Título: Diga a ele
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Eles são jovens, bonitos, bem sucedidos e estão apaixonados. Mas palavras não ditas e promessas vãs podem causar dúvidas e mágoas. E se não houver tempo para provar que o amor é verdadeiro?
Capítulo 2
Shaka parou sua BMW preta bem em gente à galeria e sabia que isso era mau sinal. Significava que ele havia chegado tarde. Tarde demais, na verdade. Ele imaginou que, talvez à meia noite, ainda houvesse algum movimento no local. Mas o único carro que ele avistava era o Porsche vermelho de Mu, o que indicava que ele deveria estar acertando algum detalhe antes de fechar.
Não sabia como explicar seu atraso – na verdade sua ausência – naquela noite. Os engenheiros responsáveis por um dos trabalhos mais complexos da empreiteira – a construção de um enorme arranha céus bem no centro da cidade – haviam convocado uma reunião urgente. Um dos guindastes caríssimos usados no canteiro de obras havia sido danificado e necessitava de substituição urgente. Como a empresa de Shaka era uma das poucas que possuía aquele tipo de equipamento, não havia sido fácil arrumar outro guindaste, de forma a não prejudicar o andamento das obras.
Shaka havia se martirizado durante toda a reunião, imaginando como Mu estaria se sentindo. Ele sabia que dessa vez magoaria profundamente os sentimentos do namorado, mas não tinha conseguido resolver o problema de forma mais ágil e também não tivera coragem de ligar para o namorado no meio do vernissage para avisá-lo.
Notou movimento junto à porta da galeria e viu que era Mu que saía. Desceu do carro, e caminhou até ele. – Mu!
Mu virou-se e vendo que era Shaka quem o chamava, retomou seu caminho até o carro, sem proferir uma palavra.
– Mu, por favor, me espere! – Shaka correu até o namorado. – Mu!
O marchand parou, seus ombros retesados demonstrando sua irritação. – Qual é a desculpa de hoje, Shaka?
– Mu... – Shaka pousou uma mão nos ombros do namorado, obrigando-o a olhá-lo. – Há uma explicação, por favor, me escute.
– Sempre há, não é mesmo? – Mu suspirou, sua irritação parecendo se esvair quando seus olhos se encontraram com os azuis do loiro. Se pelo menos ele não o amasse tanto! – Tudo em sua vida parece ter mais importância do que eu, Shaka...
– Isso não é verdade, Mu... – Shaka afastou os cabelos lilases do rosto alvo e notou que os olhos expressivos do namorado estavam vermelhos.
– Então por que faz isso comigo? – Mu desviou o olhar. – Por que promete coisas que não pode cumprir? Por que eu significo tão pouco para você?
– Não diga isso...
– Como não, Shaka? – Mu afastou a mão do loiro de seu ombro. – Você nem foi capaz de me ligar avisando que não viria. Sequer deu resposta à pergunta que eu lhe fiz há um mês!
Shaka sentiu-se mal diante do assunto que ele evitava. – Mu...
– Tudo bem, eu sei que estou errado. Não deveria estar te cobrando isso. – Mu virou as costas para o namorado. – Deixe-me ir, amanhã conversaremos com mais calma.
– Não vou deixá-lo ir assim! – Shaka segurou Mu pelo braço, virando-o delicadamente. Só então Mu notou que o loiro trazia algo em sua outra mão. Shaka acompanhou o olhar do namorado e estendeu o buquê de flores a ele. – São pra você...
– Você é um cretino. – Mu fungou, chateado. Mesmo assim, recolheu o enorme buquê em seus braços. – Você sabe que eu as adoro...
Shaka observou o namorado, que tocava encantado as flores delicadas. Lírios azuis, raríssimos. Shaka pagava muito para tê-los, mas nada superava o prazer de ver Mu feliz ao ganhá-los. O engenheiro ainda tinha o cuidado de ordenar que fossem embalados em arranjos lilases, o que os deixavam numa tonalidade bem próxima à do cabelo do namorado.
– Mu, mais uma vez, peço-lhe que me perdoe. – Shaka tocou o rosto do outro homem delicadamente, apenas roçando os dedos na pele alva. – Eu queria muito ter estado aqui com você, mas não consegui sair da empresa.
