CAPÍTULO 7
Duas horas e meia depois...
"Onde estão elas?" indagou Lex, enlouquecido, segurando Martha pelos braços, após estacionar sobre uma calçada em frente à creche onde Lily ficava.
Havia carros de polícia por toda parte, o que o deixava mais aflito.
Mas Martha estava atordoada demais para conseguir explicar.
"Calma!" pediu Douglas Parker, chefe da polícia, segurando-o pelo braço.
Lex o empurrou abruptamente e se afastou de Martha, indo em direção à entrada da creche, onde a coordenadora prestava depoimento a um oficial.
Ao vê-lo, Meredith Stiles começou a soluçar.
"Sr. Luthor! Eu não sei como isso aconteceu!"
"O quê você fez?" indagou ele, furioso, como se estivesse prestes a agredi-la fisicamente.
Mas o xerife, que vinha logo trás dele, o conteve.
"Sr. Luthor! Acalme-se! Estamos tentando resolver!"
"É mesmo? Pois não vejo carros de polícia atravessando a cidade em busca dos meus filhos!"
"Estamos fazendo o que está ao nosso alcance. Além do mais, o Superman também está envolvido nas buscas! Ele está vasculhando a área!"
"Eu não quero aquela aberração perto dos meus filhos!" gritou Lex, descontrolado.
E todos silenciaram, e o olharam surpresos. Superman era uma figura especialmente admirada em Smallville, cidade onde tantas desgraças já aconteceram, como as duas chuvas de meteoros.
Ao perceber o efeito causado na multidão que se aglomerava em frente à creche, Lex disse:
"Porque é isso o que ele é"
E, completamente atordoado, Lex olhou para cada uma das pessoas que estavam ali, desde transeuntes, pais solidários, funcionários da creche e policiais, parando os olhos no único rosto confiável que havia ali, Martha Kent, que estava visivelmente transtornada.
E Lex então desviou o olhar, sucumbindo de joelhos ao chão, com os olhos avermelhados, e sem lágrimas. Pois era isso que ele era agora. Um homem que não conseguia mais derramar uma lágrima sequer.
Minutos mais tarde, no Rancho Kent...
"Tome mais um pouco" disse Martha a Lex, que estava sentado à mesa da cozinha, enquanto lhe entregava uma xícara com chá quente. "Vai ajudá-lo a se acalmar"
"Obrigado, Martha" disse ele, segurando-a com as duas mãos.
Martha o observava com pesar.
De repente, Lois surgiu à porta:
"Toda a polícia está mobilizada daqui a Granville" disse ela, largando a bolsa à mesa. "Perry também está agitando as coisas no Planeta Diário. Toda a imprensa já está à parte -"
Martha lhe sorriu, gentilmente.
"Jonathan também está fazendo o que pode junto às autoridades estaduais" disse, enquanto olhava para Lois. As duas estavam arrasadas.
"Desculpe pelo modo como a tratei, Martha" disse Lex, subitamente, após um gole de chá. "Eu perdi o controle"
Martha nada disse. Apenas tocou o ombro de Lex. Não o via daquele modo desde que Lana morreu.
Lois olhou para sua barriga e apoiou as palmas sobre o ventre. Não conseguia imaginar a dor de ter seu filho levado por estranhos. Sabia, porém, que não podia haver coisa pior.
"Eles vão encontrá-los" disse Lois, na tentativa de confortar o amigo.
Na verdade, ela queria dizer que o Superman conseguiria encontrá-los, mas dado o fato de que Lex não possuía muita simpatia por ele, achou melhor não mencioná-lo.
"Onde está Clark?" perguntou Lex, ainda transtornado.
Lois trocou olhares com Martha, e respondeu, evasivamente:
"Está ajudando nas buscas. Todos os moradores estão fazendo buscas pelas redondezas"
"Não posso ficar aqui" disse ele, então, levantando-se e entregando a xícara de chá a Martha.
"Lex, você não está em condições" disse ela, com a mão em seu ombro.
E ele se virou para vê-la. Seus olhos denunciavam um homem cansado, arrasado e, acima de tudo, consumido pela dor.
"Por que isso está acontecendo comigo?"
Martha conteve as lágrimas. Para ela, Lex era como um filho. E vê-lo naquele estado, era angustiante. Desejou, do fundo do coração, saber o que dizer. Mas não havia nada que pudesse fazer.
Continua...
