Estes escritos não são bem uma fic, e sim um mergulho ao universo individual de cada um dos personagens do nosso amado amigo. Tentei, através das minhas observações do comportamento deles, criar um retrato geral da suas psiques.
Espero que essas análises sirvam também como ponto de apoio para os colegas ficwriters.
Peço também que me perdoem se eu cometer algum equívoco ou se tirar conclusões precipitadas sobre este ou aquele personagem. De qualquer forma, ficarei muito feliz em receber suas reviews. Manifestem também suas opiniões pessoais sobre os personagens. Estarei esperando ansiosa.
Sendo assim, está aqui a primeira parte, referente aos Blade Breakers. 3, 2, 1... LET IT RIP!
Análise psicológica dos personagens – parte 1
Blade Breakers
Tyson – a empolgação infantil
A primeira impressão que todos têm do Tyson é que ele é um moleque impulsivo, comilão e irritante. Esses defeitos podem sim ser perfeitamente atribuídos a ele, mas há um lado do Tyson que é mais frio e calmo, apesar de ele dar poucas mostras disso durante o anime. Eu vejo o Tyson como alguém que não aceita perder. Talvez ele seja traumatizado com isso, por ser praticamente uma criança órfã. Seu pai vive atirado às viagens dedicadas à Arqueologia; seu irmão está longe; e sua mãe provavelmente faleceu. Assim, ele mora apenas com o avô paterno, alguém por quem tem grande afeição, mas que não é suficiente para preencher os espaços vazios deixados pelo resto da família. Isso faz com que ele tenha um receio mórbido de perder outras pessoas que tenham papel importante em sua vida.
Vamos lembrar dos primeiros episódios, quando Tyson brigou com Kenny, dizendo que toda aquela parafernália para tornar as beyblades mais potentes era pura perda de tempo. Logo depois, nosso herói ficou tão arrependido pelo rompante de impulsividade que pediu perdão de joelhos ao colega, temendo vir a perdê-lo. Lembremos também de quando o Kai desapareceu para investigar a abadia da Biovolt, e acabou se deixando perverter pelo poder da Black Dranzer. Como é que o Tyson estava? Na varanda do hotel, olhando para o nada, preocupado com o amigo. Ray tentou até consolá-lo, sem sucesso. É por isso que o Tyson detesta perder as beylutas. Além de ser naturalmente orgulhoso, ele quer ser bom em alguma coisa, para que as pessoas que ele ama não pensem nele como um fardo ou se afastem dele, mesmo com aquele jeito impaciente e birrento.
Estão entre as qualidades dele a pureza de coração, a generosidade, a coragem e um grande senso de amizade.
Kai – a dor do abandono
Para entender o Kai, é preciso conhecer aquilo que está fincado nele como uma faca desde quando o conhecemos: a solidão. O Kai se sente infinitamente só. Pensa que foi abandonado pelo mundo, e que todos são cruéis como aqueles que o criaram. Assim, ele perdeu a fé na bondade das pessoas. Toda sua vida foi assolada por um grande pessimismo, que o levou a acreditar que não existiam mais sentimentos bons na humanidade. E ele teve que arranjar uma maneira de se proteger dos monstros que o perseguiam. Uma maneira de não ser mais apenas uma criança. Uma maneira de enterrar todos os seus medos e fraquezas, de modo que ninguém nunca pudesse descobri-los e usá-los contra ele. Tomou então a única decisão que lhe fez sentido: se isolar do mundo, cercando seu coração maltratado com muralhas de gelo. Ele faz de tudo para parecer forte, resoluto e inabalável, mas o que sente por dentro é pura e simplesmente medo. Medo de gostar mais uma vez de alguém, e sofrer novamente a mesma decepção que teve com seu avô. Medo de amar alguém de verdade e depois perder tudo de novo, como aconteceu com os pais falecidos.
Secretamente, o Kai se sente abandonado por seus pais, que morreram e o deixaram sozinho. Ele sempre foi dominado por uma grande desesperança na vida.
A idéia de ainda haver gente boa e honesta no mundo parece-lhe extremamente absurda. Até que ele conhece o Tyson. O jovem nega tudo aquilo no qual Kai acreditava. Tyson parece ser, estranhamente, inocente e puro. Por isso, Kai se vê confuso e desconfiado perto dele. Com o tempo, as barreiras que criara começam a ceder, e o amargurado adolescente começa a ver luz em sua vida conturbada, estando ao lado de pessoas que ele pode chamar de amigos. Os traumas da infância nunca poderão ser de fato apagados, mas agora o jovem Kai pode encher a boca e dizer que é feliz.