Mu observou o loiro, sem saber o que fazer. Sabia que Shaka não o estava traindo, ele não tinha tempo sequer para estar com ele, quanto mais com outra pessoa. Mas ficava triste a cada vez que ele fazia aquilo, sentia-se desrespeitado em seu trabalho e como pessoa. Além disso, havia a questão que estava em pauta havia quase um mês.
– Shaka... Se eu perdoá-lo, promete não fazer mais isso? – Mu indagou, inseguro.
– Sim, eu prometo. – Shaka entrelaçou os dedos nos do namorado. – Vamos embora. Você já jantou?
– Não...
– Eu também não. Quer ir a algum lugar ou quer comer em casa? – Shaka enlaçou a cintura de Mu, tomando cuidado para não amassar as flores.
– Estou cansado, quero ir para casa... – Mu suspirou, vencido.
– Então vamos até o meu apartamento. – Shaka convidou, esperançoso em desfazer de vez a mágoa do namorado.
Mu olhou incerto para o seu carro. – Se não se importar, vou com o meu carro.
– Claro. – Shaka concordou. – Vá na frente, eu o sigo.
-x-
– Está satisfeito? – Shaka perguntou, enquanto retirava os pratos.
– Sim... – Mu debruçou-se sobre o sofá, fechando os olhos.
– Mas comeu tão pouco...
– Não estava com muita fome. – Mu suspirou, demonstrando cansaço.
Shaka levou os pratos até a cozinha. Felizmente haviam encontrado um delivery que fosse do gosto de ambos aberto àquela hora da noite. Largou tudo sobre a pia e voltou para a sala, onde haviam jantado, sentados no tapete aconchegante. Durante a refeição, Mu havia lhe contado como havia sido à noite e feito alguns comentários sobre o sucesso do vernissage. Mas o tom triste na voz do namorado indicava que ele ainda estava chateado com a sua ausência.
Shaka sentia-se muito mal por ter estragado a ocasião que era tão importante para Mu. Queria fazer algo que apagasse aquela tristeza do rosto bonito, mas não sabia bem o quê. Já havia lhe explicado porque não havia comparecido à exposição, mas nada parecia desfazer o olhar de decepção que Mu lhe lançava cada ver que o encarava.
Mu, por sua vez, divagava, deitado no sofá do namorado. Tentava de todas as formas procurar desculpas para as atitudes de Shaka, justificando para si mesmo que ele era um homem ocupado, que o fato dele ser presidente o tornava peça chave dentro da empresa e que o serviço do engenheiro era bem menos "maleável" que o dele. Mas, no final, acabava chegando a conclusão de que aqueles eram apenas pretextos que o loiro usava para manter-se distante. Shaka se escondia atrás da desculpa de falta de tempo, mas na verdade ele tinha receio de interligar sua vida definitivamente à dele.
Mu sabia que o namorado o amava, apesar de nunca ter expressado o fato com palavras. Raramente discutiam quando estavam juntos e davam-se muito bem, apesar dos temperamentos opostos: Shaka sempre preocupado e apressado e Mu tentando manter-se o mais tranqüilo possível. Mas com o passar do tempo, Mu estava ficando cansado de tentar estar sempre presente na vida do loiro, enquanto este parecia não fazer esforço algum para acompanhá-lo.
– Por que essa cara tão séria? – Os pensamentos de Mu foram interrompidos pela pergunta que, na opinião do marchand, não merecia resposta, ou alguma bem mal-educada. Mas Mu deixou de lado a agressividade e apenas fitou o homem que ele adorava tanto.
– Shaka...
O empresário sentou-se na beirada do sofá, apoiando os braços cada um ao lado do rosto bonito de Mu. Os cabelos loiros caíram soltos pelos ombros e tórax do marchand, algumas mechas escovando sua pele alva.
– Não fique assim... – Shaka sussurrou, depositando um beijo leve nos lábios úmidos do amante.
Mu apoiou as mãos nos bíceps firmes, fitando intensamente os olhos azuis bonitos. Se pelo menos ele lhe dissesse o que ele tanto queria ouvir.
Como nenhuma palavra foi dita, Mu virou o rosto, arrancando uma resposta imediata de Shaka.
– Ei! – O engenheiro segurou o queixo do amante com delicadeza, obrigando-o a encará-lo novamente. Depositou um beijo suave na testa do namorado e Mu fechou os olhos, rendendo-se. Era-lhe impossível ficar indiferente aos carinhos do loiro.
