Nota: Eu invento feitiços! E a propósito, não se assuste com o Harry, durante a fic o comportamento dele vai se explicando. Cap.4 – Em Londres

Depois de muita relutância Otto concordou que o certo era realmente Alicia ir para "a tal escola". Alicia estava ansiosa, Harry vinha visitá-la de vez em quando, mas a maior surpresa foi quando Harry disse que Ciça iria com ele para Londres alguns dias antes do embarque para a Hogwarts.

"- Mais cedo? Papai não vai gostar nada dessa idéia."

"- Já falei com seu pai, vou te confessar que gastei muito da minha lábia tentando convencê-lo, mas consegui. Vamos para Londres no final da semana."

"- Mas já! – Ciça estava preocupada em deixar seus pais tão cedo."

"- Já? Você precisa se acostumar com o tempo, o fuso horário, as pessoas, o inglês. As aulas começam daqui a quinze dias."

"- Caraca, o inglês! Não sou muito boa em inglês, só arranho o básico do básico."

"- E você acha que eu falo português?"

"- Ué, tá falando o quê então?"

"- Quero dizer que não estudei o português! Não tive tempo! Uso um feitiço, que vou aplicar em você assim que chegarmos em Londres, mas você vai precisar de um tempo para se acostumar.

"- Esse negócio de magia é uma mão na roda heim!"

"- É verdade!"

Ciça gostou da idéia de ir para Londres mais cedo, mas... Deixar seus pais... Ela nunca ficara longe dos pais. Seu pai às vezes ia viajar por causa do trabalho, mas ela nunca ficara sem nenhum dos dois, e ainda ia ficar sem amigos. E se as pessoas na nova escola fossem chatas? E se ela não gostasse de ninguém? E pior, se ninguém gostasse dela? Ela sabia que podia contar com Harry que era uma ótima pessoa e ela sabia que ele seria seu professor de DCAT em Hogwarts, mas ele não era da idade dela, apesar de parecer às vezes, tinha o receio de ficar sozinha naquele lugar.

No dia anterior a viagem, Ciça foi conversar com sua amiga Isabela. Teria que mentir para a amiga, Ciça não gostava de mentir, mas não teve escolha. Como diria à Isa que estava indo para uma escola de magia? Harry aconselhou-a que seria melhor que ninguém ficasse sabendo sobre Hogwarts. Então ficou combinado o que ela e seus pais diriam para quem perguntasse sobre Ciça.

"- Eu me inscrevi para fazer intercâmbio na Inglaterra, ligaram essa semana, tenho uma vaga em uma escola de lá."

"- Mas por que você não me contou sobre a inscrição? – perguntou Isa."

"- Porque a mamãe disse para eu não criar expectativas antes de saber a reposta. Desculpe Isa, mas meus pais não queriam que ninguém soubesse antes da hora."

"- Tudo bem amiga, quando você vai?"

"- Amanhã."

"- Mas já!"

"- É que eles pediram para eu chegar mais cedo, para me adaptar, essas coisas... – Ciça tinha lágrimas nos olhos - Vou sentir sua falta."

"- Eu também, amiga. Muita falta. – a voz de Isa engasgou, mas logo disfarçou sua tristeza em um sorriso "tenho que dar força para Ciça." pensou ela – Mas você vai escrever, né?"

"- Claro! Uma carta por semana contando tudo, tá bom para você?"

"- Perfeito!"

As amigas se abraçaram. Chegando em casa Alicia tinha um dilema ainda maior, despedir-se de seus pais, era a última noite com eles, ela não sabia como ia resistir a saudade, queria ficar com eles, mas dentro dela algo dizia que seu lugar era em Hogwarts.

A última noite com seus pais foi ótima, tiveram um jantar com tudo que Ciça mais gostava, depois viram televisão juntos, quando foi a hora de dormir os pais de Ciça ficaram mais tempo do que o habitual junto da cama da menina, contaram histórias, piadas, e Ciça adormeceu. Ela não soube, mas seus pais ficaram ao lado dela quase que a noite toda.

