Destinos Entrelaçados
Capítulo 4
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O dia não terminou. Foi péssimo, muito pior que o normal. E ainda não terminou!
Meu odiado irmão está parado à minha frente, o cenho levemente franzido enquanto parece avaliar os objetos que decoram minha mesa. Típico desse idiota me torturar de todas as formas imagináveis. Meu estomago está roncando, minha canela doendo. Minha adorável mãe está em algum lugar da casa distraindo a garota estranha que meu irmão trouxe de acessório... – Espero sinceramente que Izayoi não tenha matado Rin e a esteja enterrando no jardim... Não preciso de um fantasma assombrando a casa para completar minha vida miserável.
Pouso meus olhos sobre Sesshoumaru, tamborilando a mesa com os dedos, esperando que isso seja o suficiente para despertá-lo... - Não é. Grande surpresa. – ele continua fitando os papeis sobre minha mesa como se não houvesse nada mais interessante a fazer.
- Você vai falar logo o que quer ou está esperando que eu adivinhe?
Paciência nunca foi uma de minhas virtudes.
- Fala desse modo com o juiz?
- Você não é juiz, não estamos no tribunal... – E eu estou com fome! Completo em pensamento. – E tenho coisas mais importantes a fazer do que olhar sua cara.
- Sutil... – Ele fala naquele tom monótono que eu sempre interpreto como desdém. – Aposto que só está com fome.
- Fale o que quer!
Droga, como ele sempre consegue saber o que estou pensando desse modo? Essa é apenas mais uma das 'qualidades' de Sesshoumaru que odeio.
- Preciso que cuide de uma garota para mim.
Só isso? Puxa, pensei que fosse algo mais interessante... Tipo 'Você pode me doar um rim?'
- Essa que você trouxe? - Estreito os olhos quando ele nega com um aceno.
- Não, o nome dela é Kagome Higurashi.
- Por que tenho que cuidar dela? – Vejo-o desviar os olhos e fecho a expressão. Isso parece fácil demais... Sesshoumaru viaja metade do país e pede um favor, está quase sendo gentil... Droga, tem algo errado! – Você não quer que eu rapte a garota, quer? Porque não importa o que dizem de mim, eu não sou—
- Não estou interessado no que você é. – Sesshoumaru responde finalmente. – E não. Não estou te pedindo para raptar alguém.
- Qual é a pegadinha?
- Não faço idéia do que você está falando.
- A razão de sua existência é tornar a minha um inferno, então não venha na minha casa, dizer que o grande favor que precisa é que eu cuide de uma garotinha.
- Eu não disse 'garotinha', InuYasha. – Ele sorri e eu congelo. – Kagome é três anos mais nova que você.
- Por que quer que eu cuide dela?
- Porque ela é a ultima das obrigações que nosso pai me deu.
- O velho morreu?
- Deus, você é trágico. – Sesshoumaru gira os olhos. – Não, ele não morreu. Está apenas relutante em deixar que os filhos façam o que desejam.
- Não pense que somos iguais. Não preciso do velho para viver como quero.
- Sim, percebi como sua vida é maravilhosa... – Estreito os olhos notando o sarcasmo na voz dele. – O respeito que as pessoas a sua volta têm por você... Principalmente sua secretária.
- Se terminou de falar mal do meu modo de vida, pode pegar sua... Noiva e se mandar.
- Rin não é minha noiva. Papai se casou novamente, ela é nossa... Irmã.
- Não estou interessado na vida de vocês. – Levanto com dificuldade, tentando não mancar na frente dele enquanto caminho para a saída.
- Não é minha vida. Apenas nosso pai não percebe isso.
Paro ao perceber a voz normalmente sem emoção deixar transparecer um pouco de amargura. Viro-me em sua direção, fitando meu irmão mais velho e pela primeira vez o vejo apenas como alguém normal. Não aquele ser superior que sempre sabe o que fazer, como fazer... Ele é apenas alguém normal.
- O que aconteceu, Sesshoumaru? Perdeu um caso e ficou desiludido?
- Você sempre perde a chance de ficar de boca fechada, InuYasha.
Giro os olhos, sentando na primeira cadeira que encontro. O maldito idiota arrogante, sempre tentando me fazer sentir um lixo.
- Quem é a garota?