Shaka voltou a beijar a boca sensual, desta vez com mais intensidade. Mu a princípio apenas deixou-se ser beijado, mas ao sentir os lábios do amante acariciarem os seus com insistência, começou a corresponder. Shaka deslizou sua mão até a nuca do namorado, seus dedos ansiosos se enroscando nos cabelos longos. Segurou Mu com firmeza, como se tivesse medo de que ele se afastasse daquele contato. Medo de perdê-lo. Deitou-se com cuidado sobre Mu, seu corpo cobrindo o dele, e sentiu os braços do marchand envolverem seus ombros, puxando-o para mais perto de si.
Suas bocas se separaram por um breve momento e eles se encararam. Mu carinhosamente apoiou a mão numa das faces coradas do namorado e seus olhos percorreram o rosto que ele amava, avaliando os sentimentos que ele via refletidos ali.
Shaka beijou a bochecha delicada, seus lábios se deslocando pela pele macia até alcançar a orelha delicada. – Eu te amo... – Shaka sussurrou rente ao ouvido de Mu, surpreendendo-o.
– Shaka... – Mu abraçou o loiro, beijando-o na junção entre o pescoço e o ombro. – Eu só quero fazer parte do seu mundo... Por quê me nega isso?
– Mas você já faz parte dele, Mu... – Shaka acariciou os cabelos longos, fitando o marchand com carinho. – Já faz...
Uma vez mais suas bocas se uniram num beijo ávido, suas línguas se encontrando, acariciando, provando, exigindo uma retribuição. Mu ajeitou-se melhor no sofá, dando espaço para que Shaka se deitasse entre suas pernas, acomodando-o, unindo seu corpo ao dele. Sentiu toda a mágoa abandoná-lo, sendo substituída pela necessidade de se entregar a ele.
Shaka acariciou uma das coxas esbeltas do amante, seus dedos apertando os músculos firmes. Moveu-se, insinuante, deixando sua estimulação roçar contra a do marchand. Mu deixou escapar um gemido rouco e arqueou o corpo de encontro ao de Shaka, deixando o loiro ainda mais excitado.
– Mu... – Ofegante, Shaka distribuiu vários beijos pela face corada de Mu, descendo seus lábios até alcançar a orelha pequena do amante, sua respiração cálida provocando arrepios na pele sensível. – Eu preciso de você...
– Eu sou seu... – Mu respondeu, num sussurro quase inaudível e enlaçou o pescoço do namorado.
Shaka arrebatou Mu em seus braços, carregando-o para o seu quarto sem dificuldade. Colocou-o sobre a cama grande com cuidado e afastou-se, começando a desabotoar a camisa, sem pressa.
Mu apoiou-se nos cotovelos e observou com olhos atentos o amante despir-se. Amava Shaka pela pessoa que ele era, mas também se sentia atraído loucamente por ele. Viu o peito claro ser descoberto aos poucos, à medida que o loiro abria cada botão, até finalmente deixar a camisa branca escorregar pelos ombros fortes.
O engenheiro alcançou a fivela do cinto, mas Mu o impediu. – Shaka... Me deixe... - Sentando-se na beirada da cama, o marchand puxou o loiro pelo cós da calça, trazendo-o para mais perto de si. Mu puxou o cinto com habilidade e soltou o botão da calça social, seus dedos longos esbarrando na virilha de Shaka maliciosamente, provocando-o.
Shaka segurou o rosto de Mu com ambas as mãos, seus dedos escovando o cabelo longe da pele alva, tentando manter algum controle enquanto o outro abria o zíper lentamente. – Mu...
– Hum? – Mu perguntou, enquanto deslizava as mãos dentro da calça aberta, seus dedos acariciando as nádegas firmes do amante.
– Não quero que faça nada, hoje...
– Como? – O marchand deteve seus movimentos, e os olhos verdes fitaram o namorado com interrogação. – Você não me deseja?
Shaka sorriu e segurou as mãos do amante com delicadeza, afastando-as de seu corpo. – Se eu o desejo? Céus, como eu o desejo! – O loiro levou os pulsos delicados até seus lábios, beijando-os com carinho, um de cada vez. – É só que, esta noite, eu quero mimá-lo...
– Shaka, eu... – Mu observou o loiro, os olhos azuis, sempre tão claros, escuros de desejo. Um arrepio percorreu o corpo do marchand, como se aquele simples olhar pudesse despi-lo.