"- Tão pequena... Tão linda..."

"- Otto não se preocupe, ela será bem tratada lá, e estará perto de seus iguais, pelo menos foi o que o Sr. Potter nos disse, e eu espero que ele cuide bem dela, porque se não... Sendo ele bruxo ou não, eu quebro cara dele – disse Mariana enquanto enxugava o rosto com um lencinho cor rosa bebê."

"- É, eu sei que ela vai ficar bem!"

O dia amanheceu com poucas nuvens no céu, apesar de ser inverno, mas estavam no Rio de Janeiro e mesmo no inverno conseguiam dias de sol maravilhosos, e esse prometia ser um desses. Alicia acordou cedo, estava ansiosa, foi verificar sua bagagem. Tinha mais malas do que era realmente necessário, claro, fora sua mãe quem fez as malas, e Mariana sempre achou que era melhor prevenir do que remediar, e "afinal de contas Ciça vai ficar um ano fora, precisa de roupas para todas as ocasiões" insistiu Mariana. Ciça não concordava com a mãe, mas não ia tentar pela milésima vez convencê-la que provavelmente na escola ela não teria tantas ocasiões assim, e que não era preciso levar quase seu guarda-roupa inteiro. Ciça se certificou que todos os livros estavam em seus devidos lugares nas malas, "eles sim são essenciais" pensou Ciça, e depois de um banho, foi para a cozinha tomar seu café. Deu um beijo no pai outro na mãe, e quando terminava o café, a campainha tocou, sua mãe foi atender, e voltou com Harry.

"- Bom dia Sr. Fogli! – fez um gesto com a cabeça e foi retribuído por Otto – E aí? Já esta pronta Alicia? – sorrindo para a menina."

"- Sim. - retribuindo o sorriso."

"- Então vá buscar suas coisas, que eu vou levar vocês até o aeroporto – era Otto quem falava enquanto tomava o último gole do café."

"- Claro papai."

Ciça saiu, Mariana foi com ela até o quarto, enquanto isso Otto se certificava que Harry cuidaria bem de Ciça, ele fez milhares de perguntas sobre segurança, e Harry respondia prontamente e com toda paciência, fez milhares de recomendações sobre o que Ciça gostava e o que ela detestava e por fim...

"- O Sr. cuide bem da minha garotinha, está me ouvindo? Ela é o meu bem mais precioso, e eu estou colocando-a sob sua responsabilidade."

"- Claro Sr. Fogli! Pode ficar tranqüilo, cuidarei bem do seu tesouro."

"- Essa é a única coisa que lhe peço, isso é muito difícil para mim. Cuide da minha filha como se fosse sua, por favor! O Sr. promete?"

"- Claro Sr. Fogli, cuidarei dela melhor do que cuido de minha vida."

Sr. Fogli ficou um pouco mais tranqüilo depois da conversa com Potter. Mariana estava com Ciça no quarto, não queria falar sobre despedidas, aproveitou os últimos minutos com a filha abraçando-a e fazendo cócegas. Ciça ficou feliz pela mãe não ter começado a chorar, não seria nada fácil para ela ir embora tendo como última lembrança a mãe sobre prantos. As duas voltaram para a cozinha, os Srs. estavam em silêncio, Ciça deu uma beijoca no pai, que lhe retribuiu com um carinho sobre a cabeça.

"- Vamos então!"

"- Vamos papai. Mamãe ,vem."

"- Não Ciça, ficarei por aqui, você sabe que... Se eu for até lá... – Mariana pegou seu lencinho e enxugou o canto dos olhos."

"- Eu entendo mamãe – Ciça agarrou-se no pescoço da mãe, e encheu o rosto de Mariana de beijinhos."

"- Obrigada querida."

