Capítulo 3 – Conflitos
§ Sakura §
"Eu corria. Corria como se minha vida dependesse disso. Ao meu redor havia somente escuridão e, mesmo assim, freqüentemente olhava para trás, para ter certeza de que o motivo de meu medo não se encontrava perto de mim. Algo me perseguia, e seja lá o que fosse, me dava muito medo. Sentia um grande desespero se apossar de mim. Eu fugia... Mas do quê?
Vendo que não havia nada nem ninguém por perto, parei. Mal conseguia respirar. Sentei no chão para tranqüilizar minha pulsação. Ainda na escuridão. Por que meu coração dispara? Parece que quer me avisar de algo muito importante. Esquece, não vou pensar idiotices, preciso descansar.
Dei um longo suspiro, havia escapado. Agora é só... Espera, o que é isso? O medo ressurge em mim! O que é esse frio que sinto no corpo?
Sinto uma mão me pegar o ombro. Não! Eu fui pega. Fui pega e só sei que não há escapatória. Mas ainda não entendo. Do que fujo afinal?
Não tenho tempo para pensar nisso. Deve haver algum modo de me safar dessa. Tem que haver. Cada vez meu medo aumenta mais e tenho a impressão de que meu coração bate cada vez mais devagar. Será... Será que eu estou morrendo?
Oh, não! Não sinto minhas pernas. Isso não pode estar acontecendo. Eu não estou sozinha neste mundo. Alguém virá me salvar. Não é assim nas grandes histórias, o bem vencendo o mal? Mas quem me persegue, é maléfico? Ora, mas é claro! Por que teria tanto medo assim? Só pode ser.
Sinto a incapacidade aumentando em meu corpo... Não sinto nada da barriga para baixo. Mas, eu não quero morrer! Não quero!
Por favor, me ajudem! Papai! Tomoyo! Touya! Alguém, por favor! Qualquer um! Sei que estão sempre comigo! Nunca me abandonariam assim. Venham me ajudar!!!
Aguardo por meus entes queridos. Mas ninguém aparece. Ninguém vem me socorrer. Ninguém. Porque nenhum de vocês vem me ajudar? Eu estou sendo sugada por esta escuridão. Por que me abandonam?
As lágrimas transbordam em meu rosto. Baixo meu rosto e não resisto mais, que a escuridão de aposse de mim. Não há nada para ser feito...
Espere um pouco. Sinto uma presença. Apareceu alguém! Ainda há esperança! Não me abandonaram completamente neste sórdido lugar. Uma mão me é estendida. Direciona a minha até ela, mas... Não alcanço... Por favor, chegue mais perto! Por que não se move? Eu imploro. Estico meu braço o máximo possível. Está perto. Rápido, estou quase me afogando nesta negritude. Só mais um pouco. Mais um pouco. Sinto que meus braços começam a perder a força do movimento.
Mas, não posso desistir agora! Possível ou não, estico um pouco mais o braço. Isso! Sinto a mão quente segurando a minha fria. A escuridão some. Em seu lugar uma luz ofuscante. Mas... Por que o medo persiste em mim? Estou livre da maldade, não? Essa luz é cálida demais, só pode ser benigna. Mas o medo continua e sinto que ainda preciso fugir. Porém, desejo saber ao menos quem é meu salvador.
Não enxergo com a forte luz contra meus olhos. Vagarosamente, pouco a pouco, o brilho vai diminuindo. Já posso ver o formato do corpo. Um homem? Papai... É você? Toya?
Coloco a mão em frente a meus olhos para protegê-los. Vejo um rosto. Meu salvador...
Não! Não posso acreditar! Jamais! Meu salvador é...
Shoran Li?"
Acordei assustada, quase caindo da cama, e transpirando como uma asmática. Que sonho estranho, este que tive. E ainda com o estrangeiro. Acho que esse homem está me subindo a cabeça. Devo tomar cuidado com este homem. Um intrometido, isso é o que é!
