Retratação: Gundam Wing e seus personagens não me pertencem, porque se pertencessem, com toda certeza, o Duo não teria atirado no Heero, mas na Relena e ela teria uma morte bem dolorosa. Porém os personagens: Lindsay Vuorinen, Nikolay Karpol, Alessandro Yuy e os outros que não me lembro (¬¬) são de minha autoria.

Agradecimentos: Well... A Celly, primeiramente, claro! A moça me ajudou bastante, do nome de um personagem às ameaças de morte e, claro, merece todos os agradecimentos por me aturar no msn falando desse fic e fora dele! E a Juzinha, né? Uma fofa que leu o fic e foi me dizendo o que achava. E, claro, a vovó Evil Kitsune e a titia Lien Li também!

Sumário: Até onde uma alma ferida pode ir? Certas dores nos transformam em algo que não queremos, mas somos forçados a ser, até o ponto que não sabemos quem é nosso verdadeiro "eu". Yaoi – Lemon – 1 x 2.

Observações: Tudo citado sobre a Igreja Católica são pontos que eu achei importantes no fic e não tenho a intenção de ofender a crença de ninguém, que isso fique bem claro. Caso se sintam mal com os comentários ferinos a respeito da religião e de Deus no fic, ignorem-nas, não é minha opinião, mas foram necessários para o bom andamento do fic.

Hard To Say 'I Love You'

Um sorriso surgiu em meus lábios. Doía como o inferno, sentir tudo aquilo desabando dentro de mim, mas... remoer dores não fazia vencedores.

E eu tinha uma família para conquistar.

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Capítulo XI

Com a idéia de ter Heero novamente, enfiada, duramente, em minha cabeça, me coloquei a bolar uma estratégia de abordagem.

Uma que não envolvesse palavras duras, nem nada do tipo.

Ok. Não tinha como.

Não que eu não tivesse mudado, ou percebido todos os meus erros ao agir de forma tão destrutiva com as pessoas ao meu redor, mas existiam certos traços em minha personalidade que não podiam, simplesmente, ser modificados.

Eu ainda era arrogante e contava com dúzias de frases e palavras ferinas. Era impossível evitar.

Suspirei, voltando minha atenção para o quadro em minha frente, sentindo a luz natural diminuir, aos poucos.

Já era quase noite, aquele maldito domingo estava terminando e o dia seguinte me trazia perspectivas se não boas, pelo menos, razoáveis.

Não precisei me preocupar com o despertador, daquela vez. Estava acostumado a acordar cedo nos dias úteis da semana, apenas para ver Heero saindo para o trabalho.

Pensando nisso, percebi o quanto estava de quatro por ele.

Perder horas sagradas de sono, apenas para vê-lo. Ora, Maxwell, onde você fora se meter?

Balancei a cabeça, me concentrando na pintura, percebendo o quão mais fácil se tornara pintar o par de asas que faltavam.

Não minhas, claro.

Horas mais tarde, tela terminada e um sorriso satisfeito em meus lábios, tomei um banho e deitei, pronto para dormir.

Precisaria de forças caso Heero não aceitasse conversar, civilizadamente.

Oh... precisaria, talvez, utilizar métodos sujos para atrair sua atenção. Não que eu tivesse problemas com isso. Poderia chantagear, seduzir ou me despir para Heero com tanta naturalidade quando respirar. Mas torcia para não precisar de nada disso.

Hum... talvez a parte de me despir fosse boa, mas... bem não era algo, realmente, possível de acontecer.

O sono foi sem sonhos, sem rostos, sem frases dolorosas.

E por esse motivo acordei, meia hora antes do normal, com um humor, estranhamente, bom, considerando que, dentro de alguns minutos, possivelmente, seria escorraçado da casa em frente.

Encolhi os ombros, aceitando minha situação.

Não há vitórias sem batalhas.

Me arrumei, dei um telefonema importante e saí.

Munido de toda a coragem e falta de vergonha na cara que tinha, caminhei até a casa em frente, com o coração disparado. Por mais que aceitasse a idéia de que Heero poderia bater a porta em meu nariz, não era como se me agradasse, pelo contrário, isso me faria muito, muito mal.

E me deixaria muito nervoso.

Ajeitei minha blusa preta de gola alta, afirmando, mentalmente, que eu estava lindo o suficiente para que Heero cogitasse, ao menos, a possibilidade de falar comigo por alguns instantes.