O engenheiro afastou-se novamente da cama e desfez-se do resto da roupa, revelando-se ao seu amante. Shaka voltou a se encontrar com Mu, seu corpo nu cobrindo o dele, ainda vestido. Mais uma vez seus lábios reivindicaram os dele ansiosamente.
Mu retribuiu, sentindo a língua macia do namorado acariciar cada recanto de sua boca. Deixou-o explorá-la à vontade, enquanto suas mãos percorriam os músculos firmes das costas de Shaka, suas unhas arranhando-o de leve, arrancando um gemido abafado do loiro.
Os lábios do engenheiro deixaram os de Mu, buscando a pele macia do amante, explorando cada centímetro descoberto. Mu abraçou os ombros de Shaka com firmeza, seus dedos enroscando-se aos cabelos loiros, perdendo-se no sentimento daquela língua quente sobre seu pescoço, sua clavícula, seus ombros.
As mãos hábeis de Shaka abriram os primeiros botões da camisa de Mu, enquanto sua boca percorria um caminho molhado do pescoço do marchand até seu peito. O engenheiro empurrou o tecido sedoso fora de seu caminho com a ponta do nariz, enquanto suas mãos procuravam desabotoar o resto do vestuário.
Mu ofegou ao sentir os lábios mornos se fecharem sobre um de seus mamilos, sugando-o com delicadeza. Shaka sabia ser tão sensual, quando desejava... O marchand arqueou um pouco os quadris, facilitando a retirada da camisa de dentro da calça e fora de seus ombros.
O engenheiro envolveu a cintura delgada com um dos braços, trazendo Mu para mais perto de si e aumentando a pressão de sua boca sobre o ponto sensível. Shaka amava a pele de alabastro sem defeito de seu namorado. Mu era todo exótico, era lindo... Perfeito. O marchand tinha músculos e curvas no lugar certo, sem no entanto ser afeminado. Shaka adorava aquela delicadeza presa a um corpo masculino, que só Mu parecia ter.
Mu afagou a nuca do namorado por entre os cabelos fartos, suas unhas longas arranhando suavemente a pele sensível. Shaka retribuiu o carinho levando uma das mãos até o outro mamilo, enquanto deslizava a língua pelo outro, lentamente, fazendo com que os dedos do amante se fechassem com mais força em seus cabelos.
– Shaka! – Mu clamou, torcendo o corpo sob o do loiro.
– Shhhhh... – A respiração do engenheiro junto à pele delicada provocou cócegas em Mu. – Calma.
O marchand gemeu baixinho, enquanto os lábios quentes do namorado distribuíam beijos lânguidos por seu abdômen, até encontrarem a restrição do cós da calça. Mu virou o rosto contra o travesseiro, seus dedos segurando as mechas loiras com força. – Eu quero você...
– Você vai ter... – Shaka abriu o botão da calça do marchand lentamente, seu queixo resvalando de leve contra o sexo intumescido do amante, fazendo-o remexer-se, ansioso. O loiro retirou a calça, juntamente com a roupa de baixo, deixando-o finalmente nu. Seus olhos percorreram com luxúria o corpo bonito, exposto à luz pálida do quarto. – Você é lindo.
Mu tentou retribuir o elogio do loiro a altura, mas seu cérebro se recusava a formar frases coerentes. Shaka era um amante muito carinhoso, mas geralmente era ele, Mu, quem tomava a iniciativa na cama. Aquela atitude do parceiro o estava tirando do sério.
Shaka ajoelhou-se diante de Mu, e segurou uma das pernas do marchand com firmeza, levando o pé delicado à altura do seu rosto. Beijou cada dígito devagar, sua língua circulando sensualmente o dedão, arrancando um gemido alto de Mu. Rebaixou seus lábios até descansá-los sobre a sola do pé.
– Sente cócegas? – Shaka lambeu a pele demoradamente, levando o amante a inspirar profundamente, como se tentasse se controlar.
– N-Não. – Mu respondeu com dificuldade.
– Bom. – Shaka passou a beijar o tornozelo esbelto, sua língua acariciando-o com movimentos circulares. Mu sentiu os lábios de Shaka deslizarem por sua perna, até alcançar a região sensível atrás de seus joelhos. O loiro lambeu o local sem pressa, e Mu estremeceu de prazer.
