Não era possível! Estava bom de mais pra ser verdade! Havia passado tanto tempo fora do mundo bruxo! E agora ele estava "batendo em sua porta" novamente! Porque não poderia continuar como antes? Porque Merlin não podia esquecê-la e deixá-la viver somente com seu Deus? Mas ela não poderia dizer a sua supervisora que simplesmente não queria limpar a suíte do Sr. Harry Potter porque não gostaria de lembrar seu passado, pois ela responderia que Gina estava simplesmente despedida. E Gina ficaria simplesmente desesperada.

Gina passou pelo Salão para pegar o elevador de Serviço quando viu que Marcela Wellenkamp chegava. Correu para arrumar o seu quarto. Chegou ao 22º andar ofegante. Abriu a porta da Suíte Park e arrumou o mais rápido que pôde, a cama. Ao fim, colocou uma flor de alfazema no meio dos dois travesseiros. Ouviu a porta se abrir e uma mulher que parecia ter uns trinta anos, com o olhar bem "avoado" e cabelos loiros entrar com várias malas. Gina logo se lembrou de Luna. Sua amiga de todas as horas. Sacudiu a cabeça para tirar esses pensamentos da mente.

-Bom dia Maria. Você pode arrumar minhas malas?-e antes que pudesse responder, ela continuou.- obrigado.- ela pegou o celular e ligou para alguém.

Gina pensou em dizer que seu nome não era Maria. Mas uma das primeiras coisas que aprendera quando entrara no ramo de camareira, é nunca ser deseducada ao ponto de desmentir o hóspede. A ruiva pegou seu carrinho de limpeza junto com a mala da hóspede e foi para o closet. Abriu a mala com cuidado. Seus olhos chegar doeram quando abriu a mala. Era tudo muito branquinho e com muito brilho.A medida que foi tirando as roupas e arrumando, viu, que nas malas, elas estavam em ordem de cor, e tentou fazer o mesmo no closet. Ao fim, fechou a mala com o mesmo cuidado e á colocou no lugar apropriado. Viu que tinha algumas roupas alugadas. Em seu trabalho, também era seu dever devolver as roupas alugadas das hóspedes. Gina soltou o ar pela boca e fez que não com a cabeça. Será que não tem pernas e braços para devolverem sozinhos? A primeira roupa "embalada" que tinha, estava com o zíper da "embalagem" meio aberto e viu uma roupa estilo de detetive, bege.

-Não, não, não, não, não! Esta não! Pode deixar aí! Quer dizer... pode deixar todas aí!

Gina deu de ombros e começou a arrumar os sapatos, também em ordem de cor.

-Eu vou mandar algumas cartas do meu ex para ele! Vou dizer que foi engano! Você vai ver ele vai ficar morto de ciúmes!- Gina ouviu a mulher dizer. Sentiu que ela á olhava.- Ok! Tchau!.- Viu Marcela fechar o celular e se levantar. Andou até o closet pegou algumas roupas e parou de frente para Gina.- Qual?

-Não sei... talvez esta...- Gina apontou para uma roupa azul celeste.

-Não, não... só consigo escolher com as meias... pode comprar pra mim? Por favor?

-Mas tem pessoas que fazem isto no hotel... eu sou apenas...

-Mas eles com certeza não vão saber a diferença de bege e de marrom clarinho. Você vai conseguir diferenciar! Por favor!

Gina estava confusa. Algo lhe dizia para não ir. Mas resolveu:

-Ok.

Harry estava dentro de sua limusine juntamente com seu assessor e seu cachorro.

-Vamos Joe... você sabe que eu posso muito bem mudar de identidade! É só uma magiquinha de nada!

-A é? E o que você vai dizer ao recepcionista quando mostrar sua identidade? Que mudou de rosto para não ser atacado por repórteres? E então ele vai te perguntar- Joe fez um voz fina- "Como o Sr. fez isso Sr. Potter?"- ele tentou imitar a voz de Harry- "Eu só fiz uma magiquinha de nada".-então ele usou sua própia voz.- Então ele vai começar a rir de sua cara, todos vão olhar e...

-E porque eu não posso aparatar?

-Simplesmente porque há vários trouxas... NAQUELE HOTEL DE TROUXAS!

