Cap. 6- Julius Snape
A semana passou mais rápido do que Ciça esperava. Quando ela deu por si já era 1º de setembro, o dia do embarque para Hogwarts. Harry levou-a para a estação King's Cross num carro emprestado pelo Ministério. Entraram na estação e Ciça não teve problemas para passar pela plataforma nove e meia, já conhecia a passagem pelos livros. Quando atravessaram Ciça perguntou.
-Se a passagem é descrita nos livros, por que os trouxas não chegam aqui?
-Feitiços anti-trouxas! Eles se lembram de coisas muito importantes, ou ficam muito apertados para ir ao banheiro.
-Ah tá! UAU! – finalmente a menina havia se dado conta da imensa locomotiva vermelha que estava na sua frente.
-Bem vinda! Esse é o Expresso Hogwarts! Gostou Ciça? – a menina assentiu com a cabeça.
Ciça entrou, foi logo procurando uma cabine vazia, encontrando-a quase no final do trem, deixou suas coisas dentro da cabine e voltou para despedir-se de Harry.
-Daqui você segue sozinha! Mas não se preocupe, nos encontraremos em Hogwarts!
-Tudo bem Harry, então tchau!
-Tchau querida.
A menina entrou assim que o trem dava seu apito anunciando o início da viagem. Ciça se dirigiu até sua cabine, e encontrou lá um garoto de estatura média, cabelos curtos e cor de chocolate, olhos pretos, rosto pálido que estava lendo um livro "Hogwarts, uma história", o garoto levantou os olhos para ver quem entrara na cabine, Ciça lhe sorriu, e ele ficou um tanto encabulado.
-Desculpe, o trem estava cheio, e eu resolvi ficar aqui, mas se estiver incomodando posso sair.
-Não, claro que não incomoda, pode ficar. E aí! Primeiro ano?
-Sim.
-Eu também, em que casa você acha que vai ficar?
-Não sei, mas isso sim é um problema.
-Por quê?
-Porque meu pai é da Sonserina e minha mãe Grifinória!
-Ih! De repente você fica numa casa neutra!
-De repente... E você? Em que casa quer ficar?
-Gosto um pouco de todas! Vou aceitar a que a seleção me botar. Qual seu nome?
-Desculpe, não me apresentei eu me chamo ...
Nesse momento a porta da cabine foi aberta e o menino que Ciça tinha conhecido na loja do Sr. Olivaras adentrou a cabine com cara de poucos amigos.
-Snape! Você? E a protegidinha do Potter! Anda se unindo a esses sangue-ruins é? Ah! Esqueci com quem estava falando! Também, sendo filho de quem é, não podia esperar outra coisa!
-Seheisse! Dobre a língua antes de falar da minha mãe! – ele já estava de pé
-Oh! E o que você vai fazer se eu não me comportar? Vai chorar?
-Não se esqueça que meu pai é diretor da sua casa!
-Típico! Assim que chegar na escola, vai direto chorar para o papaizinho dele!
-Sai daqui garoto!
-E você sua sangue-ruim? Aqui não tem o Potter! O que você vai fazer? – Ciça estava agora com sua varinha na mão – Até parece que você sabe usar isso! – Ciça realmente não sabia nenhum feitiço, mas a raiva era maior que sua inexperiência, ela apontou a varinha para o rosto do garoto, fez um gesto, e da varinha saiu um raio que bateu nos cabelos loiros de Seheisse, que começaram a pegar fogo, o menino saiu correndo até o banheiro onde enfiou a cabeça na pia e abriu a torneira, e finalmente apagando as chamas.
-Como você fez isso?
-Não sei! Mas acho que ele não vai voltar aqui! Quer dizer que você é filho do prof. Snape? Então você é filho da Hermione!
-Sou sim, meu nome é Julius Snape. Aquele idiota é o Victor Seheisse.
-Em que ano ele esta?
-No primeiro.
-Então por que você disse que seu pai é diretor da casa dele? Ele ainda não foi selecionado.
-Mas é obvio que ele vai para a Sonserina!
Eles ficaram conversando durante muito tempo sobre coisas bobas, e coisas interessantes, até que a porta da cabine abriu outra vez, mas quem estava na porta dessa vez era Derick.
-Oi Derick! Vem ficar aqui com a gente, esse é Julius.
Derick não gostou muito de Julius, mas resolveu ficar, para agradar Ciça, enquanto conversavam, a paisagem do lado de fora da janela ia mudando, agora haviam colinas, era tudo muito verde, e o céu estava mais ciano do que nunca, quase sem nuvens, o sol brilhava com toda sua intensidade, já estavam com fome quando uma mulher empurrando um carrinho abriu a porta da cabine deles.