Shaka abaixou-se sobre o marchand, cobrindo de beijos a parte interna das coxas firmes do namorado. As mãos do engenheiro deslizaram até os quadris de Mu, erguendo-os levemente. O loiro envolveu a ereção do amante com os dedos, acariciando-a lentamente, seus olhos fixos no rosto bonito.
Mu balançou os quadris, seu corpo acompanhando involuntariamente os movimentos da mão Shaka. Deixou escapar um grito alto, ao sentir a boca quente do amante envolver sua ereção. Suas mãos voaram para os cabelos loiros sedosos, seus dedos enroscando-se nas mechas longas.
O engenheiro fechou os olhos e gemeu baixinho, ao sentir os dedos suaves acariciarem com carinho seus cabelos, sua nuca. Percorreu toda a extensão do membro enrijecido do parceiro com a língua, para depois levá-lo todo em sua boca novamente. Sentiu o corpo do amante se contrair num espasmo, e passou os braços sob os quadris de Mu, erguendo-os um pouco, ajeitando o marchand numa posição mais confortável.
Mu afundou o rosto no travesseiro, perdido em puro prazer. Sentiu as mãos do loiro sobre seu abdômen, as pontas dos dedos acariciando-o de leve, enquanto os lábios macios deslizavam por sua ereção. Seu corpo implorava pelo alívio que somente Shaka poderia lhe dar e cada gesto do loiro o levava mais próximo do clímax que ele almejava. Mas queria muito mais do namorado. Queria todo ele. Ao notar que o engenheiro imprimia um ritmo mais rápido aos movimentos, a boca morna sugando-o mais e mais fundo, Mu tentou pará-lo antes que lhe fosse impossível.
– Shaka... – Mu puxou de leve os cabelos longos do namorado, chamando-lhe a atenção. Por mais que desejasse saciar o seu desejo, não queria que terminasse tão cedo. – Por favor... pare!
Imediatamente, Shaka deixou a ereção dolorida do namorado escorregar de sua boca, e deslizou seu corpo pelo de Mu, até estar frente a frente com ele. Depositou um beijo breve nos lábios do amante e encarou-o, notando os olhos verdes vidrados de prazer. Havia luxúria naqueles olhos, mas acima de tudo, havia amor. Um amor que Shaka só havia visto em Mu. Afastou a franja do rosto suado do companheiro, e beijou-o na testa. – Temos a noite inteira, anjo...
– Eu sei, mas eu... – Mu acariciou uma das faces do engenheiro. – Eu o quero dentro de mim! Não quero esperar mais! Senti tanto a sua falta...
Shaka riu suavemente e beijou a mão que o acariciava. – Mas foi só uma semana...
– Eu sei, mas, por mim, eu o teria assim, ao meu lado, todos os dias... - Mu inspirou profundamente, tentando acalmar seu corpo, que clamava por liberação.
– Oh, Mu... – Shaka brincou com as mechas lilases que se espalhavam pelo travesseiro, enquanto os olhos azuis percorriam o rosto bonito do amante. – Eu também o quero ao meu lado...
O engenheiro alcançou uma pequena caixa decorada com motivos indianos que ele mantinha sobre a mesa de cabeceira. Ganhara a delicada caixinha de Mu, logo depois da primeira vez que o levara para seu apartamento. Naquele dia, como não havia programado nada, Shaka havia se esquecido de comprar o lubrificante e Mu, marotamente, o havia presenteado alguns dias depois com a caixa e um tubo dentro, intimando-o a nunca mais se esquecer.
Shaka afastou-se de Mu, um sorriso discreto em seus lábios.
– O que foi? – Mu indagou, curioso.
– Nada... – Shaka sentou-se na cama, enquanto abria o tubo e cobria os dedos com o líquido viscoso. Mu era extremamente carinhoso e se dedicava plenamente ao relacionamento deles, mas, como bom ariano que era, sempre encontrava maneiras de impor o que desejava. Talvez o marchand não notasse, mas Shaka passara a comprar sempre a mesma marca do produto que ganhara, perfumado de sândalo, para agradar o namorado.
Afastou as pernas do amante com delicadeza, e deitou-se novamente ao lado dele. – Eu já lhe falei que adoro o seu perfume? – Os dedos de Shaka buscaram a entrada apertada do companheiro, acariciando a região de leve.
