Capítulo 2 As Faces da Moeda

- Neville? O Harry não estava com vocês? perguntou Hermione preocupada, juntando-se ao colega na mesa de Gryffindor.

- Ele não voltou a aparecer depois daquele convite que recebeu. respondeu o rapaz. Pensei que estivesse convosco...

- Deixa, Hermione. interrompeu Ron. Deve ter sido chamado por um membro da Ord... Ron foi interrompido pelo abrir das grandes portas do Salão. A professora McGonnagal entrou com uma fila de curiosos e assustados alunos do primeiro ano. Quase de imediato a aba do Chapéu Seleccionador rasgou-se e começou a cantar, dando o mesmo aviso que no ano anterior. No fim, deu-se início à cerimónia da selecção.

- Alderhan, John!

- Hufflepuff!

- Arebelle, Violet!

- Gryffindor!

Finalmente, Gaspar Zuribui foi seleccionado para Slytherin. Dumbledor levantou-se com um pequeno mas encorajador sorriso nos lábios.

- Alunos, bem-vindos! São tempos difíceis os que nos aguardam. Muitas coisas mudam e outras não. É bom que saibam o que deve mudar e o que não deve. Novos poderes foram postos em andamento. Novos dados foram lançados. Não devemos nunca...

CRASH!

Todos os alunos sem excepção se viraram para a porta do Salão. As portas completamente escancaradas contrastavam com as raparigas que observavam orgulhosamente o Salão. Se algum dos alunos tivesse dado uma olhadela ao tecto encantado, veria que uma qualquer magia interferira com o já enfeitiçado tecto. Bolas de fogo e de água a esbarrarem entre si tinham substituído o que seria o estado do tempo no exterior. Uma observação mais atenta demonstrava que essas bolas, eram fadas do fogo e fadas da água que ora chocavam, ora se evitavam numa estranha dança de opostos... mas ninguém observava o tecto. Todos os olhares se dirigiam para as raparigas que haviam interrompido o discurso de Dumbledore.

- Ah, sim. disse o director, quebrando o silêncio. Hogwarts tem este ano duas novas alunas, transferidas de uma outra escola de magia. Se quiserem fazer o favor de experimentarem o Chapéu...

Ambas as raparigas acenaram em concordância e dirigiram-se ao Chapéu. Elyon Cadbury, seguindo a ordem alfabética, experimentou-o em primeiro lugar.

- Ravenclaw! Os aplausos foram inexistentes.

- Miss Phoenyx... convidou Dumbledor.

- Ravenclaw! gritou o chapéu, mal a ruiva o colocou. Mais uma vez, não houve aplausos.

- Bem-vindos, novos alunos. recomeçou Dumbledor. Ninguém pareceu notar o rapaz moreno que entrara no Salão e, discretamente, se dirigiu à mesa de Gryffindor.

- Ouvi dizer que o Quem-Nós-Sabemos foi visto a leste daqui. Está empenhado em entrar em Hogwarts. comentava o rapaz à esquerda de Samantha.

- Porquê que têm medo dele? intrometeu-se a rapariga. Imediatamente os olhares mais próximos foram-lhe dirigidos. Em todos havia estupefacção.

- Como? perguntou o rapaz que, soube Sam mais tarde, se chamava Terry Boot.

- Porquê que têm medo dele? repetiu a rapariga. Já pensaram alguma vez nisso? Vocês não temem o feiticeiro, temem o que ele faz.

- Eu não estou a perceber... murmurou uma rapariga com uma grande quantidade de base na cara que, todavia, não conseguia apagar a palavra BUFA.

- O que ela quer dizer, explicou Elyon num tom de voz de quem explica a um bebé que um mais um é dois. é que vocês não têm medo do Voldemort. fizeram-se sentir vários estremecimentos. Têm medo da morte. Ele mata os vossos amigos e parentes, e, eventualmente, pode vir a matar-vos.

- Bem, é normal termos medo da morte, não é? defendeu-se Terry.

- É normal ter-se medo do desconhecido. respondeu Sam. Se conhecesses a morte, não a temerias. Como não sabes o que é, teme-la. Mas o que vocês não compreendem, é que a morte é necessária.

- Não há vida sem morte, nem morte sem vida. completou Elyon, pousando o garfo com as batatas. Elas são uma moeda. Uma face é a vida, a outra é a morte. Só não sabemos qual é qual.

Os ouvintes transportavam expressões de quem estava claramente a pensar "Estas gajas são completamente maradas!". Isso não pareceu incomodar muito Sam e Ely, que continuaram a jantar tranquilamente.