CAPÍTULO 8
Uma semana havia se passado, e não havia qualquer pista acerca do desaparecimento dos filhos de Lex. Nem a influência do Governador Jonathan Kent, e nem a força do nome Luthor puderam ser capazes de levantar uma única evidência sobre o que teria acontecido com Alex e Lily. Clark estava desaparecido há vários dias. Dizia Lois que ele estava empenhado nas buscas. E, fato notório, era que o próprio Superman fazia tudo o que estava ao seu alcance para tentar localizar as crianças. Mesmo assim, era impossível encontrá-las.
Por dias e noites a fio, Lex ouvia a mesma estória pela polícia e pela mídia. Alguém entrou na creche e levou Lily, sem ser vista por qualquer dos funcionários. E Alex simplesmente deixou a escola no horário de sempre, e nunca mais alguém o viu. Nada de testemunhas. Tudo em plena luz do dia. Aos olhos das pessoas mais próximas, era como se aquilo o estivesse matando aos poucos. Mal sabiam, porém, que algo dentro de Lex o estava consumindo, e ele estava prestes a tomar uma atitude que mudaria seu destino para sempre.
Enquanto tomava sua terceira dose de uísque, sentado ao sofá da sala, olhando o retrato de Lana com Alex aos seis anos de idade, já grávida de Lily, Lex sentia um misto de ódio, revolta, tristeza e impotência que o fazia desmoronar, lenta e dolorosamente.
"Eu sinto muito" disse ele, olhando para os olhos de Lana no retrato. "Não pude cumprir o que prometi"
Lex largou o retrato na mesa ao lado, enquanto olhava o fogo na lareira. Seus olhos ardiam. Já não conseguia mais derramar uma lágrima sequer. Olhou para o copo vazio e atirou-o contra o fogo, que se levantou, mas depois baixou rapidamente. Levantou-se, pegou o casaco sobre a cadeira da sala de estar, caminhou até a porta, e saiu, sem olhar para trás.
Três horas e meia depois, Lex estava em Metrópolis. Era mais de dez horas da noite quando estacionou em frente ao Luthorcorp Plaza.
"Estamos fechados" disse o segurança pelo interfone quando Lex tocou a porta de vidro.
"Sou Lex Luthor" disse ele. "Quero falar com Lionel"
O segurança o encarou de onde estava, ao balcão da portaria, e insistiu:
"Lamento. Não posso ajudá-lo"
"Ninguém pode" disse Lex, que se virou, e como se estivesse indo embora, simplesmente deu meia-volta e socou a porta.
"Ei!" exclamou o segurança do lado de dentro, enquanto se levantava, pegando seu cacetete de borracha para intimidá-lo.
"Anuncie que estou aqui" pediu Lex pelo interfone.
O segurança o encarou por um instante. Lex não sairia dali enquanto não o fizesse. Pegou então o telefone atrás do balcão e digitou o número de um ramal. Enquanto o anunciava, Lex o encarava com frieza. Ao desligar o telefone, o vigia caminhou até a porta, e a abriu. Lex passou por ele, e caminhou até o elevador, ignorando-o completamente.
Quando a porta do elevador se abriu, Lex atravessou o hall de entrada até a sala da Presidência, e abriu a porta. Sentado à sua mesa, em frente ao computador, estava Lionel. Dois anos já haviam se passado desde a última vez que se encontraram. E seu pai estava mais velho e abatido do que ele se lembrava. Sem mover um músculo, Lionel apenas levantou os olhos para vê-lo.
"Ora, ora" disse. "Se não me engano, a última vez que você veio me ver era mais ou menos nessa época, tão... natalina. Veio me pedir o quê desta vez?"
"Você não me ajudou com Lana" disse Lex, olhando ao redor.
Era tudo como lembrava que era. Nada havia mudado.
"Mas agora se trata dos seus netos" continuou.
"Sim. Eu soube" disse Lionel, fechando o notebook.
"Você pode ajudar a encontrá-los -"
E Lex viu, à mesa de Lionel, o exemplar de sua autobiografia, a mesma que há mais de uma semana havia pedido que encaminhassem a seu pai.
Ao notar que o filho olhava o livro, Lionel disse:
"Leitura interessante"
E Lex o encarou.
"Por favor" pediu.
"Eu sempre soube que você não havia mudado completamente" continuou Lionel, ignorando os apelos de Lex. "E esse livro apenas prova o que eu sempre soube"
Lex então o encarou nos olhos, esperando que ele dissesse o que era.
"Que você nada mais é do que o meu reflexo"
Lex então fechou os olhos, e se virou para ir embora. Nada mais havia a fazer ali.
"Filho" chamou Lionel.
E Lex apenas parou, sem se virar para vê-lo. Há muito tempo não ouvia Lionel chamá-lo daquele modo. Na verdade, isso não o emocionava nem um pouco. Sentia-se, estranhamente, enojado.
"Quando uma coisa tem que acontecer, ela acontece. Você pode ter evitado isso por algum tempo, casando e tendo filhos. Mas você ainda é um Luthor. E o seu lugar é aqui"
Lex ficou pensativo por um momento. Até que se virou lentamente para ver seu pai.
"Foi você" disse ele.
Lionel arqueou as sobrancelhas.
"Você sumiu com meus filhos!" exclamou Lex caminhando apressado em direção a Lionel, que se levantou rapidamente, e apertou o botão que acionava a segurança.
"O quê fez com eles, seu miserável?" gritou Lex, agarrando Lionel pela gola da camisa e jogando-o sobre a mesa. "Onde estão Alex e Lily?"
"Lex! Acalme-se!" gritou Lionel.
Mas Lex não o ouvia. Segurando-o pela gola, puxou-o e jogou-o longe ao chão. Lionel tentou se levantar, mas Lex foi mais rápido. Aproximou-se e novamente o pegou pela camisa. Foi quando o segurança surgiu à porta. Mas Lex não soltou Lionel.
"Onde estão meus filhos?" gritou.
De repente, alguém segurou Lex por trás, e o puxou para longe de Lionel.
"Leve esse maluco daqui!" gritou Lionel para o segurança, enquanto via-o ir embora, com o olhar cheio de fúria.
Quando a porta do elevador se fechou, Lionel se recompôs, suspirou e deu um pequeno sorriso com o canto dos lábios. Depois, caminhou calmamente até o telefone.
"Como eles estão?" perguntou à pessoa do outro lado da linha. "Já foram devidamente encaminhadas?" houve uma pausa, e ele continuou: "Perfeito. Lembre-se que são meus netos. Quero-os com uma família decente. Destrua todos os documentos. Tudo. Não quero nenhuma pista do que aconteceu. Quero que você dê sumiço em todas as pessoas envolvidas, direta e indiretamente" houve mais uma pausa, e Lionel concluiu, olhando para a porta por onde levaram Lex embora: "Falta pouco para ele voltar"
Continua...