-Querem alguma coisa do carrinho?
O carrinho estava repleto de coisas que Ciça sempre quis experimentar, comprou um pouco de tudo, e os meninos também compraram tanto quanto podiam carregar, despejaram tudo no assento e fizeram uma pequena montanha de doces, continuaram conversando e comendo durante um bom tempo da viagem. Quando já não agüentavam mais ver doces na frente deles, ouviu-se um barulho no corredor perto da cabine dos garotos, eles se levantaram e abriram a porta uma menina pequena com a pele muito branca e cabelos muito negros, estava caída no chão, Julius adiantou-se e estendeu a mão para ajudar a menina a levantar, quando ela levantou o rosto, Ciça admirou os grandes olhos azuis da menina, que tinha um rosto muito belo com traços finos e leves, a menina se levantou com dificuldade, mesmo com a ajuda de Julius. Derick deu um olhar estranho para a menina, meio que a analisando, e ficou muito enraivecido quando Julius ao entrar com a menina, esbarrou nele deixando-o por alguns momentos pressionado contra a porta.
-Pô! Cuidado! – disse Derick bastante irritado.
-A culpa é sua que não saiu da frente, não esta vendo que a menina esta debilitada?
-Mas custava se demorar mais um pouquinho e me pedir licença?
-Custava, ou você também não percebeu que o trem inteiro estava rindo dela? Queria deixar a menina ser humilhada?
-De repente a humilhação faria bem à ela. Para ela prestar mais atenção quando andar por aí, e não ficar caindo.
-Derick! – Ciça consolava a menina, que se antes chorava, agora se debulhava em pratos – Seja mais educado! E vocês dois parem de discutir! – Ciça olhava feio para Derick, que simplesmente preferiu se sentar sem ao menos pedir desculpas pelo que falara, já Julius se sentou longe de Derick e murmurou um audível "perdoem-me" – Obrigada – e virando-se para a menina que já havia se acalmado um pouco, mas ainda chorava pelo canto dos olhos – Pode ficar tranqüila aqui com a gente, os meninos são nervosos mas não mordem – a menina deu um sorrisinho de leve –Então, qual é o seu nome?
-Eu agradeço por vocês terem me ajudado, meu nome é Christinne Mitchell.
-Muito prazer Christinne, se você não se incomodar poderia nos explicar o que aconteceu no corredor?
-Claro, eu estava na minha cabine lá na frente, junto com outras pessoas do primeiro ano, mas nenhum parecia querer conversar comigo, me olhavam com uma cara, de repente um garoto loiro que parecia conhecer os alunos que estavam na cabine comigo, entrou e cumprimentou alguns com um sorriso, e se virou para mim e disse que eu deveria sair dali, eu perguntei porque deveria me retirar, ele simplesmente me olhou e falou que eu devia sair porque ele não queria a minha presença naquela cabine, eu me recusei então ele saiu e voltou com um garoto que parecia ser do quarto ano, esse garoto era grande e me ameaçou com uma varinha, então eu, que não sou louca de arriscar a minha vida por um lugar numa cabine, achei prudente me retirar, quando já estava no corredor, o garoto do quarto ano conjurou uma corda onde eu tropecei e cai aqui, na porta de vocês.
-Era o Seheisse! Tenho certeza, esse cara não se manca. Onde já se viu, ficar incomodando as pessoas a troco de nada, ah ele vai se ver comigo...
-Calma Julius, não vai arrumar mais confusão, fica quieto na tua, que ele não vai vir aqui perturbar a gente.
-Tá certo, você tem razão Ciça, mas esse cara – os garotos levaram um susto quando a porta da cabine abriu num estrondo, Stephanie Straight entrara nervosa entre berros.
-O QUE FOI QUE ACONTECEU AQUI? ESPERO QUE VOCÊ NÃO TENHA NADA A VER COM ISSO DERICK! VAMOS ME CONTEM! QUEM? ONDE? POR QUÊ?
-Acho que você, como sempre, está um pouco atrasada aos fatos querida maninha! E pare com esse escândalo, gritar não vai adiantar nada!
-Um garoto que achamos ser do quarto ano da Sonserina atacou minha amiga Christinne! – Ciça explicava com seu tom de voz doce e calmo.
-Atacou? Como assim? Quarto ano é? Sonserina? – Stephanie anotava tudo em um caderninho amarelo que tirara de dentro das vestes.
