Disclaimer: Este é um fan work, feito totalmente sem fins lucrativos. Os direitos de Saint Seiya, Saint Seiya Episódio G e de todos os seus personagens pertencem à Toei Animation e Masami Kurumada. A exploração comercial do presente texto por qualquer pessoa não autorizada pelos detentores dos direitos é considerada violação legal.
Informação para o leitor:
Yaoi (contém relacionamento amoroso entre homens).
Avaliação etária: M/NC-17 (situações adultas, violência, sangue)
Par citado: Saga X ?
Texto concluído em 5 de fevereiro de 2006
Ele sabia onde estava indo, ao menos imaginava que sabia. Viu Kanon recolher a foto das meninas siamesas, Pemfi e Eni, guardá-las na roupa, provavelmente ia até um lugar que tivesse ligação com elas. Imaginava qual. Açoitado pelos espinheiros que se agitavam loucos na tempestade, não se detinha por nada: naquele momento dezenas de pessoas rezavam dentro da igreja, com suas velas acesas, implorando por chuva. Uma igreja embebida em azeite, com um longo cruzeiro de prata no topo. A sala do fundo com o castiçal abandonado e a "terra fina" cobrindo o chão, imaginava em alarme o que era na verdade. E bem no meio de uma tempestade de raios.
As árvores se dobravam no vento, algumas já se quebravam, o vento carregando lascas de madeira, pedra e terra do chão. Ao longe divisou a casa comprida, tratou de ir depressa até lá. No armazém dos fundos os tonéis de azeite estavam caídos, se partindo no vento intenso, um pequeno rio de óleo escorrendo tortuosamente.
De novo as pegadas de homem alto, lavadas no óleo. Entrando na casa. Os raios já caíam ameaçadoramente, em alguns lugares halos de fogo já eram avistados na distância. Ele tinha que fazer algo, antes que o pior acontecesse. Kanon havia trancado a igreja. Então Kanon iria abri-la de novo, quisesse ou não.
O lugar estava quase tão escuro quanto antes, a única luz entrando fraca por partes do telhado em ruínas, efeitos do vento forte. Os espelhos agora estavam jogados para todos os lados, cacos se espalhando por todo o chão. A casa parecia deserta. Mas com certeza ele estava lá dentro, em algum lugar.
—Kanon!
Os trovões continuavam lá fora, não vinha nenhuma água dos céus, só a escuridão, a ventania e a luz dos raios; precisava se apressar. O outro não respondia, na certa estava escondido em algum lugar lá dentro, talvez junto da velha que não se afogou no azeite, deviam estar juntos nessa armadilha. Ou talvez já a tivesse matado: não ia achar estranho ver o corpo da senhora em pedaços, depois de tudo aquilo. Continuou seguindo pelo corredor, indo num lugar cada vez mais escuro, conforme avançava.
Finalmente não conseguia enxergar mais nada. Andava aos tropeços sem conseguir se orientar, as paredes cobertas de móveis jogados e espelhos mal servindo de orientação. Tateou ao redor, achou uma caixa de fósforos amassada. Conseguiu riscar um palito, a luzinha fraca iluminando os espelhos partidos.
Nos incontáveis reflexos, a imagem de Kanon, aparecendo no fundo, apontando para cima discretamente, com um sorriso quase cândido. Virou para trás num susto, sentiu o coração disparar, obedeceu um impulso quase instintivo de se jogar no chão.
Um raio caiu ali, e o telhado explodiu em mil pedaços, uma figueira desabou sobre a casa, derrubando a parede. Por pouco não foi esmagado. Saiu dos escombros rastejando, ergueu a cabeça, sacudindo o entulho. Havia luz ali, luz dos raios que caíam do céu e do fogo que se alastrava ao redor da casa. Os cacos de espelho refulgiam em um tom de vivo escarlate.
Parada à sua frente, uma silhueta alta de longos cabelos se delineava contra o fogo. Conhecia bem aquele porte rebelde, o cheiro de benjoim e oceano que vinha junto da fumaça e do vento.
—Eu...finalmente achei você...Kanon!
continua...