-E porque não posso ficar em um hotel bruxo?

-Porque sua campanha é para os trouxas.

-E porque não pode ser para os bruxos?

-Ah! Já conversamos sobre isso milhões de vezes! E soubesse que teria que repetir mais uma vez teria gravado a explicação em um gravador.

-Tá bem, tá bem... já entendi, ok?

Joe ajeitou o paletó e voltou a olhar para frente. Harry olhou para o relógio.

-Já devemos estar chegando.

-Na verdade Sr. Potter. Nós já chegamos.- disse o motorista.

Harry pareceu meio desconcertado.

-Ok. Obrigada Mike.

-Nada Senhor.

Harry segurou a guia de canino e soltou do carro, sendo seguido pelo cachorro e por Joe. Harry teve que piscar algumas vez para poder se acostumar com a claridade. Eram muitas fotos sendo batidas e repórteres de mais perguntando e falando para algumas câmeras.

-Sr. Potter qual vai ser a sua estratégia de...

-Sr. Potter o Sr. ficará hospedado aqui quanto tempo?

-Sr. Potter é verdade que o seu pai deixou tudo planejado para o Sr.?

-Aqui estamos com nosso candidato favorito...

Eram muitas perguntas para uma só pessoa. E o pior, não podia ficar sério e sair. Tinha que sorrir e responder.

-Bem...

Por sorte, Joe estava sem paciência.

-Agora ele não responderá a nada. A viagem foi muito cansativa. Poderão fazer as entrevistas em outra hora.- e empurrou Harry levemente para dentro do Hotel.

-Obrigado por essa.

-É só fazer o que eu digo que vai ficar tudo bem.

Harry riu.

-Falando assim você parece um assaltan...- Ele não conseguiu terminar a frase. Viu cabelos flamejantes passarem por si. Quando olhou teve a impressão de ver Gina. Seu coração bateu mais rápido, suas mãos começaram a suar, ele só conseguia passar as mãos pelos cabelos em gesto de nervosismo.

-O que houve Harry?

O homem se virou.

-Eu achei ter visto...- se virou mais não havia mais mulher nenhuma ali. Olhou á porta, parecia estar intacta. "Foi um delírio de sua mente, Gina está morta e ninguém poderá mudar isto."- Nada... Esquece.

Joe deu de ombros.

-Meu Deus! Ele já chegou!

-Ele quem Gina?-perguntou o guarda.

Gina havia se escondido atrás dele. Não podia ser vista por Harry.

-O Harry!- percebeu que ele á olhou estranho.

-Você o conhece?

-Não! Eu... eu quis dizer o Sr. Potter! É que eu tenho que arrumar a suíte dele!

-Ah...

-Obrigado Carlos. Agora tenho que ir comprar as tais meias.- Disse abrindo a mão para o homem e mostrando o dinheiro que Marcela havia lhe dado para a meia.

Gina abriu a porta do Hotel. Andou pouco e chegou á loja. Era uma loja muito chique. Para quem realmente tinha dinheiro. Ela sentiu o cheiro das coisas que suas amigas (e ela própia, ás vezes), desejavam ter. Era tudo arrumado por cor tipo e tamanho. Gina se dirigiu ao balcão.

-Poderia por favor...?

-Espere.- a atendente estava no telefone.

Gina olhou para si e viu que tinha colocado apenas um sobretudo cor de papelão e amarrado, deixando algumas partes de sua veste de camareira á mostra.

-Não... não acredito! Ela realmente fez isso?- falava a atendente ao telefone.

Gina impaciente entrou pelo balcão e abriu a porta dos funcionários, quando a atendente á bloqueou.- O que quer?

-Quero falar com Helen.

-Ela não está. Agora saia. Vamos, saia!- disse movendo a mão com nervosismo.

Assim que Gina chegou ao balcão um senhora com aparência nobre também veio. Outra e outra.

-Conte logo que eu tenho clientes!

Gina se irritou. Quer dizer que só por ela ser pobre aquela atendente filha de uma mãe não iria atendê-la, certo?

A atendente agora enrolava o dedo no fio do telefone.

-Mas ela disse isso mesmo?

