Cap. 12 – O sequestro

Harry ficou alguns minutos parado em frente a porta que Ciça acabara de sair.

-Eu tinha medo que isso pudesse acontecer – disse Hermione colocando a mão no ombro do amigo – vem Harry, sente-se. Nós devíamos ter contado antes. Não entendo por que você não quis.

-Eu tinha minhas suspeitas, e agora elas se confirmaram. Se aquele garoto, Victor Seheisse, sabe de tudo, muitas outras pessoas também sabem. Eu tenho medo que algo aconteça a ela. Vocês não entendem, eu perdi todas as pessoas que eu amei demais, meus pais, Sirius, Nathalie, eles morreram, todos por minha causa.

-Não é verdade Harry – Dumbledore interviu – eles morreram pelas mãos de pessoas inescrupulosas que fazem tudo pelo poder. Eles morreram por uma causa, e nenhum deles jamais culparia você.

-Eu sei – Harry abaixou a cabeça – mas eu tinha medo de contar a Ciça e ela correr perigo.

-Enquanto ela estiver em Hogwarts vai estar segura.

-Será, Mione?

-Claro Harry, se nem Voldemort entrou nesse castelo para pegar você, não vai ser um Malfoy que vai quebrar a segurança.

-Mesmo assim acho melhor ficar de olho nela – frisou Dumbledore calmamente.

-Pode deixar que vejo isso – disse Hermione e se retirou da sala.

Ciça estava sentada com as costas na copa de uma árvore nas proximidades do lago. Com a cabeça encostada no joelho a menina chorava baixinho toda a sua dor.

Era uma dor diferente, da qual nunca ouvira falar. Não era como uma dor de perda, de luto, pois seus pais não haviam morrido. Talvez se eles estivessem mortos, tudo fosse mais fácil de se aceitar. Era como se eles tivessem sido arrancados dela, era uma dor vaga, uma dor de vazio.

Como Harry Potter, o menino-que-sobreviveu, o-cara-que-derrotou-Voldemort, o grande auror, como ele o herói, poderia ter feito isso com ela? Por que ele não foi capaz de protege-la? Ela era apenas uma criança.

Tudo isso passava pela cabeça de Ciça, e ela chorava como se suas lágrimas pudessem levar consigo a sua dor. Mas não estava adiantando muito.

-Por que esta chorando garotinha?

Ciça levantou o olhar lentamente para a direção da voz, era um rapaz quem lhe falava. "Que voz doce ele tem", pesou a garota.

-Eu tô triste – disse ela baixinho.

-Mas você é uma menininha tão bonita, não deve chorar – rapidamente ele fechou a cara, numa expressão indignada – Quem te fez chorar? Quer que eu bata nesse crápula?

-Não obrigada – Ciça deu um sorriso tímido – não precisa.

-Um sorriso! Vai ganhar um doce por esse sorriso! – ele tirou de dentro das vestes algo que se parecia com uma bala.

-Obrigada – Ciça pegou o doce e já ia guardando no bolso, quando foi interrompida por uma pergunta indignada.

-Não vai comer? Assim parece desfeita.

-Ah! Tudo bem.

Ciça abriu a bala e colocou na boca, tinha gosto de cereja. A menina sentia uma coisa engraçada enquanto mascava o doce, era como se ela fosse invadida por uma felicidade sobre-humana. Mas ela também foi sentindo-se sonolenta, suas pálpebras foram se fechando e estranhamente ela não conseguia controlar, de repente ela caiu no sono, ali mesmo.

Acordou algumas horas depois, no meio de uma floresta escura, amarrada ao tronco de uma árvore.

Algumas horas depois da discussão na sala de Dumbledore, Hermione estava sentada em sua mesa verificando alguns papeis quando foi interrompida por uma batida na porta, era seu filho Julius com uma cara assustada e sua amiguinha Christinne parecendo extremamente aflita.

-O que foi querido?

-Er... mãe... eu...

-Professora – Chris o interrompeu – a Ciça sumiu.

-O quê? Como assim sumiu?