Melhor não bater... a babá entrara poucos instantes antes, talvez a porta estivesse aberta.

E estava.

Entrei sem a menos cerimônia, fazendo barulho, deixando clara minha presença.

Não que fosse necessário.

Heero estava no meio da sala, calças pretas, blusa social branca e com as mãos da desgraçada da babá em seu pescoço, ajeitando a gola de sua camisa.

Oh... eu fiquei com muito raiva.

-Duo? – A voz soou assustada e eu quase ri.

Caminhei até os dois, segurando o braço da mulher e a arrastando-a, sem nenhuma delicadeza, até a porta, sentindo dois pares de olhos arregalados sobre mim.

-Me solte, eu...

-Escute bem. – Comecei, baixo, perigoso. – O seu patrão e eu temos assuntos particulares a tratar, por isso, ponha-se daqui para fora, antes que eu a jogue no meio da rua. – A garota arregalou ainda mais seus olhos castanhos. – Eu não estou de brincadeira.

-Duo, você não vai expulsar a moça! – Heero protestou, saindo de seu estado de catatonia total.

-Eu já expulsei. – Falei, abrindo a porta e arremessando a moça para fora. – Pronto! – Sorri, satisfeito, batendo uma mão da outra, como se as tivesse limpando. – Agora, nossa conversa.

A expressão no rosto de Heero era a mais cômica que eu já vira em toda minha vida. Seus olhos estavam meio arregalados, os lábios entreabertos e as mãos fechadas, em punhos, ao lado do corpo.

-Saia daqui, agora. – Falou, frio.

-Não. – Respondi no mesmo tom, me aproximando.

Heero não recuou, ao contrário, caminhou em minha direção, parando quando estava a poucos centímetros de meu corpo, fazendo-me tremer.

Ok. Conversa primeiro, Maxwell.

Limpei a garganta, espalmando as mãos em seu peito, fazendo-o cair sobre o sofá.

-Comecemos assim... – Suspirei, cruzando os braços.

-Não começaremos, absolutamente, nada, Duo! – Falou, mais alto, tentando levantar, mas eu o empurrei. – Já disse tudo que tinha que dizer ontem, agora preciso trabalhar e chamar a pobre babá, novamente.

-Você não tem que trabalhar hoje. – Afirmei.

-Não sou milionário como você, senhor Maxwell, tenho que trabalhar para sustentar meu filho. – Ouch... doeu.

-Que seja, mas hoje você não vai. – Insisti. – Eu já liguei para a universidade, informando que você estava doente e impossibilitado de comparecer para dar sua alta sobre pintores italianos, renascentistas.

-Jesus Cristo, Duo! – Ele falou, chocado, e eu ri. – Você anda me seguindo, me observando? Que tipo de maníaco você é?

-Sim, eu te observei por algumas semanas e, não, eu não sou nenhum maníaco. – Afirmei, bufando. – Só quero conversar e...

-Vá para o inferno! – Se levantou, agarrando minha camisa, imprensando-me contra a primeira parede que surgiu. – Não temos nada a conversar, seu louco! Você é surdo? Não ouviu tudo que disse ontem?

Abaixei meus olhos, sentindo um bolo em minha garganta, mas não ia desistir.

-Sim, eu ouvi, por isso resolvi vir aqui e...

-Você me seguiu até aqui, ontem? – Indagou, seus olhos flamejando e ele parecia não se importar com o fato de que estava com o corpo colado ao meu.

-Não, meu caro, eu moro na casa em frente.

Dessa vez ele pareceu, realmente, chocado. Deu alguns passos para trás, mas logo se recuperou, assumindo a mesma postura do dia anterior.

Frio e controlado.

-Você é louco. – Falou, calmo. – Mas não temos nada a falar. Eu lhe respeitei quando me pediu para ir, agora peço a mesma coisa a você. – Sua polidez me assustou.

-Só que eu não sou como você. – Afirmei, também calmo. – Não vou sair daqui, enquanto você não me ouvir.

-Não vou lhe ouvir. – Cruzou os braços, seus olhos, até então brilhantes, estavam opacos, tristes. – Tudo já foi dito. Coisas até demais, então, se me dá licença, senhor Maxwell, eu devo...

Aquela calma e simplicidade me irritaram, não podia ser tratado daquela forma, tinha o mesmo direito que ele, no dia anterior.

