Uma Mulher Chamada Sakura

Capítulo 5 – Irmãos?

§ Shoran §

Senti uma doce respiração sobre meu rosto. Mas o que será que é isso? Resolvi abrir meus olhos para tentar descobrir o que estava acontecendo.

Mas... Era Sakura. Ela estava sobre mim, com o rosto perto do meu e de olhos fechados. Ela parecia um anjo. Seus traços eram tão delicados e femininos... Um anjo que caiu do céu. Senti meu coração acelerando. Suas batidas cada vez mais rápidas. Um arrepio percorreu meu corpo. Que sensação é essa?

Vi seus olhos começarem a se abrir lentamente. Na mesma hora fiquei paralisado. Seus olhos pareciam me hipnotizar totalmente. Duas lindas esmeraldas, exalando doçura. Por que você tem que ser tão bela, Sakura Kinomoto?

Seus olhos arregalaram-se completamente. Notei que ela finalmente havia notado o que estava fazendo. Do mesmo modo que eu. Onde eu estava com a cabeça? Não comece a tirar conclusões precipitadas, Li Shoran! Onde já se viu?! Não acredito que me deixei levar por uma situação tão banal.

Seu rosto começou a ficar vermelho. Acho que ela não esperava me ver acordado. Ela ficava tão bela assim... Ai! Pare agora mesmo com isso! Desde quando eu comecei a ser tão sentimental?

- O que você está fazendo? – Perguntei nervoso com a situação e, principalmente, comigo mesmo...

Ela ainda estava em estado de choque.

- Hein, garota? Vai ficar parada em cima de mim por quanto tempo ainda?

Ela pareceu acordar de seu transe e prontamente se pôs de pé. Não, volte aqui... Estava tão bom! Argh, cale a boca, Shoran! Respirei fundo. Deste jeito não dava. Esperei até que eu me acalmasse totalmente...

- O que você estava fazendo? – Repeti a pergunta, não tão violento desta vez.

- Eu... Eu... Quer saber, não te interessa!!!

- Como assim "não me interessa"?! Eu acordo com você, literalmente, em cima de mim, e "não me interessa"?

- Foi o que você escutou!

Garota mais irritante!!! Às vezes me dá uma vontade de lhe dar uma lição...

- Escuta aqui garota, me diga de uma vez o que estava querendo fazer comigo!

Um pensamento passou por minha cabeça. Será... Será que ela queria me violentar enquanto eu dormia? Ela está com tanta raiva assim de mim? Comecei a suar frio...

- Você... Por um acaso, você não estava... Não estava...

- Desembucha logo! – Ela me pareceu muito nervosa... Isso me deixou mais alerta ainda. Pelo jeito, eu a havia irritado demais, e ela estava querendo vingança.

- Você... Não estava querendo me matar enquanto dormia, estava?

Vi ela cair na gargalhada. O que eu disse foi tão idiota assim? Ou então essa garota é maluca mesmo. A sessão de risos não acabava nunca, e eu já estava ficando irritado.

- O que foi?

- Ai... De onde você tirou que eu estava querendo te matar? Hum... Só você mesmo, para pensar uma coisa dessas.

- Quando se vive no exército, você aprende a desconfiar até mesmo das maiores banalidades. E você ainda tem problemas na cabeça... E nem sabe controlar as emoções, menina. Não há como não desconfiar de você...

Vi que ela ficou muito nervosa. Gostei disso, adoro deixá-la brava. Já vi que ela detesta ser chamada de menina...

- Vou ignorar estes últimos comentários... Afinal, vindo de você não se pode levar muito a sério, mesmo. Se nem senso de direção você tem, imagina de personalidade...

- O quê? Do que você está falando?

Realmente não havia entendido... Afinal, do que ela estava falando? Essa guria parece ser mais louca do que eu pensei...

- Nada, não. Eu não estou falando de nada.

- Que seja. Se não foi para me matar, então o que você estava fazendo?

Dessa vez eu não a deixaria escapar. Iria fazer com que me contasse de um jeito ou de outro.

- E não tente mentir para mim. Você não me escapa, Sakura Kinomoto.

