Capitulo 13 – Tentativa de Resgate

Ciça fechara os olhos, agora seu medo não era mais o de ficar vulnerável, chegou a hora, tudo acabou. Ela queria que tudo aquilo fosse um sonho. Por que não? Pensava em sua mãe... Sua mãe... Ela nunca existira... Ciça percebia agora, junto com uma lágrima que descia-lhe o rosto, que não era aquilo que estava vivendo que era um sonho, mas tudo o que vivera... Tudo que acreditara... Foi um sonho... Um sonho do qual ela não queria ser acordada, não agora... E que importância faria, morrer agora, talvez até fosse melhor, esquecer tudo, e ir para o vazio, para o nada, ou para o tudo, ou qualquer lugar que fosse... Que pudesse reviver tudo aquilo que vivera, até saber desse maldito mundo...

- Que importância faz viver, quando não se sabe se aquilo que se vive é verdade, e quando aquilo que se vive ou pensa viver não é bom?

Ciça viu que o que acabara de pensar tinha pensado em voz alta, parou por um instante, tentou ouvir algo, alguma palavra, um cale-se, qualquer coisa. Não, nada. Agora, já tinha dito metade, continuaria, desabafaria, talvez seu último desabafo... Ao menos estenderia seu tempo, não, ninguém viria, já se passara um dia e ninguém tinha vindo, ninguém viria agora.

- Acabe logo com isso, mostre-se, e mate-me... O que espera? –ela falava olhando para baixo, não queria encará-lo.

- Espero alguém ter pena de você e vir lhe buscar. – a voz era gélida, doía ouví-la.

- Não, ninguém virá, está perdendo seu tempo comigo, tente com outra pessoa. – Ciça percebeu que não chorava mais, já estava um tanto mais calma, embora não acreditasse ser possível. Agora ela sabia o que ele queria, era tão óbvio. – Não, Harry Potter não virá, ele ao menos sabe de minha ausência.

- Já lhe mandei um bilhete, logo virá.

Ciça não sabia por que, mas não queria que ele viesse... Talvez fosse por que isso provaria a ela que ele a amava, e ela teria que aceitar isso... Mas não queria, não, agora não, estava com muita raiva para isso...

- Está enganado, -Ciça percebeu um tanto de medo em sua voz, e tentou estar mais convicta, porém, continuava sem encará-lo - a última coisa que disse a ele foi que ele não era mais meu pai. Ele não tem mais essa obrigação, e deve estar com raiva de mim... Ele não virá, seu plano falhou...

- Não, meu plano não falhou, garota estúpida, cale a boca e espere – Ciça notou uma leve entonação de medo, agora na voz dele, e deu uma leve risada, que por sorte, não foi notada.

- Acho melhor o senhor sentar-se...

- Cale-se – Symon interviu.

- Ah, bom ter me lembrado, Symon... – o homem com a capa, após dizer isto, num tom fingindo ser simpático, sibilou algumas palavras apontando a varinha na direção da menina, que sentiu algo prender seus lábios. Ciça espantou-se... Mas não deixou que isso fosse percebido, e ficou inerte, conseguiu não pensar em nada.

- Harry? – Mione abre um pouco a porta da sala de Harry e põe o rosto para dentro, como se perguntasse se podia entrar. Ele estava em pé andando de um lado ao outro da sala.

- Mione, entre – ele responde fingindo estar calmo.

Quando ela vê Rony sentado no sofá, começa uma frase como "não, depois nos falamos", mas acha que seria indelicadeza continuar e entra.

- Quando vocês vão?

- Vamos para onde?

- Não se façam de bobos, conheço-os o suficiente para saber que não ficariam aqui.

- Estava tentando convencer o Harry a não ir, agora vê se me ajuda. – Rony sussurra para que só Hermione ouvisse.

- Harry, você não vai, certo?

- Ah, não, agora dois me dizendo para não ir, não... Prestem atenção, ela é minha filha, vocês já me fizeram demorar bastante – Harry se encaminha para a porta, e Hermione a fecha, quase que na sua cara, e procura um discurso mais convincente, com uma expressão bem séria e o olhar aflito de Rony em sua direção. – por que não me deixam ir?

- Harry, ele está com sua filha, se você for, por que ele não mataria vocês dois? – Rony pergunta.

- Rony, nunca te imaginei me impedindo de tentar salvar alguém.

- Harry, as coisas mudam. Não sou mais criança, você também não. Não tem mais graça brincar com a minha vida, também não quero que brinque com a sua, nem com a de Ciça. – Rony surpreende os dois com o comentário, tanto, que Harry senta-se, esperando ouvir mais sermões. Mas não.

- A última vez que você fez isso, a pessoa que tentou salvar morreu.

Os dois olham para ela, Rony com um olhar como se preferisse que ela não tivesse tocado no assunto, e Harry a olhava com um olhar mutilador, enquanto ela preferia realmente, nunca ter tocado no assunto.