"- Vamos, se não vamos perder o avião, querida solte a Ciça, ah querida! A Ciça vai voltar, vamos, vamos Ciça. – Otto estava tentando soltar Ciça dos braços da mãe."

"- Vamos papai, tchau mamãe! – e Ciça foi saindo da casa – Venha Sr. Potter, vamos. Tchau mãe!"

"- Tchau querida!"

Durante o caminho Harry ficou se lembrando do dia em que ele saiu da rua dos Alfeneiros para ir estudar em Hogwarts, e não houve nenhum lamento de seus tios sobre a saudade que sentiriam, era bem a verdade que eles não sentiriam saudade alguma dele. Ele foi criado com tanto desprezo, nunca ouvira antes de chegar a Hogwarts, uma palavra de carinho, de conforto, crescera sem pais, sem amigos.

Chegaram ao aeroporto, eles estavam em cima da hora, Harry cumprimentou o Sr. Fogli com um aperto de mão, e Ciça abraçou seu pai, que lhe deu um beijo e lhe desejou boa sorte, e um habitual "comporte-se".

Dentro do avião, Ciça não agüentava mais aquele silêncio por parte de Harry.

"- Por que nós estamos indo de avião? Não dá para ir por meio mágico?"

"- Shhhhhiiiiii! Fala baixo Alicia! E, não, não dá para ir por magia, não com você, não me foi permitido, pode ser perigoso."

"- Perigoso? Perigoso como?"

"- Ah! Nada demais, só que... Achamos... Achamos que é muito cedo para você ter contato com chaves de portal, já que você ainda não teve contato com magia."

"- Ah tá! Entendi!"

"- Que bom Alicia!"

"- Você pode me chamar de Ciça!"

"- Posso!- Harry abriu um imenso sorriso – Muito obrigado então, Ciça!"

Ciça sorriu. A viagem era muito cansativa, depois de um bom tempo em silêncio Ciça perguntou de novo.

"- Onde eu vou ficar até o começo das aulas?"

"- Na minha casa."

"- Na sua casa!"

Ciça não estava acreditando, coisas incríveis estavam acontecendo na sua vida, e agora para completar sua felicidade, ela iria ficar na casa do seu ídolo. Ela nunca comentara com Harry sobre isso, mas não achava necessário, e depois que ele disse que detestava a fama, ela decidiu que nunca tocaria nesse assunto. Eles finalmente chegaram em Londres. Era verão, mas o clima não era muito diferente do que estava no Rio, Ciça poderia dizer que era até um pouco mais frio. Pegaram um táxi, no caminho até a casa de Harry, Ciça pode perceber que tudo era muito diferente do Brasil, mas preferiu não fazer nenhum comentário. A viagem de taxi era um pouco longa, Harry explicou que sua casa ficava quase no final de Londres, ele não gostava muito do movimento da cidade, nem podia ficar longe dela, então decidiu por uma casa dentro da cidade mais distante do movimento. Quando o táxi parou, Harry disse:

"- Chegamos Ciça!"

Harry pagou o táxi, Ciça olhou ao longo da rua, as casas eram todas muito parecidas. Harry indicou a sua casa, Ciça admirou uma roseira muito bonita que havia ali, ele sorriu ao ver que a menina gostara da planta, e abriu a porta chamando Ciça para dentro.

"- Venha Ciça, vou lhe mostrar minha casa."

Ciça entrou, havia um hall simples com uma mesinha com telefone e um tapete, à sua direita tinha a sala, que era muito parecida com uma sala trouxa, tinha televisão, sofá, tapete, quadros, as paredes eram branco gelo, as cortinas brancas e leves. Cada detalhe daquela sala havia sido muito bem planejado, os objetos se completavam, era tudo bem simples, mas de um grande bom gosto, definitivamente a pessoa que decorou aquela sala tinha um dom nato para decoração. À esquerda ficava a cozinha que também era bem normal, toda branca, antes da cozinha tinha uma porta que Harry disse que dava acesso à biblioteca, e que Ciça achou melhor conhecer depois. Voltaram para a sala, onde havia a escada que levava ao andar superior, Harry mostrou-lhe o seu quarto, que fora decorado em tons pastéis, havia muitas fotografias por todo o quarto, seguindo pelo corredor tinha o quarto de hóspedes, que Ciça pensou ser onde ela ia dormir, era simples com a decoração parecida com a da sala. Ciça já ia se acomodar no quarto quando Harry a chamou.

