Retratação: Gundam Wing e seus personagens não me pertencem, porque se pertencessem, com toda certeza, o Duo não teria atirado no Heero, mas na Relena e ela teria uma morte bem dolorosa. Porém os personagens: Lindsay Vuorinen, Nikolay Karpol, Alessandro Yuy e os outros que não me lembro (¬¬) são de minha autoria.

Agradecimentos: Well... A Celly, primeiramente, claro! A moça me ajudou bastante, do nome de um personagem às ameaças de morte e, claro, merece todos os agradecimentos por me aturar no msn falando desse fic e fora dele! E a Juzinha, né? Uma fofa que leu o fic e foi me dizendo o que achava. E, claro, a vovó Evil Kitsune e a titia Lien Li também!

Sumário: Até onde uma alma ferida pode ir? Certas dores nos transformam em algo que não queremos, mas somos forçados a ser, até o ponto que não sabemos quem é nosso verdadeiro "eu". Yaoi – Lemon – 1 x 2.

Observações: Tudo citado sobre a Igreja Católica são pontos que eu achei importantes no fic e não tenho a intenção de ofender a crença de ninguém, que isso fique bem claro. Caso se sintam mal com os comentários ferinos a respeito da religião e de Deus no fic, ignorem-nas, não é minha opinião, mas foram necessários para o bom andamento do fic.

Hard To Say 'I Love You'

-E eu a você.

Amor... simples assim.

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Capítulo XV

-Somos patéticos. – Declarei, solenemente.

Heero riu, me puxando ainda para mais perto.

Estávamos deitados no chão, enroscados um no outro, sujos de sêmen, suados, meus cabelos embolados e... sorrindo como dois tolos.

-Você é tão romântico. – Comentou, se sentando, apoiando as costas no sofá, enquanto acendia um cigarro.

-Eu sei, baby. – Ele riu e eu apoiei a cabeça em suas coxas.

Heero me olhou, de cima para baixo, com aquele ar de superioridade e eu, quase, quase me zanguei, mas decidi sorrir.

O cigarro terminou e mais três se seguiram, sem que o silêncio se quebrasse. Sabíamos que estávamos compartilhando muito mais que algo que destruiria nossos pulmões, mas ainda sim, precisávamos colocar a cabeça no lugar e...

-Ok, Heero, e agora? – Perguntei, me sentando em sua frente.

-O que você acha? – Olhou para o teto, indiferente, e eu suspirei.

-Pode parar de fingir um pouco e me dizer que, diabos, vamos fazer daqui para frente? – Tentei soar frio, mas... eu sei que soei pedinte.

Quem poderia me condenar? Se Heero me dissesse que fora só sexo, embora eu não acreditasse nisso, a possibilidade de suicídio mudaria de 'remota' para 'provável'.

-Vamos seguir em frente, não? – O encarei, incrédulo.

Era uma puta de uma brincadeira, não? Não era possível!

-Seguir em frente... sim... mas... que merda, Heero!

-O que você quer? – Perguntou, se inclinando e segurando meu rosto entre suas mãos.

O que eu queria... oh... eram tantas coisas.

Heero, meu filho, uma família, deixar de ser um bastardo desgraçado.

-Ser feliz. – Respondi, me negando a enxugar as malditas lágrimas.

Estranhamente não me senti fraco, naquele momento. As lágrimas não eram prova de fraqueza... eram minha forma de mostrar que havia mudado o suficiente para que conseguisse ser... feliz com Heero.

Era patético, mas era a verdade.

E, afinal, quem disse que eu não era patético?

-É só que o que desejo agora, Duo: te fazer feliz. – Sorri, não sarcasticamente ou cinicamente, mas... de forma verdadeira. – Desculpe ter demorado tanto tempo para... – Pousei um dedo sobre seus lábios.

-Vamos completar a cena desse filme clichê, ok? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Me beije.

