Uma Mulher Chamada Sakura

Capítulo 4 – A chegada de Touya

§ Shoran §

Fiquei praticamente petrificado. Como pode uma mulher montar assim, melhor que um homem? Eu estava sim com o meu ego ferido. Odeio admitir, e quando digo odeio é porque a situação realmente não me agrada nem um pouco, mas a Kinomoto andava a cavalo melhor até mesmo do que eu. Onde teria ela aprendido a montar? Quem será que a ensinou? Todas perguntas sem respostas. Por enquanto.

Mas, o que mais me impressionou, foi toda a classe, desenvoltura e, principalmente, beleza, que ela demonstrou enquanto galopava. Quando a vi naquele teimoso cavalo, idêntico à dona, devo dizer, foi como se conhecesse o interior da garota. Enquanto cavalgava, ela não tinha aquela cara emburrada de sempre, mas sim um semblante de extremo prazer. E isso a deixava maravilhosamente irresistível para qualquer homem. Claro que exceto a mim. Eu não sou homem de fraquejar perante mulheres.

Sei que o que acabei de dizer foi totalmente sem nexo. Só quem a viu poderia entender minhas palavras...

Recuperando-me, decidi pegar um cavalo e seguir a garota. Isso se conseguisse. Afinal na velocidade em que estava... Não seria nem um pouco fácil. Ela parecia um trovão. Sim, rápido e destruidor. Quando falo destruidor, refiro-me ao seu 'maravilhoso' temperamento. Esse sim seria um bom nome para ela, Sakura Trovão.

Deixando finalmente meus devaneios de lado, peguei um cavalo qualquer e saí o mais rápido possível. De outra maneira, não a alcançaria de jeito nenhum.

Depois de cavalgar por uns vinte minutos ou mais, deparei-me com uma bifurcação. Mas como eu sou idiota! Sair por aí, na missão impossível de procurar uma garota que galopa na velocidade do vento sem nem conhecer um caminho sequer da colina. Só eu mesmo. Acho que vê-la cavalgando destruiu os meus neurônios. Aliás... Por que eu decidi ir atrás dela? Acho que estou ficando louco.

Olhei para trás. Acho que saberia voltar para casa. Acho. Comecei a fazer o caminho que pelo menos imaginava que me levaria de volta à casa de Fujitaka.

Levei mais tempo do que o esperado, mas finalmente consegui chegar ao meu destino. Reparei que não demoraria muito para escurecer.

Voltei ao estábulo. Mal deixei o cavalo, ele já desabou no chão de cansaço. Realmente fiquei mais tempo perdido do que pensava. Dei água fresca para o coitado e acariciei levemente sua crina. Olhei para os outros animais que lá se encontravam, à procura daquele alazão. Ele já estava lá. Pelo jeito já fazia tempo que Sakura havia voltado de sua cavalgada. Encarei o animal nos olhos uma vez mais. Ele rebateu com um olhar desafiador. Aquele cavalo tinha o olhar de um guerreiro. E inexplicavelmente o de Sakura era idêntico.

Resolvi ir para os meus aposentos. Estava precisando de um bom banho e descanso. Meu corpo estava completamente dolorido por causa das horas seguidas galopando. E também já era noite. Depois do banho iria somente jantar e deitar-me.

Entrei na casa, subi as escadas e fui até meu quarto. A cama já estava feita e o quarto totalmente arrumado. Sem mais rodeios, fui até o banheiro e abri as duas torneiras da banheira para que pudesse tomar meu banho. Demorou uns dez minutos, tempo suficiente para separar uma nova roupa e despir-me, até ela estar completamente cheia.

Entrei na banheira e senti os meus músculos relaxarem dentro da água quente. Suspirei satisfeito. Estava esgotado. E tudo por causa daquela minha idéia ridícula. Eu sou um ótimo guerreiro e estrategista militar, sem querer me gabar, mas às vezes parece que eu não tenho cérebro, ou se tenho, ele pára de funcionar. Isso não era nem um pouco fácil de admitir. Digamos que eu seja um pouco orgulhoso demais às vezes.

Depois de acalmar meus nervos aliviar toda a tensão de meus músculos, saí um pouco à contra-gosto da banheira. Peguei a primeira coisa que vi, suponho que era uma toalha ou pelo menos espero que tenha sido, e me enxuguei. Vesti a roupa que havia separado, passei um perfume e, como sempre não penteei meus cabelos.

