Destinos Entrelaçados
Capítulo 1
Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar. Olhar as secretárias bonitinhas que foram recém contratadas. Lembrar da possibilidade de processo por assédio sexual – Aconteceu com Miroku – Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar.
Ler depoimentos. Ler anotações. Fazer anotações. Ignorar a velha secretária dando uma de mãe e me passando sermão. Ler o processo. Bater a testa na mesa – Nossa, preciso dormir um pouco...
Pisco, olhando rapidamente em volta para me certificar que não há ninguém por perto para presenciar esse fiasco. – Porta fechada.– Ninguém a vista pelo que chamo de aquário – uma grande parede de vidro que dá para o corredor. – Acho que estou seguro.
Espreguiço–me antes de levantar para caminhar um pouco pelo escritório, tentando espantar o sono antes de voltar aquele processo tedioso.
É, a vida de um famoso advogado criminal é mais glamourosa para quem olha de fora. Não te contam na faculdade como você vai ter que passar horas e horas lendo textos tediosos enquanto prepara a defesa de algum estúpido. – Se bem que todos aqueles livros cheios de leis devem ser uma pista – Ou como nem sempre vai haver casos interessantes que realmente te prendam a atenção.
Onde foram parar os criminosos inteligentes que ao menos quando eram pegos tinham a decência de ter uma ficha criminal interessante? Às vezes penso que se meus preços não fossem tão altos teria que ir ao tribunal defender algum ladrão de galinha estúpido.
São em momentos como esse que penso que segui a carreira errada...
É claro que esses devaneios são logo esquecidos por um caso realmente interessante. Como Miroku sendo processado por uma das estagiárias – Ok, não foi interessante, mas foi engraçado! Todas as cinco vezes.
Volto para minha cadeira e olho esperançoso para o telefone. Repito mentalmente, os olhos fixos no aparelho: 'Toca. Toca. Toca. Toca.' – O tédio faz coisas absurdas com a mente das pessoas – E quase caio do assento quando o aparelho realmente toca, como se obedecesse meu pedido.
Sorrio comigo mesmo antes de agarrar o fone, quase com medo de que a pessoa desista e ligue para outro lugar. – Eu já disse que quando estou ansioso esqueço que a secretária atende a ligação antes de passar para mim? – Minha voz soa calma e impessoal, talvez com uma ponta de esperança pela possibilidade do que está por vir.
– Akuma InuYasha falando.
– Outro caso de ladrão de galinha, filho?
Isso era realmente tudo o que eu precisava...
– Eu não atendo esse tipo de gente, Izayoi.
– De novo com essa bobagem de me chamar pelo nome?
– Não é bobagem. – Suspiro comigo mesmo, virando a cadeira de frente para a janela e de costas para a porta – Sabe o que vão pensar se me ouvirem falando 'mamãe' ao telefone?
– Que você está falando com sua mãe?
Acho que já comentei como minha adorável mãe era bondosa e tola no passado, não é? Pena que envelheceu para se tornar uma raposa matreira sempre a espreita de algum engano que eu cometa para chamar minha atenção...
– O que quer, mamãe? – Enfatizo a ultima palavra, sem esconder o sarcasmo. Ela me tira do sério às vezes. – Ou ligou só para chamar minha atenção por algo inútil? – Levanto os pés, apoiando–os no batente da janela e inclinando a cadeira para trás.
– Tire os pés daí, InuYasha!
Pulo da cadeira, olhando em volta com a ordem ainda soando em meus ouvidos. Giro a cadeira olhando em volta, procurando inutilmente pela figura delicada de Izayoi. Inutilmente é claro, mas só percebo esse fato ao ouvi–la rir do outro lado da linha.
– Que diabo! – Murmuro, zangado não sei se comigo mesmo ou com ela por me fazer de tolo – Como diabo sabia o que eu estava fazendo? – Sem me importar com o risco de parecer idiota, olho para todos os cantos do escritório procurando por alguma câmera escondida – Não está me espionando, está?