Além de vir para desonrar nosso povo, que provavelmente será intitulado como incompetente pelas outras nações, já que nem treinar seus próprios homens não foi capaz, ainda atrapalha toda a minha vida. Até em sonhos o maldito me persegue. Desse jeito não tenho paz!
Se bem que devo admitir. O rapaz é maravilhoso. Aqueles seus olhos... São tão misteriosos. Me fazem querer descobrir mais sobre ele. E seu físico então! Tem o corpo tão bem formado. Deve ter treinado muito para obter aqueles músculos.
Mas o que é isso? Desde quando eu virei uma assanhada? Estou ouvindo demais as conversas das criadas. Elas e suas besteiras. Não acredito que pensei uma coisa dessas! Logo eu! Esse estrangeiro só causa problemas!
Fui até o banheiro e, calmamente, lavei meu rosto. Olhei meu semblante no espelho. Ainda estava vermelha do susto que tive em meu sonho. Eu sentia que alguma coisa estava para acontecer. Alguma coisa ruim, mas, ao mesmo tempo, boa. E acho que este sonho quer me indicar alguma coisa. E do que eu fujo? Céus, desse jeito vou ficar sobrecarregada. Não é muito bom ficar matutando um mesmo assunto tanto tempo, senão fico estressada.
Mas o que Shoran estava fazendo lá? Ei, espere um momento? Shoran? Desde quando eu passei a chamar ele pelo primeiro nome? Maldito estrangeiro!
Acho melhor esquecer isso.
Afinal foi só um sonho...
Sim, era isso que dizia para mim mesma. Mas sabia muito bem que não era só um sonho. Mas preferia me enganar e fingir que tudo estava como sempre. Que minha vida continuava do mesmo jeito que era antes e assim continuaria sendo.
Precisava me acalmar. E o que melhor do que uma cavalgada pelos campos da colina para isso? Alegrei-me com esta idéia. Realmente adorava cavalgar. Se tem um sentimento que ficará marcado em mim para sempre, esse sentimento é o de sentir o vento enquanto cavalgo.
Desci a escada e fui até a cozinha. Mieko e Tsukina estavam conversando lá. Não sei o que houve, mas Tsukina me pareceu muito abalada. Que será que houve? Perguntaria depois à Mieko. Hum, pelo cheiro, o pão já está pronto. Sentei-me na mesa e vi Tsukina se retirar, ficando somente nós duas na cozinha.
- Bom dia, Mieko! – disse com um sorriso aberto no rosto. – O café da manhã já está pronto?
- Bom dia, Sakura. Sim, aguarde um momento que irei servir a comida. Está de bom humor hoje. Suponho que vá cavalgar, não? Só pode ser esse o motivo de sua alegria.
- Sou assim tão previsível? Sim, eu vou. Preciso me acalmar, e, além disso, pretendo ficar fora o dia todo. Quem sabe assim não trombe com o chinês. – falei fazendo a pior cara possível ao dizer "o chinês".
Vi a mulher cair no riso enquanto colocava na mesa a bandeja de pão e manteiga e o jarro de cerâmica com leite.
- O que foi? – perguntei com a cara emburrada. Detesto quando riem de mim.
- Nada, Srta. Você realmente não foi com a cara dele, não?
- E por que haveria de ir? – perguntei enquanto levava o copo já cheio até minha boca.
- Horas, nem ao menos o conhece. Dê uma chance ao rapaz. Talvez ele não seja tão ruim quanto pensa. Sem falar que ele é muito bonito, não acha?
Cuspi todo o leite que tinha na boca. Não acredito. Mieko disse isso? Definitivamente não acredito.
- Como pode dizer uma coisa dessas? Já é uma mulher casada e já passa da idade de falar dos rapazes que passam. Não é mais uma adolescente, tem quase cinqüenta anos, Mieko!
- Só estava comentando, Srta.