Desci até o primeiro andar e fui até a sala de jantar. Quando entrei, vi que Fujitaka e Sakura já se encontravam a minha espera.

- Boa noite. Desculpe o atraso. – Desculpei-me imediatamente.

- Não há com o que se preocupar, rapaz. Vamos, sente-se e vamos saborear essa deliciosa comida! – Fujitaka disse-me gentil.

Logo já estávamos comendo. A comida realmente estava uma delícia. Devo ter repetido no mínimo umas três vezes. Precisava repor minhas energias. Pai e filha conversavam sobre algum assunto para o qual não dei atenção, quando Fujitaka falou-me.

- Li, onde esteve durante o dia todo? Sumiu de repente, e não te encontrei em canto algum!

Já havia me esquecido completamente da minha loucura de hoje. E agora? Não poderia passar a humilhação de dizer que havia me perdido. Não, mesmo! Tentei pensar em uma resposta rápida. Falei a primeira coisa coerente que me veio à cabeça.

- Eu resolvi dar uma volta para conhecer a região. Achei que seria uma ótima idéia, afinal não é bom ficar muito tempo trancado dentro de casa. Sem dizer que, conhecer todas as suas terras, poderá me servir futuramente quando for treinar as novas tropas.

Dei-me os parabéns por pensar em uma mentira tão rapidamente, eu era bom mesmo! Bem, na verdade não era bem uma mentira, pois realmente planejava fazer tudo aquilo. Eu somente... Ocultei alguns fatos. Isso não é mentir, é?

Não sei porque, olhei para Sakura nessa hora. Ela me olhava com um sorriso hilário, provocante, desafiador. Sem mencionar vingativo. Parecia que ela sabia de alguma coisa que os outros não sabiam. Resolvi ignorar.

O jantar foi até que calmo depois disso. Pronunciei-me pouquíssimas vezes, enquanto que Sakura e seu pai conversaram sobre diversos assuntos. Como Fujitaka não mencionou nada sobre a guerra, que era o único assunto em que poderia dizer alguma coisa ou debater com ele, não me intrometi na conversa dos dois.

Apesar do jantar estar uma delícia, o que eu mais desejava mesmo era ir logo para a minha cama. Assim que meu estômago mostrou-se satisfeito, pedi licença para retirar-me até meu quarto.

- Ora, Shoran! Não irá nem comer a sobremesa? Sua companhia muito nos agradaria!

Mostrei uma cara de incredulidade ao ver o rosto de Sakura se contrair em uma careta ao ouvir as palavras do pai. Será que Fujitaka não via essas coisas, ou simplesmente ignorava? Recusei o convite com educação.

- Então está bem. Se for isso que deseja. De qualquer jeito, você está me parecendo muito cansado. Não precisa se esforçar tanto e caminhar por toda à tarde. Vejo que quando tem um dever a cumprir dedica-se totalmente a ele.

Não pude evitar meu embaraço. O pobre homem realmente acreditava em minha história.

- Obrigado, mas acho que está exagerando um pouco.

Nesta hora ouvi Sakura tentando segurar um sorriso inutilmente e, mesmo abafado, ele ecoou por toda a sala.

- Tudo bem, minha filha?

- Sim, meu pai. Desculpe-me, mas é que vendo vocês conversarem, lembrei-me de uma cena muito engraçada que passei com Toya, na minha infância. Perdão.

Querendo sair logo dali, pedi licença e, finalmente fui até meu quarto.

Prontamente, deitei-me na cama, caindo no mais profundo sono. Um sono gostoso, relaxante e proveitoso. Um sono sem sonho algum, mas prazeroso até o último segundo.

{{{{{{*}}}}}}

Acordei ao som de cavalos relinchando e rodas. Provavelmente uma carruagem, deduzi. Estranho... Por que será que aqui vivem à moda antiga? Quer dizer, em vez de carros usam cavalos, e reparei que não apreciam muito o uso dos novos objetos 'práticos e modernos'.

Não que eu discorde, pois concordo absolutamente com eles. Não gosto nem um pouco destas inovações tecnológicas, mas... A maioria das pessoas sonha em adquirir estes objetos, se 'tornarem mais evoluídos'.

É melhor não ficar esquentando a cabeça com essas coisas, tenho assuntos mais importantes para tratar.

Escolhi uma roupa qualquer em meu armário. Nunca me importei muito com vestimentas, fora em encontros sociais. Entendam-me: por que homem se veste de modo pomposo, sem ser para uma ocasião social? A resposta é muito simples, para agradar, ou atrair mulher. Como isso não me interessa...