Seu sorriso brilhante me mostrou que não discordava, em hipótese nenhuma, de mim. E eu... para que me importar se tudo aquilo era clichê? Se já havia sido roteirizado em algum filme ou livro água com açúcar?

Afinal, o que na vida, não é clichê?

Fuji, durando todos aqueles anos do estúpido clichê de ser feliz, de amar, de ser amado... mas merda! Quem podia escapar, no final de tudo?

Estávamos fadados a viver presos em um círculo vicioso, com situações clichês e repetitivas, mas... eu não me importava. Não mais.

Toda a aventura que precisava estava bem ali na minha frente, me apertando, me abraçando, me dando a certeza que sempre quis ter durante toda aquela caminhada.

Que podia amar, sem em tornar fraco por isso.

Após vários minutos abraçados, vivenciando aquele momento de aceitação, caímos na realidade e nos afastamos rindo, como dois loucos.

-Isso é tão... – Heero começou, mas eu o interrompi.

-Certo. – Completei e ele sorriu.

-Realmente, não devemos desperdiçar esses momentos tão preciosos em nossas vidas... – Ele tentou ocultar o sorriso, mas falhou.

-Lições de merda... blá blá blá.

O olhar cúmplice que trocamos me deu a certeza de que, se não fosse dar, completamente, certo entre nós, chegaríamos bem perto disso.

Esperava que sim.

Me aconcheguei contra seu corpo, afundando o rosto em seu pescoço, aspirando o cheiro de sexo e suor misturados com aquele aroma que só Heero tinha. Era bom ficar assim... só junto.

Eu estava começando a ultrapassar os limites, saudáveis, daquela melação toda.

-Por que mudou de idéia? – Perguntei, sem preâmbulos. – Quer dizer, quando eu fui embora, você parecia bem certo de que ficar comigo não era o correto, então...

-Eu não mudei de idéia. – Arregalei os olhos, encarando-o. – Você me fez mudar de idéia.

-Quando? – Indaguei, curioso e satisfeito comigo mesmo.

-Quando me acertou aquele tapa, mas... demorei um tempo para aceitar, sabe? Você entende esses problemas de aceitação e tudo... – Sorriu, irônico e eu soquei seu braço.

Imaginei tudo que deve ter passado por sua cabeça, tudo que pensou, tudo que sentiu... deve ter sido difícil admitir e procurar um canalha que o fizera sofrer.

Se ele não era o cara mais corajoso do mundo...

Mas prometi a mim mesmo que não iria magoá-lo, a não ser que fosse, estritamente, necessário. Hey, eu nunca disse que havia me tornado um santo! As pessoas se magoam.

Heero e eu éramos apenas... humanos.

Íamos começar algo – uma relação, um caso ou que quer que fosse – sabendo que a mágoa e a dor, em certas ocasiões, eram inevitáveis.

-Então, em outras palavras, você aceita ficar comigo? – Indaguei, divertido.

-Ok. – Franzi as sobrancelhas, incrédulo.

-Como assim... ok?

-Só... ok.

Eu ia protestar, quem sabe atacá-lo ou algo parecido, mas um som estridente e insistente, vindo do andar de cima, salvou a vida de Heero.

Após uma breve discussão sobre quem iria buscar Alessandro, onde eu insisti que parecíamos um casal, juntos há muitos anos, decidimos que, antes de pegar o bebê no colo, deveríamos, sem sombra de dúvida, tomar um banho, já que estávamos... com certas evidências em nossos corpos.

Separados, obviamente.

Não queríamos ser presos por maus tratos a menores ou, sei lá, falta de cuidados por deixar um bebê chorar até sufocar.

Enquanto Heero brincava com Alessandro, já vestido, claro, eu tomei um banho rápido, assumindo o lugar do japonês em seguida.

Parecíamos tanto uma família de verdade que... eu chorei. Escondido, claro! Enquanto Heero tomava banho, seus ouvidos bem distantes dos meus soluços. Eu o amava demais, mas... deixá-lo me ver chorando era... inconcebível.