Ela tentava falar de modo sério, mas vi claramente ela segurando o riso. Isso me deixou mais nervosa ainda. Tentei me acalmar. Respirei fundo duas vezes e contei até dez.
-Mieko, me diga uma coisa. O que houve com Tsukina?
Mieko fez uma careta.
- Ora, conheces a garota. Joga-se para cima de todos os rapazes bonitos que encontra. E agora seu novo alvo é o Sr. Li. – a senhora tirou a expressão séria do rosto. – Também com aquela belezura de homem por perto, até eu! Hohoho!!!
- Mieko! – repreendi a mulher. Nunca a vi assim. Bah, não sei por quê! Ele nem é tão bonito assim... Mas algo dentro de mim me dizia toda hora: "Sim ele é! E você sabe muito bem disso".
Mieko logo se recompôs e voltou a seu sério semblante.
- Mas, a meretriz da Tsukina já andou botando suas garrinhas de fora. Ah, já!
Espera um pouco! Como assim? Quer dizer que ela já andou se jogando para o Li? Ora é uma vadia, mesmo! Bom, ele também não fica para trás, afinal é homem. E Tsukina, embora eu não goste nem um pouco de admitir é uma mulher muito bonita. Com certeza aceitou contente as investidas dela. Provavelmente fizeram até mais que isso.
Será que eles fizeram...? Senti meu coração exaltar. Inexplicavelmente um medo se apoderou de mim. A raiva me consumia. Aquele homem era um safado! Sem honra alguma! Com certeza ele e Tsukina passaram a noite juntos. Isso que este é seu primeiro dia aqui! Estava realmente nervosa.
- Já vou, perdi a fome.
Levantei-me e me dirigi até a porta.
- Srta. Sakura! Está com ciúmes?! – Mieko me perguntou surpresa.
Mas de onde essa mulher tirou isso? Eu com ciúme de um estrangeiro? Estava a ponto de explodir. Era melhor sair logo dali, antes que matasse Mieko.
Saí com a cara emburrada e batendo a porta. Mesmo fora da casa, pude ouvir sua gargalhada. Se antes eu estava nervosa, agora estava bufando. Entrei no estábulo batendo o pé com força contra o chão, fazendo barulho e resmungando. De tão nervosa, nem percebi a presença de uma outra pessoa no local, me observando com curiosidade.
Não prestava atenção a nada à minha volta e nem mesmo vi o arado que se encontrava no chão. Foi inevitável. Pisei no cabo de madeira do instrumento agrário, fazendo com que ele rolasse. Conseqüentemente, eu fui junto com ele, caindo de bumbum no chão, numa posição completamente ridícula. O barulho de minha queda, de tão alto que foi, chegou até a assustar os cavalos.
- AIIII!!! Meu bumbum!
Uma risada masculina pôde ser ouvida no cômodo. Finalmente notei a presença do homem no local. Não, não pode ser verdade! Por que eu? E, para variar, era o estrangeiro. Já ia xingar o ser na minha frente de mil coisas em minha mente, quando lembrei das palavras de Mieko. Resolvi dar uma chance a ele.
- O que uma garotinha como você está fazendo aqui? Aqui não tem nenhum brinquedo, não. Deveria saber disso mais do que eu. Afinal mora aqui. – Disse com um ar de superior e totalmente irônico.
O sangue me subiu a cabeça. Garotinha? Ele me chamou de garotinha? Quem ele pensa que é? Se ele pensava que eu iria baixar a cabeça e ouvir seus insultos de boa vontade, ele estava completamente enganado. Uma chance... Como se houvesse como lhe dar uma. Todos os xingamentos que hora antes havia repreendido fluíam livremente pela minha mente. Como esse homem era arrogante! Lancei-lhe um olhar mortal.
- Quem o senhor pensa que é? Está de visita nesta casa e não tem nenhum direito de falar assim comigo. Sei muito bem que aqui não tem brinquedo algum. E já tenho 23 anos, não sou garotinha coisa nenhuma! Sou pouco mais nova que você apenas.