Ouvi muitas pessoas saudando alguém, óbvio que a pessoa que havia chego na carruagem, calorosamente e, posso dizer, com um pouco de escândalo também.

Procurei o lugar onde se encontrava o tumulto, e percebi que o barulho era mais alto na parte do jardim dos fundos da casa. Encaminhei-me até lá.

Quando cheguei no jardim, finalmente avistei a carruagem, mas ainda não podia ver quem havia chego nela, de tantas pessoas que se encontravam ao seu redor. Entrando no matagal de pessoas, perguntei para um dos criados, o jardineiro se não me engano, quem havia chego.

- O Sr. Touya! Ele voltou da cidade de onde se encontra o Imperador.

Touya? Quem era esse cara? O homem falava dele com muito respeito. Pelo jeito esse tal Touya era muito querido por todos. Tentei ir um pouco mais adiante para olhar o rosto do desconhecido.

Consegui ficar um pouco mais à frente, mas ainda não podia vê-lo. Droga, havia muita gente ali. Nunca tinha reparado na quantidade de criados que Fujitaka possuía. Tentava de todos os modos chegar perto de Touya, mas era sempre em vão. Até que...

- Touya!!! – Ouvi uma voz feminina falar com doçura e alegria.

De repente, as pessoas desfizeram o bolo de gente, dando passagem a ela. O que diabos Sakura estava fazendo?

- Sakura?

Ao ouvir a voz de Touya direcionei meu olhar para ele. Ao ver Sakura, tinha me esquecido completamente do meu objetivo principal que era chegar até ele. Touya era um homem jovem, não devia nem estar na casa dos trinta. Pude ver que ele já havia treinado muito, artes marciais pelos seus músculos desenvolvidos. Pensei nas lutas que teríamos entre nós. Estava começando a gostar da presença dele ali, poderia conhecer as técnicas japonesas.

Sim, eu estava gostando de sua presença, até que eu vi aquilo.

- E então, Sakura? Fico três meses fora e você não vêm me dar um abraço?

Vi Sakura correr na direção de Touya com lágrimas nos olhos, enquanto esse abria os braços, esperando pela sua chegada. Meu coração começou a bater mais rápido.

Os dois se abraçaram calorosamente. Com lágrimas molhando o rosto de Sakura, e um grande sorriso no rosto, em contraste com as gotas de água que saíam de seus olhos, os dois olharam-se. Mas o que estava acontecendo aqui?!

- Ah, Touya, quantas saudades senti! Se soubesse o medo que tinha de que não voltasse mais...

- Shhh... – Ele disse pondo seu dedo indicador nos lábios de Sakura. – Não precisa ter medo, Flor, eu estou aqui agora, não estou?

- Sim, você está! – Sakura disse dando-lhe um doce sorriso.

- Então vamos entrar? – Touya perguntou soltando Sakura de seus braços.

- Vamos! Afinal papai deve estar com saudades de você também!

- Então vamos. – Ele disse dando um beijo no rosto de Sakura e pegando sua mão.

Uma sombra cobriu meus olhos.

Não acredito que pensei que ela era diferente das outras mulheres! Ela é uma vadia como todas as outras que conheci! Como podiam se tratar assim com tanta intimidade? Casados eles não eram, pois ela permanecia com o sobrenome de seu pai e se referiam a ela como Srta.

Um pensamento passou pela minha cabeça... Será que ela era sua prometida? Reparei que meu coração continuava acelerado e... Mas, espere um momento! O que eu estou fazendo? Não posso estar com ciúmes daquela garota mal- educada, sem mencionar mal-humorada! Eu pensei que o ar do campo me faria bem, mas vejo que estava completamente errado. Está é me afetando, isso sim!

O tumulto já havia sumido, faz tempo. Todos já estavam dentro de casa, somente eu havia permanecido no jardim. Olhei ao meu redor. O jardim era maravilhoso, isso não há como contestar.

Mas uma das plantas me chamou a atenção mais do que as outras. Era uma cerejeira.

Não sei ao certo porque. Talvez por causa da brisa gostosa que soprava no local, talvez por causa da paz que ela transmitia, talvez porque ao olhá-la fiquei deslumbrado com sua beleza... Talvez... Só sei que eu deitei-me embaixo dela e deixei o sono me embalar, levando-me para lugares desconhecidos.