"- Ciça vem, falta o seu quarto."

"- Ãh!"

Ela se levantou e foi até o quarto do lado, Harry abriu a porta, Ciça ficou maravilhada. O quarto era rosa bebê, com detalhes azuis e amarelos bem clarinhos, a cortina em arco-íris, prateleiras com bonecas e ursinhos de pelúcia, livros de contos infantis, brinquedos trouxas e mágicos também, a cama com um edredom branco e almofadas coloridas nos tons da cortina. No canto do quarto tinha uma vassourinha, era como uma firebolt para crianças. Ciça se sentou na cama, que era muito fofa, abraçou o ursinho que estava em cima das almofadas.

"- Esse quarto é lindo! De quem é?"

"- É seu! – vendo o rosto incrédulo da menina Harry completou – Enquanto você estiver aqui ele vai ser seu."

"- Então deixa eu perguntar de novo. Esse quarto foi decorado para uma criança pequena não foi? Eu diria um bebê – disse apontando para a fireboltizinha no canto do quarto – Quem é a criança?"

"- Minha filha!"

"- Você tem filha?

"- Tenho, vou te contar a história, mas primeiro – Harry tirou a varinha do bolso.

"- Que é?

"- O feitiço para você entender e falar inglês lembra?

"- Claro! Pode fazer! Peraí! Vai doer?

"- Não!

"- Então pode fazer.

"- Dialogus perfectus! E aí tá me entendendo?

"- Tô, perfeitamente! Agora conta! Você tem uma filha? Então você é casado?

"- Vou começar a história do começo então. Lembra da Nathalie que eu te falei? – Ciça assentiu com a cabeça – Depois que Voldemort desapareceu pela última vez...

... os Comensais da Morte não pararam suas atividades, os que não foram para Azkaban, eles continuaram a perseguir e matar trouxas, e a atormentar o mundo mágico, e eu como auror do Ministério, tenho como obrigação perseguir e capturar os comensais.

Há cerca de treze anos atrás eu recebi uma coruja denunciando o lugar onde seria o próximo ataque, quando cheguei ao lugar, que era uma rua próxima a uma estação do metrô em Londres, encontrei uma moça muito bonita que caminhava distraída, quando observei melhor vi que um comensal se aproximava dela, antes que ele pudesse fazer mal a ela atirei-lhe uma azaração, e salvei a bela moça, ela me agradeceu, e eu tinha que fazer um feitiço de alteração de memória, mas não resisti, e ao alterar a memória dela mantive nosso encontro e então ela passou a pensar que eu a livrei de uma gang.

Me apaixonei por ela no instante que a vi pela primeira vez naquela rua. Continuamos a nos encontrar, depois de algumas semanas, semanas maravilhosas, começamos a namorar. Contei à ela a verdade, ela não entendeu. Pensei que tinha achado esquisito, nos separamos. Passei a pior semana da minha vida até então, é engraçado, passei anos ansiando o dia em que eu encontraria Voldemort e o derrotaria para sempre. A sensação foi um pouco diferente, mas nem se comparou aquela semana, é estranho o que o amor faz com as pessoas. Senti que sem ela a minha vida não teria mais alegria, não teria mais sentido algum.