Vi que, a princípio, ele ficou surpreso com minha reação. Isso me deixou satisfeita. Isso mesmo, maldito, um a um! Mas notei logo em seu olhar, um brilho de divertimento.
- É que fica meio difícil distinguir você de uma garotinha, quando você entra bufando, batendo o pé com força e resmungando. – Fiquei vermelha de vergonha, e raiva principalmente.
Já não lhe dava mais atenção. Era melhor que eu podia fazer. Não seria boa idéia decepcionar meu pai. Simplesmente dei-lhe as costas e caminhei até meu cavalo, Fuu. Comecei a desamarrar a corda que o prendia a uma tora de madeira no estábulo.
- O que pretende fazer, garota? É perigoso para uma mulher andar a cavalo. Pode cair e sujar o quimono.
Senti o sarcasmo em sua voz. Ignorei. Sem nem ao menos pôr sela no cavalo, me preparei para montá-lo.
- É uma incompetente, mesmo. Não sabe nem selar o cavalo?
Subi no cavalo sem sela, normalmente, como se nada tivesse acontecido. Sempre achei uma besteira usar selas, elas eram inúteis. Olhei para ele e, com um olhar desafiador, disse:
- Para que sela?
Bati o calcanhar na barriga de Fuu, e o aticei a correr mais. Saímos a toda velocidade pela grama. Pulamos uma cerca um tanto alta, a única coisa que separava as terras de meu pai dos lindos campos da colina.
A última coisa que vi antes de me distanciar da casa, foi a cara surpresa que fez Shoran Li. Sorri vitoriosa.
§ Shoran §
Abri meus olhos lentamente. Finalmente havia tido uma boa noite de sono! Espreguicei-me, e relaxei sobre o colchão macio. Apesar de ter dormido mais de oito horas nesta noite, continuava exausto. Olhei para fora. O sol já estava alto, deveriam ser quase oito horas. Era melhor descer logo, pois Fujitaka me disse que queria falar comigo hoje pela manhã.
Totalmente contra minha vontade, retirei uma a uma as cobertas e lençóis que me cobriam, e vagarosamente me levantei. Fui até o banheiro que havia em meu quarto e tomei um, infelizmente, rápido banho. Enxuguei-me calmamente e coloquei uma roupa qualquer que havia trazido. Nem me dei o trabalho de pentear o cabelo. Ainda suspirando, saí de meu quarto e me dirigi até a escada. Fui barrado pelo próprio comandante.
- Li! Venha comigo, rapaz. Acho que precisamos conversar, não? – apesar das palavras sérias ele me falava com um sorriso no rosto.
- Claro, senhor. – Falei assentindo com a cabeça.
Vi o homem a minha frente cair no riso. Mas o que está acontecendo aqui? Fiquei totalmente confuso.
- Senhor? Está tudo bem? – Perguntei estranhando seu comportamento.
- Sim, sim. Está tudo bem sim, meu rapaz. Não se preocupe. É só que soa meio estranho ouvir você me chamando de senhor. Por favor, nada de formalidades fora do campo de batalha. Como se sentiria se sempre te chamasse de soldado? Me chame de Fujitaka.
Admiti que ele tinha razão. Não me sentiria bem se me chamasse sempre de 'soldado'. Encurvei um pouco minha boca formando um meio sorriso. Esse Fujitaka parecia ser um homem sensacional.
- Está bem, Fujitaka.
- Agora venha comigo.
Vi ele tomar o passo, se encaminhando até uma porta no fim do corredor. Segui-o. Entramos no local. Pude identificar como sendo uma grande biblioteca. O lugar deveria ter umas vinte prateleiras de livros, mais algumas mesas no centro do cômodo.
- Sente-se. – ele falou apontando para uma das cadeiras que lá havia.
Sentei-me tendo, logo em seguida, meu movimento imitado por Fujitaka. Sua expressão ficou séria de repente.
