Retratação: Gundam Wing e seus personagens não me pertencem, porque se pertencessem, com toda certeza, o Duo não teria atirado no Heero, mas na Relena e ela teria uma morte bem dolorosa. Porém os personagens: Lindsay Vuorinen, Nikolay Karpol, Alessandro Yuy e os outros que não me lembro (¬¬) são de minha autoria.

Agradecimentos: Well... A Celly, primeiramente, claro! A moça me ajudou bastante, do nome de um personagem às ameaças de morte e, claro, merece todos os agradecimentos por me aturar no msn falando desse fic e fora dele! E a Juzinha, né? Uma fofa que leu o fic e foi me dizendo o que achava. E, claro, a vovó Evil Kitsune e a titia Lien Li também!

Sumário: Até onde uma alma ferida pode ir? Certas dores nos transformam em algo que não queremos, mas somos forçados a ser, até o ponto que não sabemos quem é nosso verdadeiro "eu". Yaoi – Lemon – 1 x 2.

Observações: Tudo citado sobre a Igreja Católica são pontos que eu achei importantes no fic e não tenho a intenção de ofender a crença de ninguém, que isso fique bem claro. Caso se sintam mal com os comentários ferinos a respeito da religião e de Deus no fic, ignorem-nas, não é minha opinião, mas foram necessários para o bom andamento do fic.


Hard To Say 'I Love You'

Merda! Ele não havia chegado muito perto... ele havia chega completamente! Tocou, acariciou e feriu meu coração.

E o pior é que não havia sido só ele.

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Capítulo IX

As portas estavam do mesmo jeito que havia visto, meses antes, mas, certamente, quem eu estava indo ver não estaria.

Se é que ainda estaria ali.

Entrei, recebendo o impacto de ver tudo aquilo de novo, trazendo lembranças do pequeno bebê no berçário, tão inocente.

-Poso ajudá-lo? – Uma senhora, perguntou-me, solícita.

-Procuro um bebê, chamado Alessandro, ele...

-Venha até a outra sala, meu querido. – Falou, simpática, segurando meu braço. – Apesar de ter, relativamente, poucas crianças aqui, preciso olhar nos registros, tudo bem? – Assenti, meio bobo.

Da outra vez aquilo não havia acontecido.

Caminhamos para a direção oposta daquela que eu tinha tomado, meses antes.

A sala era organizada, limpa... católica. Quadros e imagens ocupavam cada espaço disponível, chegava a ser nauseante.

-Bem, meu querido, sente-se.

-Estou bem em pé. – Afirmei, ríspido. – Só gostaria de ver o bebê. Não deve ser difícil achá-lo, duvido que mais alguma criança aqui tenha olhos violetas. – Tirei os óculos escuros. – Como os meus.

A freira soltou um pequeno grito, mas logo se recompôs.

-Era seu filho? – Perguntou, se erguendo.

-Suponho que sim, ou a senhora conhece mais alguém com olhos dessa cor? – Minha voz saiu seca e a senhora suspirou.

-Sinto muito, meu jovem, mas Alessandro foi adotado há alguns dias. – Perdi meu chão, sentindo meu peito se apertar de uma forma, extremamente, dolorosa. – O rapaz que o adotou...

-Onde posso achá-lo? – Perguntei, perdendo o controle.

Minhas mãos tremiam, minhas pernas estavam fracas e tive que me sentar, afundando o rosto entre os dedos, tentando conter as lágrimas que ameaçaram rolar.

Eu o havia perdido.

Meu... filho.

-Meu jovem, acalme-se, eu...

-Onde eu posso encontrá-lo? – Perguntei, quase suplicante.

O tom era choroso e tinha noção do quão fraco estava parecendo, mas, simplesmente, não conseguia retomar o controle, não conseguia pensar direito.

Por todos os diabos! Eu havia perdido meu filho!

-Isso eu não posso dizer, mas o rapaz que o adotou está aqui, veio trazer Alessandro para se despedir das freiras e...

Não ouvi o resto, saí, como um louco da sala, procurando pelo homem que havia ousado tentar tomar meu filho.

Meu filho.

Não... não fazia idéia de como aquele sentimento paternal burlou minhas barreiras e apareceu, tomando meu peito, fazendo um grito angustiado entalar em minha garganta, só o que conseguia pensar era ter o pequeno Alessandro em meus braços.

Minha intenção era ir até o berçário, mas parei no meio caminho, olhando para dentro de uma das salas, que parecia ser recreação.

Seguramente, não poderia afirmar que era Alessandro que estava no colo da freira, apesar de seus cabelos serem claros como os de Lindsay, mas, com toda certeza, eu conhecia o homem que estava parado ao lado da mulher, ajeitando a blusa do bebê.

Ok.

Parada cardíaca.

O mundo girou e o ar se recusou a entrar nos meus pulmões.

Estavam bem na minha frente, juntos, as duas maiores causas dos meus tormentos e insônias. As duas pessoas que conseguiram, de alguma maneira bizarra ou com algum ritual satânico, chegar tão fundo em mim, que me faziam contemplar a dor, crua, diante dos meus olhos ao mesmo tempo em que uma felicidade estranha me envolvia.