– Não seja infantil, é claro que não.
– Já fez isso uma vez.
– Você estava passando tempo demais trancado em seu quarto.
– Estudando! Eu estava trancado no quarto estudando para as provas finais da faculdade! – Um gemido angustiado escapa de meus lábios e fecho os olhos com a lembrança. Minha mãe pode ser mesmo detestável as vezes, capaz das piores coisas para conseguir o que deseja. E depois chamam a mim de demônio.
– Mentiroso, eu vi o que estava fazendo!
– Mamãe!
Posso ouvi–la rir novamente, alta e claramente do outro lado da linha. A miserável está se divertindo com minha humilhação. Não que seja anormal um rapaz de vinte anos levar a namorada para casa e...
– Certo, eu vou parar.
Tenho que me conter para não suspirar de alivio e pular pela sala de felicidade. Izayoi tem esse efeito sobre mim, sempre me envergonha tanto que quando finalmente consigo fazê–la parar tenho um desejo quase incontrolável de agir como um completo idiota. Felizmente é apenas quase incontrolável.
– O que você quer afinal?
– Sempre mal educado.
– Sou uma pessoa ocupada! Tenho muitas coisas mais interessantes para fazer do que ouvir detalhes constrangedores de minha juventude.
– Você não chegou aos trinta, InuYasha.
– Não é o que diz quando tenta me convencer a casar com uma daquelas acéfalas.
– Eu não estou ficando mais nova. – mulher egoísta, sempre pensando em si mesma ao invés do próprio filho.
– Isso não é problema meu. – Levanto imaginando qual a razão de eu ter tocado nesse assunto. – Vá direto ao ponto, Izayoi.
– Preciso que você passe em um lugar para mim antes de vir para casa.
– Eu não sou um maldito empregado.
– Ora, vamos, filhinho... – A voz dela soa doce e faz com que eu me sinta uma criança novamente. – Nem vai ter que se desviar de seu caminho...
Giro os olhos, sentindo minha vontade de discutir o assunto desaparecer. Talvez seja melhor apenas concordar e acabar com essa tortura de uma vez.
– Só dessa vez, não é para se acostumar. –Falo lentamente, tentando convencer a mim mesmo que não perdi mais uma discussão para minha adorável mãe. – Não pago os empregados para ficarem discutindo sobre o tempo o dia todo.
– Certo, certo – Ela fala distraída e em minha mente quase posso vê–la acenar desinteressada – Você só tem que passar naquela confeitaria que eu gosto e pegar minha encomenda.
– Que encomenda? – Pode parecer paranóico, mas um alarme soa em minha cabeça quando ouço a palavra 'encomenda'. Experiências ruins no passado. Entende? – O que na Terra você tem que encomendar que a cozinheira não possa fazer?
– Nada especial, apenas a sobremesa. – Ela responde calmamente, apenas para aumentar minha desconfiança. – A cozinheira está ocupada demais com o jantar.
– Mamãe!
– Não se atrase, temos convidados.
Não! Mais uma garota desmiolada achando que piscar para mim e sorrir como idiota – Aliás é surpreendente quanto tempo elas conseguem se manter com a mesma expressão abobalhada no rosto sem ter uma câimbra ou algo do gênero – Vai fazer eu me apaixonar eu não agüento! Principalmente em uma segunda–feira. – Olho para o calendário a minha frente e suspiro comigo mesmo – Ok, hoje é quarta, mas ainda assim é ruim.
– Eu não vou—
– Desliga esse telefone, garoto. Está atrasado.
Olho incrédulo para a secretária parada a minha porta. O que diabo deu nessa velha maluca para invadir meu escritório desse modo? – Três vezes no mesmo dia.
– Kaede, o que—
– As sete, InuYasha. Não se atrase!