Organizei meus pensamentos, esquematizando como seria minha vida, agora que Heero e Alessandro estavam, definitivamente, inclusos nela.

Óbvio que era o que queria, mas a realidade era mais assustadora, mais crua, mais... droga! Eu não sabia como conviver com uma criança, como dormir e acordar todos os dias com a mesma pessoa, dividir tudo.

-Algum problema? – Heero me envolveu com seus braços, carinhosamente.

-Estava pensando em onde iremos morar. – Sorri, abraçando-o em retorno.

Era tão bom poder agir sem pensar que poderia estar parecendo patético... simplesmente, sentir como se fosse qualquer um, como se fosse normal.

Não... eu não era normal. Podia ser egocêntrico e tudo mais, mas nunca fui cego.

-Pensamos nisso depois, ok? – Assenti, mansamente. – Agora vamos nos sentar, nós três, lá em frente a lareira, como um família feliz.

-E encerrar nosso filme clichê? – Perguntei, irônico, não conseguindo me conter.

-Não, meu amor... nós vamos começar nosso filme clichê assim.

Sorri, estupidamente, feliz, irritado com as malditas lágrimas, novamente. Os olhos de Heero também pareciam úmidos, mas não tinha como ter certeza.

O que importava, afinal?

Humanos são fracos, certo?

Não que eu fosse como um relés humano normal, mas... bem.. melhor deixar a prepotência de lado. Por hora, pelo menos.

Heero enrolou o tapete, me lançando olhares maliciosos que foram, prontamente, correspondidos, e em seguida sentou-se no chão, encostado ao sofá, as pernas abertas, me convidando. Me acomodei entre elas, minhas costas em seu peito e suspirei, vendo Alessandro brincar com uns bloquinhos de madeira que eu havia comprado, tempos antes.

-É assim que começa? – Perguntei, sentindo seus dedos entrelaçarem-se com os meus.

-Acho que sim. Alguma sugestão?

-Que seja sempre assim? – Tentei, desgostoso.

-Somos explosivos, complicados e perturbados demais para seguirmos sempre nessa tranqüilidade. – Eu ri, ouvindo sua risada rouca em meu ouvido. – Sabe disso, não? Que vai ter que se controlar numa discussão e tudo mais... se quiser manter isso tudo.

-Posso tentar. – Me virei, fitando seus olhos azuis. – Posso conseguir... por nós, sei que posso.

-Só espero que não mande surrar algum amigo meu, que se conforme que a vida não está em suas mãos, e que quando eu disser que te amo... – Deslizou os dedos por meu rosto. – É porque é a mais pura verdade, mas isso não significa que vou suportar tudo.

Assenti, recebendo um beijo terno em troca.

Voltei a me recostar em seu peito, suspirando, com os olhos fechados.

Suas mãos, quentes e firmes, estavam nas minhas, apertando-as. Era um grande passo, eu sabia. Acho que, em momento algum, desde que voltara para Londres, havia pensado, seriamente, em tudo aquilo, mesmo quando descobri e aceitei meus verdadeiros sentimentos.

Eu fora inconseqüente, sabia disso, mas... eu poderia ter aquilo, ter aquela família.

Eu queria aquilo.

Inconseqüente ou não, meus atos me levaram até aquele momento e não iria desperdiçá-lo. Era especial, podia sentir com cada pedaço de meu corpo.

Eu os amava, Heero e Alessandro. Nada do que senti, nos nove anos, ou mesmo antes disso, não podia se comprar aquilo, aquele calor, estranhamente, gostoso que invadia meu peito quando os olhava.

-Duo Maxwel-Yuy. – Falei, baixinho.

-Está me propondo casamento? – Heero perguntou, parecendo, levemente, chocado.

-Eu não disse isso... eu quis dizer Alessandro Maxwell-Yuy. – Expliquei, me sentindo corar.