Procurei-a, ela não queria me receber, depois de muita insistência minha ela aceitou me ver, mas foi com muito má vontade. Perguntei à ela se o problema era a magia, ela me respondeu que não, o motivo pelo qual ela não queria falar comigo, era a mentira. Eu me lembro como se fosse ontem, quando ela me disse isso, eu sorri, eu gargalhei. Ela séria, me perguntou se eu estava rindo da cara dela. Naquele momento eu me ajoelhei aos pés dela e disse que não. Toquei em seu no rosto e falei que eu nunca iria rir dela, que eu queria apenas rir com ela , chorar com ela quando fosse preciso, viver uma vida linda e sincera ao lado dela para sempre. Prometi que para ela nunca mais iria mentir, e cumpri minha promessa. Casamo-nos, jurei amor para o resto da vida, só não contava que o resto da vida dela fosse tão curto.- nesse momento Harry parou, deu suspiro fundo, Ciça achou que era conveniente interromper.

"- Se não quiser continuar Harry, tudo bem. Quando você se sentir melhor nós continuamos a conversa ou então não continuamos, como você quiser."

"- Não, eu vou continuar sim, já faz muito tempo, não vou te dizer que superei, nem que aceitei, mas compreendi. Onde eu estava? Ah! Sim! Nós casamos, foi uma cerimônia simples, mas linda, aliás, qualquer lugar onde Nathalie estava sempre se enchia de beleza, luz e alegria, ela tinha o sorriso mais lindo que eu já vi, tão puro, tão doce...

Pensei ter toda a felicidade do mundo, mas depois de três meses de nosso casamento chegou a notícia: "vamos ter um bebê" ela disse. Passamos a viver pelo bebê, pensávamos no nome, no rostinho, se seria menino ou menina, isso sim nos atormentou. Menina seria linda como ela, e o menino ela dizia que seria veloz e esperto até mesmo travesso como eu, e como antes meu pai foi. Depois de alguns meses nessa agonia, chegou a notícia, era um menina, começamos a decorar esse quarto, tudo está igualzinho, menos a cama onde você está, tinha um berço aí.

Depois que nos casamos, Nathalie perdeu o contato com o mundo trouxa. Ela decidiu assim, seus pais já haviam morrido, ela tinha apenas uns tios distantes, e alguns amigos menos chegados. Manteve contato apenas com Joane, mas por carta, a amiga morava muito longe. Quando o bebê nasceu, a chamamos de Cecília. Hermione foi a madrinha e Rony o padrinho. Tudo transcorria na maior felicidade, a neném a cada dia fazia uma nova gracinha. Os meses foram passando e a minha vida não podia estar melhor ao lado de minha mulher e de minha filha. Eu estava realizado, me sentia completo, até o maldito dia em que eu fui lutar contra alguns comensais que estavam ameaçando o povoado de Hogsmeade. Haviam outros aurores no povoado, a luta foi muito difícil, mas conseguimos pegar alguns deles para mandar à Azkaban, e um deles era finalmente Lúcio Malfoy.

No julgamento Lúcio foi condenado à prisão perpétua, Draco jurou que iria se vingar de mim. Não dei muita importância, Malfoy sempre me fazia ameaças desde o tempo de escola e nunca foi capaz de me fazer algum mal realmente, não por falta de tentativas, mas de talento. Mas eu deveria ter prestado atenção àquele aviso, a minha ignorância me custaria um preço muito alto.

Em uma bela manhã de verão, Nathalie me acordou dizendo que tinha tido um pesadelo. Ela não queria que eu fosse trabalhar naquele dia, eu insisti, disse que precisavam de mim no Ministério. Ela pedia para que eu ficasse, mas eu fui. Deixei Nathalie e Cecília, sozinhas em casa, prometendo que voltaria o mais rápido possível. Mesmo contrariada Nathalie se despediu de mim com um belo sorriso, fiz cócegas na Cecília e ela também sorriu para mim. Ah! Se eu soubesse que essa seria a última vez que eu veria aqueles sorrisos... – Ciça pensou em interromper, mas achou melhor desistir, Harry estava inerte em seus pensamentos, parecia que apenas seu corpo estava ali lhe contando a história, e sua alma estava lá, devolta aquela manhã de verão