- Li, devo esclarecer a situação. Nós estamos com grandes problemas. Por enquanto, ainda há soldados na proteção do Imperador. Mas estes, eu posso prever, serão dizimados logo pelos Ki Katsu.
- Ki Katsu? – O que era isso, que tanto lhes preocupavam, afinal?
- É um grupo de revoltos. Os chefes desse grupo eram de um vilarejo aqui do Japão. E suas condições estavam péssimas. Qualquer que quisesse podia entrar lá. Principalmente estrangeiros ocidentais. Estes fizeram do lugar um inferno... Matavam os moradores somente por diversão, pois diziam que uma raça inferior como aquela deveria sucumbir perante eles, molestavam e violavam as mulheres, muitas vezes até matá-las, destruíam a cidade...
Ele parou por um segundo. Parecia um tanto afetado.
- Então eles pediram ajuda ao Imperador, imploraram. Mas não foram socorridos. Na verdade, o Imperador nem ficou sabendo desses acontecimentos, pois seus conselheiros, com medo de que despertassem a fúria dos estrangeiros com seu grandioso poder de fogo, ocultaram todos esses acontecimentos do soberano. Claro que os integrantes do Ki Katsu, não sabem disso, e assim juraram vingança contra o Imperador, por não socorrê-los quando precisaram. Agora eles tentam de todos os modos matá-lo. Até denominaram-se "espírito vitorioso", que é a tradução de seu nome, porque sobreviveram à todas as investidas dos estrangeiros. Agora nosso dever é defender o Imperador, matando-os ou fazendo com que entendam o que realmente aconteceu. É muito difícil esta segunda opção acontecer, então...
- Sim, compreendo.
- Os soldados que entrarão em treinamento com você, chegarão assim que serem convocados e obtiverem um grande número. Provavelmente em uma ou duas semanas. Meu filho e seu amigo lhe ajudarão. Se tiver mais alguém em mente que possa nos ajudar a treinar os japoneses, acho que seria de grande ajuda.
Pensei em um grande amigo meu, que era muito bom em guerrear também. Não tanto como eu é claro, mas muito bom. Talvez pedisse sua ajuda futuramente. Mas primeiro, quero ver quantos são e como lutam os homens que estão por vir. E eu já teria uma ajuda também, talvez não precisasse de mais.
- Li, logo que os homens estiverem treinados, partiremos para Kyoto, onde está o Imperador.
- Sim.
Fujitaka suspirou pesadamente e voltou a seu calmo semblante de sempre.
- Isso é tudo por enquanto. Pode ir, garoto.
Retirei-me da sala deixando o homem sozinho no recinto. Desci as escadas e fui até a cozinha tomar meu desjejum. Sentei-me à mesa e esperei servirem-me.
Nem reparei que a empregada que estava lá era aquela mesma do sorriso seboso de ontem. Eu mereço...
- Deseja comer algo, senhor...
Vi que ela não completou a frase deixando a entender que desejava saber meu nome. Não daria este prazer a ela.
- Só uma xícara de café, sim?
Ela desanimou-se um pouco ao constatar que eu não quis dizer meu nome.
- Sim, já irei servir, senhor.
Logo ela estava colocando a xícara em cima da mesa, na minha frente. Vi que ela se aproveitou deste momento e se aproximou bem de mim, encostando-se em meu corpo enquanto colocava a xícara. Revoltei-me. Quem aquela mulher oferecida pensava que era?
- O que está fazendo, mulher? – Perguntei-lhe sem dó nenhuma na voz.
- Senhor, eu... Eu me apaixonei por você! Desde que eu te vi pela primeira vez, e acho que foi amor à primeira vista! Por favor, me aceite! És muito belo, saiba senhor!
Senti nojo daquela mulher.
- Não, obrigado.
- Oras, é um homem, não? Não vá me dizer que me achou feia, porque não irei acreditar. Não precisa ter vergonha. Homens e mulheres fazem isso, sabe?
