Retratação: Gundam Wing e seus personagens não me pertencem, porque se pertencessem, com toda certeza, o Duo não teria atirado no Heero, mas na Relena e ela teria uma morte bem dolorosa. Porém os personagens: Lindsay Vuorinen, Nikolay Karpol, Alessandro Yuy e os outros que não me lembro (¬¬) são de minha autoria.
Agradecimentos: Well... A Celly, primeiramente, claro! A moça me ajudou bastante, do nome de um personagem às ameaças de morte e, claro, merece todos os agradecimentos por me aturar no msn falando desse fic e fora dele! E a Juzinha, né? Uma fofa que leu o fic e foi me dizendo o que achava. E, claro, a vovó Evil Kitsune e a titia Lien Li também!
Sumário: Até onde uma alma ferida pode ir? Certas dores nos transformam em algo que não queremos, mas somos forçados a ser, até o ponto que não sabemos quem é nosso verdadeiro "eu". Yaoi – Lemon – 1 x 2.
Observações: Tudo citado sobre a Igreja Católica são pontos que eu achei importantes no fic e não tenho a intenção de ofender a crença de ninguém, que isso fique bem claro. Caso se sintam mal com os comentários ferinos a respeito da religião e de Deus no fic, ignorem-nas, não é minha opinião, mas foram necessários para o bom andamento do fic.
Hard To Say 'I Love You'
Outro Duo Maxwell.
As mesmas cicatrizes.
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Capítulo VIII
A Itália era um país bem agradável.
Apesar de ser tão católico.
Estávamos, Quatre e eu, em Roma, em férias. Nada de quadros, telas ou pincéis.
Apesar de, obviamente, não ser adepto a toda aquela coisa religiosa, admiti que precisava aprender a lidar com meus demônios, não ignorá-los.
E a Igreja Católica era um dos meus maiores demônios. Por isso, nenhum lugar melhor que Roma para eu aprender a lidar com toda aquela merda.
Depois de Heero e todo aquele episódio vergonhoso no quarto, quando estava bêbado e, praticamente, despido de todas as minhas defesas, coloquei, realmente, em prática, meu desejo de mudar, ou voltar a ser como eu era.
Enfrentar os medos nos deixa mais fortes e eu precisava disso.
Mas, claro, que não iria encontrar Heero. Nunca mais. Tinha vergonha na cara e umas cicatrizes bem doloridas.
Não que eu não pensasse nele... sim eu pensava. E muito. Mas era algo com o qual eu podia lidar. Eu podia ignorar a vontade de senti-lo perto, de sentir seu cheiro e tudo aquilo.
Oh, sim... eu ainda estava apaixonado.
Mas não era sádico o suficiente para ficar martelando aquilo. Estava apaixonado... simples assim. O fato de não vê-lo ou falar com ele, me ajudava muito na tarefa de lidar com aquele sentimento.
-Senhor Maxwell, podemos servir o jantar?
Olhei a menina nova, com o uniforme bem passado e rodei os olhos. Até mesmo empregadas carregavam uma cruz no pescoço, naquele maldito país.
-Já deveria ter sido servido dez minutos atrás. – Falei, firme. – Mais uma falha dessas e você e o resto serão demitidos! – A garota arregalou os olhos, assustada. – Onde está Quatre?
-O senhor Winner ainda não voltou, senhor Maxwell. – Sua voz soou baixa, quase temerosa.
-Ok. – Estalei o pescoço, entediado.
-Deseja mais alguma coisa, antes que eu vá servir o jantar? – Perguntou, suave.
-Paola, minha cara, te ter na minha cama uma vez já foi decepção o suficiente, então, se vier com essa voz insinuante, novamente, considere-se demitida, ok?
-Desculpe, senhor. – Abaixou a cabeça e se retirou.
No que eu estava pensando quando decidi alugar uma casa e não um quarto de hotel?
Ah sim... em Heero.
Merda! Eu iria pensar nele... não mesmo... iria sair depois do jantar, arrumar algum italiano bonito e esquecer o senhor-olhos-azuis.
Me sentei a mesa e, imediatamente, o jantar foi servido, silenciosamente. Eu sabia que estava agindo como um monstro com os pobres empregados, mas era assim que se tratavam as pessoas, quando se queria respeito.
Simples assim.
Jantei, calmamente, apreciando a comida italiana, que era uma das poucas coisas que me agradavam naquele maldito país.
