando-o preparar uma salada.

- Claro, Budd...está tudo bem... – O rapaz de trança tentou sorrir, muito embora os seus olhos excessivamente brilhantes indicassem que fazia um grande esforço para não chorar.

- Aquela bicha enrustida do Heero não merece que você chore, menino! – Jay entrou na cozinha do rapaz de trança, ocupando um lugar ao lado de Budd.- Mas antes de tudo, você tem que ficar calmo!

- Eu estou calmo...- o rapaz de olhos violetas colocou um sorriso inocente no rosto, mas os pobres vegetais esmagados violentamente por suas mãos mostravam que "calma" era uma virtude que estava bem longe dele, no momento.

- Claro, querido, claro... – Budd trocou um olhar significativo com o seu companheiro Jay. – Duo, o que acha de esquecermos daquele japonês imbecil e vermos um bom filme na tv? Isso sempre ajuda! – completou, levantando-se determinado e colocando as mãos na cintura.

- Eu concordo com o Budd! Vamos deixar o Heero de lado. Pode até ter sido melhor você se afastar dele! Imagina se aquela história da "potência" dos japoneses ser pequena é verdade? Que escândalo! – Jay revirou os olhos, não percebendo os tons corados que tingiram o rosto de Duo com aquele comentário. Aqueles dois não sabiam do que falavam...não mesmo...

Com um suspiro cansado, Duo concordou, abandonando a pasta esverdeada a que haviam sido reduzidos os legumes da sua salada. Foi carregado até o sofá da sala por seus dois amalucados amigos. Jay logo alcançou o controle, ligando a televisão:

- Sabe o que eu adoro na tv a cabo? É ter tantas opções ruins e não saber o que assistir!- comentou, passando de canal em canal até achar um em especial – Ah, eu simplesmente amo esse filme! "Traído e abandonado"! Eu lembro que o vi quando terminei com aquele bonitinho que servia tacos no restaurante mexicano. Não ajudou muito. Na verdade, cheguei a pensar em me matar! Ah, mas vejam essa cena! Eu adoro a cara dele quando descobre que foi traído!

Budd arregalou os olhos, cutucando o seu parceiro da Legião do Couro. Só então Jay percebeu o que fazia. Entre os dois, Duo respirava pesadamente, lágrimas pesadas acumuladas em seus lindos olhos violetas. Seu lábio inferior tremia levemente, indicando o seu esforço para não desabar em choro.

Antes que qualquer um deles pudesse dizer algo, a campainha tocou.


Heero mantivera sua determinação por todo caminho até a casa de Duo. Afinal, estava apaixonado, e preferia acreditar no antigo chavão que dizia "o amor supera qualquer obstáculo". Nem se preocupara em trancar o carro ao saltar dele em direção à porta do atendente. Pressionou a campainha com força exagerada, mas não conseguia conter a sua ansiedade.

Do outro lado, os olhos curiosos de Budd e Jay se apertavam para enxergar através do visor da porta. Com um gemido afetado, se afastaram, colocando as mãos nos rostos, teatralmente aterrorizados:

- É o Heero! Ele quer machucar o nosso Duo novamente! – Jay exclamou, fingindo o início de um desmaio.

- Precisamos fazer alguma coisa! – Budd estufou o peito, abrindo sua pequena bolsa de couro com alça trançada - Hum...deixe-me ver...eu trouxe a minha faca! E você?

- Eu trouxe a minha navalha! – Jay fechou a própria bolsinha, erguendo a lâmina alegremente.

Exasperado, Duo correu em socorro do seu japonês, afastando da porta a sua dupla de amigos levemente homicidas. No entanto, não abriu a porta. Escorou-se na superfície de madeira, tentando conter as lágrimas:

- Vai embora, Heero... – sussurrou, abraçando o próprio corpo. Budd e Jay se entreolharam tristemente, afastando-se. Duo precisava enfrentar aquela conversa sozinho.

- Duo...me deixa explicar! Por favor, abre a porta! Confia em mim...-pôde ouvir a voz angustiada de Heero abafada pela porta que os separava.