Ela estava demorando a responder... Guria mais enrolada...

- Eu só queria ver se... Se você realmente estava dormindo. Eu não estava tentando te matar. Se fosse fazer isso, pode ter certeza que eu o faria enquanto você estivesse acordado, só para ver a sua cara!

Senti uma imensa vontade de rir, mas somente deixei minha boca se curvar um pouco, em um meio sorriso. Ela não tem nada na cabeça, mesmo. Para pensar que seria capaz disso, só pode. Minha voz saiu irônica.

- Como se você conseguisse. Não tem coisa melhor para fazer, não? Como se encostar com algum homem, por aí? Já vi que você adora fazer isso...

Eu ainda não havia me esquecido de Touya. Estava com muita raiva dos dois. De Sakura porque havia descoberto que ela era uma vadia como todas as mulheres. Nem acredito que eu cheguei a pensar que ela era diferente de todas as outras. E nem me contou que era comprometida. Na verdade, acho que nem isso ela é... Com certeza uma vadia!

E do Touya... Porque... Porque... Ah, sei lá! Porque ele nasceu, pronto! E também por ter aceitado de bom grado o que Sakura lhe ofereceu. Não tem honra alguma. Se bem que... Se fosse eu também aceitaria... Chega! Mulheres só sabem causar problemas na vida de homens!

Pelo jeito o que eu disse deixou Sakura muito nervosa. Pude constatar isso ao ver ela apertar a mão com força, começar a ficar vermelha e tremer.

- O que você disse, imbecil?

E ela ainda se faz de desentendida? É uma falsa, mesmo.

- Ora, a verdade dói? Pois aprenda a ouvi-la, mulher!

- Mesmo se eu fizesse o que você diz, o que, com toda a certeza, não é o caso, você seria a pessoa menos apropriada para me dizer isso!!! Não é você que se deita com a Tsukina? E na primeira noite ainda! Não tem vergonha na cara, não?

Mas do que diabos ela estava falando? Que garota mais irritante! Se ela pensa que eu vou cair nessa ladainha dela, ela está muito enganada! O assunto não será desviado, ela tem muito que ouvir ainda!

- Do que está falando, guria? Aliás, por que você perde seu tempo discutindo comigo? Já poderia ter aproveitado bem esses minutos, se encostando com Touya! Por acaso é um hobby? Ou o Touya é cliente especial?

Pronto, finalmente havia falado. Respirei fundo. Havia dito tudo muito alto e rápido, por causa da raiva que sentia. Já ia falar mais, quando...

PLAFT!!!

Levantei minha mão até meu rosto, agora vermelho. Ela havia me batido! Por um motivo, para mim ainda desconhecido, ela havia me dado um tapa! E que tapa... Essa menina come ferro? De onde arranja tanta força? Já vi que mulheres não gostam de ouvir a verdade...

Mas, aquela mulher... Aquela mulher havia ousado levantar a mão para mim! Maldita! Ela conseguiu me deixar nervoso... Estúpida! Contradizer um homem, e ainda agredi-lo!

Segurei seu braço com força. Apertei cada vez mais, até o local começar a ficar vermelho. Ela estava de cabeça baixa, mas ouvi um gemido de dor ainda assim.

- Me... Solta.

- Hum? O que você disse? Agora você se arrepende, não é? Mulher só aprende assim, mesmo. Na base da força.

PLAFT!!!

Não acredito! Mulher insolente! Ainda ousa me bate novamente! Não me controlava mais, e já ia lhe dar uma lição, quando ela levantou seu rosto. Mas... O que? Ela está... Chorando?

Senti uma pontada no coração. Pare... Pare de me acusar com esses olhos ameaçadores! Dói muito. Esses olhos... Por que me olhar com esta sombra e tristeza no olhar? Ela é que está errada. Ela me bateu! Uma mulher levantar a mão para um homem, é um crime, não é?

Então... Então por que, por que me sinto tão mal?

- Nunca mais... Nunca mais ouse encostar um dedo em mim, ou dizer uma barbaridade como aquela! Você não me conhece, Shoran Li! Não fale algo que não sabe!