Mu ofegou ao contado, e relaxou um pouco o corpo, almejando o carinho do engenheiro. – Já... – Respondeu, fechando os olhos e deitando o rosto sobre o travesseiro. Shaka beijou o pescoço esbelto exposto, sugando-o com cuidado, evitando deixá-lo marcado. Odiaria estragar a pele perfeita do marchand.
– Eu amo o seu cheiro... – Shaka mordeu de leve o lóbulo da orelha delicada, enquanto deslizava um dedo dentro do corpo quente do amante. – Amo seu gosto... Sua pele... – Shaka depositou pequenos beijos no ombro alvo, enquanto acariciava os cabelos lavanda com a mão livre. – Seus cabelos...
– Shaka... – Mu gemeu, deliciado com as carícias do namorado e a voz suave dele em seu ouvido. Logo o loiro juntou outro dedo a exploração, estirando-o, preparando-o com habilidade, deslizando mais lubrificante dentro dele.
Shaka procurou novamente os lábios macios do amante, suas bocas se unindo num beijo intenso. Um espasmo percorreu o corpo do marchand ao sentir o namorado tocar o ponto sensível no interior do seu corpo. Shaka acariciou o local novamente e Mu gemeu dentro da boca morna do amante, sentindo o clímax muito próximo. Desesperado, segurou os cabelos loiros, obrigando o engenheiro a interromper o beijo. – Shaka! Se você continuar... eu... eu vou...
Shaka deslizou os dedos com cuidado do corpo de Mu e acariciou o rosto corado do parceiro, acalmando-o. Queria dar prazer ao namorado, independente da forma que fosse, mas Mu deixava claro que desejava – precisava – unir seu corpo ao dele. – Está bem, amado.
Shaka colocou uma quantidade generosa de lubrificante em sua mão, e em seguida espalhou-a em sua ereção, seus olhos nunca abandonando o rosto do amante. Reduziu propositalmente os movimentos, ao notar que Mu o observava avidamente. Deslizou o polegar pela ponta do membro intumescido, devagar, provocando o namorado e a si mesmo. Viu Mu morder o lábio inferior, num gesto que lhe era muito típico e que Shaka achava extremamente sensual. No entanto, não pôde segurar seus próprios gemidos, em parte pelo prazer que estava se dando e em parte pelo olhar do marchand sobre ele.
Mu observava o engenheiro como se estivesse analisando uma obra de arte e era como se o loiro o fosse. Ajoelhado ali diante dele, nu, Shaka era a perfeição. O luar banhava os cabelos claros e longos, e destacava os músculos sob a pele levemente bronzeada do engenheiro. Sem poder esperar mais para tê-lo, Mu segurou o pulso do namorado, obrigando-o a parar com aquela provocação.
– Shaka... – A voz de Mu soou rouca de prazer. – Não me faça esperar mais... - O marchand puxou o engenheiro sobre si, exigindo um beijo, enquanto segurava a ereção do namorado, tentando levá-la até a sua entrada.
– Não... – Shaka interrompeu o beijo e parou a mão de Mu, decidido. – Assim não. – Ao notar o olhar de súplica do amante, o loiro deixou clara a sua intenção. – E quero vê-lo. Todo.
Os olhos verdes de Mu brilharam com compreensão e ele assentiu com a cabeça. O engenheiro rolou na cama, deitando-se de costas, e posicionou o amante sobre si. Mu ergueu-se em seus joelhos e apoiou uma mão sobre o esterno do namorado, buscando equilíbrio. Com a outra, guiou a ereção de Shaka, deixando-se penetrar.
Shaka cravou os dedos na pele macia do amante, controlando o desejo de empurrar-se contra ele. Mu deixou escapar um gemido baixo de dor e prazer, que não passou despercebido ao loiro. Shaka segurou o amante pelos quadris, contendo seus movimentos e acalmando-o. Seus dedos acariciaram a pele macia da cintura do marchand, as costas esbeltas, os cabelos longos.
Mu relaxou ao toque do amante e baixou mais o corpo sobre o dele, deixando-se penetrar completamente. Ofegou, sentindo-se preencher pelo membro latejante, uma leve punção de dor ainda o incomodando, mas sentindo-se completo, pleno. Ergueu o corpo, deixando de se apoiar em Shaka. Passeou as mãos livres pelo abdômen do loiro, enquanto movia os quadris de forma insinuante, arrancando um suspiro do engenheiro.