Fui trabalhar, quando cheguei ao Ministério descobri que uma coruja que eu havia recebido na noite anterior dizendo que seria indispensável a minha presença em uma audiência no dia seguinte era falsa, achei muito estranho, e meu faro de auror me fez lembrar do sonho de Nathalie e perceber que algo estava errado. Voltei para casa, Nathalie não gostava que eu aparatasse na sala de casa, dizia que sempre se assustava, então eu sempre aparatava perto da roseira, demorei um pouco para abrir a porta, sempre me atrapalho com as chaves, tinha uma movimentação estranha dentro da casa, quando abri a porta, vi Draco Malfoy com minha filha nos braços, quando me adiantei em direção a ele, Malfoy desaparatou levando o meu bebê, olhei para os lados, vi minha esposa deitada no chão, ela gemia de dor, eu queria saber tudo que tinha acontecido ali, mas não deu tempo, ela apenas olhou nos meus olhos e disse... Disse... – Harry tinha os olhos coberto de lágrimas, sua voz engasgou, mas ele respirou fundo e completou – disse para eu ir procurar Cecília, que ela não me culpava, e que ia continuar me amando para onde quer que ela fosse, eu disse que também ia amá-la, e ela se foi.

Minha vida nunca mais foi a mesma, durante semanas não consegui sair de casa, me agarrei nas lembranças, ficava aqui nesse quarto, pensando nas gracinhas do meu bebê, na sala toda decorada por Nathalie lembrando das risadas que demos sentados naquele sofá. Meus amigos tentavam me trazer para a realidade, tentavam me animar, mas foi Dumbledore que me fez acordar, e perceber que nem tudo estava perdido, voltei para o meu trabalho com o intuito de descobrir algo sobre o paradeiro de Cecília, eu precisava encontrar a minha filha. Descobri várias pistas, muitas não levavam a nada, outras iam até um ponto, mais dali, não tinha mais para onde partir. Por fim, procuro até hoje alguma pista da minha filha – Harry olhou carinhosamente para Alicia – e ainda não consegui nada.

"- Harry eu nem sei o que dizer. Tudo por culpa daquele Malfoy!"

"- Não Ciça! Tudo por minha culpa, ele me avisou, eu é que não quis ouvir, Hermione me disse para colocar mais feitiços de proteção na casa, mas eu achei que Malfoy não seria capaz. Mas ele foi, e por displicência minha, as duas pessoas que eu mais amo na vida estão separadas, e estão longe de mim. Deus sabe onde está minha filha, eu espero que ela tenha sido bem cuidada, por pessoas boas."

"- Não fale assim, eu tenho certeza que ela conseguiu pais tão bons quantos os meus, fique tranqüilo Harry, é sério, alguma coisa dentro de mim diz, que sua filha está muito bem tratada e feliz, não sei como, mas eu tenho certeza."

"- Eu acredito em você Ciça, se você diz, Cecília está bem. Agora está na hora de você descansar! Fiquei te enchendo com as minhas histórias, mas você tem que dormir garotinha!- e sorriu para Ciça."

"- Você não me encheu Harry, mas acho que vou tirar um cochilo sim."

"- Nada de cochilos! Quero um sono profundo! Por isso tome isto aqui. – e tirou um pequeno frasco do bolso – Poção para dormir sem sonhar, o marido da Mione mantém minha dispensa cheia disso. Tome e durma."

"- Marido da Mione? Ela é casada? Com quem?"

"- Durma Ciça, amanhã agente conversa mais."

"- Tá - Ciça tomou a poção, mas antes de dormir falou. – Harry, quando você precisar, conte sempre comigo! – e adormeceu."

Harry sorriu, apagou a luz, e fechou a porta.