NÃO contém SPOILLER do livro 6!

Cap-7 O Mistério da Capa Negra

-Sigam-me alunos!

A professora escancarou a porta, e todos entraram, estavam em um saguão enorme. Ciça instantaneamente olhou para cima, mas o teto era alto demais para se ver. À frente havia uma enorme escada de mármore, os alunos acompanharam a professora, já era possível ouvir o barulho de centenas de vozes que vinham de uma porta próxima, ela os levou até uma sala vazia ao lado do saguão, eles entraram, ficaram bastante apertados lá dentro.

-Bem vindos a Hogwarts- disse a professora – o banquete de abertura do ano vai começar daqui a pouco, mas antes vocês serão selecionados por casas. Enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família – enquanto a professora falava Ciça notou um ar de preocupação nos rostos de Derick e de Julius. Virou-se para Chris falando baixinho.

-O que há com eles?

-Ouvi Derick vociferar que ele tinha que ir para a Corvinal ou iria envergonhar a família. - Chris e Ciça foram para mais perto dos meninos, Ciça cutucou Derick.

-Derick, o que houve? Não fique assim. Você irá para onde é o seu lugar, sua família vai entender.

-É, eu sei... Mas não quero ser o único da família a seguir outro caminho. Vão sempre falar de mim como o desviado.

-Ah, Derick! –Ciça o abraça, o menino fica um pouco embaraçado, mas também um pouco mais tranqüilo, sabia que podia contar com a amizade de Ciça. A menina então olhou para Julius que estava do seu outro lado e o viu cabisbaixo.

-Julius, - o menino levantou o rosto – que foi, não se sente bem?

-Não é isso. Eu não posso decepcionar meu pai, nem minha mãe. Eu não deveria estar aqui! Minha mãe é mais fácil de aceitar minha casa, mas meu pai... Ele vai ficar muito decepcionado se eu não for para a Sonserina.

-Eu entendo...

-Não, você não entende nada! Você não tem essa preocupação. Para você não faz diferença!

-Claro que faz!- Ciça estava apavorada com a reação do amigo – Como eu posso ficar tranqüila se meus amigos estão tristes, te conheço a menos de um dia e já te considero amigo. O seu problema é que você acha que os seus problemas são maiores que os dos outros. Só pensa em si! Você é bem filho de seu pai! Se preocupa não, você vai para Sonserina como ele!- Nesse momento Ciça estava quase gritando, calou-se quando ouviu Chris dizer "acalme-se a professora McGonagall está chegando". Ciça nem havia reparado que a professora tinha saído, quando retornou ela anunciou.

-Vamos andando agora, a Cerimônia de Seleção vai começar. Façam fila e me sigam.

Os alunos a seguiram, mas Julius estava preocupado com outra coisa: Ciça. Ele falara coisas feias para ela, e a menina o retribuíra com insultos piores. Ela tinha razão, ele tinha que parar de pensar só nos problemas dele, "mas ela falou de um jeito, será que ela tem problemas maiores que os meus?" pensava Julius, "será que ela não vai mais querer falar comigo?", "preciso pedir desculpas a ela".

Ciça também mantinha os pensamentos para a conversa que teve há pouco com Julius. O menino havia sido estúpido, egoísta, tão... Tão irritante. O chapéu seletor já terminava a canção, foi então que Ciça percebeu que já estava, há muito tempo, no salão principal. A menina ficou boquiaberta, a decoração do salão era esplêndida, velas flutuavam no ar, haviam quatro mesas enormes cheias com os estudantes das casas distribuídas dentre elas. Atrás de onde eles estavam havia uma mesa comprida onde se acomodavam os professores, Ciça se virou e percebeu que Harry a fitava com um sorriso discreto no rosto, e ao lado dele estava Dumbledore. Ele era bem parecido com o que se lembrava, ou melhor, imaginava, só que bem mais velho, e com uma expressão cansada, mas bem alegre, ele a surpreendeu com uma piscadela em sua direção. Ciça olhou a sua volta e viu que todos prestavam a atenção na Seleção que já havia começado, voltou seu olhar para o diretor e abriu um sincero sorriso, e ele lhe retribuiu com o mesmo gesto. Chris olhava para o teto, admirada, cutucou Ciça.

-É lindo, não? – e apontou o dedo para cima. Onde no teto aparecia o céu limpo, negro como o veludo, cheio de estrelas, Ciça assentiu com a cabeça – Li em Hogwarts um História que é enfeitiçado para parecer o céu lá fora!

-É muito lindo mesmo!

-CUIDADO! SEGUREM! NÃO DEIXEM QUE QUEBRE! – um berro vindo do nada, chamou a atenção de todos.