A vi sair correndo. Por que eu me sentia tão mal? Eu só havia dito a verdade. E aquela mulher me bateu. Duas vezes!

Ela seguiu na direção da colina, como sempre. E eu... Eu resolvi voltar para casa, mesmo. Não me sentia nada bem.

Mal entrei na casa e Fujitaka já apareceu.

- Tudo bem, Li? Está me parecendo meio cansado...

O homem perguntou com visível preocupação nos olhos. Admito que fiquei emocionado com isso. É bom saber que alguém se importa com você às vezes... Nem que não seja, esse alguém, exatamente quem queríamos que fosse...

- Não se preocupe, Fujitaka. É que não dormi o suficiente esta noite, nada mais...

- Se você diz. Mas anime-se! Cada vez mais pessoas chegam nessa casa, para deixá-la mais alegre! Hoje, mais uma amiga minha chega!

- É mesmo, senhor? Isso é bom. Esta casa realmente está meio silenciosa demais. Mais pessoas em sua habitação deixará o lugar mais vivo...

Falei sem expressão alguma. O que eu dizia era verdade, e eu pensava aquilo mesmo. Simplesmente não estava me sentindo muito bem. Fujitaka gargalhou com puro prazer.

- Sim. Procurarei Sakura para lhe contar a novidade. Você a viu em algum lugar?

Ao ouvir aquele nome meu coração novamente disparou. Mas o que, diabos, está acontecendo comigo?

- Se não me engano, ela deve estar na colina...

Evitei dizer seu nome. Se só de pensar e ouvir já doía, imagine falar...

- Ah, claro. Minha filhinha sempre vai para lá. Não a culpo... O lugar é fabuloso! Significativo exemplo da beleza e magnitude da natureza. Bom, eu ainda preciso me preparar para a chegada de Tomoyo, então adeus! Nos vemos depois, Li.

Fiz um leve movimento com a cabeça, me despedindo. Ainda não entendia... Por que me sentia tão culpado? Por que meu coração doía tanto? Ultimamente várias perguntas têm estado em minha cabeça. E, quase todas, sem uma resposta sequer...

Na verdade, duas meras palavras formavam a pergunta que respondia todas as outras. A questão das questões. Ela é muito simples: "Por quê?".

Sim, isso era tudo que eu ansiava saber... Mas minha cabeça doía cada vez mais, e não me dava resposta alguma. Levantei meu braço para o alto, tentado segurar o ar ao meu redor. O ar é vital, não é? Assim como diversas outras coisas... Infelizmente, eu pressentia que outra coisa estava se tornando vital para mim...

Essa coisa tem um nome... Sakura Kinomoto.

Acordei com o som de alguém batendo em minha porta. Espera um segundo, acordei? Eu dormi? Dormi e nem percebi? Pelo jeito estava mais esgotado do que pensei. O som insistente à minha porta...

Levantei-me, passando a mão no rosto e no cabelo, improvisando pela falta de escova. Tentei ajeitar um pouco minha roupa, que estava completamente amassada. Olhei meu semblante rapidamente no espelho. Podia-se ver claramente que eu havia acabado de acordar, mas isso não importava agora.

Finalmente abri a minha porta. Uma das criadas de Fujitaka se encontrava lá, me olhando. Dei graças por não ser 'aquela' criada.

- Sim? Deseja algo?

- O Sr. Fujitaka pediu-me para chamar-te. Ele pede a sua presença em sua biblioteca privada.

- Estarei lá em dois minutos. Obrigado por avisar-me.

Vi o rosto da criada adquirir um tom rubro, fazer uma reverência e sair.

Troquei a roupa amassada que estava trajando por outra, e dirigi-me até a biblioteca. Ao chegar lá, reparei que não somente Fujitaka se encontrava no local, mas também Touya. Meu humor piorou imediatamente...

- Me chamou, Fujitaka? – Perguntei encarando Touya.

- Sim, Shoran. Temos assuntos para discutir em relação a esta terrível guerra...

Já imaginava que seria isso. Concordei com um leve movimento afirmativo de minha cabeça e sentei-me.