§ Sakura §

Eu estava feliz. Não, eu estava satisfeita. Orgulhosa. Ou melhor, eu estava feliz, satisfeita, orgulhosa e com todas as sensações positivas que alguém pode ter. Nem que eu quisesse conseguiria tirar o sorriso da minha cara.

O momento em que Li me viu cavalgar e a cara que ele fez... Ah, com certeza essa é uma cena que ficará gravada em minha memória para sempre!

- Muito bem, Fuu! Mostramos para ele como é que se faz, não? – Ele relinchou, como se estivesse concordando comigo. – Acho que já podemos ir mais devagar...

Puxei as rédeas, enquanto meu amigo diminuía a velocidade do galope pouco a pouco.

- Vejamos... Se nós estamos na parte da mata alta da colina... Hum... É, o rio está ao norte. Vamos, Fuu! Para que eu possa te dar a água fresca dos campos verdes. Para o norte!

Começamos a galopar para o norte. Puxei as rédeas de Fuu de repente. Aquilo que eu estava ouvindo... Será que...

- Espere, Fuu. Estou ouvindo o barulho de um outro cavalo!

Fechei meus olhos, para poder escutar com mais clareza. Escutei o vento soprando, arrastando as folhas e flores que se desprendiam das árvores. Escutei o som dos pássaros cantando. E escutei o galopar de um cavalo à minha direita. Não acredito que estão invadindo nossas terras de novo.

Fiz com que Fuu fosse mais para a esquerda, para que ficássemos ocultos aos olhos do invasor. Ouvi o som do cavalo cada vez mais perto. Mais perto. Mais perto. Até que pude ver o cavalo e a pessoa que a estava montando. Ele estava de costas, mas pude ver que era um homem. Ele me pareceu muito familiar...

O homem olhava de um lado para o outro. Parecia perdido, isso sim. Vi ele tomar um dos caminhos de uma bifurcação. Idiota, esse caminho não vai dar em nada! A vontade de xingar o ser em voz alta era grande, mas não podia denunciar minha presença. Poderia ser alguém perigoso.

Ele não estava mais na minha vista, mas fiquei lá. Quase dez minutos depois ele apareceu ali de novo. Ele definitivamente estava perdido. Totalmente. Mas que cara mais idiota! O imbecil, do nada, virou para a direção em que eu estava. Claro que ele não podia me ver, eu estava escondida. Mas eu podia ver ele. Para minha surpresa, o imbecil perdido era, ninguém mais ninguém menos do que Shoran Li.

Fiz um esforço descomunal para segurar meu riso. Aí estava minha vingança. Só que eu o iria torturar mais! Não iria contar-lhe de cara, não! Irei deixá-lo curioso. O máximo que eu puder! Sim, ele ainda há de implorar-me para contar o que eu vi.

Depois que ele saiu, prossegui com minha cavalgada. Se antes eu me sentia bem, agora eu estava maravilhosamente bem! Continuamos a cavalgar para o norte.

Logo estávamos no rio. Soltei Fuu para que ele pudesse beber água e pastar. Eu sentei no chão, admirando a linda paisagem ao meu redor.

Será que vocês conseguiriam imaginar? O tapete verde da natureza, cortado por um rio de água pura e cristalina. A brisa batendo suavemente em seu rosto, trazendo até você o perfume das flores. O sol no meio daquele céu azulado, nos aquecendo com seu calor. Era tudo perfeito... Eu podia sentir a vida existente na terra, sendo passado para meu corpo pelos meus pés, como se fossem raízes.

Acho que a gente é que é feliz... Nós somos os afortunados.

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Fuu e eu já estávamos voltando para casa. Qual não foi minha surpresa, ao ver de cima da colina, Shoran ainda perdido por uma das estradas. Eu não iria ajudá-lo. Já disse que esta seria minha vingança. Segui adiante e, dentro de uns cinco minutos ou mais, já podia enxergar o estábulo e a propriedade de meu pai.

Deixei Fuu no estábulo e fui para casa. Entrei pelos fundos passando pela cozinha e a sala de jantar. Quando cheguei a sala de estar, vi o piano no centro do cômodo. Fazia tanto tempo...

Balancei minha cabeça afastando aqueles pensamentos da minha cabeça. Prossegui até chegar em meu quarto. Deitei preguiçosamente na minha cama e suspirei. É mesmo, fazia tanto tempo... Já fazia alguns meses que eu não pensava nisso.