Minha mente vagou um pouco, enquanto decidia aonde iria aquela noite, mas um som estranho interrompeu maus pensamentos e ameacei gritar com os empregados, certo de que o som vinha da cozinha.
Me ergui, a cadeira quase caindo para trás e marchei, a passos firmes para o local de onde os sons vinham.
Mas parei quando vi o que vinha em minha direção.
Um bebê engatinhava, calmamente, só parando quando se deparou com meu par de sapatos.
-Guillermo! – Paola gritou, mas parou no portal que dava acesso a sala onde eu e o bebê estávamos.
A vi colocar a mão sobre os lábios, no exato momento que eu me abaixei, tocando os cabelos escuros do pequeno. Ele se sentou, sorrindo, seus olhos verdes brilhantes.
-Olá, pequeno. – Disse, acariciando suas bochechas.
Ele gargalhou, sua mão rechonchuda apontando para a mesa, onde uma torta de chocolate se destacava. Sorri, discretamente.
-Você quer aquilo? – Perguntei, colocando-o de pé.
-Té... té! – Ele vacilou, caindo sentado em seguida.
Me ergui, indo até a mesa e cortando um pedaço do doce. Lancei um olhar a Paola que só assentiu, ainda parecendo horrorizada.
Voltei a me abaixar, colocando um pequeno pedaço do chocolate nos lábios do pequeno, vendo-o sorrir, satisfeito, estendendo as mãos, querendo pegar o pedaço que estava comigo.
-Você é um bebê guloso. – Murmurei, entregando-lhe o doce.
Fique ali, abaixado, observando-o se sujar com o pedaço de torta, por um longo tempo. Ele parecia tão inocente em suas roupas azuis... tão bonito.
-Senhor Maxwell... – Paola chamou, assustada. – O bebê sujou sua calça clara.
Olhei para o pano, vendo a marca de uma mão marrom e sorri, verdadeiramente. Nunca imaginei que alguém conseguiria fazer um gesto como aquele e eu não me irritar. Vindo daquele bebê me parecia tão doce... não tinha como me irritar.
Mas não foi o que a moça pensou.
Por isso soltou um grito, horrorizado, quando peguei o pequeno Guillermo nos braços.
-O que foi, mulher? – Perguntei, irritado, vendo o menino fazer cara de choro.
-Eu só... eu só... sua camisa! – Olhei para baixo, vendo o bebê se divertir bastante em passar os dedos melados em minha camiseta clara.
-Tudo bem, não é? – Brinquei com a criança, vendo-a sorrir, abertamente.
Tão livre.
Um sentimento estranho tomou meu peito. Algo quente, acolhedor e eu percebi que me sentia bem com o pequeno ali em meus braços, tão necessitado de cuidados, de atenção.
Talvez... meu filho... eu.
Não... eu não poderia mais.
No momento que a imagem de Alessandro cortou minha cabeça, entreguei o bebê a Paola, vendo seu olhar confuso.
-Perdoe-me por isso, senhor. – Ela disse, cabisbaixa. – Eu não o trago para esse emprego, mas a mulher que fica com ele...
-Pode trazê-lo sempre que quiser, Paola. – Respondi, indiferente. – Só não o deixe se machucar com essas coisas de vidros que há por aqui. – Ela assentiu, um curto sorriso nos lábios.
Enfiei a mão no bolso, achando a carteira e tirando um punhado de notas de dentro dela, entregando-as a mulher.
-Senhor Maxwell...
-Compre algo para o moleque. – Falei, acariciando os fios macios dos cabelos de Guillermo.
-Muito obrigada, senhor, eu...
-Basta! Pode se retirar. – Ela assentiu, mas quando sumia pelo corredor a chamei. – Na próxima vez que o trouxer... – Engoli o bolo que formou-se em minha garganta. – Leve-o até mim.
Paola assentiu e se retirou.
Como uma tempestade inesperada, uma vontade súbita de constituir uma família apossou-se de mim.
Eu, Heero e Alessandro.
Mas o pensamento se foi.
Não era estúpido para desejar o que não podia... e nem deveria ter.
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Estava jogado sobre o sofá da sala de estar, a camisa e a calça ainda sujas de chocolate e o peito aquecido, estranhamente.
Estava sendo estúpido! Por todos os diabos! Qual era o meu problema com bebês afinal? Que poder estranho de enternecer meu coração era aquele?
-Duo? – Pisquei, vendo Quatre parar no meio da sala, parecendo constrangido.
E o motivo do constrangimento estava bem atrás dele.
