Todas as Verdades
Krum e Hermione sorriam. Realmente pareciam um casal muito feliz. É estranho como as pessoas cismam em enxergar romance quando um rapaz e uma garota conversam animados em uma casa de chá, quando bebem café, quando riem, quando se abraçam; mesmo quando não se beijam...
"- Você sempre foi minha de amiga verdade, nunca mentiu. Poderia ter se aproveitado e feito o que muitas fariam, ter dito que também me amava, me enganado... Como eu sei que as suas colegas teriam feito, naquele ano..."– disse ele sério.
Hermione lembrava do seu quarto ano, o ano em que ocorreu o Torneio Tri-bruxo, o ano que conheceu o melhor jogador de quadribol do mundo: Vitor Krum. (Nossa, parecia uma epidemia em Hogwarts! A maioria da população feminina estava doente, só pode ter sido isso! Aquelas maníacas! Estavam dispostas a qualquer coisa por um simples olhar seu, Vítor! E, dentre todas elas, que estavam se jogando aos seus pés, você me escolheu! Escondida atrás dos livros da biblioteca, tão estudiosa, mas tão insegura... Ah, Vítor, tão doce, tão cavalheiro, tão maravilhoso, você tinha tanta certeza do que dizer... O que elas teriam feito por um beijo seu? O meu primeiro beijo, com o príncipe encantado, um conto de fadas, que eu não queria ter vivido! Não, com você...)
"- Eu nunca faria isso Vítor, eu não sou assim!" – disse ela corando.
Quando o torneio terminou, eu sabia que não te amava, Vítor. Não da maneira que você merecia. E, naquele dia, quando todos se despediam e os demais alunos de Durmstrang iam para a embarcação, eu não menti: "Você é maravilhoso! É o sonho de qualquer mulher! Mas, Vítor, eu só posso te prometer minha amizade, nada mais! Você não pode imaginar o quanto eu sinto por dizer isso.."
Krum não fez perguntas, mas ela pode perceber que, de alguma forma, ele sabia porque. E começaram a se corresponder...
- Eu sei. Eu, realmente, me apaixonei por você... – ele deu um fraco sorriso, meio constrangido. (Por favor, que ele não tenha uma recaída! Por favor... Por favor...)
"- Eu sempre fui honesta. As vezes, eu me perguntava, sabe, se não teria sido mais fácil... Eu acho que teria sido muito pior, tentar enganar a nós dois! Não seria certo!"– disse, sem encará-lo. (Céus, milhares de vezes eu pensei em como a vida seria tão mais simples, e menos dolorosa, se eu tivesse dito "Eu também te amo"... Se eu não tivesse sido tão correta... Não! Hermione, o que você está pensando! Você tinha razão, não teria dado certo...)
"- Eu te amei tanto, tive tantas esperanças, que um dia você me amasse. Você, alguém que me via de forma diferente, como uma pessoa real, não um símbolo, ou uma foto que se mexia nos jornais e revistas. Também não vou mentir, no início, eu esperava conquistá-la com as minhas cartas. Mas não era para ser eu, você nunca faltou com a verdade. Fomos confidentes, amigos, mas nunca namorados..." – disse ele nostálgico
"- Você se arrepende? Digo, dessa história de casamento.." – ela tinha essa dúvida, desde que o tema havia aparecido pela primeira vez nas cartas. (Não se arrependa, não se arrependa... Não, agora!)
"- Não! Claro que não! Eu realmente a amo. Não posso imaginar minha vida sem Tanya... Desculpe, não quero ser indelicado..." – disse ele meio envergonhado. Não era fácil confidenciar, principalmente para alguém que se tinha amado tanto, que se estava verdadeiramente apaixonado por outra pessoa.
"- Céus, Vítor! Fico feliz de ouvir que você ama sua noiva! Juro que não tenho ciúmes. Somos amigos! Certo?" – disse divertida(Obrigada, Senhor! Que alívio! Bendita Tanya! Isso! Vitor seja feliz com alguém que te ame. Obrigado! Obrigado!)
"-Por isso, seremos amigos pra sempre. Tanya também vai gostar de você, eu sei que vai. Espero que sejam grandes amigas..."
"- Estou louca para conhecê-la Vítor." – sorriu. (Tanya, eu te adoro!)
"- E você? "– disse ele sério e curioso, ao mesmo tempo.
"- Eu?" – perguntou ela visivelmente surpresa (Ele não vai me perguntar isso...)
"- Ah, Hermione, eu sei porque você nunca quis nada comigo... Porque vocês não estão juntos?"
(Como ele sabe?) Hermione deixou seus pensamentos vagarem. (Quando EU soube? Acho que foi antes do Baile de Inverno... Por que aquele idiota não me convidou? Por que eu fiquei tão indignada por não ter sido convidada por ELE? Afinal Harry também é meu amigo e, sinceramente, eu sequer tinha imaginado um convite do Harry...)
"- Eu não quero perder a amizade dele..."
Homens! Quem consegue entender o que se passa na sua maldita cabeça? Sua fixação pelas veelas... MALDITA FLEUR! Aquela história de irem ao Baile de Inverno com garotas bonitas... O que eu era! Feia! Que desaforo! Bom, garanto que, depois do Baile, esse conceito deve ter mudado... "Hermione, Neville tem razão, você é uma garota..." Até o Neville já tinha percebido! Nada contra o Neville... Francamente! Sequer ser contabilizada como menina... Que ódio! O último recurso! Uma medida desesperada!
"- Hermione, é impossível você achar que ele não te ama... Todo aquele ódio, durante o Baile de Inverno, não era por causa da competição, era por você! E eu achando que meu rival era Harry Potter... Se ELE já tivesse percebido que te amava, com certeza, teria me lançado um Cruciatus!" – Krum gargalhou com vontade. Era curioso vê-lo rindo dessa maneira. Ele sempre era tão sério.
Raios! Não, não pode ser verdade... Raios? Por que eu pensei: Raios? Que vocabulário!
Ah, meu coração... Meu Amor... Mesmo assim, até hoje, não entendo aquela maldita e estúpida briga depois do Baile. ELE é tão idiota, às vezes! Imbecil! Se tinha sido tão difícil de perceber que eu era uma menina... Porque ele sentiria ciúmes? Porque aquele drama todo? Não, o Vítor está vendo coisas que não existem!
"- Nada é tão fácil..." – disse ela meio triste
Nunca mais tinham falado sobre aquela briga. Sua amizade tinha estas coisas, não era baseada em palavras ou explicações, mas em algo misterioso e imcompreensível. Numa necessidade absurda de protegerem um ao outro, de estarem próximos, de ser a família que Harry não tinha podido ter. Nem sempre concordavam, inclusive, discordavam ostensivamente em muitas coisas, mas nunca tinham conseguido ficar brigados por muito tempo.
"- Hermione, você pensa demais..." – Vitor Krum disse conclusivamente.