Ai, Sakura! Já falei, pare de pensar nisso! Acho melhor dormir um pouco mesmo. Quem sabe assim, eu conseguiria tirar esses pensamentos da minha cabeça.

Ajeitei o travesseiro, cobri meu corpo com um fino lençol e fechei meus olhos. Dormi imediatamente.

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Quando acordei vi que já era noite. Bocejei, com um pouco de sono ainda. Acendi o lampião que se encontrava no criado-mudo, ao lado da cama, e levantei-me.

Abri a porta da varanda e fui para fora do quarto. Apoiei-me na grade e senti o vento frio contra o meu corpo. Um barulho me chamou a atenção. Olhei para baixo e vi Shoran saindo do estábulo...

Não acredito! Ele só chegou em casa agora! Não creio que ficou perdido na colina todo esse tempo. Admito que um pedacinho de mim se sentiu culpada. Mas a raiva pelo que me falou hoje ainda era maior. Ele teve o castigo merecido.

Voltei para o quarto. Já devia estar quase na hora do jantar. Tomei um banho rápido, pus um quimono azul simples e desci para o jantar. Fui a primeira a chegar. Poucos minutos depois meu pai apareceu.

- Boa noite, Sakura! – Ele me disse com um sorriso. Como adoro o sorriso de meu pai! É tão doce...

- Boa noite, papai! – Retribuí o sorriso.

- Shoran ainda não chegou? – Ele perguntou olhando para a mesa.

- Não. – Eu disse fechando a minha cara, aproveitando que meu pai não estava vendo.

Nos sentamos à mesa em silêncio, e assim ficamos na espera de Shoran Li. Ele estava demorando. Minutos passados ele finalmente chegou.

- Boa noite. Desculpe o atraso. – Ele se desculpou logo.

- Não há com o que se preocupar, rapaz. Vamos, sente-se e vamos saborear essa deliciosa comida! – Meu pai disse-lhe.

Assim começamos a comer. Conversamos sobre banalidades. Li não falava nada, e quando falava, dizia somente o 'necessário'. Logo meu pai chamou minha atenção dizendo que tinha uma novidade boa para me dar.

- Irá gostar muito, Sakura.

- Não me deixa tão curiosa! Vamos, fale, pai! Por favor!

- Touya irá retornar amanhã, Sakura.

Mal pude conter-me de tanta felicidade. Touya iria voltar! Ele estava vivo, não havia sido morto pela terrível guerra! Será que nada havia lhe acontecido? Que novidades teria ele para me contar? Já fazia tanto tempo que não o via... A saudade que sentia era imensa, e, finalmente, ela findaria. Deixei um sorriso se formar em meu rosto. Logo meu pai fez o mesmo.

Meu pai virou-se para o Li.

- Li, onde esteve durante o dia todo? Sumiu de repente, e não te encontrei em canto algum!

Shoran estava muito introvertido hoje. Ele nem prestou atenção nas conversas praticamente. Mas depois de ouvir a pergunta de meu pai, vi por um breve momento, o desespero assumir sua face. Isso durou apenas poucos segundos, pois ele logo se recompôs e respondeu.

- Eu resolvi dar uma volta para conhecer a região. Achei que seria uma ótima idéia, afinal não é bom ficar muito tempo trancado dentro de casa. Sem dizer que, conhecer todas as suas terras, poderá me servir futuramente quando for treinar as novas tropas.

Estava rindo por dentro. Vi que meu pai havia acreditado na mentira de Shoran. Ah, mas eu sabia! Vi ele me olhar. Lacei-lhe um olhar desafiador, para combinar com meu sorriso irônico. Ele pareceu um tanto confuso.

Voltamos a comer. Mal terminamos, Shoran já pedia licença para sair. Melhor assim. Vai tarde.

- Ora, Shoran! Não irá nem comer a sobremesa? Sua companhia muito nos agradaria!

Pai, pelo amor de Deus, não! Se ele quer ir deixe que vá! Não fiquei muito satisfeita com este convite de meu pai. E não hesitei em demonstrar isso, fazendo uma careta. Felizmente ele teve a decência de recusar.

- Então está bem. Se for isso que deseja. De qualquer jeito, você está me parecendo muito cansado. Não precisa se esforçar tanto e caminhar por toda à tarde. Vejo que quando tem um dever a cumprir dedica-se totalmente a ele.

Como meu pai era inocente!

