Retratação: Gundam Wing e seus personagens não me pertencem, porque se pertencessem, com toda certeza, o Duo não teria atirado no Heero, mas na Relena e ela teria uma morte bem dolorosa. Porém os personagens: Lindsay Vuorinen, Nikolay Karpol, Alessandro Yuy e os outros que não me lembro (¬¬) são de minha autoria.
Agradecimentos: A todos que leram e comentaram... e aos que leram e não comentaram também!
Sumário: Até onde uma alma ferida pode ir? Certas dores nos transformam em algo que não queremos, mas somos forçados a ser, até o ponto que não sabemos quem é nosso verdadeiro "eu". Yaoi – Lemon – 1 x 2.
Observações: Tudo citado sobre a Igreja Católica são pontos que eu achei importantes no fic e não tenho a intenção de ofender a crença de ninguém, que isso fique bem claro. Caso se sintam mal com os comentários ferinos a respeito da religião e de Deus no fic, ignorem-nos, não é minha opinião, mas foram necessários para o bom andamento da história.
Boa leitura!
Hard To Say 'I Love You'
Me ergui, notando que a nota que Heero deixara sobre a mesa, cobria as despesas de meu almoço e o dele. Com a rosa entre os dedos, coloquei meus óculos escuros novamente e fui até o carro, imaginando como retribuir o almoço tão agradável.
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Capítulo III
-Onde você esteve, Duo? – Olhei para Quatre, suspirando.
-Fui almoçar fora. – Respondi, sem interesse. – Vou passar o resto do dia pintando, não transfira ligações, não me chame para nada. – Passei pro ele, beijando sua testa, sentindo-o me abraçar.
-Você está estranho. – Murmurou, me envolvendo com seus braços.
-Eu sei que sim. – Disse, acariciando seus cabelos. –Por isso que é maravilhoso ter um melhor amigo terapeuta. – Ele sorriu daquela forma que dizia: "eu estava preocupado". – Cuide disso para mim. – Entreguei-lhe a rosa. – Faça algo para que ela não murche tão rápido e a leve para a sala de pintura, ok?
-Quem...
-Não pergunte. – Falei, subindo as escadas. – E, Quatre, hoje eu receberei um convidado especial para jantar. – Seus olhos se arregalaram. – Me surpreenda.
Antes de tentar começar a pintar, tomei um banho.
Algo que me lembrava Heero estava impregnado em meu corpo, me fazendo pensar nele da uma forma não muito propícia quando você deve se concentrar para pintar uma tela que valerá alguns milhões de dólares depois.
A tarde passou lenta e arrastadamente, e me indaguei, algumas dúzias de vezes, se não era um complô dos relógios para em enlouquecerem. Mas de alguma forma, obscura, quando a campainha tocou, às oito em ponto, ainda estava coberto de tinta.
Definitivamente, os relógios me odiavam.
Quatre o atendeu, provavelmente, e antes de mandá-lo entrar em minha sala de pintura, me lançou um olhar cheio de significados... maliciosos.
-Diga-lhe que me espere na sala de ontem. – Disse, lhe dando a chave que sempre trazia em meu pescoço. – Em poucos minutos estarei com ele. – Nem bem acabei de falar, a porta atrás de Quatre, se escancarou, revelando um Heero vestido completamente de preto.
Sem preâmbulos, ou cerimônias, tirou Quatre do aposento e veio em minha direção, felino.
Minhas pernas bambearam, mas me mantive firme, sentindo-o afundar o rosto em meu pescoço, mas nenhuma outra parte de seu corpo tocava o meu.
-Eu queria lhe ver assim. – Disse, em minha orelha. – No meio do processo criativo, com tinta respingada pelo corpo... você está, extremamente, sexy, sabe disso?
-Não tenho problemas com espelhos. – Afirmei, me afastando, sentindo meu corpo responder, imediatamente, àquela provocação.
-Nem poderia. – Sorriu, sedutor e mostrou-me a chave que havia tomado de Quatre. – Vou te esperar na sala dos fantasmas. – Eu ri, assentindo. – Mas não demore, minha curiosidade excede os limites normais. E não falo só da sua história. – Me olhou de forma faminta e, com a mesma impetuosidade que entrou, saiu da sala.
Fiquei parado, tentando entender o motivo para tanta... sedução. Era mais fácil, simplesmente, dormir comigo, me agarrar, me atar a cama... eu não me oporia.