De falar.

-Você vai me ouvir. – Falei, mais alto, empurrando-o, brutalmente, na direção do sofá. – Ontem você disse tudo que quis, me magoou, me machucou e, mesmo que eu merecesse, hoje eu tenho o mesmo direito, então ou você me ouve, ou, juro, Yuy, sua vida vai se tornar um inferno, porque eu não vou lhe deixar em paz por nem um segundo.

-Você não pode...

-Sim, eu posso, porque eu quero. – Gritei, perdendo o controle. – Não me diga o que posso ou não fazer! Oh, Yuy, se você levantar seu traseiro desse maldito sofá antes de eu terminar de falar, juro que vou à Justiça e luto por meu filho, destruo sua reputação, mando darem-lhe uma surra, faço qualquer coisa para te destruir.

Sua reação foi instantânea.

Primeiro ele ficou chocado, então nervoso, depois irritado.

-Só tente, Maxwell. – Murmurou, perigosamente.

-Eu não tento. – Disse, sentando-me em seu colo. – Eu consigo. – Agarrei o colarinho de sua camisa, apertando os punhos contra seu pescoço. – Agora eu vou ficar sentado bem aqui e você vai me ouvir. – Ele negou. – Tenha medo de mim, Yuy, porque, por mais que esteja arrependido, não vou tolerar esse tipo de comportamento. Eu escutei tudo que você falou. Agora é sua maldita vez, por isso feche sua boca e ouça, porque não vou repetir.

Ele relutou, suas mãos tentando me empurrar, mas ao mesmo tempo, eu sentia que seu corpo gostava daquela proximidade.

Eu também sentira saudades. Tantas que estremeci quando seus dedos apertaram minha cintura, tentando me erguer. Relutei, não querendo sair daquela posição.

Obviamente, ganhei, embora fosse uma luta sem vencedores.

Heero bufou, derrotado, seus olhos admitindo que não fora por força física, mas por pura vontade. Ele também queria me sentir tão próximo.

-Por que temos que ficar nessa posição? – Perguntou, parecendo cansado.

Ele estava, mentalmente, esgotado, eu podia ver e quase me compadeci com aquilo. Deveria ser difícil remexer em uma ferida que já fora, parcialmente, esquecida. A última coisa que queria era lhe causar alguma dor, mas... existem coisas que são, essencialmente, necessárias.

E aquela conversa era uma delas.

-Porque assim sinto que... posso te prender, embora não fisicamente. E, também, me lembro de nós dois, na minha cama, de você dentro de mim e... – Me calei, vendo que seu olhar ficara ainda mais triste. – Só quero que me ouça, por favor.

Soei suplicante, eu sabia que sim, mas... não importava. Ver, sentir Heero tão perto, seu corpo tocando o meu, pude perceber o quanto o queria, o quanto sentia por ele.

Não era só saudade das noites, do sexo, era muito mais. Sentia falta dos seus carinhos, das palavras, do amor que me dedicara e, pela primeira vez, olhando, diretamente, para aqueles olhos magoados, percebi que poderia retribuir tudo que ele me dera, se tivesse a chance.

Difícil seria consegui-la.

Nunca me enganei com Heero. Ele podia ser muito carinhoso e gentil, mas nunca perdoaria, tão facilmente, tudo que fiz e falei. Por isso eu tinha medo.

Muito medo de ser escorraçado e banido de sua vida, para sempre.

-Fale, Duo, já perdi minha manhã mesmo. – Suspirou, dessa vez me colocando sentado ao seu lado.

Respirei fundo, virando-me em sua direção, colocando uma perna sobre o sofá, encarando-o, quase pedinte.

Por amor, por afeto por... compreensão.

-Eu sei que você adotou Alessandro, mas... – Comecei, incerto. – Gostaria de poder vê-lo, ao menos de vez em quando... por favor.

Merda! Fora tão mais fácil imaginar e bolar frases de duplo sentido, com a intenção de seduzir Heero, de tê-lo de volta, mas... e ele não precisava ser seduzido ou conquistado.

Heero precisava de cura.

Cura para as feridas que eu causei.

-Isso implicaria em eu ter de te ver, sempre. – Suspirou, encostando a cabeça no sofá. – Não me entenda mal, não quero guardar mágoas ou coisas do tipo, não quero lhe impedir de ver ser filho, embora não entenda o porquê disso agora...

