As personagens élficas aqui reconhecidas não me pertencem, mas sim a J.R.R Tolkien, mas a originalidade da história e algumas personagens pertencem somente a mim... e talvez à minha amiga que me ajudou, indirectamente, nos nomes das personagens.

O exerto poético embaixo representado pertence inteiramente às Poesias de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), não é, nunca foi e nunca será de minha autoria.


Todas as cartas de amor são

Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem

Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,

Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser

Ridículas.

Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amor

É que são

Ridículas

Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso

Cartas de amor

Ridículas.

A verdade é que hoje

As minhas memórias

Dessas cartas de amor

É que são

Ridículas

(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente

Ridículas.)

Poesia de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)


Carta de Aegnor a Andreth

Escrevo-te

Escrevo-te... inútil seria escrever-te para dizer o quanto eu amo-te, mas escrevo-te. Escrevo-te a ti, minha luz, porque não quero ver o brilho dos teus olhos quando partir, partir para a guerra, para o meu fim.

Será que tenho direito a cavalgar para o meu fim! Será que não tenho direito a viver!

Porquê não me amas!

Essa pergunta me assombra incisivamente na minha mente, que me atormenta e me tortura. Meu coração dói. Dói sempre que bate e sofre por ti.

Não tenho direito a amar! O meu amor não é suficiente!

O meu amor por ti é tão grande que iluminaria toda a Arda, capaz de acabar com todo o Mal, que eu O acabaria por ti... mas a minha dor não O venceria. Choro por ti, choro por mim. Amo-te. Será o meu amor insuficiente? Quereis um Silmaril? Eu buscar-te-ei o mais belo. Quereis uma lágrima da lua? Eu dar-te-ei as minhas... mas vou partir.

Porquê?

Escrevo-te... partirei antes que a luz nos abençoe. Vou embora, antes que derrame mais lágrimas.

Cavalgarei para o meu fim, para ficar longe de ti, para fugir da minha dor, não quero ver-te, não quero ver-te quando partir, não quero que os teus olhos me vejam quando partir... eu amo-te. O meu coração não se acalma perto de ti, dói como se garras o trespassa-se... Porquê? Amo-te...

Vou partir. Morrerei longe de casa, longe da minha família, mas morrerei longe de ti, para não me esquecer de ti, e como dói. Quero estar contigo, viver contigo, amar-te... mas vou partir, partir para meu fim.

Escrevo-te... inútil, mas escrevo-te.

Escrevo-te para que saibas que vou amar-te até o meu fim.

Escrevo-te porque amo-te.

Amo-te

Adeus!

Aegnor.