Era moreno, olhos verdes e um físico bem atraente, pelo que pude ver, claro.
Ora... o pequeno Quatre também se divertia.
-Boa noite. – Olhei para o relógio. – Na verdade, já são quase duas da manhã.
-É um prazer conhecê-lo também, senhor Maxwell. – Olhei para o moreno, vendo-o sorrir, discretamente.
-Você é?
-Trowa Barton. – Respondeu, divertido.
-Ótimo! Seja bem vindo! O quarto de Quatre é o terceiro a direita, no segundo andar. – Falei, cínico e ele me encarou.
-Duo, eu...
-Não me importo com quem transa, Quatre. – Falei, seco, vendo-o abaixar a cabeça. – Só se assegure de não colocar nenhum maníaco debaixo do meu teto, certo?
O loiro assentiu, magoado e eu rodei os olhos.
-Nós vamos subir, boa noite, Duo. – Quatre falou, baixinho, entrelaçando os dedos com o moreno, puxando-o.
-Sabe, senhor Maxwell, quando Quatre falou-me sobre você, eu o imaginei uma pessoa firme, fria e até mesmo sarcástica e o admirei por isso. São poucos os que conseguem ser o que querem, que tem coragem para isso. – Suspirou, passando a mão por aquele cabelo esquisito. – Mas vendo-o assim...percebo que não é frio ou forte... é apenas amargurado por, provavelmente, não ter tido coragem para ser quem queria ser. – Arregalei os olhos, perdendo as palavras. – Tenha uma boa noite.
Os observei subirem, abraçados.
Merda! Merda! Merda!
Pela primeira vez, em meses, desde que havia dispensado Heero, senti que minhas escolhas poderiam ter sido erradas.
Já não sabia mais se machucava menos abdicar ou admitir os sentimentos.
Eu poderia ter me tornado, novamente, aquele cínico bastardo de anos antes, mas nunca, nunca mesmo uma pessoa amargurada.
Amargura nos leva a dor, que nos leva a remoer dores antigas, que nos leva a fraqueza.
E eu não poderia ser fraco. Esse sentimento nos faz sentir coisas que nos destroem, coisas que nos corroem, lentamente, machucando, ferindo, até que não nos sobra nada de nós mesmos.
Ser forte era viver sozinho, sendo superior... confrontar os demônios.
Droga! Eu podia pensar em meus pais, na igreja e até mesmo em Deus, mas Heero... pensar nele me machucava, me feria, me fazia sentir... vazio.
Noites de sexo, de álcool, de prazeres carnais... não... não surtiam mais efeito. Eu podia sentir, dia após dia, Heero penetrando mais fundo em mim, mesmo estando longe, mesmo tendo passado quase quatro meses.
Eu era tão patético.
E ainda havia o bebê... droga! Pensar nele me deixava ainda mais vulnerável.
Eu havia lutado, naqueles meses, contra todos os sentimentos que afloraram em meu peito, da paixão àquela ternura quando tive o pequeno Alessandro em meus braços, mas nunca... nunca havia cedido, completamente.
Como seria aceitar e, simplesmente, viver tudo aquilo?
Fechei meus olhos, minhas mãos entrelaçadas sobre meu abdômen.
Eu conseguia imaginar sorrisos, Heero me beijando e Alessandro brincando, aos meus pés. Mas também via toda a dor que sentiria quando alguma mágoa me atingisse.
Talvez, para a maioria das pessoas, tudo que eu pensava fosse algum exagero, mas elas não haviam vistos os pais queimarem, não haviam sentidos que Deus, o único em quem eu confiava e louvava, os traía, os deixando abandonados, sozinhos, com medo.
Não... não era tão fácil assim ceder. Eu conhecia bem demais as dores mais primitivas e cruas que existiam, passar pela mesma experiência poderia ser... muito desagradável.
Toquei a cicatriz em meu pulso e suspirei.
Sabia bem a que caminho o desespero de ser abandonado e traído levavam, e não queria começar a trilhá-lo, novamente.
Mas parecia que a escolha não estava mais a cargo da minha mente, que relembrava todos os sofrimentos já vividos.
Meu coração parecia ter se decidido por mim.
Por isso meus dedos alcançaram o telefone, discando, rapidamente, para o número que eu não conseguia esquecer, ignorando a hora.
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O telefone chamou, pelo menos, dez vezes antes de a voz feminina atender, do outro lado da linha.