-É só Alessandro Yuy. – Ele disse, em tom brincalhão. – Mas quanto ao Duo Maxwell-Yuy... – Nos entreolhamos e rimos.

-Estamos vendo filmes gays demais. – Ele assentiu, um sorriso, genuíno, nos lábios.

Quem precisava de casamentos, afinal? Mesmo que eles fossem legalizados em alguns países da Europa... não... era forçar demais.

Com certeza.

Heero me abraçou mais forte, afundando o rosto em meus cabelos, suspirando, satisfeito.

Estava bem, daquele jeito. Eu me mudaria para aquele bairro, novamente, compraria uma casa maior para nós três e arrumaria uma ocupação, porque pintar...

Como que lesse meus pensamentos, Heero me virou para si, seus olhos me perscrutando.

Odiava me sentir analisado.

-Seus quadros?

-Não pinto mais. – Informei, sorrindo, falsamente.

-Por que? – Sua voz parecia triste.

-Não tenho uma motivação... bem antes era a Igreja, depois... aquilo tudo. – Dei de ombros. – Eu não preciso mais pintar, tenho ações em todos os meios, dinheiro aplicado em muitos lugares...

-Gostava do Duo pintor, sujo de tinta...

-Quem sabe um dia. – Tentei.

-É, amor... quem sabe um outro dia você perceba que tem toda a motivação em suas mãos. – Suspirei, me afastando e indo brincar com meu filho.

Eu não precisava da pintura, tinha tudo que precisava.

Horas mais tarde, coloquei Alessandro na cama e fui até a sala, onde Heero estava, analisando a pintura, ainda no cavalete.

-Ele é, realmente, nosso anjo. – Comentou, sorrindo.

Na tela, Alessandro nos sorria, feliz com suas asas brancas.

-Nosso... sim. – Falei, abraçando-o.

-E as suas asas? – Sorri, lembrando do nosso primeiro encontro.

-As feridas estão cicatrizadas, Hee... – Comecei, baixo. – Não preciso de asas para voar, prefiro ficar aqui, no chão, perto de você.

-E as minhas asas?

-Não somos puros para termos asas. – Afirmei, roçando o rosto em seu pescoço. – Estamos bem sendo terrenos, mundanos e pecadores.

-Oh... sim, amor. – Sussurrou, seus braços a minha volta. – Você está certo.

Ficamos abraçados por muito tempo, apenas nos sentindo tão próximos como desejamos por tanto tempo. Realmente, saborear uma vitória tão sofrida era... fabuloso.

Seria difícil manejar certas coisas, admitir certos sentimentos, afinal, ainda havia um longo caminho pela frente, mas... eu sabia que, lá na frente, valeria a pena. Como já estava valendo.

-Te amo tanto, amor... – Suspirei, feliz, depois de muito, muito tempo.

-Eu também te amo, Heero... estúpida e completamente.

Era difícil me declarar, mas certas coisas valiam a pena, eu podia perceber pelo aperto em torno de meu corpo.

E Heero merecia tudo.

Mesmo que, às vezes, fosse difícil dizer 'eu te amo'.

Owari

Ufa...

Nem eu acredito que acabou...isso me deixa tãaaaao triste! Essa foi a história que mais gostei de escrever, me senti, completamente, dentro do fic. ( Imaginem o inferno que passei com esse Duo, absurdamente, complicado!)

Quero agradecer a todos que acompanharam o fic, deixaram reviews e mandaram emails. E claro que quero pedir desculpas pelo atraso absurdo desse capítulo, mas acho que não queria acabar fic... bem, de qualquer maneira, ainda tem um epílogo que devo postar até domingo, no máximo.

Novamente, obrigado pelos comentários!

E meus agradecimentos histéricos pra Ju e pra Celly, que me ajudaram MUITO enquanto eu escrevia o fic. Beijo pra vcs, fofas!

Beijos pra todos

Até o próximo!