- Mulher? Você não é uma mulher, é uma vadia! E eu não me encosto com vadias. Agora saia da minha frente! – Falei com raiva.
Ela começou a chorar, mas nem me importei. Mulheres...
Saí da casa e fui para o primeiro lugar que vi. O estábulo. Entrei ainda com raiva da 'mulher' e passei a observar os cavalos de Fujitaka. Realmente, eram muito bem-cuidados. Eram animais maravilhosos, isso sim. Mas tinha um que se destacava de todos. Era um alazão preto. Parecia selvagem, e não domesticado. Ele me olhava e eu tinha a impressão de que me desafiava. Estou exagerando! Um cavalo me desafiando! De onde tirei essa? Não importa... Só sei que ainda irei andar neste cavalo.
Meus pensamentos foram interrompidos por um ser que entrou no local. Realmente foi uma cena engraçada. Uma mulher, pude constatar pela altura e formato do corpo, entrar resmungando e batendo o pé contra o chão. Parecia uma criancinha com raiva do pai por este lhe ter negado um doce. Pelo jeito ela não tinha notado minha presença lá. Quem será que era? Fiquei observando para ver de descobria.
Do nada a menina pisou em um cabo de madeira e caiu com tudo no chão. Me segurei para não rir. Mas, ora essa... Era a filha do comandante, a tal Sakura. Não deu mais para segurar, gargalhei, chamando a atenção da garota.
- O que uma garotinha como você está fazendo aqui? Aqui não tem nenhum brinquedo, não. Deveria saber disso mais do que eu. Afinal mora aqui. – disse com um ar divertido.
Vi que ela ficou muito brava. Meu sorriso aumentou ao ver isso.
- Quem o senhor pensa que é? Está de visita nesta casa e não tem nenhum direito de falar assim comigo. Sei muito bem que aqui não tem brinquedo algum. E já tenho 23 anos, não sou garotinha coisa nenhuma! Sou pouco mais nova que você apenas.
Fiquei meio surpresa com a reação dela. Ela tinha coragem, para responder a um homem, ou simplesmente não batia bem da cabeça. Logo pensei em o que lhe dizer. Meu sorriso novamente apareceu.
- É que fica meio difícil distinguir você de uma garotinha, quando você entra bufando, batendo o pé com força e resmungando.
Vi que ela ficou realmente brava, mas me ignorou. Não gostei nem um pouco disso. Vi ela se dirigir até aquele mesmo alazão que havia me chamado a atenção. Isso me preocupou. A garota era burra mesmo. Iria chegar perto daquele cavalo. Ele era perigoso, pude ver isso quando ele me encarou. Aquela guria ia se meter em confusão.
- O que pretende fazer, garota? É perigoso para uma mulher andar a cavalo. Pode cair e sujar o quimono.
Apesar de preocupado, falei com ironia. Ela continuou me ignorando. Garota estúpida. Se preparou para montar o cavalo sem nem ao menos pôr uma sela.
- É uma incompetente, mesmo. Não sabe nem selar o cavalo?
Comecei a ficar preocupado. Aquela menina era louca.
Mas surpreendentemente, ela subiu elegantemente, com a maior facilidade, no cavalo, que nenhuma vez mostrou oposição. Me lançou um olhar desafiador, idêntico ao que o alazão havia me lançado instantes antes, e com grande pose falou.
- Para que sela?
E com desenvoltura saiu cavalgando numa velocidade surpreendente até mesmo para mim. Nem imagino como estava minha cara de tão surpreso. Ela devia estar gargalhando por dentro. E a única coisa que me vinha à mente, era que Sakura Kinomoto ficava maravilhosa cavalgando...
Continua...