Enquanto sentia que, aos poucos, o oxigênio voltava a circular em meu sangue, me permiti observar aquela cena... inusitada.

Heero estava bonito como sempre, mas parecia... radiante. Algo parecia circular seu corpo, como uma aura clara e vibrante.

Ele, realmente, estava feliz, era notável.

Fiquei parado, olhando pelo vidro da porta, enquanto Heero sorria, discreto, pegando o bebê no colo, abraçando-o contra seu peito.

Pareciam uma família.

Uma família que eu queria, desesperadamente, fazer parte, mesmo que inconscientemente.

Oh... eu era patético, pensando daquela forma.

Quem eu pensava que eu era para, simplesmente, querer daquela forma?

Eu só podia querer o que poderia conseguir, nada além disso. E, seguramente, formar uma família feliz com Heero e Alessandro estava fora de cogitação.

Fora dos planos deles.

E não era uma opção para mim. Eu não queria mais uma família... não queria ter que cuidar e ser cuidado por alguém... não queria dividir, compartilhar... dar.

Não... estava bom daquele jeito.

O fato de Alessandro estar com Heero era bom. Com toda certeza os dois ficariam bem e, o fato do japonês ir buscar o bebê me dava noção de que ainda pensava em mim.

Imaginar que ele, depois de tanto tempo, poderia me amar, aqueceu meu peito, mas ao mesmo tempo me sentia traído por Heero e Alessandro estarem compartilhando algo sem mim.

Pensamentos... pensamentos tolos.

Eu havia nascido para trilhar meu caminho sozinho.

Toquei meu pescoço, em busca do pingente que havia ganhado de Heero, mas lembrei-me de que havia dado a Guillermo, o filho de minha empregada, e sorri.

Estava em melhores mãos.

Asas lembravam-me anjos... lembravam o que eu já fora um dia.

Ajeitei o casaco, me preparando para ir embora e sumir daquele país e, se possível, daquele continente, mas mais olhos focalizaram Heero, vindo de encontro à porta.

Agradeci pelos vidros serem do tipo que só se pode ver por um lado.

Apavorado, constatei que o corredor era amplo, em ambas as direções e não teria tempo de correr, sem que Heero me visse.

Merda!

Abri a porta em frente e me joguei dentro da sala que, por sorte, estava vazia.

Nem ao menos poderia vê-los uma última vez.

-Cuide bem dele, senhor Yuy. – Ouvi a voz feminina e enrijeci, notando que eles estavam parados, bem em frente a porta.

-Cuidarei, irmã. – Heero respondeu, sério. – Darei o amor que os pais não deram. – Ouch... doeu.

-Conheceu os pais dele? Ouço o senhor falar com tanta amargura...

-Conheci o pai dele. Na verdade, irmã, eu o amei. – Estremeci, minhas mãos apoiadas na porta. – E por amá-lo tanto que resolvi vir até aqui e pegar esse lindo bebê para criar.

-É uma forma de tê-lo perto? – A freira perguntou, não parecendo se importar com o fato de que Heero admitia, abertamente, que era homossexual.

-É uma forma de redimir os pecados dele. – Ouvi um suspiro alto e notei que minha bochecha umedeceu. – Embora ele não mereça.

-Ainda o ama. – Não foi uma simples pergunta, foi uma contestação.

-À essa altura, já nem sei mais separar o amor da mágoa que ficou. – Outro suspiro. – Melhor eu ir, vou levá-lo para conhecer a nova casa.

-O senhor mudou-se para cá? – A freira, indagou, interessada. – Soube que veio da França...

-Recebi uma boa proposta de emprego para lecionar em uma universidade em Londres, resolvi me mudar.

Os sons foram ficando distantes e eu senti mais lágrimas escorrerem e as sequei, brutamente. Não gostava daqueles sinais de fraqueza.

Heero e Alessandro eram assuntos encerrados, naquele momento, iria voltar para a França, me mudar, definitivamente, para lá, voltar a pintar e ganhar rios de dinheiro.

Sim... eu faria isso.

Eu faria... assim que descobrisse onde Heero estava morando, apenas para... saber.

Me movi, rapidamente, me pondo a segui-lo, não o deixando perceber minha presença. Os motivos para meus gestos ridículos eram obscuros, mas eu não quis pensar neles, enquanto pegava um táxi e mandava-o seguir o carro de Heero.

Eu só precisava saber... saber para se... de repente...

Ora! Diabos!

Eu queria e ponto final!

O celular tocou e eu suspirei, falando com Quatre e lhe informando, sem emoção alguma, tudo que havia acontecido. O árabe ficou chocado, dizendo o quanto sentia por aquilo ter acontecido.

Não lhe dei atenção... só o pedi para achar uma imobiliária em Londres, no bairro onde o táxi da frente parou.

Iria mudar de endereço.

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Decisões tomadas apressadamente tendem a ser... desastrosas.