- Touya nos trouxe algumas novidades. Os recrutas já estão prontos, só esperam segundas ordens para se dirigirem ao lugar onde serão treinados. Ainda não sei quais são as condições destes soldados, Touya ainda está para nos contar.

Fujitaka direcionou seu olhar para o rapaz assim como eu. Então esse é um dos homens que ficaram de me auxiliar com o treinamento? Ai, que ótimo... Eu mereço! Ele começou a falar...

- Bem, infelizmente suas habilidades bélicas não são o que podemos chamar de "um prodígio". Estes homens devem ser treinados imediatamente, e de modo extremamente rigoroso, se interessa a minha opinião...

"Nenhum pouco, inútil!". Não pude evitar que este pensamento passasse pela minha mente.

- Óbvio, há algumas exceções. Alguns guerreiros lá lutam muito bem, mas mesmo assim... Acho q ue estamos em completa desvantagem. Eu vim para Nagasaki na frente, enquanto Yukito ficou em Kyoto com os soldados e na proteção do Imperador.

- Quem é Yukito? – Nesta hora interrompi. Touya prontamente respondeu.

- Um amigo nosso e ótimo guerreiro. Não se preocupe, ele é de confiança. – Ele disse seco. Como senti vontade de matá-lo nessa hora... – Devemos nos dirigir para o local de treinamento o mais breve possível. Temos muito trabalho pela frente ainda. Yukito só aguarda as ordens para ir até lá.

- Onde será o local de treinamento? – Perguntei curioso.

- Não te interessa, rapaz. – Touya me respondeu com a tradicional rispidez. Quem ele pensa que é? Deve estar com ciúmes de Sakura, aposto.

- Touya! Não fale assim com Shoran. Ele é nosso convidado nesta casa e ainda está nos prestando um favor, ele tem o direito de saber.

Depois das palavras de Fujitaka, ele me respondeu totalmente contrariado.

- O local é secreto, não possui um nome. É num terreno ao norte de Tókio. E somente cinco pessoas sabem disso: nós três, Yukito e o Imperador. Pelo menos por enquanto...

Ouviram-se batidas na porta. Segundos depois a porta foi aberta, e dela saiu uma criada da casa.

- Waii Tsu, eu já não havia dito para não ser incomodado em minhas reuniões na biblioteca? – Fujitaka perguntou um pouco irritado. Isso não é algo que se vê todo dia...

- Me... Me desculpe, patrão! Perdão... Mas, hum... Bem, é que...

A mulher falava extremamente nervosa, mas a frase não pode ser completada. A porta foi aberta com força, para a surpresa de todos, fazendo um barulho irritante. Uma bela mulher de cabelos escuros e longos, e de magníficos olhos violetas entrou na sala, com um imenso sorriso na face.

- Então eu não sou mais importante que esta reunião, meu tio? – A mulher perguntou divertida.

- Tomoyo! Quanto tempo sem te ver, minha querida! – Fujitaka levantou da cadeira impaciente, ansioso em recepcionar a moça. – Foram... O quê? Quatro anos sem te ver?

- Cinco, meu tio. Cinco longos anos de saudade!

Fiquei olhando os dois se abraçarem no meio da biblioteca. Tio? Ela era sua sobrinha? Ah, sim! Agora me lembro, Fujitaka havia comentado que uma tal Tomoyo iria chegar hoje...

- E você não me dá um abraço, meu primo?

- Claro. Estava morrendo de saudades, Tomoyo. Você cresceu, garota! Está lindíssima.

- Os anos passam para todos, Touya. Já estava na hora de eu crescer também.

Ai, ai... Mais uma cessão abraço em família. Nunca gostei dessas coisas muito melosas...

- Você já foi ver Sakura, Tomoyo? – Maldito seja, Touya! Por que tinha que mencionar o nome dela de novo?

- Ainda não. Estou morrendo de saudades dela. Sempre fomos grandes amigas, me lembro que fiquei muito abalada quando tivemos que nos separar. Vou vê- la agora mesmo. Ah, Touya... Tenho uma surpresa para você!

- Hum? O que é?

