Promessas de um futuro premeditado durante tempos ruins correm como brisas numa cidade chamada Seikai Nova...mas o passado permanece no leito da terra como duras raízes de uma árvore envelhecida, relembrando àqueles de curiosidade aguçada e promíscua aventura, tais lugares já quase esquecidos por pessoas que querem se esquecer…
O Céu, onde anjos repousam nas mais infinitas nuvens num misto de paz e harmonia, pretendendo o bem do mundo mesmo a combater, e o Inferno, onde a maldade e a injustiça reinam por si só, nas chamas das profundezas, tomadas por demónios com ideais abruptos e impiedosos. Duas realidades distintas que já se chocaram entre si, colidindo numa guerra onde as principais vítimas foram os humanos. Ruínas foram as marcas das duras batalhas nas cidades e a extinção humana foi algo que já era considerado por todos os que tentavam sobreviver. Tempos difíceis esses, que aparentemente tiveram um fim quando, segundo alguns humanos, um ser, que ninguém sabia de que lado era, revelou o que muitos chamariam de Verdadeiro Poder, um poder capaz de mover dimensões e até esses lugares nunca tocados por vulgares humanos, todas as pessoas desejavam ter tal domínio…
Tempos de tréguas se aproximaram…o ser a que as pessoas deram o nome de 'Terceiro Deus' desapareceu misteriosamente entre os céus tempestuosos, deixando o compromisso de uma nova volta…mas os tempos de conflito voltaram.
Todos ambicionavam com os seus motivos, a volta desse ser; o Céu, para melhorar o mundo, o Inferno, com o intuito de traçar uma nova era para o mundo segundo a vontade deles, e os humanos queriam que este parasse a guerra…
Centenas de anos passaram depois dessa época, e o conflito dos lados e ideais continuava…uma nova guerra se aproximava e todos desconheciam isso. As brumas do passado começam a se envolver com as aragens do futuro, nunca se sabe o que poderia acontecer…

Penas douradas e longas viajam com o vento aguardando a chegada…e ele chegará…"assim que se emergir da neblina cerrada do seu próprio passado."

Angel Project

Capítulo I – O mal em ruínas

Um lugar repleto de escuridão, uma tempestade no céu…um vulto de joelhos no chão, apenas uma garota…sangue pingando das próprias vestes…olhos chorosos, cabelos longos esvoaçando com o vento proveniente de uma janela partida...e o som da trovoada quebra o silêncio e os soluços surdos vindos da garota, mostrando a silhueta de uma jovem jazida no chão…a jovem sorria, dizendo as seguintes palavras já no último fio de existência…"Não existe discípulo superior ao mestre. Todo o discípulo perfeito deverá ser como o mestre…sim…minha escolha foi a correcta.". A tempestade adensou-se…a garota agarrou-se precipitada ao corpo da jovem sem vida, dando um grito pesaroso que ecoou por todo o lugar…um grito que se prolongou até uma outra jovem acordar no quarto dela, gritando do mesmo jeito até se dar conta de onde estava.

Juno: 'Maldito pesadelo…todos os dias o mesmo.'

Levantou-se com a mão na cabeça, dirigindo-se para o banheiro. Deu uma olhada no espelho em frente dela, dando um jeito nos seus curtos cabelos lilases desgrenhados, tentando melhorar o seu aspecto. Depois de vestir-se, aperta com força uma fita vermelha escura na cabeça, sorrindo para o espelho e notando um 'bip bip' repetitivo num aparelho ali perto, sussurrando "Já vou, já vou…". Saiu do quarto apressadamente, correndo por um corredor e chegando a uma sala com mesas no centro e computadores mais afastados das mesas, com ar um pouco cansado. Ouviu uma voz feminina um tanto entusiástica atrás dela.

Kaori: 'Chegou atrasada, Juno! Vai um café da manhã?'

Uma garota de óculos descaídos, cabelos verdes e curtos observava Juno com um sorriso curioso. Juno sentou-se numa das cadeiras, soltando um suspiro.

Juno: 'Não quero nada, Kaori…'

Kaori: 'Você parece exausta, será a constante matança de demónios que lhe está cansando assim?'

Kaori olha para cima depois de feita a insinuação, recebendo um olhar desconfiado e sorriso matreiro de Juno como resposta.

Juno: 'Nada a ver, isso só me estimula e você sabe bem disso…'

Kaori: 'Um demónio matando outros…estranho, não?'

Kaori sorri vendo a cara emburrada da Juno ao ouvir tal coisa.

Juno: 'Que eu saiba, eu não sou demónio algum, sou uma humana-'

Uma voz masculina cortou a frase de Juno, entrando pela sala um rapaz de cabelos azuis, curtos e desengonçados com um fino rabo-de-cavalo irrompendo pelas costas abaixo e uns óculos de aviador na cabeça, de sorriso debochado estampado no rosto, sentando ao lado de Kaori, se afastando o mais possível de Juno.