– Você é perfeito... – Shaka acariciou o tórax liso de Mu, seus dedos apertando os músculos firmes e brincando com os mamilos delicados do namorado. O marchand ergueu os braços, juntando os cabelos fartos no alto da cabeça, num gesto extremamente sensual, e mexeu os quadris devagar, fazendo o loiro gemer alto. Os olhos verdes do indiano brilharam maliciosamente, o rosto corado demonstrando todo o prazer que estava sentindo.
– Mu... - Shaka desceu uma das mãos até envolver a ereção do marchand, pegando-o de surpresa e fazendo-o ofegar. Alisou o sexo pulsante com movimentos firmes, porém sem pressa. Mu fechou os olhos e arqueou as costas, apoiando as mãos nas coxas fortes do parceiro e deixando-se acariciar.
Incapaz de se conter mais, Shaka empurrou os quadris contra os do amante, incitando-o a se mover mais rápido. Gemeu de prazer ao sentir o corpo quente de Mu encontrá-lo, acompanhando sem esforço o ritmo que ele impunha. O engenheiro observou o homem magnífico sobre ele, seus olhos azuis se enchendo de paixão e necessidade.
Mu estava perdido em sensações, seus lábios entreabertos, um som rouco escapando de sua garganta cada vez que a ereção de Shaka tocava a mancha sensível dentro dele. Sentia o coração acelerar, o tremor se espalhar por seu corpo, a tensão se acumular em seu baixo ventre a cada investida do parceiro. Encarou o engenheiro, que continuava a estimular seu sexo com habilidade, levando-o a um ponto de total entrega.
Finalmente, o corpo de Mu chegou ao seu limite e ele atingiu o clímax, violentamente, clamando o nome do amante e derramando seu sêmen na mão do namorado e por seu abdômen. Shaka apertou firmemente os quadris de Mu com a mão livre e empurrou-se contra ele com mais força, acompanhando-o em seu prazer.
Ofegante, Mu apoiou as mãos nos braços de Shaka, enquanto este se movia suavemente dentro dele algumas últimas vezes, apreciando o sentimento proporcionado pelo orgasmo. Ambos ficaram em silêncio durante algum tempo, apenas se encarando, esperando suas respirações se normalizarem.
Os olhos verdes fitaram os azuis, enquanto Mu tombava um pouco o corpo e apoiava as mãos nos ombros do loiro. - Eu te amo. – Mu apertou os músculos sob seus dedos com firmeza.
– Eu sei... - Shaka acariciou com as pontas dos dedos as laterais do corpo do amante, provocando-lhe cócegas. – E às vezes não tenho muita certeza se mereço esse amor, mas... – As mãos de Shaka deixaram a cintura delicada para afastar as mechas espessas de cabelo que cobriam o rosto de Mu.
– Tolo... – Mu calou o amante com um beijo delicado. - Eu te amo, não importa o que aconteça... – O indiano repetiu, para logo em seguida beliscar o braço superior do engenheiro, arrancando-lhe um gemido de dor. - ... só não me deixe esperando novamente!
Shaka esfregou o braço, fingindo-se magoado. – Você manda! – O loiro puxou o corpo do amante para junto de si, fazendo-o acomodar-se ao se lado. Apoiou a cabeça de Mu em seu tórax, e acariciou os cabelos macios. Ouviu o marchand suspirar junto a sua pele. – Descanse, meu anjo...
Mu deixou escapar um risinho. – Descansar? Mas eu não fiz nada... – Mu ergueu a cabeça e encarou Shaka, enquanto acariciava o tórax do loiro com uma das mãos. – Acho que está na hora de eu lhe retribuir o que me fez.
– Mas... ? – Shaka foi interrompido pelos lábios doces do amante.
Continua
Comentários da autora:
Peço desculpas pela demora neste capítulo... Mas realmente, Shaka seme e Mu uke não foi muito fácil de fazer... Mas era o que eu via, cada vez que olhava para a fanart dos lírios... Não tinha como não fazer! Mais comentários sobre isso no blog...
Ah, sim, os lírios azuis não existem, é claro. Licença poética.
Obrigada a todas que comentaram o primeiro capítulo, à Verlaine, que betou mais um, e à Verinha, que continua dando uma força! Sem elas, essa fic não teria saído.
– Bélier?
– Hum?
– Se eu e o Shaka... é... hum... ah... fizemos isso nesse capítulo, o que tem nos outros quatro?
– ...