- Obrigado, mas acho que está exagerando um pouco. – Shoran respondeu nitidamente embaraçado. E só eu sabia o verdadeiro motivo para ele estar assim.

Não deu. Não consegui segurar meu riso. Aquela situação era hilária! Pai, se você soubesse... Tentei abafar meu riso, mas foi impossível. Os dois acabaram me ouvindo e direcionaram rapidamente seus olhares para mim. Deviam estar pensando que eu era louca, mas eu tinha um sério, quero dizer muito engraçado, motivo para estar assim. E eles nem desconfiavam. Ele nem desconfiava. Pelo menos, por enquanto não.

- Tudo bem, minha filha?

- Sim, meu pai. Desculpe-me, mas é que vendo vocês conversarem, lembrei-me de uma cena muito engraçada que passei com Touya, na minha infância. Perdão.

Eu sei, eu menti. Mas não iria revelar o que eu sabia. Não agora.

Logo Shoran retirou-se. Depois que ele saiu, dei boa noite a meu pai e fui para meu quarto também. Não tinha a mínima vontade de comer mais. Não iria ficar para a sobremesa.

Não tive problemas para dormir esta noite. Do que eu poderia reclamar? O dia de hoje havia sido esplêndido. Primeiro, vi a cara surpresa de Shoran ao me ver cavalgar, depois vi o quanto ele podia ser idiota em se aventurar por uma estrada que não conhecia. E por último, Touya chegaria amanhã. Meu dia não poderia ter sido melhor...

{{{{{{*}}}}}}

Despertei com o canto dos pássaros, e olhei para fora. Ainda era cedo, o dia nem estava totalmente claro ainda. Não devia ser mais do que sete horas. Virei-me de lado na cama para tentar dormir de novo.

Cinco minutos se passaram. Dez. Quinze. Levantei-me frustrada, não conseguia dormir mais de jeito nenhum. Talvez tenha sido por causa da sesta que tirei ontem à tarde. Levantei-me, lavei meu rosto e me troquei. Fui até a cozinha tomar meu desjejum. Não havia ninguém lá, então resolvi ir para o jardim que ficava atrás da casa. Não estava com a mínima fome, mesmo.

Olhei para a cerejeira que lá se encontrava. Flor-de-cerejeira. Este era o significado de meu nome. Adoro esta árvore, ela é tão bonita. Sinto até orgulho de ter o mesmo nome que sua flor.

Comecei a me aproximar dela, até que estivesse embaixo de seus galhos. Estiquei meu braço até que minha mão tocasse seu tronco. Sei que é estranho, difícil de compreender, mas parecia que ela me passava sua energia. Quis fazer o mesmo, para mostrar minha gratidão. Por que gratidão? Porque ela me fez recordar momentos maravilhosos de meu passado. Mamãe... Você adorava essa árvore não, é? Sinto tanto a sua falta.

Não pude impedir as lágrimas de caírem de meus olhos. Por incrível que pareça, a isso se resumiu boa parte da manhã. A permutação de nossas energias e a condescendência de certos fatos de minha vida.

Depois de muitas lágrimas derramadas, resolvi voltar para casa. Não havia tomado meu desjejum, e meu estômago já começava a reclamar. Quando cheguei na cozinha, vi Mieko colocando a comida na mesa.

- Bom dia, Srta. Dormiu bem?

- Bom dia, Mieko. Digamos que dormi como uma princesa...

Nós duas caímos no riso. Não podia reclamar da minha vida. Apesar de alguns acontecimentos tristes, eu ainda era feliz.

- Acordou cedo hoje. O que deseja comer, querida?

- Quero só uma xícara de chá e um pão. Nada mais.

Mieko logo me serviu. Enquanto comia conversava alegremente com ela. Estávamos falando sobre a colina, quando uma das criadas abriu a porta escandalosamente e se apoiou na parede arfando.

- O que foi Chii Liuan? O que aconteceu? – Mieko perguntou. É surpreendente como ela consegue gravar o nome de todos os criados de meu pai. Eu devo saber o nome de somente uns dez.

- Chegou... Arf, arf... O senhor... – ela praticamente não tinha fôlego para falar. A criada respirou fundo para recuperar o ar nos pulmões e poder dar o recado. – Srta. Sakura, o Sr. Touya acaba de chegar. Vim correndo contar-lhe.

Touya já chegou? Eu esperava por sua chega somente à tarde. Meu coração batia rápido de felicidade. Saí correndo a procura dele. Ainda ouvi Chii gritar da cozinha.