-É me atacou! Conjurou uma corda no meio do corredor só para eu cair!
-Você o viu conjurar? – e continuava a anotar - Você viu?
-Ver eu não vi, mas só pode ter sido ele!
-Bom, se você não viu, infelizmente eu não posso fazer nada – guardou então o caderninho dentro das vestes - então eu vou me retirar.
-Como assim? Você não vai fazer nada? Então para que veio? – Derick estava indignado, como se fosse ele próprio a vítima, mas na verdade apenas queria ver como a irmã se livraria de situações complicadas – Você tem que fazer alguma coisa! Você não é a Chefe dos Monitores, como vive esfregando na minha cara? Vamos faça alguma coisa!
-O que é isso Derick? Eu não posso fazer nada, não tenho provas! Christinne não viu o garoto fazer nada, apenas supõe que foi ele. Eu não vou ficar aqui dando explicações do meu trabalho para você! Tenho mais o que fazer! Com licença! – e se retirou, mas vendo a irmã sair Derick foi até a porta e disse num tom bem audível.
-Vai, você tem mesmo muito que fazer com Benjamim Staad! Vai ficar ao lado do seu namoradinho, esquece mesmo de fazer seu trabalho! Como você o chama mesmo? Benzinho? Beny? Oh não! É Ben!
-Derick! Pare com isso, deixe sua irmã em paz! Ela fez o que pode. Não tínhamos mesmo provas!
-Não Ciça, ela tinha a obrigação de fazer alguma coisa. Coitada da Christinne!
-Até parece que você esta preocupado com a Christinne – disse Julius sentado esticando as pernas – você quer é por lenha na fogueira para ver se sai mais faísca!
-E você Snape, se meta com a sua vida! – dizendo isso Derick se sentou e permaneceu calado durante um bom tempo.
O resto da viagem transcorreu tranqüilo, os meninos engataram uma conversa sobre os professores de Hogwarts, Julius ficou quieto quando chegaram à matéria de Poções e Christinne, que agora era chamada carinhosamente de Chris por todos, exceto Derick que continuava a chamá-la pelo nome, fizera um comentário sobre o medo que tinha do professor que ministrava essa matéria, Ciça apenas sorriu e olhou para Julius, que ficara extremamente sem graça ao ter que explicar que o odioso professor era seu pai. Finalmente o trem parou na estação de Hogsmeade, os alunos desceram se acotovelando, quando pararam os quatro garotos ouviram uma vozinha esganiçada que berrava.
-Alunos do primeiro ano! Aqui, primeiro ano aqui!
Ciça estava procurando de onde via a voz engraçada que os chamava, quando ela e seus amigos se depararam com um homem um pouquinho maior do que eles, de cabelos e olhos castanhos, bastante careca na frente, e com uma barriga razoavelmente grande. O homem era pequeno e aparentava fragilidade, não parecia ser muito velho, certa de uns quarenta anos no máximo apesar da prematura calvisse. Ciça custava a acreditar que talvez esse fosse o novo guarda-caça de Hogwarts, apenas quanto Chris lhe puxara pelo braço Ciça seguiu com os alunos do primeiro ano, foram por um caminho estreito e íngreme, até chegarem ao lago onde os alunos, maravilhados, tiveram uma visão espetacular do castelo. No lago haviam vários barquinhos, Julius se adiantou à um barco a direita puxando Ciça e Chris até o barquinho, mas Derick veio a seu encalce.
-Vamos! Só quatro em cada barco! Todos prontos? Então vamos!
Os barcos deslizaram serenos pelas águas do lago, os alunos ainda admirando o castelo que ia se aproximando, e estavam chegando perto também de um penhasco, os garotos estavam um pouco receosos, de repente foram impelidos por um túnel escuro, até uma espécie de cais subterrâneo, onde desembarcaram e seguiram andando até uma passagem aberta em uma rocha e finalmente chegaram ao gramado fofo perto do castelo.
Subiram uma escada de pedra e pararam em torno de uma enorme porta de carvalho, o homem pequeno que Ciça não queria acreditar ser guarda-caça ergueu o punho pequeno e bateu três vezes na porta do castelo, a porta se abriu e uma mulher alta com um ar severo, de cabelos escuros mas com muitos fios brancos presos com um coque na nuca, apareceu olhando para os alunos.
-Alunos do primeiro ano, Prof. Mc Gonagall – informou o homem.
-Obrigada, Sr. Simpson. Eu cuido deles daqui para frente.