Rapaz: 'Ora ora...Já nem sabe das suas origens, Tenente?'

Juno olhou-o com tanto ódio que até pareceu atingi-lo de alguma forma. Kaori ria baixinho olhando para Juno e Kyou para ver como seria a próxima troca de críticas.

Juno: 'Ah vai se catar, Suzume!'

O rapaz tentou fazer um ar sério para Juno, embora a vontade de rir fosse muita.

Rapaz: 'Suzume não, Takahashi…para mim tem de ser Senhor Coronel Kyou Suzume…'

Juno: ''Senhor Coronel Galinha' também serve?'

Depois dessa, Kaori teve de soltar uma gargalhada, embora o Kyou tivesse olhando para as duas com ar mais amuado, procurando palavras para se defender.

Kyou: 'Eu não tenho culpa se as mulheres me querem…'

Voz: 'Mas quem solta o charme nelas é você, nii-san…'

Kyou virou-se para trás e viu um outro rapaz se aproximando, loiro de cabelos soltos pelos ombros, com um ar sereno no rosto, sorrindo amigavelmente.

Kaori: 'Taku, bom dia! Café da manhã? Ah não…você é um anjo, anjos não comem dessas coisas…'

Kyou: 'Ei, eu também sou um anjo e você não perguntou se eu queria café da manhã…'

Kaori: 'Você é humano com poderes de anjo, algo bastante diferente, espertinho. E meninos mal comportados não merecem café da manhã…'

Ignorando a branda discussão dos dois, Taku senta-se ao lado de Juno, apanhando a atenção dela.

Taku: 'Bons dias Juno…pela sua cara, você está precisando eliminar uns quantos demónios, não?...'

Juno: 'Acertou…alguma missão para nós que você saiba?'

Taku acenou com a cabeça e pigarreou, captando as atenções de todos.

Taku: 'A general Tsubame informou que você, Kyou, tem como missão de hoje acabar com um motim de demónios perto do Monte Suiken, depois alguém da elite lhe dará as coordenadas precisas…quanto a mim e a Juno, nós temos de ir para uma mansão abandonada, penso que seja…a antiga mansão dos Mizuno, você conhece?'

Juno: 'Conheço sim, o que tem lá?'

Taku: 'Parece que alguns demónios resolveram atracar lá, matando pessoas lá perto…'

Juno: 'Cobardes. Como se já não bastasse o que os humanos passaram na guerra divina, ainda resolvem suprimi-los sem piedade como se fossem algum tipo de Deus para julgá-los desse jeito.'

Kyou: 'Não acredito que estou ouvindo isso da sua boca…logo você que faz exactamente a mesma coisa que eles, sejam humanos ou demónios.'

Juno cerrou os punhos com uma expressão furiosa no rosto, se levantando de rompante da mesa em direcção ao Kyou, assustando os restantes.

Juno: 'Não se atreva sequer a falar uma coisa dessas sobre mim! Nunca!'

Kyou: 'Mas é o que você faz! Além disso, dá para desconfiar quando você ordena constantemente para a Kaori não investigar coisa alguma do seu passado!'

Kyou olhou fixamente para Juno, esperando alguma resposta. Taku e Kaori olhavam para cima como se não tivessem ouvindo nada. Apenas era mais uma das constantes discussões entre Juno e Kyou.

Juno: 'O meu passado não é aqui chamado! Já agora, você também nunca me contou o seu, envolve alguma garotinha por acaso?'

Kyou reagiu como se tivessem lhe acertado com algo na cabeça e baixou o olhar, resmungando algo parecido com "garotinha pseudo-tenente irritante…". Taku mesmo olhando para cima, abriu mais os olhos…parecia saber de algo relacionado a Kyou. Juno deitou um olhar de desprezo a Kyou e dirigiu-se rapidamente para a sala de armas, com o Taku seguindo-a. Assim que chega lá, empunha duas espadas diferentes, uma katana e outra espada de lâmina grossa, ficando a manejá-las como se aquela exercitação fosse algum remédio para o aborrecimento. Taku olha para ela e solta um leve suspiro.

Taku: 'Juno…não fica chateada com isso não…não vale a pena. Você sabe como ele é, não precisa ficar assim. Ele no fundo é uma pessoa legal.'

Juno: 'Só se for para você…para mim, não passa de um rapaz impertinente que só fala o que não deve!'

Taku: 'Você só o conhece à 5 meses…eu já o conheço desde criança, Juno…ele só fala assim para pessoas que acha que estão lhe ameaçando. E, bem…você, à primeira vista, não parece intimidar ninguém, mas as pessoas que viram você em acção não tiveram tempo para falar de como você é assustadora em combate, porque morrem logo com algum dos seus golpes.'