-Me apaixonei pelo moleque. – Falei, baixo, e Heero riu.

-Eu não duvido e você não precisa me dizer metade das coisas que quer, posso ver tudo em seus olhos. – Sorri, não esperando menos dele. – Mas você foi um desgraçado, sádico que fez...

-Hey! Estou tentando mudar! – Falei, contrariado.

-Não posso arriscar o coração dele, imaginando se você não vai, simplesmente, decidir depois que ele não é importante. Sinto muito, mas não vou permitir que você o veja. – Ele parecia irredutível e eu me enfureci.

-O filho é meu! – Protestei, ignorando a maldita ardência em meus olhos.

Doía pensar que poderia não ver meu filho, doía pensar que Heero, logo ele, me causaria tamanha dor. Tudo bem que a culpa era toda minha, mas... merda! Eu, realmente, queria consertar as coisas.

-O filho é meu, Duo. – Ele disse, calmo. – Não tente ir à Justiça, nem nada disso, isso só causaria mais dor.

-Ora, seu filho da...

-É melhor você ir. – Se levantou, caminhando até a porta.

Eu estava irritado. Muito irritado. Heero não podia me tratar daquela forma, eu era... ora! Eu era Duo Maxwell e ninguém me ignorava daquela maneira.

Caminhei até ele, minhas mãos agarrando seus braços e meus lábios buscando os seus.

O toque foi elétrico, recheado de coisas proibidas, de dores, de mágoas e eu senti minhas pernas estremecerem.

Penetrei sua boca com minha língua, sentindo-o corresponder, mesmo que seus braços estivessem ao lado do corpo. Eu queria mais, muito mais... afundei meus dedos em seus cabelos, aprofundando o beijo, sentindo o gosto que ansiara sentir.

O gosto que insisti que odiava, por tanto tempo.

Minutos depois, fôlego faltando, deitei a cabeça em seu ombro, suspirando. Heero estava frio, eu podia sentir. Meu beijo sequer o afetara.

A mágoa fora, realmente, muito profunda,

-Estou morando na casa em frente, número 64. – Falei, me afastando e abrindo a porta. – Vou acatar seu pedido, mas não vou sair daqui, quero observar vocês, mesmo que só de longe.

Heero nada disse, apenas permaneceu lá, parado, com os lábios inchados e o olhar impenetrável.

E pensar que o tive tão perto, me tocando, me amado, penetrando minha carne, enquanto sussurrava tudo que eu abominava na época, tudo que eu queria ouvir, naquele momento.

A vida podia ser injusta, e os humanos podiam ser estúpidos.

Merda de existência.

Talvez eu devesse desistir e nunca mais voltar a bater naquela porta.

Por mais que isso me ferisse, machucasse meu ego, me fizesse sentir um fraco, um patético e miserável Duo Maxwell, não estava mais nas minhas mãos.

Sim, eu queria Heero e meu filho, mas não rastejaria, nem me sujeitaria a nada humilhante... demais.

Minha cota de humilhação havia se esgotado quando bati naquela porta, pedindo para que ele me ouvisse. Depois daquilo... só poderia contar com a sorte.

Já saía pela porta quando um puxão em minha trança me fez recuar. Olhei para Heero, vendo-o soltar meus cabelos e ajeitar a roupa, parecendo irritado com tudo aquilo.

-Pode vê-lo, de vez em quando. – Sorri, pensando se me jogar em seus braços era uma opção.

Mas os olhos de Heero deixavam bem claro que minha chance era a de consertar as coisas com Alessandro, não com ele.

-Obrigado, Heero. – Abaixei a cabeça, ocultando meu sorriso bobo.

Não era tudo... mas era um começo, um pequeno passo.

Mas grandes coisas são feitas de coisas pequenas.

Não... eu não iria desistir.

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O dia em que aconteceu concessão de Heero foi... extremamente, estranho. Não era fácil ter o pensamento fixo em apenas uma coisa.

Apenas em Heero.

Não queria soar egoísta, mas sentia que ganhar Alessandro me traria Heero, só não sabia o que me deixaria mais feliz. Aliás, eu sabia sim.

Sim, eu sempre fui sexual demais e Heero... mexia comigo, mas, obviamente, amava o moleque e faria tudo para tê-lo comigo o máximo de tempo possível, até mesmo porque... isso facilitaria as coisas com o moreno de olhos azuis.