-Heero Yuy, por favor. – Disse, firme.
Não... eu não fazia idéia do que dizer, mas tive que admitir que gostaria de ouvir a voz dele.
-Desculpe, mas o senhor Yuy não reside mais aqui. – A moça, disse, com voz de sono.
Subitamente, o jantar subiu a minha garganta e tive que engolir o bolo que se formou.
-Há muito tempo? – Perguntei, com os olhos fechados, respirando fundo.
-Ele se mudou há pouco mais de um mês.
-Pra onde? – Minha voz saiu desesperada e me belisquei.
-Não posso informar, senhor. – Uma voz masculina soou e eu me arrepiei. – Tenha uma boa noite. – O aparelho foi desligado.
Notei que minhas mãos tremiam, mas sabia que aquela voz não era de Heero. Claro que não!
Precisei de vários minutos para me acalmar e conseguir respirar, normalmente.
O havia perdido.
Simples assim.
Mas o iria encontrar, nem que gastasse toda minha fortuna.
O motivo para querer encontrá-lo?
Oh... era simples, eu iria buscar o que era meu.
Heero me pertencia.
Sim... aquele seria a razão, pelo menos, até eu conseguir admitir que o real motivo tinha a ver com meu coração, que saltava quando pensava nele.
Mas antes de buscá-lo tinha outro assunto a resolver, pegar outra coisa que me pertencia.
Precisava ir a Londres.
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Não consegui dormir durante a noite, por esse motivo estava, às nove da manhã, em frente a porta do quarto de Quatre, pensando em bater ou não.
Ora... ele só estava com um cara lá dentro, mas eu sentia como se... interrompesse muito mais que uma manhã com uma simples transa.
Em anos, nunca tinha visto Quatre com ninguém.
Por que estava hesitando? Eu quem pagava pela casa!
Bati na porta, com força e, minutos depois, Quatre a abriu, com uma expressão sonolenta e os cabelos emaranhados.
-Vamos para Londres. – Informei, ríspido. – Em uma hora. – Me virei, mas Quatre segurou-me pelo braço.
O olhei, esperando suas palavras. Ele se endireitou, saindo e fechando a porta, encostando-se a ela.
Seus olhos pareciam uma mescla entre felicidade e desespero e isso despertou minha curiosidade. Cruzei os braços, em uma posição defensiva, e esperei.
-Duo, você sabe que sempre fui seu amigo... – Ele começou, sério.
-Sim, eu sei, mas o que isso tem haver com Londres? – Perguntei, sentindo as palmas das minhas mãos suarem.
-Eu passei esses últimos anos vivendo a sua vida, respondendo às perguntas que eram para você, eu... não posso ir, vou ficar aqui na Itália.
-Com o Trowa Barton? – Ergui uma sobrancelha, incrédulo. – Vai abandonar um emprego estável, que lhe permite viajar e ter uma vida confortável para ficar com um cara que acabou de conhecer, é isso?
Quatre baixou seus olhos claros e soltou um longo suspiro.
Sim... ele iria ficar.
E me abandonar... ele em quem sempre confiei.
-Eu sinto que ele e eu temos algo especial e... não vou desperdiçar isso, sinto muito, Duo. – Toquei seu queixo, erguendo seu rosto.
Os olhos claros estavam marejados e foi minha vez de suspirar. O que era mais um golpe depois de tantos? Era apenas mais um me abandonando, depois de Deus, meus pais, Heero... quem era Quatre afinal?
Só mais um.
-Quatre, eu...
-Olha, eu sei que você deve estar indo a Londres para, de repente, ver seu filho, mas eu... – Ok... ele não era apenas mais um.
Era o doce e confiável Quatre, alguém a quem eu poderia entregar minha vida, sem problemas, tendo a certeza que ele jamais me faria mal.
Mas eu estava errado por pensar daquele jeito.
Ele também ia me deixar.
-Tudo bem, Quatre. – Disse, mascarando minha súbita tristeza com indiferença. – Mas só me diga, por que, realmente, vai trocar tudo que tem por... ele. – O árabe sorriu, parecendo feliz e tocou meu ombro.
-O que eu senti com ele foi... diferente. Eu sei que só fazem três semanas, mas não vou arriscar perder o que pode se tornar algo mais especial no futuro... quero tentar, Duo. – Balancei a cabeça, insatisfeito.
-E se ele te magoar, te abandonar? – Indaguei, angustiado.