-Que falta de respeito!-ouviu a senhora atrás de si, dizer.

"Ah não! Eu tenho mais o que fazer!". Gina atravessou o balcão e tirou o telefone da mão da atendente e o colocou no gancho.

-Que ousadia!-disse a atendente.

-Que ousadia? Que ousadia!- essa fora a gota d'água.- Eu estou aqui esperando para ser atendida e só por que sou de uma classe mais baixa do que o resto das mulheres que freqüentam este lugar, eu vou ser desprezada? Vamos ver se eu chamar a sua gerente se ela vai me desprezar também. Estou certa ou estou certa?-perguntou Gina ás senhoras que ainda se mantinham atrás do balcão.

-Está certa.-responderam quase em uníssono.

A atendente pareceu momentaneamente enraivada, logo após mudando sua expressão para uma amigável.

-O que a Senhora...?

-Senhorita.

-O que a senhorita vai querer?

-Uma meia bege, por favor.

A atendente se virou mexeu em uma estante e trouxe a meia, que Gina pagou rapidamente.

-Doeu você ter parado de falar com sua amiguinha para poder garantir seu emprego?

E antes que pudesse receber resposta, saiu apressada da loja. Olhou o relógio.

-15:30! Ai meu Merlin! O discurso do Ty!

Gina correu até a porta do hotel, aonde viu sua mãe conversando com o recepcionista.

-Vítor, pode pedir para levarem esta meia para suíte Park, por favor?

-Claro Gina!

-E dizer a Cath pra arrumar a suíte do Sr. Potter pra mim?

-Tudo bem Gina.-disse ele, amigável.

-Brigado!-

-Ele está aqui?-perguntou a mãe, se referindo a Harry.

-Sim.-antes que ela pudesse continuar, Gina falou:- Vamos! Se não acabaremos chegando atrasadas!- Gina caminhava rápido em direção ao metrô com sua mãe ao seu encalço. Seu celular tocou. Virou a bolsa e esbarrou com um rapaz, fazendo com que a mesma, caísse.

-Desculpe.-respondeu o homem.

Gina e Molly recolheram rapidamente uns papéis. Molly se intrigou com um e guardou para quando a filha acabasse o telefonema.

-Alô? -...- Ah não Theo!Ele precisa de você! -...- Como assim você está em Nova York? -...- Se vira Theo! Você prometeu ao menino! -...- O que? Delirou?Você tá é querendo tapear o garoto!-...- Theo! Imagina eu dizer a ela que o pai dele disse que resolve isso no natal, viajando com ele?-...- O Ty é esperto! Ele sabe que você também não vai no natal!-...- Tenho que desligar Theo. Tchau.- elas entraram no metrô.

Assim que elas se apoiaram (não havia cadeiras vazias), Molly disse:

-O que vem a ser isso Gina?

Gina olhou para o que a mãe segurava. Era o papel para inscrição para a gerência.

-Foi a Cath que pegou mãe...

Sabia o que a mãe achava sobre ela ser gerente. Depois de algumas paradas, do metrô, elas desceram. Gina correu até a escola. Assim que entrou foi para aonde havia as apresentações. Era uma grande espaço com cadeiras e um palco lá na frente. Gina e Molly se sentaram um pouco atrás. Gina acenou para o filho que se levantava para começar o seu discurso.

O menino apareceu e todos aplaudiram. Ele subiu em uma pequena elevação, que tinha ali e foi tentar ajeitar o microfone para que ficasse á sua altura e ele caiu. Ouviu risinhos vindos da platéia. A professora veio e ajeitou o microfone enquanto Theo se levantava. Então, ele começou a falar, meio inseguro.

-Albert Einstein nasceu em 1879... quero dizer... 1817...não, não, não, não... foi em...-Ty ouviu os risos e viu mãos serem apontadas para ele. Se sentiu nervoso. Seu coração pulava descompassado. Nunca havia pago tanto mico em sua vida.- Ele inventou a...-se esqueceu. Não agüentava mais. Desceu da elevação e se escondeu atrás do palco, ainda assim, ouvia risos. Havia escondido seu Discman ali, então o pegou e começou a ouvi-lo.

-Filho?

Ouviu sua mãe chamá-lo.