Oh, Deus, como gostaria de abrir aquela maldita porta e se jogar nos braços quentinhos de Heero! Beijá-lo e dizer que tudo estava bem! Mas o seu coração temia se machucar mais. Fora realmente um golpe impiedoso aquela mensagem...instantaneamente passara a odiar a tal Relena. Por ser dona do homem que amava.

Apoiando a cabeça contra a porta, Heero acariciou a superfície rígida, como se assim pudesse tocar o seu lindo atendente. Dentro da casa, as lágrimas de Duo finalmente haviam se libertado, escorrendo abundantes dos seus olhos que se tornavam ainda mais belos quando banhados pela tristeza.

- Duo...eu sei que você provavelmente me odeia agora, mas tudo não passa de um mal-entendido! Eu nunca tive nada com a Relena. Aquela louca sempre me atazanou, e aquela mensagem não significa nada, ouviu? Nada! Eu só preciso de você...abre a porta, por favor. Eu te peço, me ouça!

O desespero na voz do seu lindo executivo apenas abriu ainda mais a ferida na alma de Duo, mergulhando-o numa onda de dor que roubou o seu ar, juntamente com soluços que o obrigaram a se apoiar no batedor da porta para não cair.

Triste, percebeu silêncio do lado de fora: Heero provavelmente havia ido embora. Afundando uma mão em seus cabelos desleixados pelo choro, o atendente escorregou até o chão, apertando os braços ao redor do próprio corpo, tentando fazer com que a dor parasse.

Então percebeu uma folha de papel colocada sob a porta. Suas mãos trêmulas alcançaram o papel, e quando o abriram, deram margem a uma dolorosa e saudosa surpresa: as miniaturas desenhadas por Heero ainda eram nítidas, e uma última havia sido desenhada às pressas na parte inferior da superfície branca. Um bonequinho particularmente fofo representava um Heero triste, com enormes lágrimas nos olhinhos gigantes. Um balão que flutuava próximo a sua cabeça carregava um coração partido pela angústia, e as palavras "Me deixe explicar, Duo..." encolhidas para que pudessem nele caber.

Duose perguntou se havia realmente uma explicação,enquanto apertava desesperadamente o papel contra o peito, na esperança de que aqueles engraçados bonequinhos pudessem trazer de volta a paz e a alegria das declarações através deles trocadas.

Budd e Jay se aproximaram e o abraçaram, confortando-o até que fosse vencido pelo cansaço e adormecesse, nunca abandonando a singela folha de papel que guardava as palavras mais preciosas de sua vida.


Nos dois dias que se passaram desde então, Heero descobriu que amigos superprotetores poderiam ser realmente irritantes. Budd e Jay haviam se tornado verdadeiras muralhas que sempre o impediam de chegar até Duo. O japonês não os culpava, afinal, diante do que Duo ouvira, mesmo que não fosse verdade, era natural ficar magoado, e ter amigos fiéis para ser apoiado. Heero desconfiava que até mesmo Steve, o rapaz responsável pelo estacionamento da empresa, havia sido informado sobre as suas "insensibilidade, covardia e maldade", pois sempre que o executivo chegava pela manhã ao trabalho, recebia um olhar atravessado do raquítico rapaz, e uma vez ou outra o seu carro aparecia com um arranhão claramente não-acidental.

Sua vida nunca pareceu tão vazia como naqueles malditos dias. Tentara encontrar Duo enquanto ele ainda estivesse na lanchonete, mas o belo atendente havia pedido dispensa por alguns dias, prevendo a sua manobra. Na empresa, além de não saber em que departamento Duo trabalhava, tinha os olhos atentos da dubla de tarados por couro sobre si, condenando-o todo o tempo por algo que não fizera.

O que mais temia estava acontecendo: estava perdendo Duo. Heero não dormia direito, nem se alimentava corretamente. Nem mesmo as costumeiras quedas e tombos diários pareciam surtir algum efeito ou reação no executivo, que aos poucos se tornava apático. Não queria desistir de Duo. Mas, com o ódio da grande maioria de funcionários da empresa, formada por amigos de Duo, se tornava uma tarefa mais difícil ter uma chance para explicar a intromissão da retardada cor-de-rosa.