Na manhã seguinte, mais cedo que de costume, resolvi que, se queria que Heero me deixasse ver Alessandro e, conseqüentemente, me deixar chegar mais perto, deveria fazê-lo me olhar, lembrar de mim, sempre que possível.

-Bom dia, Heero. – Cumprimentei, vendo-o sair de casa.

Era bastante cedo e a rua estava, particularmente, deserta.

-Duo... – Ele começou, do outro lado da rua, mas logo caminhou até mim, parando em minha frente. – Nós dois, na verdade, isso nem existe mais... se um dia já existiu... ora, que seja! Isso tudo que você fez tem haver com o Alessandro, não comigo e...

-Quem lhe disse? – Perguntei, sorrindo. – Posso ter duas miras, dois objetivos.

-Eu não quero ser seu objetivo, eu não quero você na minha vida dessa forma.

-Isso não me impede de tentar. – Declarei, enfiando a mão nos bolsos da minha jaqueta.

Ele abriu a boca, pronto a protestar, mas se manteve calado, admitindo que não podia me impedir de tentar conseguir o que queria.

E Heero era tudo que eu queria.

-Eu preciso ir. – Falou, suspirando.

-Estar perto de mim, conversar comigo, te magoa? – Indaguei, vendo seus olhos sorrirem, mesmo que seus lábios não me mostrassem isso.

-Você já causou toda a mágoa possível, eu estou imune a tudo isso.

-Imune? – Ri, jogando minha trança sobre um dos ombros. – Não você não está, completamente, imune a mim, Heero Yuy.

Seus olhos brilharam, maliciosos e eu sorri, cínico.

Oh... seria muito mais fácil do que eu esperava. Avancei sobre ele, agarrando seu paletó, puxando-o contra mim, tomando seus lábios.

Dessa vez seus dedos acharam o caminho de meu corpo, enquanto me empurrava até a porta de minha casa, entrando, derrubando tudo que havia no caminho.

Oh... por todos os diabos! Era aquilo que eu queria.

Fui jogado sobre o sofá, seu corpo caiu sobre o meu, me pressionando, me fazendo gemer. Fazia tanto tempo... eu o desejava tanto...

Sua língua enroscou-se na minha, enquanto seus dedos apertavam minhas coxas, me fazendo sentir vivo, sentir alegria.

-Heero... – Chamei, de forma doce.

Tinha tanto a dizer, desculpas a pedir, palavras que foram sufocadas por tanto tempo... sim, eu precisava que ele me escutasse, para depois me tocar e podermos começar de novo.

-Shh... – Ele sussurrou em meu ouvido, deixando os dedos encontrarem minha blusa, puxando-a para cima.

-Eu preciso, Hee... me escute, tenho tanto a dizer.

-Eu só tenho uma coisa a dizer. – Seus olhos encontraram os meus. – Isso é o que posso te oferecer: sexo.

Arregalei os olhos, chocado, confuso e... magoado. Fora daquela forma que ele se sentira quando palavras parecidas deixaram meus lábios?

Doía... muito.

Heero estava se especializando em me machucar.

-Não quero sexo, se fosse só por isso... você não seria especial. – Falei, respirando fundo. – Se quisesse sexo não teria acabado com tudo antes, eu quero mais... quero o que só você pode me oferecer.

-Sinto muito. – Ele se ergueu, o rosto fechado. – Tudo além de sexo é impossível quando diz respeito a você.

-Eu mudei. – Insisti, me sentando, colocando os fios de meus cabelos atrás das orelhas.

-Eu também. – As palavras foram duras, secas... dolorosas.

O observei sair, batendo a porta atrás de si, mas não chorei.

Doera, mas não o suficiente para me fazer desistir, porque sabia que era mentira. Heero queria se proteger e não podia condenar, eu fizera o mesmo, sem contar que fora um bastardo com ele... o japonês estava no direito de querer se preservar.

Mas, claro, isso não me faria desistir.

Nada me faria desistir.

Heero teria que aprender a lidar comigo, com seus próprios sentimentos, porque eu estaria em cada lugar para o qual ele olhasse.

Apesar do corpo insatisfeito, respirei fundo e peguei o telefone. Depois de a moça me confirmar de onde falava eu sorri.