– Espera, Mamã... Digo... Izayoi! Eu não... – Franzo o cenho ouvindo o característico som do telefone sendo desligado. Volto minha atenção para a mulher se aproximando de minha mesa com o olhar amistoso de um dragão faminto. – Sai daqui, já me atrapalhou o suficiente. – Coloco o aparelho no gancho e pego uma pasta qualquer da pilha, esforçando–me a aparentar interessado enquanto meus olhos passeiam pelas letras sem realmente vê–las.
– Está atrasado, seu pequeno idiota! – Arregalo os olhos quando a mão dela agarra minha orelha, forçando–me a levantar – Tem uma audiência em meia hora.
– Droga, você devia ter me avisado antes! – Ela finalmente me solta e eu pego minha pasta, ignorando o modo como o local parece quente e dolorido, e corro para a saída. Entre pragas e tropeços chego ao elevador e lanço um olhar feroz as teimosas portas de metal que cismam em não abrir – Para que acha que eu te pago afinal?
– Torturá–lo, é claro.
– Vá... procurar outra diversão. – Lanço um olhar rápido para o relógio em meu pulso e faço as contas mentalmente de quanto tempo vou levar até o tribunal a essa hora – Tinha que ter me avisado antes!
– Eu teria feito isso se não estivesse sendo tão divertido observá–lo fazendo caretas para o telefone.
– Maldita velha, onde eu estava com a cabeça quando me deixei levar por sua história triste e a contratei?
– Calculando quanto ganharia do próximo cliente?
Estreito os olhos e minha boca se abre, pronto para dar uma resposta afiada, mas a maldita caixa metálica escolhe esse momento para se fazer presente. As portas se abrem e dou meia volta, entrando rapidamente no elevador quase vazio.
– Pode pegar uma encomenda para mim na confeitaria da esquina?
– Não sou sua empregada. – Ela fala calmamente enquanto senta em sua mesa.
As portas começam a fechar e eu olho incrédulo para a figura desaparecendo a minha frente. Quando tudo o que posso ver é metal, minhas reações finalmente voltam e não consigo conter o grito que escapa de meus lábios.
– É claro que é, sua velha maluca! – Minha reação atrasada não surtiu muito efeito na porta do elevador, mas posso sentir os olhares incrédulos fixos em minha nuca. Droga, esse não é um bom dia.
Essa é a história da minha vida. Todas as mulheres presentes são malucas e tremendamente controladoras. E ainda me perguntam porque quero ficar solteiro.
Uma criança começa a chorar e viro–me para encará–la apenas piorando a situação. Vejo o menino se agarrar às pernas da mãe e apontar em minha direção como se eu fosse um monstro. Fecho os olhos, secretamente desejando que aquilo seja apenas um sonho – É claro que isso não acontece e quase sou empurrado para fora quando chegamos ao térreo.
Eu já disse que a vida de um famoso advogado é bem mais glamourosa quando não se está na pele dele?
N.A. – Oi, minna!
Fico muito feliz, e surpresa, com a resposta ao prólogo, mas gostaria de fazer um pequeno comentário. Se eu postei é porque tenha a intenção de continuar, sinceramente comentários desse tipo de me chateiam. Minhas demoras são resultado da falta de tempo, só isso. :D
Muito, muito obrigada a todas que leram e, em especial, a quem dispensou um tempo a mais para deixar review. Não vou responder a ninguém aqui ou essa nota ficaria maior que o capítulo em si:P
Reviews do ultimo capitulo – Madam Spooky, Kisamadesu, Kikyou Priestess,Tici–chan, Vivica Higurashi, LP Vanny–chan, Loritoledo, Kassie Matsuyama Satuki, RiNzInHa HiMe, Silent Poetry, Bella Lamounier, Ju Higurashi, Lan Ayath, satsume, Marina, Franbhds, MikkY, mistr3ss, mk–chan160, Kagome Shinomori, lilaclynx, Satuki Nika.
Por enquanto é só!
Kissus e ja ne,
Naru.