- Ele está no jardim dos fundos!!!

Parecia que meu coração iria sair pela minha boca, de tão exaltado que ele estava. Quem me visse, pensaria que eu estava correndo para salvar minha vida. Quantas saudades eu sentia... Finalmente ele havia voltado.

Cheguei no jardim. Um tumulto de gente o circundava.

- Touya!!! – gritei com toda a minha força. Todas as pessoas me deram passagem.

- Sakura? – Como era bom vê-lo...

- E então, Sakura? Fico três meses fora e você não vêm me dar um abraço? – Meu coração bateu de alegria. Esse era o Touya que eu conhecia. A guerra não havia mudado sua personalidade como eu temia.

Corri em sua direção enquanto ele me esperava com os braços bem abertos. Praticamente me joguei nele. E ele me abraçou. Como eu chorava. Chorava de felicidade. É tão bom receber o abraço de uma pessoa amada...

- Ah, Touya, quantas saudades senti! Se soubesse o medo que tinha de que não voltasse mais... – Finalmente falei alguma coisa.

- Shhh... – Ele disse pondo seu dedo indicador sobre meus lábios. – Não precisa ter medo, Flor, eu estou aqui agora, não estou? – Sorri com pura alegria.

- Sim, você está!

- Então vamos entrar? – Touya perguntou soltando-me de seus braços.

- Vamos! Afinal papai deve estar com saudades de você também! – Falei já andando em direção de nossa casa.

- Então vamos. – Ele concordou dando um beijo em minha bochecha e pegando minha mão. Estava tão feliz...

Quando entramos, papai já estava a nossa espera. Resolvi deixá-los um pouco a sós. Afinal, papai também queria matar a saudade, e eles deviam ter muito o que conversar.

Voltei para o jardim. Quem era o jardineiro da casa? Anotação mental: Me lembrar de lhe dar os parabéns pelo excelente trabalho. O jardim estava maravilhoso. Olhei para a minha cerejeira e me surpreendi ao ver alguém deitado embaixo dela. Resolvi ir ver quem era...

Quando cheguei lá, vi Shoran, não somente deitado, mas dormindo embaixo da árvore. Ele ficava tão bonito dormindo. Tinha uma cara tão inocente, nem parecia aquele rapaz arrogante, que ficava me perturbando. Não resisti e cheguei mais perto, para ver melhor seu rosto. Fiquei cara a cara com ele, nossos rostos deveriam estar a uns dez centímetros de distância...

Ele era tão bonito... Podia sentir sua respiração quente em meu rosto. Fechei meus olhos por um momento. Quando os abri, voltei a fitar aqueles lindos olhos âmbar e... Peraí, lindos olhos âmbar? Oh, meu Deus ele acordou! O que eu faço agora?

- O que você está fazendo? – Ele me perguntou irritado. E agora?

CONTINUA...

Lilaclynx: Oi gentem!!! Sim vocês devem estar pensando "o que essa loca está fazendo invadindo a história?" bom a M.sheldon me deixou colocar umas paródias, entrevistas, discussões e opiniões sobre a fic nesse espacinho hohoho... bom vamos começar... Hoje será uma discussão entre os perssonagens:

Lilaclynx: Sakurinha, Lizinho eu queria saber se...

Li: Lizinho? Quem mané é Lizinho?

Lilaclynx: Você oras bolas... há outro Lizinho por aqui?

Sakura: Esse apelido combina com você... murmurando se não consegue nem ao menos me caçar direito...

Li: Como disse?

Sakura: Foi o que você ouviu, eu sei que você passou a tarde toda perdidinho da silva por aí!

Li: E você não fez nada para me ajudar sua descarada?

Lilaclynx: Perae sem insultos vamos converssar como pessoas civilizadas murmurando vocês sabem o que vai acontecer com a fic? A M-chan num quis me contar e...

M-Sheldon: LiLa-chan!!! Você não pode perguntar aos meus perssonagens sobre o que vai acontecer com a minha fic!

Lilaclynx: Porque não?

M-Sheldon: Simples... Eles também não sabem hehehe

Todos se estabacam menos a autora que continua rindo

Lilaclynx: Certo antes de terminarmos, alguma reclamação? –Li levanta a mão- o que foi Lizinho?

Li: NÃO ME CHAME ASSIM!!! Mas porque diabos essa vadia ficou me fitando enquanto eu dormia?