Tomoyo lançou um sorriso enigmático muito familiar para mim...

- Logo saberá, meu caro Touya! – E saiu sem dar mais explicações. Começo a pensar que a família de Fujitaka é meio louca às vezes. Quando pensei que finalmente havia encerrado o encontro em família, mais alguém entrou na sala. Ao olharmos a pessoa que se encontrava lá, ouvi um vaso se quebrar atrás de mim...

Olhei para trás, tentando descobrir quem havia causado o acidente... Touya. Por que ele está tão nervoso? Seus olhos estavam arregalados e ele realmente parecia chocado. Então esta era a surpresa de Tomoyo...

- Kaho...?

Isso me pareceu muito estranho. Por que Touya havia tido esta reação? Era o que eu pensava enquanto caminhava até meu quarto. Realmente muito, muito estranho...

Meus pensamentos foram interrompidos com o som de passos e vozes. Me escondi atrás de uma porta. Sei que o que fazia era errado, mas minha curiosidade falava mais alto, não pude resistir. Mas... Era Touya e a tal Kaho! O que estavam fazendo os dois sozinhos aí?

Eles desceram a escada e saíram da casa, indo até o jardim. Eu, é claro, os segui. Eles conversavam, mas não conseguia entender o que falavam, estavam muito longe... Mas nem precisei chegar mais perto. A cena que eu vi respondeu tudo. Os dois estavam se beijando!

Como posso explicar o que senti naquela hora? Raiva, injustiça, repugnância... Acho que o que mais explicava meus sentimentos era a expressão "vontade de matar". Sim, era isso que desejava fazer com Touya. Além de ter todo o amor de Sakura só para si, ele a traia sem remorso algum. Como ele podia? Ou melhor, como ele conseguia? Ele realmente não dava o devido valor ao que tinha. Ingrato! Como...? Sakura não merecia isso!

Não agüentei mais guardar a raiva comigo. Saí de meu esconderijo, fui até onde os dois "pombinhos" estavam. Empurrei a tal Kaho e despejei toda a minha raiva com um soco bem na cara de Touya. Como ele podia?

- Você é maluco? O que, raios, você está fazendo, imbecil?

- E você ainda pergunta? Está se fazendo de idiota, Touya? Oh, não, perdão. Esqueci que isso você já é.

- Do que está falando, pirralho?

- Eu estou falando de você. E de como você tem a coragem de trair a Sakura. – Meus olhos estavam cobertos por uma sombra. Minha raiva e desprezo por aquele ser eram inimagináveis.

- Mas do que você está falando? De onde você tirou essas idéias absurdas?!

E ele ainda me respondia isso? Apertei meu punho com força, tentando conter meu nervosismo.

- Eu vi, Touya. Quando você chegou nesta casa, eu vi você e Sakura. Como você consegue ser tão repugnante a ponta de trair uma mulher como ela, que gosta tanto de você?

Doeu meu coração pronunciar aquelas palavras. Por que levo esta garota tão a sério?

- Você está louco, pirralho? Eu não traí a Sakura coisa nenhuma!

Minha paciência já estava se esgotando.

- Não tente me contradizer! Eu vi você com essa mulher! Os dois estavam se beijando, sim, que eu vi!!!

Touya realmente era um idiota completo. Trocar Sakura por essa mulher... Não que ela fosse feia. Longe disso, era muito bonita, com cabelos ruivos e olhos calmos, misteriosos. Mas, na minha opinião, Sakura era muito mais bonita. Ele não dava valor ao que tinha...

- Pirralho idiota!

E ele ainda me chama de idiota!

- Como assim? – perguntei confuso.

- Sakura é minha irmã.

- O quê???!!!

§ Sakura §

Corri para a minha colina. Lágrimas transbordavam de meus olhos. Por que ele havia feito isso? Por que ele havia dito isso?

Nunca imaginei que Shoran seria capaz de dizer uma barbaridade dessas. Eu e Touya? Meu próprio irmão? E ainda me tratou como se eu fosse uma meretriz! O que eu fiz de errado para ele pensar uma coisa dessas? Não entendo...