Vê-lo se entregar, sem medos, sem barreiras... simplesmente, tentar, despertava um sentimento de impotência em mim.
-Vou arriscar. – Disse, sorrindo. – Eu espero que não surja nenhuma mágoa entre nós, ainda quero ser seu amigo. – Sua sinceridade, foi acompanhada de um tímido abraço, que eu correspondi, apertando-o contra mim.
Pensei que também queria poder me apegar a algo daquela forma.
-Você está sendo patético trocando todo o luxo que tem, por uma vida não tão boa. – Suspirei, me afastando. – Mas você sempre foi assim, não é? Sempre tão bom, tão correto... tão pateticamente, correto.
-Eu também gosto de você. – Arregalei os olhos, vendo-o sorrir.
Diabos!
Não podia me prolongar naquela conversa, o avião partia em menos de uma hora, tinha que me apressar, coisas mais importantes me aguardavam.
Não que eu soubesse o que fazer, exatamente, quando entrasse naquele orfanato, mas... vê-lo não faria mal, não é?
-Essa casa está alugada até o fim de mês. – Falei, rápido. – Pode ficar aqui. Ligue para o meu celular e acertaremos sobre seu salário e tudo mais, ok?
-Obrigado, Duo. Quer que te acompanhe até o aeroporto?
-Não é necessário. – Afirmei. – Manterei contato. – Dei dois tapas em seu ombro, me virando para sair, mas quando estava perto da escada o chamei. – Tome! – Joguei-lhe um molho de chaves e sorri.
-Duo...
-São as chaves do apartamento que comprei, não muito distante daqui. – Expliquei. – Gostei da cidade, pensei em ter meu próprio espaço, mas... considere meu presente de "casamento." – O árabe balbuciou algo, mas ignorei. – Ligue-me para acertarmos tudo.
Não esperei a resposta e desci, correndo.
Meu coração estava apertado, dolorido e me senti, malditamente, sozinho, como nunca me sentira. Não depois de ter encontrado Quatre.
As razões para ter presenteado-o com um luxuoso apartamento eram... obscuras. Queria acreditar que era uma recompensa por seus anos de trabalho, mas... droga! Talvez a maldita verdade era que eu queria lhe ver feliz ao lado daquele moreno desgraçado.
Não... eu queria que Quatre se decepcionasse e voltasse, como um filhote de cachorro escorraçado, e continuasse a ser meu amigo, aquele que me abraçava e confortava, mesmo quando nem mesmo eu percebia que precisava de conforto.
Aquele era o Duo Maxwell verdadeiro.
A felicidade dos outros não podia, nem devia, atrapalhar meus planos.
E Quatre me abandonar não estava, definitivamente, no roteiro da minha vida.
Não tão rápido.
Abandonei os pensamentos sobre Quatre e seu caso e voltei minha atenção a viagem que faria e os motivos que me levavam até Londres.
Bem... eu iria lá porque queria.
Era o suficiente.
Após chamar um táxi e colocar meus óculos escuros, caminhei até a porta, firme e decidido, mas a visão que tive me fez um sorriso bobo aparecer nos lábios.
-Senhor Duo. – Uma das empregadas, Anette, acho, agarrou mais o bebê no colo, com medo. – Eu o estava levando até a cozinha, a mãe dele me pediu e...
-Tudo bem. – Fiz um gesto de dispensa com as mãos. – Me dê ele um pouco. – Pedi e a menina obedeceu, depositando o rechonchudo Guillermo em meus braços.
Ele balbuciou algo, suas mãozinhas agarrando a gola de meu casaco e o cordão em forma de asa que eu carregava no pescoço.
-Senhor Maxwell, ele vai...
-Você quer o cordão? – Perguntei, com uma voz doce, estranha até mesmo para mim.
Ele puxou mais forte o pingente e eu sorri, colocando-o nos braços de Anette e tirando o cordão, entregando ao bebê, que sorriu, feliz.
-Adeus, pequeno. – Murmurei para o bebê, que ergueu seus olhos verdes para mim.
-Até logo, senhor Maxwell.
-Adeus, Anette.
Parti com o peito duas vezes mais pesado.
Por Quatre ter me abandonado e pela certeza de que, nunca mais, veria os olhos verdes daquele bebê.
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Me acomodei na poltrona confortável do avião, suspirando quando uma moça sentou-se ao meu lado, lançando-me olhares nada discretos.
-Eu lhe conheço de algum lugar. – Ela disse, suave, cruzando suas pernas torneadas, mal tapadas pela curta saia que usava.