- Minha noiva.
Pisco. Tento falar e a voz desaparece. Pisco novamente.
Sesshoumaru olha para mim com hostilidade e quase posso ver seus pensamentos: 'Mil formas de matar alguém por fazer comentários estúpidos'. O estranho é que nesse momento eu gostaria de falar algo... Até mesmo um comentário idiota ou piada sem graça, mas nada vem a minha mente enquanto tento imaginar a razão por Sesshoumaru estar ali, tentando me convencer a cuidar de sua noiva.
- Você quer que eu a mate?
- Por que diabo você acha que eu viria até aqui pedir que você mate alguém?
- Por que quer que eu cuide de sua noiva?
- Ela não é minha noiva.
- Você acabou de dizer que é!
Mas que inferno de dia é esse? Não basta ter que agüentar a presença irritante de Sesshoumaru e agora ele está tentando fazer... Algum tipo de jogo estranho que não consigo entender.
É um pesadelo. Só pode ser um pesadelo. Não há outra explicação para que nada dê certo nessa merda de dia!
- Quando parar de resmungar palavras incoerentes, avise e continuaremos a discutir o assunto.
- Mas que merda é essa? – Estreito os olhos, dando um soco na mesa. Ignoro a expressão reprovadora no rosto de Sesshoumaru e levanto da cadeira mais uma vez. – Você quer que eu aceite cuidar dessa tal garota sem me contar os detalhes.
- Você não precisa saber de detalhes. – Sesshoumaru levanta-se, começando a sair do escritório calmamente. – Esqueceu que disse há poucos minutos que não se interessava por minha vida?
- Mudei de idéia!
- Tarde demais.
- Conte o que está acontecendo ou vou te chutar para fora.
Sesshoumaru pára na porta em silencio. Estreito os olhos quando vejo seus ombros tremerem, ele não ficou com raiva só porque eu disse que ia chutá-lo, certo? Isso é tão infantil...
- Não consigo dizer quantas vezes essa frase está errada.
Inclino a cabeça, arqueando uma sobrancelha. Foi impressão minha ou a voz dele parece estranha? Estreito os olhos quando ele se vira e posso ver a razão do tremor... O maldito está rindo! De mim!
Eu realmente quero chutá-lo agora.
- Você? Me chutar para fora? – Ele continua rindo enquanto sinto meu rosto aquecer de raiva. – Isso só pode ser uma piada.
Eu juro que não sei o que mais odeio nesse dia: Kaede tendo outro surto psicótico e testando minha paciência até o limite. – Não, isso ela faz todos os dias. – O desejo de matar a maldita velha e não concretizá-lo. Ser chutado por Izayoi. Ter que sorrir para o idiota do Sesshoumaru...
Inferno, ele ainda está rindo. E isso nem foi tão engraçado, eu posso chutá-lo... Se tiver as duas pernas em boas condições.
- O que quer que eu faça com sua... Quase noiva? - Sesshoumaru pára de rir, quase que instantaneamente ao ouvir a palavra 'noiva'. Preciso me lembrar disso no futuro, talvez ele seja algum desses caras que tem medo de compromisso ou... – Não me diga que falhou na cama e agora precisa de alguém para—
- Não termine essa frase se quiser continuar vivo.
- Explique a situação e eu paro de fazer comentários estúpidos.
- Isso é quase como dizer que pode apanhar a lua... – Ele sorri e eu o odeio ainda mais por isso. - Inu no Taisho achou que era uma boa idéia arrumar uma noiva para seu filho mais velho, isso é claro sem levar em consideração o que ele quer.
Inu no Taisho? Essa é nova, ele nunca chama o velho pelo nome.
- E qual o problema? – dou de ombros. - Você sempre ficou mais do que feliz em seguir os passos do velho.
- Essa é a diferença, InuYasha, seguir os passos de alguém é muito diferente do que aceitar cegamente o que esperam de você.
- A garota concordou?
- Não exatamente.
- Qual o problema? É só falar com ela, não é necessário pedir para alguém 'cuidar' do problema.
- Você é completamente estúpido?
- Ei!
- Esse 'cuidar' soou suspeito. Você não deve matá-la!
Qual o problema com ele? Eu não estava pensando em matar a garota... Kaede vem em primeiro lugar na minha lista de assassinatos.