Olhei meu braço e pude ver um hematoma roxo no lugar onde ele havia apertado. Shoran usou muita força naquele momento, quase não resisti de tanta dor. Desta vez, nem Fuu eu trouxe comigo para a colina...

Corri muito. Queria ficar longe dele. Longe de tudo. Longe do meu passado... Aquele maldito havia feito eu relembrar momentos que há tempo pensava ter apagado das minhas lembranças. As lágrimas simplesmente saíam... E eu nada fazia para impedi-las.

Joguei-me contra chão, esparramando meu corpo no gramado. Ele havia me ferido muito. A última vez de que me lembro ter chorado tanto foi quando aquele terrível incidente aconteceu...

Olhei para o céu. Já estava anoitecendo e o vento soprava frio. Por que tinha que me lembrar de tudo aquilo de novo? Olhe só o que você me fez Shoran Li. Desde o começo sabia que você só traria problemas para esse lugar.

Levantei-me. Uma rajada de vento fez meus cabelos voarem e meu corpo se arrepiar inteiro. Cobri meus braços com minhas mãos o máximo que pude. Estava com muito frio, e a tendência era ficar mais ainda. Não havia modo de permanecer ali.

Voltei para casa e com pressa fui até meu quarto. Não queria encontrar ninguém no meio do caminho, principalmente "ele". Deitei em minha confortável cama e cobri meu corpo, tentando espantar o frio.

Não sei quanto tempo fiquei presa em pensamentos, resgatando meu passado da sela onde havia o trancafiado, mas quando dei por mim alguém batia em minha porta e já era tarde da noite.

Levantei impaciente de minha cama para atender o inoportuno. Abri a porta com força, demonstrando minha raiva.

- O que você quer? – Perguntei sem olhar ou me importar com quem era.

- Nossa que mau humor, Sakura!

Essa voz... Abri meus olhos depressa olhando para a pessoa à minha frente.

- Tomoyo!!!

Não me importei com mais nada. Joguei-me em seus braços abraçando-a com toda a minha força.

- Quanta saudade, minha prima! Nunca mais me deixe sozinha tanto tempo!

- Também senti muita falta de você, Sakura! Quanto tempo, não?

- Tomoyo, prometa que nunca mais iremos nos separar deste modo!

Ela me abraçou com carinho me dando aquele seu doce olhar que eu tanto sentia falta.

- Nunca mais, Sakura. Nunca mais. Eu prometo!

Deixei o sorriso se formar em meu rosto. Como era bom vê-la de novo. Tomoyo, além de minha prima, sempre foi minha melhor amiga. Desde muito novas éramos inseparáveis. Inclusive, quando soube que ela iria estudar em Paris, entrei em completa depressão...

- Mas então, só você veio?

- Não. A Kaho veio comigo. Você sabe que aonde eu vou, ela normalmente me acompanha...

Kaho Mizuki, há muitos anos, foi contratada para ser dama de companhia de Tomoyo. De tão doce e boa que ela era, acabou se tornando "da família". Não demorou muito para que meu irmão caísse de amores por ela. No começo ele implicava muito com o jeito misterioso dela, mas logo ele descobriu-se apaixonado por ela.

Quando os dois admitiram estarem apaixonados, foi a maior festa. E agora estão noivos. Quando Tomoyo decidiu estudar no exterior, por falto de recursos de estudo para nós mulheres no Japão, Kaho resolveu ir junto com ela. Ela não era mais companheira de Tomoyo, mas havia se acostumado tanto que não conseguia deixar Tomoyo, o carinho de Kaho por ela já era muito grande. Então elas partiram, Tomoyo prometendo voltar quando encerrasse seus estudos e Kaho prometendo casar com Touya quando retornasse.

- Meu irmão vai ficar super feliz! Queria ter visto sua cara ao reencontrá- la...

- Realmente, Sakura. Deve ter sido cômico! Posso até imaginar...

Por mais que fosse bom conversar com Tomoyo, não conseguia esquecer o incidente com Shoran. Me surpreendi quando minha prima pegou minhas mãos.

- Sakura, o que aconteceu? Por que está triste assim?