Ciça e as demais pessoas no salão olharam assustadas, a fim de saber o que estava acontecendo. Perceberam um grande globo rolava no meio do salão, e um homem de no máximo quarenta anos, magro, alto, muito branco, de cabelos negros curtos, mas com uma franja considerável, que fazia cachinhos na altura dos olhos, estava correndo pelo salão e gritando.

-CUIDADO! SEGUREM O GLOBO! AH! NÃO!

O globo havia se quebrado. Só então as pessoas no salão descobriram do que se tratava o objeto, dentro dele havia um sistema solar, e ao se quebrar os planetas começaram a voar pelo salão. Ficavam para lá e para cá, como que brincando na cabeça dos alunos, que tentavam segurá-los. A professora Minerva rapidamente acabou com a confusão, reconstituindo o globo, que ficou perfeito, e o entregou ao dono, com uma cara de poucos amigos.

-Mil desculpas, por favor, eu sou o professor Heavenly Body – e Dumbledore levantou e o chamou a sentar-se, para o espanto de todos no salão, á mesa dos professores. No momento do convite começou um murmúrio por todos os alunos.

-Por favor, silêncio! Vamos continuar a seleção! – a Prof.a. Minerva estava extremamente irritada – Corly , Paul Corly! Venha, rápido! Sente-se aqui – o menino colocou o chapéu na cabeça, não demorou muito e ele anunciou:

-CORVINAL – a mesa da Corvinal se fez em uma salva de palmas.

Ciça prestava a atenção na seleção, quando uma mão tocou em seu ombro ela se virou e deparou-se com o rosto de Julius, com uma expressão de arrependimento. Ela olhou no fundo dos olhos negros do menino, ele lembrava muito o pai, mas os olhos eram puros, doces. Ele a chamou para ficarem mais atrás na fila, ela foi.

-O que o senhor deseja comigo?

-Pedir perdão! Eu fui um estúpido, eu sou um estúpido! Agi muito mal com você.

-Tudo bem – e abraçou o garoto, que ficou muito desconcertado – eu também falei coisas que eu não acho!

-Então vamos esquecer isso!

-Tá – e o abraçou de novo, e o menino ficou mais desconcertado ainda – vocês ingleses não gostam muito de abraços, né?

-Não é isso – a pele pálida do menino agora estava totalmente rubra agora - só... Sei lá... Não estou acostumado... Só minha mãe fica me abraçando... Meu pai diz que ela age como se eu fosse... Ah! Deixa para lá!

-Fogli, Alicia Fogli.

A menina, dando uma piscadinha para Julius e outra para Derick foi se sentar no banquinho, e colocou o chapéu com toda convicção, alguns segundos depois, Ciça ouviu uma vozinha dentro da sua cabeça.

-Nossa! Muitadeterminação nessa cabecinha! O melhor lugar para você com certeza será... GRIFINÓRIA!

A mesa fez uma festa, ela se sentou ao lado de uma menina alta chamada Magg Carter, mas não conversou com ela, de repente o salão ficou em silêncio para observar o próximo selecionado, Ciça olhou atentamente para o garoto.

-Little Hart, Lucas Little Hart – chamou a Prof.a. Minerva.

Um garoto de cabelos castanhos e com olhos grandes com cílios maiores ainda, foi andando até o banquinho, sentou-se, colocou uma perna sobre a outra, depositou cuidadosamente o chapéu sobre a cabeça, e as mãos pousaram em cima das pernas. A vozinha do chapéu falou na mente dele.

-Hum... Personalidade florida! Tá difícil... Onde, onde...ninguém vai entender, mas você vai para GRIFINÓRIA!

A mesa da Grifinória ficou muda, e a da Sonserina explodiu em palmas e gargalhadas, o menino colocou o chapéu no banquinho, e foi se sentar à mesa de sua casa. Ciça nem viu quando sua amiga Christinne foi selecionada, mas ficou muito feliz quando a menina se sentou do seu lado.

Um tempo depois Victor Seheisse foi chamado e como todos já esperavam foi selecionado para a Sonserina. Mas o mais esperado por Ciça ainda estava por vir.

-Snape, Julius Snape. Sente-se querido.

Ciça viu seu amigo colocar o chapéu na cabeça e fechar os olhos com força como que pedindo algo. O chapéu demorou um pouco, quando finalmente anunciou.

-GRIFINÓRIA!

Um sorriso tímido se abriu no rosto de Julius, ele tirou o chapéu e antes de chegar à mesa da Grifinória olhou na direção da mesa dos professores, viu sua mãe sorrindo para ele enquanto enxugava uma lágrima no cantos dos olhos, o menino sorriu para mãe, mas seu sorriso se desfez quando olhou para o pai e viu estampado em seu rosto a grandeza de seu desapontamento, cabisbaixo Julius seguiu para a mesa, se sentou ao lado de Chris, as meninas o cumprimentaram ele apenas sorriu discretamente e manteve-se calado até o fim do jantar. Não demorou muito e Derick foi chamado, Ciça estava ansiosa.