-Gostaria de saber se a universidade não estaria interessada em uma palestra de um pintor atual. – Pausa do outro lado da linha. – Aqui é Duo Maxwell, o Shinigami.

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-Jesus Cristo, Maxwell! – A voz de Heero soou, extremamente, alta na sala de aula silenciosa. – O que diabos você está fazendo aqui?

Dezenas de pares de olhos curiosos voltaram-se em minha direção.

-A direção da universidade não te avisou? – Perguntei, me fingindo surpreso.

-De que, seu louco? – Ele parecia meio... fora de controle e eu senti vontade de rir.

-Da minha palestra! Vou falar aos seus alunos sobre a indústria de arte do século vinte e um e das dificuldades enfrentadas por nós, pintores atuais. – Heero bufou e, juro, pude ver seus olhos brilharem, raivosos.

-Sem problemas. – Recolheu seu material, mas eu segurei seu braço.

-Você deve assistir, com o intuito de me fazer perguntas coerentes. – Sorri, cínico, e Heero bufou, novamente.

-Certo, pode começar... ou você prefere o auditório? Ah... claro que sim! Você gosta de shows antológicos, não? – Assenti, sorrindo.

Ele mandou que os alunos se encaminhassem até o auditório e informou que logo estaríamos por lá. Quando o último garoto saiu, senti o ar a minha volta gelar.

Merda! Não fora uma boa idéia, mas...

-Eu não estou gostando disso, Maxwell. – Ele disse, perigosamente, baixo.

-Você até hoje não me deixou ver nosso filho, e já faz uma semana desde... aquele dia, e também evita falar comigo, então... – Dei de ombros e Heero passou a mãos pelos cabelos.

-Ele não é nosso filho e você pensou que eu te evito porque não quero falar com você? – Indagou, sarcástico.

-Sim, ele é nosso filho. É seu pela lei e meu biologicamente, viva com isso, ok? – Deslizei os dedos por seu rosto. – Eu quero você, Heero... e eu vou ter, porque vou ser tão insistente que...

-Tem uma palestra, não? – Me cortou, seco. – E pode ver meu filho hoje a noite.

-Posso jantar com você? – Perguntei, brincalhão.

-Você não está se aproximando dele para conseguir...

-Talvez sim, talvez não... só vou saber com o tempo. – Tirei uma mecha de cabelo dos meus olhos, que havia se soltado da trança, e coloquei atrás da orelha. – Mas eu tenho todo o tempo do mundo, porque só vou ceder quando você admitir que ainda em ama e aceitar ficar comigo, novamente. – Seus lábios se entreabriram, surpresos. – Mas, enquanto isso não acontece, tenho uma palestra.

Toquei sua boca com a minha, em um beijo rápido e saí.

Ele pensou que não o vi levar os dedos aos lábios, sorrindo, magoado.

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-Hey, Botticelli! – Apertei o bebê em meus braços. – Papai Heero tem cuidado bem de você? – Alessandro me estranhou, fazendo cara de choro, mas logo e distraiu com minha trança.

-Você não nasceu para ser pai, não finja dessa forma. E não lhe dê esses apelidos ridículos, Alessandro não é um pintor, não é Botticelli, não lhe escreva um destino tão cedo. – Heero comentou, displicente.

-Posso tentar ser um bom pai, não posso? E eu lhe dou o apelido que quiser! Alessandro é meu pequeno Botticelli, meu pequeno gênio. – Dei-lhe meu melhor sorriso sarcástico e ele se calou.

Estávamos na sala de sua casa. Heero jogado sobre o sofá, um livro nas mãos e eu estava em sentado, no meio do cômodo, brincando com nosso filho.

Parecíamos tanto uma família que tive que chutar meu traseiro, mentalmente, diversas vezes, quando meus olhos enchiam-se d'água.

Merda! Estava virando um frouxo.

Uma hora transcorreu daquela forma e eu já estava começando a ficar entediado com tudo aquilo. Alessandro estava brincando com um punhado de blocos de madeira e Heero ainda lia o maldito livro. Eu parecia ser invisível.

-Heero? – Tentei e vi seus olhos me perscrutarem, sobre o livro. – Não acha que formamos uma boa famí...

-Não, não acho. – Suspirou, colocando o livro sobre o sofá.

-Tem razão. – Dei de ombros. – Podemos estabelecer dias para eu vê-lo?