Claro que ela notaria. Minha prima sempre foi extremamente observadora. Esforcei-me para lhe dar um sorriso.

- Não é nada. É que estou muito cansada, e com sono. Acordei cedo hoje.

- Hum... Sei. Vou fingir que acredito, ok? Vou deixá-la sozinha um pouco. Você parece estar precisando. E já está tarde, também... A viagem foi muito cansativa, preciso descansar um pouco. Recuperar minhas energias, sabe? Boa noite, Sakura.

- Boa noite, Tomoyo.

Observei ela sair do meu quarto com um sorriso no rosto. É estranho... Já repararam como quando algo triste, doloroso, acontece, algo bom ameniza um pouco esta dor?

Sim, Shoran havia feito eu sofrer muito. E eu fiquei muito, mas muito magoada com ele. Eu realmente não esperava, nem imaginava que ele iria fazer uma coisa daquelas... Foi horrível!

Mas... Por que eu não conseguia odiá-lo? Será... Oh meu Deus... Acho que eu estou me apaixonando por ele...

Continua...

PARÓDIA DO CAPÍTULO

Situação 3: Toya: O que está fazendo, pirralho? Shoran: Como assim o que eu estou fazendo? Toya: Você não tem medo do perigo? Cortou o clímax!!! Shoran: Não tem vergonha de trair a Sakura assim? Toya: Como assim trair a Sakura? Eu sabia que ela era ciumenta, mas não sabia que era tanto e... Shoran: COMO ASSIM? VOCÊ ACHA QUE ELA DEVIA ACEITAR A TRAIÇÃO??? Toya: Você é realmente muito cabeça dura mesmo! Quantas vezes eu e toda a torcida do flamengo vamos ter que martelar na sua cabeça que a Sakura é minha irmã!!! FIM DA PARÓDIA

N. A.: Oi, galera! Por favor, não me matem! Eu sei que demorei, mas tenho um motivo. Acontece que eu não estou conseguindo conectar a Internet em casa. Ou seja, este capítulo já estava pronto faz dias, mas não pude posta- lo. Tive que comprar um disquete, copiar o arquivo e dar um jeito de ir na casa da minha prima e usar seu computador. E para piorar, o técnico disse que só vai poder dar uma olhada no computador na semana que vem ou na outra ainda...¬¬o

Eu estou tão feliz!!! Se não recebi muitos comentários no capítulo "Intrigas", recebi no "A Chegada de Touya". MUITO OBRIGADO!!!

Bem, espero que tenham gostado deste capítulo! Qualquer coisa, vocês já sabem: podem me falar sem receio algum!

AGRADECIMENTOS

A Deus, minha família e amigos, minha betinha querida e, não poderia faltar, as pessoas que me mandaram reviews. Fico muito, mas muito grata! Aqui estão essas pessoas:

Anaisa – Você não tem que se desculpar por nada, amiga! Eu te entendo completamente. Também acho que se for comparar o primeiro capítulo com os últimos, eles estão bem melhor. Que bom que está gostando! O Li está bem bobinho mesmo, afinal por que ele tem que ser sempre o sério, perfeito? Se bem que adoro ele assim...Hihihihi! Muito obrigado, amiga!!!

Carol Higurashi Li – Oi, querida! Nem tenho palavras para agradecer por tudo que tem feito por mim, amiga!!! Você tem me dado muito apoio. Fico vermelhinha com tantos elogios seus, que você sempre com muito carinho distribui sobre minha pessoa! Obrigado por tudo!!!

Hime Hayashi – Não acredito que recebi um comentário seu!!! Fiquei muito feliz que você, uma excelente escritora, tenha perdido seu precioso tempo lendo minha fic. O nome do Syoran está como Shoran, porque eu pensava que seu nome era assim. A Rafinha que me fez a gentileza de informar o modo certo, mas agora não dá para mudar. Sempre prefeir escrever histórias com pontos de visto duplos. Acho que a fic fica mais bem explicada.Fico muito feliz que esteja gostando. Muito obrigado pelos elogios, querida!!! Ufa, responder cinco reviews de uma só vez não é fácil...Hehehe! Obrigado!