-Ciça você acha que vai acontecer a mesma coisa que aconteceu com Julius?

-Não sei Chris, não sei – nem bem Ciça terminou a frase o chapéu seletor anunciava.

-SONSERINA!

Ciça se assustou, mas não tanto quanto Derick. Se Julius tinha ficado triste, nem se comparava com o sentimento do outro garoto. Ele foi até a mesa da Sonserina onde alguns colegas o cumprimentaram, outros fingiram que ele nem estava ali, esses eram a maioria. O menino olhou para a mesa da Corvinal, sua irmã o olhava com um sorrisinho nada sincero, na verdade era de pena, o menino ficou pior ainda. Após alguns instantes a seleção acabou. O silêncio reinou quando o muito idoso professor Dumbledore se levantou e começou seu pequeno discurso.

-Sejam bem vindos à Hogwarts! Vamos logo começar esse banquete, que eu estou, assim como vocês, cheio de fome!

Como que por mágica (DÃH!) as mesas encheram-se das mais variadas comidas, todos começaram a comer. Ciça começou uma conversa com Chris sobre quem seria aquela figura que entrou gritando no meio da seleção, elas pediram a opinião de Julius que apenas sacudiu os ombros e nada disse. Depois que todos comeram, apareceram nas mesas sobremesas, todos os tipos, as meninas avançaram em um pudim de abóbora. Quando estavam todos satisfeitos, as coisas em cima das mesas desapareceram. Então Dumbledore levantou-se de novo, e o silêncio novamente reinou.

-Não quero tomar muito o tempo de vocês. Tenho alguns avisos de início de ano letivo para todos. Bem, devo lembrá-los que a Floresta é proibida para todos os alunos. O Sr. Gilbert, nosso zelador, pede a todos que não andem pelo castelo durante a noite, e que se lembrem que não é devido fazer feitiços nos corredores durante os intervalos das aulas. Ah! E eu gostaria de apresentar a todos os nossos novos professores, o Sr, Luar Heavenly Body, que é o novo professor de Astronomia – ele se levantou na mesa, e todos aplaudiram sem entusiasmo – e o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas o Sr. Harry Potter – ele também se levantou e todos aplaudiram, só que desta vez com toda força que puderam reunir, exceto a mesa da Sonserina, que aplaudia lentamente como que por deboche – Espero que esse ano todos possam aprender algo, e se divertir um pouquinho. Uma boa noite a todos.

Todos os alunos se levantaram e seguiram em direção à saída do salão principal. Os do primeiro ano foram apresentados aos respectivos monitores. Ciça parou junto com seus amigos quando um garoto de dezesseis anos, moreno e alto, parou na frente deles.

-Alunos do primeiro ano eu sou Billy Dixtell, monitor da Grifinória. Bem vindos, me sigam, por favor.

Os alunos formaram uma fila dupla para seguir com Billy, Ciça já havia se despedido de Derick, que estava arrasado. Já estavam no corredor quando Severo Snape parou na porta do salão principal.

-Julius, faça a gentileza de vir aqui.

O menino olhou para o pai, e depois para Ciça e Chris, que murmuraram simultaneamente um sincero "vai dar tudo certo", então o menino foi em direção ao pai.

Pouco depois, todos levaram um enorme susto. Pirraça apareceu do nada, fazendo caretas. No desespero todos correram, principalmente Christinne, deixando Ciça para trás. Pirraça, vendo a menina sozinha começou a implicar com ela.

-Pobre menininha! Deixaram você sozinha!

-Deixa eu passar! Eu vou me perder! – gritava Ciça.

-Não vai passar! Não vai passar!

Levou bastante tempo até que Pirraça deixasse Ciça passar. Mas já era tarde, Ciça não via nem sinal dos outros grifinórios. Ela começou a andar, tudo era melhor que ficar do lado daquele Poltergeist. De repente ela parou, tinha ouvido passos, resolveu seguí-los. Os corredores do castelo estavam muito escuros, Ciça pegou sua varinha.

-Que droga ser o primeiro dia de aula! – levantou a varinha – Se ao menos eu tivesse aprendido o feitiço Lumus – e a varinha acendeu – Nossa! Funcionou!