N. A.: Oi, aí está o terceiro capítulo. Este eu não atrasei, pois já havia avisado que iria postar somente domingo ou segundo por causa do feriado. Isso eu devo principalmente à minha Beta, a Carol. Sempre eficiente não é, amiga!!! O computador dela estava com problema e só foi consertado ontem à noite, e para manter a fic em dia ela revisou a história de madrugada. Muito obrigada, querida! E nem esquente a cabeça, eu entendo que coisas assim acontecem. Portanto, não se preocupe!!! Serei sempre imensamente grata pela sua ajuda!
Agradecimentos:
Como sempre à Deus e minha família, minha Beta Carol que é um amor de pessoa e que está sempre me apoiando, e as pessoas que me mandam comentários.
Lan Ayath: muito obrigado pelo seu review. Eu já fiz umas intrigas entre eles. Achei muito divertido escrever isso e espero que seja também gostoso para vocês lerem. Espero fazer cada vez capítulos mais compridos! Espero mais comentários seus! Beijos!
Anygiel MG: oi! Que bom que está gostando da personalidade da Sakura. Realmente me esforcei para que ela passasse uma impressão de pessoa forte. Espero que a história melhore conforme ela transcorra. Espero ganhar mais experiência com ela, para minhas próximas fics. É que já tenho planos para elas. E tem outra, já falei, mas falo de novo: sua fic está maravilhosa, não desista dela de jeito nenhum! Beijos!
Lilaclynx: muito obrigado por continuar acompanhando minha fic e mandando comentários desde o princípio. O que vai acontecer? Espere e verá! Huahuahuahua (M-chan dando uma de misteriosa malvada)!!! E suas poesias são ótimas, continue mandando!!! E reviews também! Beijos!
MeRRy –aNNe : realmente, o Li é demais, não? Ele pode até ser seu, mas o Shoran das minhas fics é, e sempre será meu! Huahuahuahua! Muito obrigada por mandar reviews. É sempre bom saber que as pessoas estão gostando do que escrevemos. Para você ficar sabendo: provavelmente irei postar os capítulos por semana, nos sábados, domingos ou segundas. Mas não exijam muito de mim... Pode ser que um dia me dê um bloqueio, que eu esteja completamente ocupada (ou seja, sem tempo) ou que eu não esteja em condições de escrever. Então, nesse caso, talvez eu não cumpra o programa que mencionei acima. Isso é para todos! Beijos!
Carol: muito obrigada por betar minha fic, e me dar todo o apoio que me dá. Sei que já disse isso, mas não faz mal. Repito quantas vezes puder. E pode deixar que assim que eu tiver tempo eu leio sua fic. Prometo! Para você ter uma idéia da minha situação: não leio fanfics no com calma, sem pressa, há quase dois meses! Mas com certeza vou ler sua fic o mais breve possível. Grata por sua ajuda... Beijos!
Thielle: que bom que está gostando! Pode deixar que eu continuo escrevendo ela sim. Prova disso é esse capítulo que estou postando. Espero que continue acompanhando a história, mandando comentários ou e-mails... Ou seja, jamais pare de dizer o que está achando da fic! Aguardo por isso! Beijos!
Rafa: Você é outra pessoa especial, que está sempre me apoiando e mandando suas opiniões. Então o correto é Syoran, mesmo? É acho que é melhor manter como Shoran agora que já fiz assim. Mas para a próxima fic, já estou sabendo... Corrigir o nome do Li! Não se preocupe não farei nada trágico demais! E você é a única adivinha!!! "Que história é essa da senhorita achar que escrevo bem?" (M-chan imitando a voz da Rafinha apesar de nunca ter escutado, hehehe) Querida, eu não acho, eu tenho certeza. Você escreve muito bem, sim! E isso que eu só li o primeiro capítulo de uma das suas fics. Imagine qual vai ser minha opinião quando terminar de ler tudo, então! Bem eu só queria agradecer por tudo! Te considero uma grande amiga minha. Espero que seja recíproco! Até a próxima! Beijos!
Desejo uma Feliz Páscoa para todos!!!
§ M. Sheldon §