-Pode vê-lo todos os dias, na parte da tarde, vou dar ordens a babá. – Sorri, acariciando os fios claros de Alessandro. – Quando eu voltar da universidade o pego, mas... você sabe cuidar de bebês? Hum... melhor eu estar perto nessas visitas.

-Eu posso vir depois que você chega e passar apenas uma hora ou mais com ele. – Tentei, sorrindo.

Heero fechou os olhos, parecendo pensar. Eu o observei, admirando o rosto bonito e aquele ar superior que ele tinha. Quase... quase me sentia intimidado.

-Isso é uma tentativa para ficar comigo, não é? – Perguntou, sério.

Foi a minha vez de refletir, por alguns minutos.

Tudo bem que o que mais queria era estar com Heero, mas... Alessandro também era muito importante. Não... não era só para ficar com o belo moreno, era por meu filho também.

-Tudo que faço é para tentar ficar com você, mas... eu amo o pirralho. – Respondi, sinceramente. – Quero estar com nosso filho. – Ele ameaçou protestar, mas eu ergui a mão. – Alessandro é nosso filho, sim.

-Você vai me seguir e perturbar até eu ceder, não vai?

-É... não tenho culpa de estar apaixonado por você. – Dei de ombros, dando um beijo em meu filho e me levantando.

Não me despedi de Heero, que estava com a boca aberta e os olhos arregalados.

Frases de impacto, soltas, casualmente, realmente, surtiam efeito.

Ri, já do lado de fora da casa, em um misto de alegria e indignação, não entendendo como conseguira me expressar tão abertamente.

Apaixonar... amar... simples assim.

Mas sabia bem que tinha um longo caminho pela frente. Heero era um bom adversário.

Melhor começar a calcular minhas jogadas, porque, sendo por birra ou mágoa, ele não cederia tão fácil. Talvez... eu devesse lhe mostrar a extensão de meus sentimentos, da minha maneira.

De forma extravagante... e exagerada.

Afinal Duo Maxwell era excêntrico.

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Semanas depois já tínhamos uma rotina estabelecida, com as regras de Heero, claro. Mas era algo agradável.

Via Alessandro de segunda a sexta quando Heero chegava do trabalho e nos fins de semana eu o pegava para passear e aos poucos ele ia se acostumando comigo, até me chamava de "Doo".

Mas Heero e eu... isso não existia. Ele se esquivava sempre, fugindo de mim, dos meus toques... se não fosse trágico, seria cômico. Bem... era cômico certas vezes, mas... eu tentava não rir quando ele se afastava quando eu tocava seus ombros ou braços.

Mas isso iria acabar e eu já tinha tudo planejado. Seria em um sábado, à tarde.

Sim... tudo seria da forma que eu queria que fosse.

No sábado em questão me vesti com uma calça jeans e uma blusa preta, com uma jaqueta por cima. Simples e sexy. Não que isso fosse importar, claro.

Ás três, em ponto, estava na porta da casa de Heero, esperando-o sair com Alessandro, mas... a merda do destino jogou contra mim, de novo.

Um carro preto estacionou e um rapaz bonito, demais pro meu gosto, saltou, parando ao meu lado, tocando a campainha.

-Você é? – Perguntei, desconfiado.

-Vim ver o Heero. – Respondeu, solícito.

Ok, ele era muito atraente. Cabelos loiros, olhos azuis e pele branca. O corpo... nossa.. Fiquei duro só de olhá-lo. Nem tão duro... não tanto como fiquei quando vi... Heero.

Ele poderia, realmente, ficar mais bonito?

Oh... sim... ele podia.

Saiu pela porta, dono do mundo, apenas com uma calça preta e uma regata verde, com um casaco jeans sobre o ombro.

Puxei o ar para os meus pulmões, tentando me manter são. Ele estava... malditamente, atraente. Demais para o meu próprio bem e para o de... para o loiro ao meu lado, que quase babou sobre o meu Heero.

-Nikolay. – Heero cumprimentou-o com um aperto de mão simples. –Tudo bem?

-Tudo ok, Heero. – O loiro sorriu, e eu quis matá-lo, quando vi seus dentes perfeitos. – Pronto para hoje? – O ar começou a entrar em meus pulmões em longos e raivosos golpes.