Mas Heero era sádico o suficiente para me estimular além dos limites suportáveis.
Balancei a cabeça, tentando evitar pensar em Heero, e em tudo que queria lhe contar, por um motivo obscuro também, afinal, por que diabos, depois de tantos anos tentando esquecer a tragédia que acabara com a minha vida, eu me via, de repente, ansiando por revelar tudo a um estranho?
A resposta aparecia, mas ainda não era, completamente, clara. Eu sabia que ele era diferente, mas não sabia o porque de somente ele, entre todos o que conhecia, não ter a maldita nuvem de fumaça a sua volta.
Era quase... um chamado divino.
E como eu achava Deus uma entidade que me odiava com todas as suas forças cósmicas e fenomenais, só poderia supor que ter conhecido Heero, se é que fosse, realmente, algo divino, só foderia ainda mais com minha vida.
Mas... eu era um homem que gostava de desafios.
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Ele estava com o tronco nu, jogado sobre o sofá, fumando e bebendo algo que identifiquei como meu vinho especial-usado-para-ocasiões-depressivas.
Mas a bebida parecia, extremamente, sexy em seus dedos.
-Disse para seu amigo com cara de anjo que não nos interrompa e que, talvez mais tarde, jantemos em seu quarto.
-Meu quarto? – Indaguei, um pouco surpreso.
Me aproximei, sentando-me ao seu lado, colocando minhas pernas sobre as suas, ficando, instantaneamente, relaxado. Ele me ofereceu o cigarro e o vinho, como se tudo aquilo fosse seu, não meu.
E eu gostava daquilo.
-Iremos para lá, não é? – Suspirou, suas mãos fortes, puxando-me, fazendo-me recostar em seu corpo.
-Creio que sim. – Respondi, incerto.
Não gostava da fraqueza que sentia quando ele me tocava. Não era apatia ou algo assim, era apenas... como se eu quisesse ser protegido, como se precisasse de sua força.
Mas claro que não precisava.
Eu era muito mais forte.
Senti seus dedos, leves como plumas, deslizarem por meu braço, fazendo minha pele se arrepiar um pouco. O toque dele... era inebriante.
-Então, Duo. – Começou, sua voz assumindo um tom quase carinhoso. – Conte-me.
Uma pequena palavra e todo meu corpo ameaçou convulsionar.
Conte-me. Mostre suas dores, chore em minha frente e me mostre que você é apenas um garotinho medroso.
Mas eu não choraria... não seria um garoto medroso.
Eu era Duo Maxwell, um frio bastardo que não amava e não se permitia ser amado e, mesmo que tivesse violado duas das três regras mais importantes de minha sobrevivência, não iria, em hipótese alguma, parecer fraco na frente de por quem, provavelmente, em algumas semanas estaria apaixonado.
Não... eu não era nenhum vidente, era apenas realista. Mas saber que uma coisa aconteceria não queria dizer, necessariamente, que eu não lutaria contra ela.
Com todas as minhas malditas forças.
-Não me trate como uma criança, Heero. – Murmurei, bebendo uma grande quantidade de vinho.
-Jamais faria isso. – Afirmou, sério.
Suspirei, longamente, e me sentei no chão, puxando-o até que se sentasse ao meu lado, com a cabeça em meu ombro, como se eu tivesse que protegê-lo.
Era dessa forma que as coisas deveriam ser.
Eu o protegeria do horror de toda a história. Afinal, depois de tantos anos, a proteção para a minha dor não era necessária. Não planejava chorar com as lembranças.
Era forte o suficiente para fazer um relato frio e impessoal.
Mesmo que estivesse sangrando pro dentro. Mas se ninguém conseguia ver as feridas, elas não estavam lá.
-Eu tinha dezenove anos quando tudo foi para o inferno. – Comecei, acendendo outro cigarro. – Literalmente. – Completei.
Heero se ergueu, seus olhos encontrando os meus, mas eu logo os lacrei.
Me recolhi para a escuridão atrás de minhas pálpebras e revivi, contando-lhe o que ocorrera, naquele dia dos infernos.
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-Suas obras foram retiradas de igreja, meu anjo. – Olhei para a minha mãe, interrogativo. – Eles pintarão as paredes da nave principal amanhã e não querem estragar suas telas. – Explicou, ajeitando os botões de minha camisa branca. – Estão no sótão aqui de casa.