Heero suspirou, cansado, jogando-se em sua poltrona de escritório, massageando as têmporas, numa tentativa de afastar a nada bem-vinda dor de cabeça que ameaçava surgir. Precisava pensar em uma forma de mostrar a Duo que era inocente. O céu do anoitecer se desenhava aos poucos na cidade, trazendo-lhe memórias maravilhosas. Um sorriso bobo se desenhou em seus lábios quando a lembrança dos toques que trocara com Duo sobre aquela poltrona se tornaram vivos em sua mente, causando-lhe um calor gostoso. Mas não queria apenas lembranças. Precisava de Duo, real, ali, em seus braços. Com mais um suspiro, o enésimo naquele dia, girou sua confortável cadeira em direção ao enorme portal de vidro de sua janela, encarando as estrelas que começavam a surgir no céu rosado:

- Ei, amigas... tragam ele de volta pra mim...- pediu, num sussurro triste, imaginando se agora enlouquecera por falar com estrelas.

O toque agudo do seu celular o trouxe de volta a realidade. Bufando, Heero nem se preocupou em consultar o número de quem o ligava, atendendo a chamada:

- Alô?

- A gente quer você, meu precioso...- a voz esganiçada de sua mãe soou, acompanhada de um pigarro engraçado, voltando com o seu tom normal em seguida - Olá, precioso! Por acaso esqueceu da gente?

- Mãe? Como assim? – ergueu as sobrancelhas, quando a ligação de três dias atrás voltou a sua memória. Claro! Sua família viria visitá-lo! – Desculpa, mãe, eu estive tão preocupado com o Du...o trabalho, que acabei esquecendo. Quando vocês vêm?

Pôde ouvir uma risada divertida de sua mãe, e para o seu terror, os gritinhos afetados e excitados de Relena ao fundo.

- Precioso...nós já estamos no aeroporto da sua cidade! Só estamos esperando que venha nos buscar! Ah, só um segundo, precioso... – Heero, assustado, percebeu a furada em que se metera. Ainda assim, ficou atento para a ligação, e ouviu a voz abafada de sua mãe ao fundo – Não beba isso! Essa coisa não é whisky, seu idiota, é desodorante! Não sei como fui casar com um alcoólatra como você!

Seu pai não mudava mesmo. Com um suspiro, chamou a sua mãe, mas os gritos irritantes de Relena vieram em seu lugar. Iria matar aquela idiota...

- Heero, querido! Venha nos buscar agora mesmo! Estou louca pra te ver de novo!

Apertando os dentes com força, desligou o celular na cara da irritante moça, pegando as chaves do carro sobre a mesa. Agora, com a sua família ali, seria praticamente impossível se aproximar de Duo.

Só desejava que o seu Duo não viesse a se encontrar com Relena, porque aí sim a situação viraria uma grande porcaria, e logo seria crucificado em praça pública por seus companheiros de trabalho.

A vida realmente era muito volúvel, e aquela mudança imposta por ela não era uma das melhores para Heero. Nem para Duo.

CONTINUA...

)).:.:Notas do autor:.:.:((

Ahhh, gente, mil desculpas! T.T Eu sei que prometi que este capítulo viria rápido, mas não pude cumprir porque aconteceu algo muito chato. Eu tinha este capítulo escrito há muito tempo, só que cai na besteira de encriptá-lo com um programinha qualquer, para que ninguém aqui em casa xeretasse. Porém, na hora de abrir o arquivo, eis que descubro que tudo foi corrompido pelo programa T.T Isso aconteceu com todos os capítulos novos de outras fics tb, então lutei por um mês inteiro para recuperar os arquivos, sem sucesso.

Mas nesta semana eu me decidi a reescrevê-los. Decidi por começar por Snack Bar XD Então, reescrevi esse novo capítulo, já que o outro se perdeu. Então, peço desculpas e prometo ser mais regular nas atualizações!

Para aqueles que sentiram falta do 3x4 neste capítulo, eu peço que aguardem até o próximo, pois neste eu realmente tive que dar mais espaço para os outros casais do fic e seus problemas

Então, finalmente a história está andando mais rápido! A família do Hee chegou...XD Coitado dele.

Espero que gostem do capítulo! E reviews me deixam muito feliz! XD

Valeu!

Jo-kun