Não gostei do olhar de Heero, nem do tal de... como era mesmo? Nikolas? Nikolayas? Que diabos! O que ele tinha que fazia meu moreno olhá-lo daquela forma? Tudo bem que o loiro era, mortalmente, atraente naquela roupa quase inteiramente azul, mas... ele não tinha olhos violetas!

-Não vai me apresentar, Heero? – Perguntei, sorrindo, falsamente, e sei que o japonês notou.

-Esse é Nikolay Karpol, professor na mesma universidade na qual leciono. – Estendi minha mão, meu sorriso ampliando-se, malignamente.

Você tinha que saber as maiores informações possíveis sobre o inimigo.

-Duo Maxwell. – Me apresentei. – Pai de Alessandro, filho do Hee.

Diabos! Eu, realmente, podia ser muito cínico.

-Me dá um minuto, Nick? – Heero falou, solícito... demais.

O loiro assentiu e logo meu braço estava sendo puxado, com Heero me levando para dentro de casa. Parei, no meio da sala, minha máscara caindo, meus olhos faiscando de raiva.

E ciúmes.

Nos encaramos por longos minutos, insuportáveis, e eu quase pulei sobre ele, implorando para que deixasse o maldito loiro do lado de fora e me amasse.

Mas Heero refreou meus desejos.

-Não gosto da sua atitude.

-Não gosto do loirinho lá fora, ele está... babando em você! – Disse, erguendo os braços. – Você não percebe?

-Percebo e gosto. – Respondeu, simplesmente. – Vou sair com ele e você vai ficar com Alessandro.

-Eu não vou cuidar do nosso filho, enquanto você vai transar com um loiro gostoso! – Cruzei os braços, birrento.

Até que notei o quão estúpida era a cena. Tão estúpida que tive que rir até saírem lágrimas dos meus olhos. Heero me acompanhou, gargalhando. Eu não era uma esposa traída e, apesar de tudo, o japonês tinha a liberdade que quisesse, eu era apenas... um cara apaixonado que tentava reatar.

Tirar a liberdade não prende ninguém.

-Duo, eu...

-Tudo bem, Heero. – Falei, limpando as lágrimas. – Eu cuido do Alessandro, divirta-se.

-Você não...

-Pode sair com quem quiser, Heero, no final eu sei que vou ser o único. – Tentei soar forte, mas estava me partindo, ainda mais, por dentro. – Tenha uma boa transa. – Me virei, indo para o segundo andar.

Sim, eu tinha essa intimidade na casa de Heero. Estávamos, ou não, evoluindo?

Quando já estava no topo das escadas, Heero me chamou, baixinho.

-Ele é apenas meu amigo. – Falou e saiu em seguida.

Tentei me impedir de rir, mas... foi impossível. Não por acreditar naquela história, mas por perceber que Heero se importava o bastante para tentar não me ferir.

Ao longo daquelas semanas que antecederam o encontro com o loiro, apesar de algo pessoal estar fora de cogitação, para ele, pude perceber que Heero se preocupava comigo, cuidava de mim, não me deixando ficar sem as refeições diárias, me perguntando sempre se estava bem... eu sabia que ele se importava e isso me estimulava a ir mais para frente, tentar consegui-lo de volta, tentar agarrar aquela oportunidade de forma feroz.

Talvez fosse difícil para Heero se desapegar, completamente, de mim, apesar de toda a mágoa que causei. E a minha proximidade ajudava nesse sentido... eu estava, aos poucos, conseguindo meu intento.

Mas então ele estava saindo com um belo loiro, enquanto eu ficava ali... com nosso filho.

Há! Como uma esposa traída.

Porém não havia problemas... eu sabia bem o que fazer para que aquele loiro, Nikolay, aprendesse a não mexer em nada que era do Shinigami.

Não... eu não era o Deus da Morte, completamente.

Eu não matava... era muito mais cruel que isso, com quem mexia com o que era meu.

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Continua...


Então, o que acharam?

Ahhhhh... esse loiro gostoso que apareceu... agradeçam a Celly e a Ju, elas que me ajudaram a criar! Só naum sei se vcs vaum amá-lo ou querer matá-lo... O nome Nikolay Karpol foi a tia Celly que deu a idéia! Valeu, migaaaaaa!

Obrigada pelas reviews, fofas! Todas foram devidamente respondidas, certo?

Estou muito muito feliz que vcs estejam acompanhando e gostando!

Beijos!