-Ok, vamos deixar uma coisa clara aqui: não estou interessado e você mais parece um modelo de Barbie que uma mulher de verdade, então vamos poupar constrangimentos e parar com isso por aqui.
Seus olhos azuis se arregalaram e suas bochechas tornaram-se rosadas.
-Crápula! – Murmurou, irritada.
-Não me irrite, ou pedirei para que lhe tirem do avião. – Falei, fechando os olhos, afundando no assento.
-Quem você pensa que é, heim? É apenas um... – Mal ouvi suas palavras, mas estavam começando a me irritar, profundamente.
Em dado momento, senti seu dedo em meu abdômen e fechei as mãos em torno de seu pescoço, cego de raiva.
-Não me toque. – Falei, entredentes.
Ela soltou um grito histérico, se afastando.
Uma aeromoça, solícita apareceu, ouvindo os resmungos histéricos da mulher, que gritava aos sete ventos que era uma tal de "Relena Peacecraft" e que faria de tudo para que eu fosse posto para fora do avião.
-Com licença, o senhor é? – A moça morena me perguntou, calma.
-Duo Maxwell. – Respondi, cruzando os braços sob a cabeça.
A aeromoça arregalou os olhos, endireitando o uniforme e colocando um sorriso de compreensão no rosto.
-Sinto muito, senhor Maxwell, essa senhorita descerá do avião, imediatamente. – A mulher loira ameaçou protestar, mas ao gesto da aeromoça, dois homens apareceram, levando-a para fora do avião que, ainda bem, ainda não havia decolado.
-Obrigado. – Falei, sem emoção.
A aeromoça sorriu, perguntando-me se desejava algo.
Eu não era apenas um pintor famoso, mas um dos homens mais ricos da Europa. Todo o meu dinheiro era investido em diversos ramos, tornando meu nome ainda mais conhecido, mesmo antes da coletiva meses antes.
Duo Maxwell, era um misterioso homem de negócio, grande pintor e que ninguém incomodava, nem mesmo a imprensa. Sem fotos, sem declarações.
O dinheiro, realmente, movia o mundo.
Minutos depois o avião decolou e a confusão saiu da minha cabeça, que foi preenchida por pensamentos não muito agradáveis.
Eu podia sentir, bem aos poucos, meu controle, preso for fios de aço, começar a se soltar, sem minha permissão. Meus pensamentos voavam, soltos, até Heero e tudo que havíamos vivido.
Lembrava-me de seus olhos, mesmo sem querer, meus lábios sentiam, mesmo sem toque nenhum, o gosto do beijo dele.
Eu estava perdendo a batalha contra o sentimento que inundava, cada vez mais, meu peito.
A maldita saudade.
E, é sabido, que só sentimos saudades de quem gostamos. Muito.
Mas eu não queria gostar de Heero e já estava ficando farto de dizer isso para meu estúpido e amaldiçoado coração, mas... por mais que tentasse esquecer, que tentasse odiar, que tentasse voltar a ser o mesmo bastardo de antes, as barreiras que foram destruídas não voltavam para o lugar.
Aquele desgraçado fora persistente o suficiente para, depois de meses, eu ter que admitir que havia me tocado mais profundamente. Ficou rondando meus pensamentos, assaltando minha mente com sua imagem inesquecível.
Oh... diabos!
Heero havia chegado em meu coração, mesmo que eu nunca fosse admitir em voz alta.
Merda! Ele não havia chegado muito perto... ele havia chegado completamente! Tocou, acariciou e feriu meu coração.
E o pior é que não havia sido só ele.
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Continua...
Geeeeeeeeente quanta raiva do Duo! Teve gente até dizendo que ele merecia um chutão entre outras coisas! Recebi emails pedindo pra eu dar um jeito logo nele. Mas o problema é que o moço é teimoso! Não adianta!
Mas, por favor, não vamos querer tão mal ao pobre Duo... tá que ele é um sacana, mas... é o Duo! Prometo que ele vai mudar... só não digo se pra pior ou melhor! Ahhhh... o bebê vai ficar bem, não se preocupem!
E, gente, qualquer semelhança com QAF não é mera coincidência!
E aí, q cs acharam desse cap? E da participação do Trowa/olhinhos brilhantes/
Adorei as reviews revoltadas com o Duo! Obrigada mesmo! Tiveram umas que me deixaram vermelha!
Me digam o que acharam desse capítulo, ok!
Beijos!