-Não a vimos desde cedo. Já procuramos pelo castelo e nada dela, ninguém a viu no salão comunal, ela não apareceu no jantar...

-A gente não sabe mais o que fazer – disse Julius cabisbaixo – falamos com os monitores eles estão procurando, não só os da Grifinória como alguns conhecidos de outras casas.

-Ótimo, escutem continuem procurando pelo castelo, não alarmem mais ninguém ainda, eu vou avisar o Harry e os outros professores.

Os professores e monitores vasculharam o castelo durante toda a noite e nada de Ciça. Harry estava muito preocupado, ele queria fazer um expedição a floresta proibida, mas foi impedido por McGonagal que o aconselhou esperar o amanhecer. Não é do feitio de Harry esperar pelas coisas, mas ele estava de certa forma débil devido aos acontecimentos do dia.

A atmosfera no castelo estava tensa no café da manhã. Como era de costume, o sumiço de Ciça que era para permanecer em segredo já era de conhecimento de todos os alunos. Os amigos da menina eram procurados a todo o momento para contar tudo o que sabiam, e tinham que repetir que não sabiam de nada, Ciça tinha simplesmente evaporado.

-Estou preocupado – Leonardo Hanteer conversava com sua namorada Stephanie Straight – sabe, eu realmente gosto da menina. Foi muito estranho o jeito que ela desapareceu. Será que ela fugiu?

-Não sei, não acredito nessa hipótese – disse Stephanie fazendo cara de quem sabe das coisas – eu acho que ela foi sequestrada.

-Mas por quem? O castelo tem vários tipos de proteção, ninguém poderia entrar aqui e sair levando uma garotinha debaixo dos braços.

-Stephanie, – Ben interrompeu a conversa dos namorados, Léo fez uma cara de poucos amigos para ele – eu queria falar com você, em particular – acrescentou encarando Léo.

-Claro, você me dá licença Léo?

-Claro meu amor. Mas não demore, ok? – ele se retirou, foi para a mesa da Grifinória onde se sentou ao lado de Chris.

-Pode falar Ben.

-Pode parecer estranho, tá todo mundo preocupado com a Alicia, mas o Symon sumiu.

-O Symon sumiu? – ela arregalou os olhos e franziu o cenho ao mesmo tempo, a imagem era um pouco estranha.

-Desapareceu.

-Quanto tempo faz isso? – já pegando seu caderninho de anotações.

-Não sei, eu não o vejo desde ontem. Mas isso não é o pior, ele estava estranho nos últimos tempos, recebendo corujas frequentes de alguém que eu tenho certeza não ser da família dele.

-Você acha que ele esta envolvido no desaparecimento da Ciça.

-Olha, ele não tem motivos para machucar a menina. Mas talvez ele esteja sendo influenciado por alguém.

-Eu sei que você é amigo dele, mas aquele garoto é um perturbado. Vamos agora falar com algum professor.

-Mas nós não temos provas.

-Ele esta desaparecido, esta tendo comportamento estranho, recebe corujas secretas, isso precisa ser comunicado. Se ele esta envolvido ou não, os professores irão descobrir.

Ciça acordou assustada, tentava se mexer mas não conseguia devido as cordas que a amarravam firmemente. Ela já tinha consciência que fora sequestrada, só não entendia bem o motivo pelo qual aquele garoto simpático era o seu sequestrador. Ciça não sabia o nome do "garoto simpático" mas jurava que já o havia visto em Hogwarts ao lado de Ben, então a menina decidiu puxar assunto, qualquer coisa era melhor do que a tensão que estava naquele lugar, e talvez ele pensasse que ela não tivesse medo, a menina detestava ficar vulnerável. E se ele soubesse o tamanho do medo que percorria sua alma com certeza tomaria conta da situação, " eu estou amarrada e ele sentado, ele tem a minha varinha, com certeza ele já tomou conta da situação a muito tempo" pensou Ciça, "mas qualquer coisa é melhor que isso".

-Você é amigo de Benjamim Sanandell, não é? – o rapaz que estava sentado em um tronco próximo a Ciça, levantou a cabeça.

-Depende.

-Como assim depende? Ou você é ou você não é.