Sorri para ela, adorando ver a forma que seus olhos brilhavam quando falavam sobre minhas pinturas. O orgulho estava lá, impresso nas íris violetas, e isso me fazia feliz.
Caminhamos, eu, mamãe e papai, até a igreja que sempre freqüentávamos.
Papai falou que na semana seguinte faria minha matrícula na Escola de Belas Artes. Lembro-me de tê-lo beijado e abraçado, enquanto ele me dizia para agradecer a Deus pela benção de ser tão talentoso.
E eu o faria, como sempre fazia, naquela noite.
-Você é nosso bem mais precioso, Duo... nossa luz, nostre ange. – Meus olhos marejaram e beijei minha mãe.
Faltavam poucos dias para o Natal e, lembro-me de que, a igreja estava cheia.
Fiéis, fanáticos e todo tipo de pessoas que amavam a Deus, juntavam-se, para louvá-lo e adorá-lo. Eu era uma delas.
Nos acomodamos em um dos primeiros bancos, que o padre sempre reservava para nós. Eu gostava daquele lugar. Se olhasse para o lado, para a grande janela, gradeada, poderia ver o luar, alto no céu, mesmo entre as grades.
Eu agradecia a Deus também, por aquela benção.
O padre apareceu, e a missa teve início.
Lembrava-me bem, com toda precisão, do que senti naquela noite. Era um sentimento profundo, bom... uma paz estranha que jamais havia sentido. Era como se o Espírito Santo viesse falar comigo e, naquela noite, tive a idéia para uma bela pintura.
Pintaria a Santa Ceia e presentearia a igreja.
A comunhão, os doze apóstolos reunidos, o amor de Cristo refletido em seus olhos... sim, seria uma bela pintura.
Mas ela não se concretizaria.
Alguns minutos de começada a missa, notei, com grande dose de surpresa, que atrás do altar, uma fumaça escura se erguia.
Lembrava-me bem de ter gritado, de ter avisado.
Mas ao contrário do que pensei, o padre, sempre tão bondoso, apenas sorriu, seus olhos adquirindo um brilho surreal. Pensei que a ordem para evacuar a igreja seria dada, mas ela nunca deixou os lábios do padre.
Me levantei, agarrando meus pais, mas eles sequer se moveram.
O fogo ainda não havia mostrado suas chamas, mas a fumaça se erguia, cada vez mais alta, embaçando a imagem de Cristo, pendendo na cruz.
Segundos depois, uma histeria começou. As pessoas gritaram, mas o padre as acalmou, como se tudo tivesse sob controle. Acompanhei, com olhos incrédulos, o pároco caminhar até as portas principais e a fecharem com o grande cadeado, que só ele tinha a chave.
A histeria aumentou, mas, como num sonho bizarro, o padre, com sua voz calma, controlou a multidão, ordenando que se ajoelhassem e rezassem.
-É um sinal divino! – Ele gritou, no meio da igreja.
Seus olhos estavam inflamados, enquanto olhava para o frente, para o Cristo sofredor, pregado em sua cruz. A imagem era distorcida pela fumaça negra e pelas chamas que já se erguiam.
Eu levantei, agarrando os braços de meus pais, obrigando-os a se levantarem.
Corri, arrastando-os até a porta lateral, esperando que todos fizessem os mesmo, mas como se estivessem em transe, apenas começaram a rezar alto, agradecendo pelo sinal divino.
-Deus nos dá a benção, a honra de sermos seus sacrifícios! – O padre gritou e eu senti meu coração disparar com a visão da igreja lotada, das pessoas prontas para morrer por palavras de um homem.
Pensei que ele era um louco, mas não duvidei de Deus.
Não... Ele não queria que todos morressem, era insanidade!
Alcancei as porta lateral e me joguei para fora, certo de que meus pais estariam logo atrás. Teríamos que ligar para os bombeiros, para a polícia e acabar com aquela loucura.
Mas quando me virei, para abraçá-los, para dizer-lhes o que pensava, só o que vi foi a pesada porta de madeira sendo fechada.
Esmurrei a porta, tentei abri-la, mas não consegui.
Um calor estranho já emanava da igreja e estremeci.
Que tipo de loucura era aquela?
Corri pela lateral da igreja, apavorado, chorando. Mas notei, desesperado, que todas as janelas eram gradeadas. Grossas barras de ferro.