Sakura: VADIA? COMO ASSIM VADIA?

Lilaclynx: Desculpe Li mais... Se ela é ou não Vadia... O que isso muda na sua vida?

Sakura: VADIA? EU NÃO SOU VADIA COISA NENHUMA!!! Li cora

M-Sheldon: Gente para com isso! Agora acabo... Isso já ta grande demais, agora só no próximo capítulo...

Lilaclynx: Haaaaaa...

M-Sheldon: Calma... Chega rápido... Agora Oi Gente....

N. A.: Como a lilaclynx já falou, concedi um espaço na minha fic para ela pôr uma paródia. Eu adorei e ri bastante espero que vcs curtam tanto quanto eu. Quanto ao capítulo... Espero que tenham gostado deste! E espero também que não tenham pensado que eu faria, ou ao menos cogitaria a idéia, de fazer da Sakura e do Touya um par romântico... Isso nem se passou pela minha cabeça, só o Shoran que pensa isso pq está meio "por fora" da verdade e nem imagina que eles são irmãos! Mas e então? O que será que a Sakura vai falar para o Li, hein? Eu ia fazer este capítulo um pouco maior, mas vi que até ali estava bom. Deixou um suspense no ar! Desta vez não recebi muitos comentários... Bom, fazer o que, né? A vida segue em frente (não era bem assim que vc pensava, há uns quatro, cinco dias atrás não é M. Sheldon?) Pois é, devo tudo a lilaclynx que me ajudou a superar esta fase de bloqueio e tristeza. Gente, se algo não agradar na minha fic me avisem que eu farei o possível para melhorar, ok?

AVISO- É o seguinte: lamento pessoal mas não vou mais poder continuar com o programa de uma semana que eu havia estipulado. Por que? Porque simplesmente está sendo muito pouco tempo para mim. Estou fazendo tudo meio correndo e não estou tendo mais condições... Também não quer dizer que eu vou levar um século para atualizar! Não se preocupem!

AGRADECIMENTOS:

Como sempre a Deus, a meus pais, a minha querida Beta Carol, sempre me ajudando (vc é um amor de pessoa Carolzinha!), mas principalmente a lilaclynx! Provavelmente sem vc este capítulo não sairia muito cedo! Explicações- é que me bateu um bloqueio esses dias, e ainda por cima quase não recebi comentários. Resultado disso: fiquei deprê, e a li me consolou. Chegou até a fazer uma poesia para mim sobre isso!

As pessoas que me mandaram comentários:

Carol: oi minha betinha! Os elogios não são exagero não, vc merece! Nem pense em ficar sem jeito, é tudo verdade! E acho ótimo que goste de revisar a fic, ou melhor, acho maravilhoso! Fico feliz que goste da minha história! Com certeza perfeita não ta, não! Quem está exagerando é vc! Sei que não é assunto de agradecimento, mas me lembrei que em um mail vc me perguntou qd eu fazia níver: eu faço dia 26 de maio! Mas muito obrigado por tudo, amiga!!! Beijos, M. Sheldon

Lilaclynx: MUITO OBRIGADO POR TUDO!!! Amei a poesia que vc escreveu para mim! Ela ficou maravilhosa! Cheguei até a chorar de emoção! Muito obrigado por tudo, querida! Este capítulo é dedicado à vc! Agradeço os elogios!!! E como sugerido, aí está a sua paródia!!! Beijos, M. Sheldon

Rafinha: não tem nada que agradecer por ler sua fic, foi um prazer, isso sim! Como já disse a história está maravilhosa!!! A adivinha de sempre, não é Rafa? Aí está aprova de sua experiência como escritora! A única coisa é que eu não planejo aprofundar muito a Mieko, ela será uma personagem secundária, porém ela terá participações muito importantes na fic! Isso vc adivinhou! Qt à Tsukina e tudo o resto, vc está completamente certa, para variar! Muito obrigado por tudo, querida! Fico feliz que também me considere uma amiga sua!!! Beijos, M. Sheldon

Anna Lenox: nem preciso dizer que fiquei completamente surpreendida ao receber um comentário seu! É uma honra, vindo de uma escritora maravilhosa como vc! Estou adorando as suas fics, elas estão ótimas!!! Muito obrigada pelos elogios!!! Espero continuar agradando! Beijos, M. Sheldon

Bem, por hoje é só! Até a próxima e não se esqueçam de deixar um comentário, hein! Estou aguardando por eles!

M. Sheldon