-Eu tinha um melhor amigo, ai uma garota estúpida entrou na história, e o meu amigo passou a só se importar com ela.

-Nossa! Não seja ... qual é o seu nome?

-Symon Owell.

-Não seja egoísta Symon, todos precisam de amigos. Talvez essa garota queira ser sua amiga também. Eu já passei por isso, antes de eu vir para cá eu tinha uma melhor amiga, e nós éramos só eu e ela, ai entrou uma menina nova na escola ...

-Cala a boca! – Ciça pulou ao grito de Symon, quer dizer, teria pulado se não estivesse tão bem amarrada – Eu não quero ouvir suas histórias, não estou aqui para isso. E não preciso do conselho de uma pirralha.

-Eu só queria ajudar. Vou fazer uma nota mental : nunca tente ajudar pessoas imaturas que já tenham te amarrado em uma árvore. Você é muito nervoso. Posso te fazer uma pergunta?

-Já fez.

-Não, outra.

-Depois que perguntar você vai ficar quieta?

-Sim.

-Então faz.

-Quem é o mandante?

-O quê?

-Quem mandou você me sequestrar?

-Ah! Você logo vai saber.

Stephanie e Ben contaram tudo o que sabiam para Harry, – que a essa altura já estava desesperado – ele agradeceu a informação e começou a agir.

Agora com certeza a questão era pessoal, essa foi a conclusão chegada por Harry e Rony, mas antes de fazer qualquer coisa era necessário descobrir o paradeiro de Ciça, mas isso não foi realmente um problema.

Dadas exatas vinte e quatro horas do desaparecimento de Ciça o sequestrador se pronunciou. Mandou um bilhete por uma coruja negra, que Harry achou muito parecida com a coruja que passara de raspão pela sua cabeça no Beco Diagonal. O bilhete era destinado a Harry, com ameaças e pedido de resgate.

Ora, ora Potter, finalmente te peguei. Te tirei seu bem mais precioso assim como você me tirou o meu. Mas prometo não fazer mal a garotinha se você se entregar. Mas caso o contrário, nem eu mesmo sei o que pode acontecer com o lindo rostinho da sua filhinha. Eu já sabia dela a muito tempo Potter, o culpado pela perda da sua filha vai ser somente você. Não consegue proteger nem uma criança, que vergonha. Em pensar que você destruiu meu mestre, mas você vai pagar Potter. Eu vou acabar com você.

M.

Ciça estava cada vez mais aterrorizada, já fazia muito tempo que havia sido pega, e até agora nem sinal de alguém para salva-la. Realmente as coisas não são iguais aos livros. Onde ela poderia imaginar que a filha do famoso Harry Potter ficaria mais de vinte e quatro horas nas mãos de bandidos? " É parece que esse título não adianta de muita coisa!", pensou Ciça. "Tenho que dar um jeito de sair daqui por mim mesma".

Symon continuava a vigia-la, ela estava presa provavelmente por magia, e obviamente continuava sem varinha. A única coisa que podia fazer era descobrir o motivo de estar presa e quem era o sequestrador.

-Symon, bem que você poderia me dizer o nome do cara.

-Por que você não fica calada? Você me irrita garota! – ele se aproximou apontando a varinha para a testa da menina – O que você quer? Uma cicatriz parecida com a do seu papaizinho?

-Não obrigada. E só para você saber ele não é meu pai. Você não me dá medo Symon, não você.

-Mas você deveria ter medo de mim garota! Eu serei o maior da nova legião de comensais da morte. Meu senhor tomará o poder e tornará real a vontade do mestres dos mestre. O sonho do Lord das Trevas se realizará pelas nossas mãos. Um mundo puro, limpo de sangues ruins como você.

-Você é apenas um servo Symon. Um dia você será descartado como muitos foram. Seu sangue pode ser puro como você diz, mas sua alma é ruim. Seu coração é imundo. Você é sujo. Você e o seu mestre.

-Vocês estão conversando sobre mim? – um homem vestido com uma enorme capa negra que lhe cobria a cabeça apareceu vindo da parte escura da floresta onde eles se encontravam.