Assim que ouve isso, Juno pára de rodopiar uma das espadas e olha para o Taku, com voz baixa e desconfiada.

Juno: 'Eu não sou assim tão aterradora, Taku. Eu não sou nenhum monstro.'

Taku: 'Desculpa, não era isso que quis dizer…mas, você fica com uma exultação estranha depois de eliminar demónios…'

Juno: 'Não falemos mais disso. Agora é tempo de irmos para a tal mansão, não? Como é perto, não precisamos de aeronave, você já basta.'

Taku acenou com a cabeça, sorrindo ao ver Juno um pouco mais animada. Saíram da sala de armas dirigindo-se para o recinto de voo e nesse mesmo lugar se encontrava o Kyou…abraçado a uma das assistentes de voo, provavelmente paquerando-a. Juno virou rápido o olhar, pegando uma pedra do tamanho da mão dela, pondo-se rapidamente em pé.

Juno: 'Taku, vamos!'

Estranhando o comportamento da Juno, Taku reparou logo na pedra e encolhendo os ombros, fez sair das suas costas duas asas longas e brancas, pegando Juno no colo e começando a levantar voo quando sente ela levantar um dos braços.

Taku: 'Juno…o que você vai fazer?'

Juno: 'Só alertar uma certa pessoa…'

Taku: 'Ai ai…'

Taku sente Juno atirar algo um pouco pesado e depois ouve um 'Pum!' seguido de um grito de dor vindo do Kyou, olhando imediatamente para baixo e vendo ele com uma mão na cabeça, olhando para a Juno com ar bem enfurecido, quase estrebuchando de tanta raiva. Pelo contrário, Juno parecia bem mais entusiasmada.

Kyou: 'Sua…sua!'

Juno: 'Você tem uma missão para fazer!...'

No meio de risadas de Juno e desculpas do Taku, os dois desapareceram entre as nuvens. Passado uns bons minutos, aterraram num terreno baldio onde a dita mansão permanecia ali perto, em ruínas. Juno olhou em volta e só conseguia ver escombros entre uma neblina carregada, mas depois de visualizar mais atentamente uma certa zona de escombros, cerra os olhos e saca das duas espadas rapidamente.

Juno: 'Se fosse você, eu pegava na sua espada, Taku…Eles não me enganam tão facilmente, se escondendo…'

Mal acaba de falar, começa a rodopiar as duas espadas e corre até aos escombros. No segundo seguinte, os demónios aparecem de todos os lados se atirando para cima da Juno e do Taku. Uma luz surge na mão de Taku ficando na forma de uma espada, ao que ele os ataca sem qualquer hesitação. Já Juno baixa-se num ápice, dando uma rasteira geral no grupo de demónios e os atravessa com as duas espadas, caindo mesmo em frente da entrada da mansão.

Juno: 'Estes já foram…mas parece-me que ainda tem mais dentro da mansão…óptimo. Taku, cuide aí da parte exterior!'

Taku: 'Ok…tenha cuidado.'

Juno: 'Eu terei.'

Juno sorri maliciosamente como quem procura mais aventura, entrando apreensivamente pela porta adentro…e a primeira coisa que vê são quadros destruídos e esborratados com sangue, velas derretidas caídas em tapetes desalinhados e imagens de santos partidas ao meio também manchadas de sangue pela sala enorme onde se encontrava.

Juno: 'Estes parecem ser mais sanguinários do que pensava…pelo que parece houve aqui uma chacina das grandes…'

De repente, sente algo correndo no chão atrás dela e vira-se logo para trás, empunhando as espadas para se defender mas levou com o que parecia ser uma patada, caindo contra a parede, provocando mais destroços. Uma mão saiu do monte de pedras, saindo de lá uma Juno bastante empoeirada e sorrindo de plena satisfação, agarrando as duas espadas.

Juno: 'Essa família deve ter vendido a alma ao Diabo…e encomendado uma criaturinha chata como essa…'

Olha com mais atenção e vê que era um grifo espectro de cor negra mas que dava golpes bem reais, demasiado reais para ela…Dando as primeiras pegadas no chão, começa a ganhar velocidade, tentando dar 'garradas' em Juno, sem sucesso. Esta apenas defendia, pensando em como poderia derrotar o espectro. O grifo, que obviamente não queria esperar por Juno, lhe deu uma 'garrada' de cima, fazendo ela cair no chão, com um corte no ombro.

Juno: "Kuso…tem de ser agora ou nunca…"

Logo que viu algo brilhando no peito do grifo, resolveu arriscar, pensando que talvez esse fosse o ponto fraco e fincou uma das espadas bem no meio do brilho, agarrando na outra espada e cortando o grifo em pedaços. Passado segundos sobre um berrar ensurdecedor, o espectro desaparecera e Juno levantou-se, apanhando o fôlego que lhe restava. Nesse instante chegou Taku, correndo até Juno e olhando em volta a decoração peculiar da sala.