Anna Lennox – Oi, querida! Muito obrigado por estar acompanhando minha história, É uma honra! Mas que história comprida o Entre a Cruz e a Espada... Ainda não consegui terminar de ler... Hehehe. Mas eu prometo que termino! É o que dá começar a ler uma fic já iniciada antes... Muito obrigado pelos elogios!

Anygiel MG- A paródia ficou legal, né! Agradecimentos a minha querida amiga Lilaclynx! Realmente, não é uma tarefa fácil postar um capítulo por semana. Eu desisti, achei muito pouco tempo... Ah, eu li seus textos! A-do-rei!!! Você escreve muito bem! Passa para o papel o que está sentindo de um modo bem pessoal! Quis escrever isso aqui para que quem leia saiba que você é uma ótima escritora. Muito obrigado, querida!

Lan Ayath – Oi, querida! Fico muito feliz que esteja gostando da minha fic. E que assim continue sendo! E tem outra, seu fic mais recente está ficando ótimo! Um enredo muito criativo, viu! Obrigado por tudo!!!

Patty Sayuri Suyama – Oi, amiga!!! Pode me chamar do jeito que quiser, eu até prefiro que me chamem de M-chan ou Sheldon! Querida, você não tem que se desculpar por nada! Também adorei aquela cena a cara d Syoran devia estar hilária. Concordo, vento no rosto é muito bom... Foi pensando nisso que escolhi o nome do cavalo de Sakura! E não posso deixar de comentar: estou amando a sua fanfic!!! Muito obrigado!

Rafinha Himura Li – Oi, fofa! Não tem idéia de como me deixa feliz saber que está gostando da minha fic! Sua opinião é muito importante para mim. E você sempre está me dando conselhos, também... Rafa, você é uma pessoa maravilhosa!!! Minha cena preferida no capítulo 4 foi quando Sakura estava na colina com Fuu. Me esforcei muito para que saísse como eu queria... Muito obrigado por tudo, querida! Não tenho palavras que descrevam minha gratidão (os papéis se inverteram...).

Kath Klein – Por favor, alguém me belisca! Eu estou sonhando ou realmente recebi um comentário seu??? Se é verdade... Meu Deus, estou tão feliz. Você não tem idéia de como me sinto honrada em receber um review seu. Isso nunca se passou por minha cabeça, me surpreendi totalmente! Sempre admirei muito você, sabia? Pode me chamar de M-chan, até prefiro! E não se preocupe, receber um já está mil de bom e desde que você leia a fic, está ótimo! Muito obrigado!

Lilaclynx – Oi, amiga! Não precisa ficar vermelha, aquele capítulo foi dedicado a você merecidamente! Então está mais velha agora, não? E a sua paródia já foi bem elogiada, querida. Só pude colocar uma porque senão ficaria muito grande o espaço ocupado, perdão! Mas muito obrigado pelos elogios, o apoio... Tudo! E pode deixar que assim que eu puder leio sua fic!!! Obrigado!!!

Yoruki Hiiragizawa – Oi! Ri muito com o que você me disse no terceiro comentário! Muito engraçado, amiga! Também sempre gostei de fics de época em que a Sakura tem uma personalidade forte. Por isso escolhi fazer esta fic assim. Entendeu porque "A Chegada de Touya" é meu preferido, não? Gostei muito de escrever este capítulo, ele simplesmente fluiu... Entende? Espero que "Irmãos?" esteja bom também, mas ainda gostei mais do anterior. E você não foi repetitiva, em momento algum! Quanto ao MSN, assim que eu puder te adiciono... Mas já aviso: eu não entro com muita freqüência. Fiquei muito feliz ao receber comentários seus! Muito obrigada!

Miaka-lutadora – Você gosta de Fushigi Yuugi? Pois eu adoro, é um dos meus mangás preferidos! Já tenho até a unidade 27.Que bom que está gostando da minha fic! O final eu não posso revelar ainda (e nem nunca, huahuahua! Brincadeira), lamento... Pode deixar que eu não pretendo desistir, não. E irei pensar nestes leitores, se é que há algum... Muito obrigado!!!