Podia ouvir, nitidamente, a voz do padre erguendo-se em louvores e preces.
Mas não me importava. Só me importava com meus pais, presos dentro da igreja que estava pronta a arder em chamas pela loucura de um velho suicida. Outras vozes se ergueram, parecendo sedentas, felizes por servirem de sacrifício, por Deus tê-los escolhido.
Gemi, parando em frente uma das janelas.
Aquela pela qual olhava para a lua.
Meus pais estavam ajoelhados, mãos postas, sorrisos doces e, mesmo que uma fumaça escura já rondasse todo o lugar podia enxergá-los. Podia ver que queriam participar daquela loucura.
Tentei todas as portas da igreja, mas estavam trancadas.
O pavor fez meu corpo estremecer, correndo até o primeiro telefone público que achei, liguei para os bombeiros, mas parte de mim sabia que era um esforço em vão.
A igreja era, em sua maior parte, feita de madeira e queimaria como tal.
Ouvi um estrondo e voltei para a janela.
Parte do teto havia desabado sobre o altar e, quando pensei que gritos começariam, os louvores só aumentaram, vertiginosamente.
Eu gritei, chorei, agarrando as barras de ferro, até ferir os dedos.
Meus pais estavam lá, rezando, ajoelhados, e, nem por uma vez, desviaram seus olhos para mim. Nem quando o fogo alcançou os bancos da frente.
Pedi a Deus, rezei com toda a minha fé, mas... fui abandonado.
As chamas subiram e a última imagem que tive dos meus pais, foi do fogo alcançado-os, numa imagem bizarra e dolorosa.
Eu queria desviar os olhos, me afastar porque a fumaça já me cegava, mas não consegui.
Observei seus corpos serem tomados pelo fogo, mas eles sequer se mexeram. Continuavam rezando, suas mãos postas.
Eu gritei, minha voz saindo em torrentes de meu coração, mas ninguém me ouviu.
Meus olhos estavam ardendo pela fumaça, meu corpo protestava pelo calor, mas não me afastei mais que alguns passos.
Assisti a igreja queimar em poucos minutos e desmoronar em seguida.
Quando os bombeiros chegaram uma fumaça escura e espessa pairava no ar, erguendo-se até os céus, como mostra daquele espetáculo bizarro. Me mostrando que fui abandonado, esfregando em meu rosto sujo pela fuligem, que havia perdido tudo em que acreditava.
No amor, nos meus pais... em Deus.
Senti um toque em meu ombro e olhei para trás.
Um bombeiro me olhava, piedoso.
Mas eu não queria piedade.
Queria vingança.
Apertei minhas mãos em seu pescoço, minha visão ficando preto e branca. Eu só pensava na dor que estava sentindo. Na dor de ser abandonado por meus pais, por ser traído por eles, por ser... abandonado por Deus.
Meus dedos só afrouxaram o aperto quando minha cabeça latejou, em resposta a uma pancada.
Desmaiei.
Foi naquele dia que tudo se perdeu.
Minha fé, minha felicidade... minha vontade de viver.
Minha humanidade.
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Continua...
Bem, gente... espero que tenham gostado do cap e desculpe por ele ser pequeno e ter demorado tanto para ser postado!
Agradeço as reviews, mas, infelizmente, não vou respondê-las individualmente, como eu já disse aqui, fics minhas vem desaparecendo... e eu não gostaria que essa saísse do ar também! Espero que vcs entendam que as reviews que me mandaram não deixam de ser mais especiais por isso!
Eu fikei muito muito feliz mesmo, com a repercusão do último cap, não consegui assimilar até agora, ainda tou meio boba. (sorriso bobo na cara). Bem... obrigada de verdade pelos comentários que vcs deixaram. Esse tipo de apoio é muito importante pra mim e eu agradeço milhares de vezes à vcs por isso.
Vou deixar aki os nomezinhos de quem comentou o último cap, me fazendo corar, absurdamente: Celly, Chibiusa, Ophiuchus no ShainaAthena Sagara, Ju, Litha, Aryam, belle malfoyusagui no ashi, Calíope, Chibi-chan, sakuya, Nana e Diana. (Respondendo a apenas uma pergunta: Calíope, eu diria que eu sou o Duo, ok?)
Ufa... espero repetir essa lista enorme nos agradecimentos do próximo cap!
E lembram-se: quanto mais reviews, mais rápido vem o próximo cap!
Beijos!