Taku: 'Que ambiente estranho…Você não costuma demorar muito quando são só demónios. O que foi que você enfrentou dessa vez?'

Juno: 'Um grifo espectro. Resolveu me dar as boas-vindas me dando uma patada contra a parede!'

Falou com voz emburrada enquanto tirava a poeira toda da roupa, mudando de assunto.

Juno: 'E você?...Já acabou com os demónios todos lá fora?'

Taku: 'Sim, não deram muita dificuldade…ás vezes é bom ser anjo.'

Sorriu para Juno, mas o sorriso desvanecera ao se ouvir um grito feminino agonizante ao longo de um corredor e em seguida o som de uma parede a ruir-se.

Taku: 'Mas o que…?'

Correram imediatamente pelo tal corredor até darem a um compartimento quase semelhante a uma masmorra. Um clarão vermelho acabara de sumir, deixando atrás uma parede em ruínas rodeada de uma poça de sangue.

Juno: 'Acabaram de matar alguém aqui…'

Taku: 'Não. Ainda está vivo. Tenho a certeza.'

Se baixou, tirando os escombros cuidadosamente para ver o que estava debaixo daquela parede ruída, quando não foi o seu espanto ao ver no meio de pedregulhos, uma garota ferida, de extensos cabelos vermelhos da cor do sangue, com roupas escuras e um peculiar crucifixo de ouro no pescoço. Mas o que mais admirava nela era o ar sereno que tinha no rosto, mesmo estando com vários ferimentos a ponto de ter perdido tanto sangue. Talvez seria por isso que Taku ficou estático sem dizer palavra alguma, como se o seu coração tivesse parado repentinamente, mas esse batia cada vez mais forte como se quisesse sair em disparada do seu corpo. Juno ficou olhando a estranha garota de cima a baixo e depois deu uma olhadela no amigo, vendo-o totalmente desconcertado. Não sabia lá muito de amor, mas dava para perceber claramente que Taku se apaixonou à primeira vista. Tentando quebrar o silêncio, Juno pigarreou alto, quase tossindo mas nem isso acordou o anjo. Olhou para cima, já impaciente e resolveu usar métodos mais drásticos.

Juno: 'TENENTE CHAMA TAKU!'

Com o berro de Juno, Taku pegou logo a garota nos braços, o que fez ela abrir os olhos de forma subtil e deparar-se com o rosto corado dele. Sem saber o que falar, Taku arriscou a primeira pergunta que lhe veio à mente.

Taku: 'C-Como v-você se chama?'

Juno não resistiu a soltar uma risada com a súbita gaguez do Taku mesmo este estando aborrecido de ter se enganado assim tanto. Contudo, a moça sorriu, o que fez com que ele deixasse o aborrecimento de lado e desse lugar a outro sorriso como resposta.

Garota: 'Eu…Yorae…'

Taku: 'Yorae…belo nome…'

Fechou os olhos de novo, perdendo os sentidos. Taku olhou em volta, estancou o sangue deitado fora e pegou Yorae ao colo, deixando a mansão e caminhando até ao terreno baldio, junto com Juno. Essa, ainda desconfiada, deixou escapar uma das suas percepções.

Juno: 'Por isso que eu nunca vou me apaixonar…andar assim desligada não tem nada a ver comigo. Todo o mundo fica sempre desse jeito, até você…'

Taku: 'Anjos apenas têm amigos e protegidos, nunca se apaixonam.'

Se não fosse por ele falar tal frase com uma estranha segurança, sem sequer olhar para Juno, esta diria que ele estava a falar verdade mas…Juno conseguiu notar que Taku agarrou com mais força a Yorae depois de ter falado aquilo. Apenas se limitou a sorrir e a agarrar-se a Taku para voltarem para a Base da Elite Kyouki. Na mansão abandonada, bem ali no meio da sala, encontravam-se umas estranhas penas douradas de algum anjo, contrastando com aquele ambiente desprezado de terror, repousando calmamente no chão, perto do lugar onde foi morto o espectro…de quem seriam? Só Deus saberá…


Próximo Capítulo: Relações
Uma nova chegada atrazer mais dúvidas...lembranças do passado encaminham para uma nova sensação esquecida pelos seus donos...uma ruiva especialdespertando simultaneamente o coração e as incertezas de um anjo...


E aeeee? Gostaram? XD
Meu 1º fic original --- Descansem, eu não vou desistir de nenhum dos meus outros fics Soh tou arranjando mais tempo para os escrever o/
E eu quero reviews, senaum eu naum escrevo mais nãoXD REVIEWS, ouviram? XD
Eheheh...Kissus Ja ne!