E a minha constatação disso foi tardia. Por esse infeliz motivo estava sentado na janela da minha mais nova casa, na minha mais nova vizinhança, olhando a habitação da frente, do outro lado da estreita ruazinha.

A casa onde Heero estava morando.

Eu descobri, naquelas semanas seguintes a minha mudança – eu havia exigido aquela casa, o que causou o despejo de uma velha senhora, que havia sido mandada para uma casa maior, mas bem longe dali – o quão torturante pode ser quando você decide mostrar que é forte para você mesmo.

Era uma merda.

Doía como o inferno ver Heero sair, todas as manhãs para dar aula, enquanto uma moça aparecia para ficar com Alessandro.

Com o meu filho.

Ok. A escolha havia sido minha, mas como saber que a dor causada ao ver Heero chegar, no final da tarde, lindo naquelas roupas sociais, seria tão grande?

Mas eu era teimoso, tinhoso e... Duo Maxwell. Eu podia conviver com aquela dor e enfiar na minha cabeça que, apesar de tudo, só estava ali para ver como os dois estavam se saindo.

Oh... sim... por esse motivo havia instalado meu estúdio de pintura no cômodo que tinha a janela virada para a casa da frente.

Mas não era como se eu fosse ficar por lá... eu só estava verificando se Heero estava sendo um bom pai.

Sim... apenas isso.

Mentira deslavada e descarada, mas eu ainda tinha que me habituar com a idéia de que ainda estava, efetivamente, apaixonado, louca e insanamente, pelo moreno de olhos azuis.

Ok. Sabia que estava louco por ele, mas isso não queria dizer que eu não iria me debater contra aquilo, mesmo sabendo que era inútil.

Uma alma sitiada demora a se render, mesmo se machucando ainda mais.

E, com sorte, eu poderia vencer a guerra e voltar a ser o sádico feliz que era, maltratando as pessoas e dizendo, solenemente, que o amor era uma ilusão criada por imbecis com problemas sexuais.

Suspirei, olhando o relógio, sabendo que, certamente, dentro de dez ou quinze minutos, Heero estacionaria o carro na garagem, daria a volta a entraria pela porta da frente.

Coloquei os pincéis no lugar, me recusando a olhar o quadro que estava quase finalizado.

Doía um pouco... só faltava o toque final.

Um par de asas.

Me ajeitei sobre o assento, sob a janela, e sorri, vendo o exato momento que Heero chegou. Como o previsto, o carro foi estacionado e, um minuto depois, o moreno entrava pela porta da frente, carregando sua pasta e vários papéis enrolados sob o braço.

Era aquela a visão que eu esperava, o dia todo, mesmo que fosse ruim de admitir.

Mas claro que não o via só nessas ocasiões. Algumas vezes, em dias de domingo, Heero sentava do lado de fora, vendo Alessandro brincar com um outro bebê vizinho, poucos meses mais velho.

Meu filho já tinha, pelo menos, oito meses e era tão... bonito.

Certa vez, semanas antes, havia encontrado com a moça eu cuidava dele, no supermercado. Alessandro estava em seu colo e me aproximei, impressionado com seus olhos.

Eram mesmo violetas.

Depois desse dia não consegui mais vê-lo tão de perto, o maldito destino parecia conspirar contra mim.

Por isso eu deveria fazer algo, mas antes tinha que tomar uma droga de decisão.

Decidir o que, realmente, queria fazer com a merda da minha vida, porque, seguramente, não poderia continuar vivendo escondido daquela forma, vendo-os tão felizes enquanto me sentia sufocado dentro daquela pequena casa.

Sim... eu iria procurar Heero, talvez bater em sua porta, talvez segui-lo e encontrá-lo, casualmente...

Fechei meus olhos, a testa encostada no vidro frio da janela. Imaginei qual seria a reação dele ao me ver. Ficaria feliz? Não... eu lembrava bem de suas palavras no orfanato.

A mágoa era muito grande.

Mas talvez ele me deixasse ver meu filho, me permitisse descobrir porque meu peito se apertava tanto quando o via brincando na rua, engatinhando sobre a grama, tão feliz.

Oh... sim... como pude me esquecer?

Era amor.

Mas Duo Maxwell não amava.

E era um mentiroso também.

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Continua...


Sem histerismo, por favor! Não matem o Duo, calmaaaaaaa! Nossa... tiveram emails querendo torturar e até CORTAR o cabelo do Duo! ( Não Chibi-chan, eu não vou fazer isso).

MUITO obrigada pelas reviews, em especial a Haru, adorei suas críticas, e no início sim, eu só pensava em PWPs, e eu ainda amo Duos inocentes e indefesos, são minha tara. Obrigada novamente pelos elogios, adorei sua review. Meus agradecimentos também a Chibiusa, Ophiuchus no Shaina, Athena Sagara, Koneka Hokuto-chan, Anna Malfoy, MaiMai, Shanty.

E a Celly, claro! Moça não fica falando essas coisas... ok?

E fico feliz que vcs tenham gostado da aparição do Trowa! Ele é tudo, né?

Desculpem pela demora, prometo que vou postar o próximo o mais rápido possível!

Beijos!