- Eu realmente não—
- Eu a segui até aqui, mas não é tão fácil quanto parecia. – Sesshoumaru caminha até a janela, observando a rua. E tudo o que posso pensar é que ele admitiu que as coisas não são tão fáceis. Isso é quase tão bom quanto vê-lo falhar em algo. – Você só precisa encontrá-la e resolver esse mal entendido.
- Que mal entendido? – Será que ele pode parar de falar em código? Que cansativo...
- Nosso pai me pediu que largasse minha vida para ajudá-lo com alguns casos dele. Eu concordei, achei que queria um tempo para ficar com a esposa depois de casar.
Não acredito que ele esperou que eu ficasse em pé para resolver contar a história toda. - Suspiro, sentando novamente. - Típico do idiota egoísta, esperar que eu esteja sofrendo para me dar o que quero.
- Enquanto eu tentava tirar férias de meu emprego, recebi outra carta, dizendo que os negócios não estavam tão bem e ele precisava que eu ficasse lá por pelo menos um ano. – Sesshomaru sorriu e eu girei os olhos. Estou realmente me arrependendo por ter pedido explicação. – Um ano, isso significava largar meu emprego, minha vida, minha... Namorada.
Pisco, ajeitando-me na cadeira. Namorada? Isso acaba de ficar mais interessante. Ele tinha uma namorada... Agora está noivo e quer se livrar da garota. Acho que posso agüentar a história, contanto que ele não comece a contar um drama de amor e separação...
- Por que não levou a garota com você?
- Porque aquilo que Inu no Taisho estava propondo parecia estranho. – Ele vira para mim, parecendo um pouco surpreso. – Como sabe que não a levei junto?
- Você está com uma garota a tiracolo e atrás de sua noiva fujona... – Suspiro. – Como não existe uma terceira te batendo... É porque não está envolvida. – A cara de espanto dele me dá nos nervos. Não sou tão estúpido assim.
- Akai está esperando por mim, mas não posso voltar sem resolver isso.
- Isso é sua noiva?
- Sim.
- Que você quer que eu cace?
- Encontre, não quero que cace nada ou ninguém.
- Sabe onde ela esta?
- Aqui em Tóquio.
- Onde?
- Não faço idéia.
Posso ver pela maneira que ele responde as perguntas que está a ponto de torcer meu pescoço, mas não vai fazê-lo porque precisa de mim. É tão bom se sentir importante...
- Pare de sorrir desse modo idiota, InuYasha.
- Vamos ver se entendi direito. – Ignoro a provocação e continuo sorrindo – Você quer que eu encontre a garota, não a machuque, e gentilmente a dispense?
- Exato.
- É esse o favor?
- Sim.
- E por que você não pode fazer isso sozinho?
- Já se passou um ano, meu castigo terminou.
- Hum?
- Vou deixar Rin com nosso pai e voltar para casa.
Oh, Deus. Ele é tão egoísta.
Por um segundo penso em negar, dizer que ele cuide de sua própria vida e me deixe em paz como fez até agora, mas simplesmente não consigo. Deve ter algo a ver com aquela expressão quase feliz que vi no rosto dele ao dizer que estava voltando para casa.
Merda, acho que estou ficando mole.
Suspiro, afundando na cadeira.
- Posso fazer isso por você. – Dou de ombros, levantando novamente. Posso sentir o cheiro do jantar e isso só faz com que meu cérebro deixe de funcionar e meu estomago fale mais alto. Ao menos é o que prefiro pensar ser a razão por estar aceitando algo tão estúpido. – Mas isso cancela nossa divida... Na verdade, você fica me devendo!
- Prepare-se para o inferno.
Viro-me para ele, franzindo o cenho por não entender exatamente o que ele disse, e droga! Ele está sorrindo de novo, isso não é um bom sinal.
- O que você disse?
- Estou em divida com você... Irmãozinho, você nem imagina quanto.
Por que isso parece pior do que imaginei ter ouvido antes?
Estremeço, tentando ignorar o desejo de dizer que mudei de idéia e que não farei favor nenhum. Caminho para a sala de jantar, seguindo o cheiro da comida, tentando pensar que tudo será melhor quando estiver com o estomago cheio.
Preciso dormir.