Ray – a busca pelo novo
O Ray não nasceu no lugar certo. Uma aldeia interiorana sempre pareceu um lugar pequeno demais para ele. Ray está constantemente à procura de uma vida superior a que tinha antes. Daí ele ter abandonado sua equipe original para se aventurar pelo mundo, já que seus ex-companheiros eram, a seu ver, caipiras e monótonos. Seu prazer sempre esteve em descobrir e dominar o novo. Não tenho bases seguras para afirmar a causa disso, mas penso que é um caso parecido com o do Kai: por ser órfão, ele quer compensar a falta da figura e do carinho paternos tendo muitas "famílias" espalhadas pelo mundo.
Isso explica também o fato de ele ser tão Don Juan: apesar de gostar de verdade da Mariah, ele tem um receio compulsivo de ficar sozinho, e por isso alimenta outros amores. Paquerando todas que aparecem na sua frente, ele também satisfaz sua necessidade de ter sempre um novo horizonte aberto.
Max – a criança confusa
Max pensava que sua vida era perfeita. Para ele, tudo era um enorme e perfumado mar de rosas: tinha uma família unida e feliz, um lar aconchegante, e as duas maiores potências do mundo como moradia. Era apenas isso que sua existência significava: um imenso parque de diversões, que não fecharia nunca e que sempre teria algodão-doce.
Mas, sem aviso prévio, o parque começa a desmoronar. A criança feliz se vê diante do fim do casamento de seus pais. De repente, acabou a família feliz. Ele vai morar com o pai no Japão, sem saber direito o que havia acontecido. Desde então, sua personalidade oscila entre o garoto brincalhão e o adolescente que amadureceu antes do tempo devido ao rompimento brusco da unidade familiar. Na maior parte do tempo, Max é alguém que parece não ter problemas, alguém em quem a alegria e a amabilidade não parecem ter limites. Porém, freqüentemente ele mostra seu outro lado, como aconteceu quando ele reencontrou sua mãe nos Estados Unidos e descobriu que ele trabalharia contra sua equipe, ainda na fase 2000. Ou na fase V-Force, quando surgiu o conflito com a Mariam, dos Saint Shields.
O afastamento da mãe criou nele um trauma semelhante ao do Tyson: ele teme desesperadamente perder tudo que lhe é caro, inclusive a Draciel.
Kenny – o CDF rejeitado
Kenny, muitas vezes, é arrebatado por um sentimento de não fazer realmente parte dos Blade Breakers. Sofre do mal dos gênios: ele se vê usado na escola como uma boa "fonte de pesquisa", mas depois é colocado de lado e se sente um fracasso como ser humano. Nos primeiros episódios de Beyblade 2000, quando Tyson o ofende, ele vai sozinho para um canto, até que o Max aparece. Confessa para ele um pouco de sua solidão, quando o loiro pergunta: "Então é aqui que você vem ouvir seus pensamentos?". A resposta desanimada foi: "É... quando ninguém mais tem paciência para ouvi-los.".
A Dizzy é considerada uma válvula de escape, um apoio nos momentos de solidão, apesar de, muitas vezes, ele também se sentir magoado pela "personalidade" incisiva da fera bit.
Bônus sem ninguém pedir: Hillary – o amor disfarçado
Sobre a Hillary, só há uma coisa a falar, que aliás, todo mundo sabe: ela é completamente apaixonada pelo Tyson. Tenta irritá-lo ao máximo apenas para chamar sua atenção, já que não consegue fazê-lo com sua inteligência ou com seus atrativos femininos.
Basta pensar um pouco: por que será que ela vive atrás do Tyson se faz questão de repetir que o odeia? E sabe do que mais? Acho que todos os outros sabem dos sentimentos dela, e o Tyson só não sabe porque é tapado.
Por enquanto, é isso. Espero que esteja bom. Não esquecem das reviews! E também não se esquecem que eu adoro todos vocês! Se vocês gostaram dessa "análise", vou começar a produzir a próxima: White Tigers. Muitos beijos e abraços.