Ela continuou a seguir os passos. Agora podia enxergar, mesmo que vagamente, aonde ia. Virou à esquerda, e viu um corpo grande e largo, a menina supôs ser um homem, vestia uma longa capa negra deslizando. Ciça não fez barulho, mas teve medo, viu uma densa fumaça cinza, um papel caiu no chão, e quem ou o que estava debaixo da capa abaixou e pegou o papel. Ciça sentiu um cheiro de queimado, o ser da capa negra virou à direita, ela o seguiu. O "homem" começou a correr, o capuz da capa caiu. Ciça conseguiu ver apenas os cabelos negros, ele ajeitou a capa e seguiu em frente, ainda correndo. Ela ainda o seguindo, num golpe de vista ele virou a esquerda, Ciça também, mas não o viu, ele havia desaparecido. Quando deu meia volta para tentar voltar de onde veio, deparou-se com um garoto vindo distraído em sua direção, ele cantava e dançava no corredor, ela foi até ele.

-Oi! Você viu onde o homem foi? – mas o garoto continuava dançando, ele estava de olhos fechados – Ei? Ô garoto! – Ciça cutucou-o – Menino? Você está me ouvindo? – ele a olhou desconcertado. Retirou os fones de ouvido que portava, e apontou a varinha para o ouvido.

-Deixarium Ouvires – ele sorriu para Ciça – Oi, tudo bem?

-Oi, por acaso você viu um homem de capa preta?

-Vi – Ciça arregalou os olhos – aliás vi vários, você não estava no jantar não? Tinha um monte deles lá. Você é meio desligada né? Aqui é uma escola de bruxaria, as pessoas usam capas!

-Eu sei, eu sei. Tô falando de um homem grande, com uma capa esvoaçante, bem ali – e apontou para o corredor – eu o segui, só que ele desapareceu. Tinha fumaça, cheiro de queimado.

-Caraca! Eles deixaram entrar bebida alcoólica em Hogwarts e eu fiquei de fora!

-Eu não estou bêbada!

-Eu não diria bêbada, apenas um pouco "alta"! Que tal seguirmos andando?

-Eu preciso ir até a torre da Grifinória, você sabe onde fica?

-Hoje é seu dia de sorte! Eu sou da Grifinória! Vamos! Peraí, você não deveria estar fora do dormitório!

-É que eu me perdi. Aí apareceu o homem...

-Tá, já sei! Essas crianças começam cada dia mais cedo!

-Ei! Para com isso! E vem cá, você também não deveria estar aqui esta hora!

-Olha só colega, eu conheço esse castelo como a palma da minha mão – abriu um enorme sorriso – não me recrimine, eu sei o que eu faço! E qual é o seu nome?

-Alicia Fogli. E o seu?

-Então você é a menina brasileira? – Ciça assentiu com a cabeça – Já está famosa! Um dia será como eu, ande comigo menina e você será grande em Hogwarts! – Ciça fez uma cara engraçada e murmurou um "até parece" – Sou conhecido apenas como Léo, pergunte por Léo e qualquer pessoa saberá quem é.

-Metido você, heim?

-Eu tô brincando! Mas as pessoas aqui me conhecem como Léo! Meu nome é Leonardo Hanteer. Ih! Chegamos!

-Já?

Eles haviam chegado à entrada da torre da Grifinória, a mulher gorda que guardava a entrada perguntou a senha e Léo respondeu "olhos de dragão" e eles entraram.

-Então eu te deixo aqui. Vou subir para o meu dormitório, estou com sono. Vê se não toma mais nada heim!

-Antes de você ir, o que foi aquele feitiço que você fez no ouvido?

-Foi o Deixarium ouvires. É simples, ele me faz ouvir música dentro da minha cabeça. Os fones são só para o som ambiente não me atrapalhar. Vim de família trouxa sabe? Aqui no mundo mágico não existe walkman, tive que improvisar! Então tchau Alicia!

Assim que Christinne percebeu a presença de Ciça veio correndo em sua direção, mas parou até que Leonardo saísse de perto da menina.

-Você sumiu, o que aconteceu? – Ciça explicou tudo, até quando Léo a deixou no salão comunal. – ele é um herói!

-Que herói? Quando ele chegou lá já tinha tudo acabado! Ele é legal, mas herói...

-Ah! Ciça, mas ele é lindo!

-E velho demais para você!

-Ah! Isso é apenas um detalhe! Mas mudando de assunto, Ciça olhe – e apontou para Julius que estava sentado numa poltrona grande ao lado da janela, olhando o luar lá fora – ele esta assim desde que voltou. Tentei conversar com ele, mas Julius não me diz nada. Vai lá, de repente com você ele fala.

N/A: Esse cap foi escrito a 4 mãos, na verdade escrito pela Elle Black e reescrito por mim rsrs!

BJINHU p/ Melodie e p/ Lika Slyntherin

Tataya Black