- Mas então me diz, você, que sempre sabe de tudo, o que você acha que eu tenho que fazer? – Harry estava agressivo, gritava – Porque parado é que eu não vou ficar, e você, como sempre, deve saber disso. Não é?

Hermione parou, perplexa. Não tinha mais o que dizer, esperava que Rony a defendesse. Mas não, ficou quieto.

- Eu nunca pensei que levaria tão a sério uma ofensa sua. Essa eu levei, Harry.

- Você diz isso porque não sabe o que responder, não é?

- Não, Harry, eu não sei responder. Me desculpe por não saber de tudo, eu não achei que tinha esta obrigação. Nem essa culpa. Também não sei por que está com raiva de mim, enquanto tudo que eu quis foi não perder um amigo, foi que você não tratasse com gente do tipo do Malfoy, valendo a sua vida, e a de Ciça. Tudo o que quis, como sempre, pensei ser o melhor para você, o que te deixaria feliz. Acho que me enganei em tudo isso, me desculpe, Harry. – após terminar, sem interrompimentos, apenas de algumas poucas lágrimas que caíam de seu rosto, ela se dirigiu à porta e saiu.

- Harry, vou lhe deixar sozinho um instante, pense nas coisas que ela lhe disse, é sério, Harry, não vá. Draco Malfoy nunca foi capaz de te pegar, mas tudo pode ter sua primeira vez.

Rony saíra sem receber palavra de negação ou afirmação de Harry. Viu Mione no corredor e a chamou, ela parou, mesmo que relutante, queria ir para sua sala, tentar esquecer aquilo.

- O que quer, Rony?

- Harry não está tão bem quanto imagina, Mione.

- Vai defendê-lo agora?

- Mione, você está sendo egoísta. É a filha dele.

- Quando você vai ajudá-lo a ir, então?

- Tentei com que ele não fosse, não percebeu? Talvez tenhamos conseguido. E, não vou ajudá-lo. Eu irei sozinho.

- Você?

- Qual é a sua, Mione? Qual o problema? Acha que não posso, não é?

- Sinceramente? Acho.

- Então vem comigo.

- Para quê? Fazer-me de palhaça? O Harry foi um imb...

- Não, para ajudar seu amigo. Para evitar que ele faça uma besteira. Temos uma vida em risco aqui, aliás duas. Se nós não fizermos algo eu temo pela vida do Harry também .

- Quando vai?

- Agora, antes que ele tente ir. Você vem ou não?

Ela sorriu e fez que sim com a cabeça. Rony retribuiu o sorriso e pediu que fossem antes que Harry resolvesse ir. Eles começaram a andar.

- E ainda tem essa possibilidade, dele querer ir? – Hermione ficou meio ressabiada.

- Vindo do Harry, sempre tem.

- Você tem que pegar alguma coisa ou...

- Não, por mim vamos direto.

- E, para onde?

- Eles estão em três, para sair daqui voando, é difícil, pelo menos sem ser percebido é, e, andar por Hogsmead com uma garotinha amarrada não seria muito normal. Devem estar por perto. Acho que a floresta é o melhor lugar para procurarmos.

- Tudo bem. Você já jantou?

- Não, mas não pretendo, tudo isso me deixou meio mal. Você já?

- Não, também não.

A conversa deles era diferente. Não parecia que eram amigos há anos. Mas que haviam muitas coisas a serem ditas. Embora, também algo que não era para ser dito. Passaram pelo gramado do castelo, que não mudara quase nada desde que eram estudantes ali, e adentravam na floresta, já estava escuro, e os poucos raios de sol que estavam no céu não apareciam nem no começo da floresta, os dois acenderam suas varinhas, e Rony quebrou o silêncio incomodante entre os dois.

- Mione,

- Quê?

- Faz tempo que não consigo lhe perguntar duas coisas... Hmm, primeiro, por que terminou comigo, e foi se casar logo com Snape?

- Terminei com você, por que... Ah! Você sabe, nós brigávamos muito, não dava certo e... Por que... – Hermione hesitou, não queria responder, porém viu que não teria jeito.- Você era muito novo, imaturo.

- Então você acha que a idade mais apropriada para você, é a idade que daria para o cara ser seu pai?

- Não permito a você falar assim dele, ele é meu marido, Rony. Você não entenderia...

- Tente.

- Eu precisava de alguém que fosse como eu. Alguém que gostasse das mesmas coisas, que compreendesse que a vida é mais que um jogo de quadribol. Alguém que compartilhasse comigo a ânsia pelo saber. Sei lá. Talvez nem eu mesma entenda. Qual é a outra pergunta?

- Desde que casou tem me evitado, mas ultimamente, nunca me dirige a palavra, nem um olhar, principalmente quando estamos sozinhos.

- E daí?

- E daí, que nós somos, bem, pelo menos para mim, nós somos amigos.

- Para mim também, somos amigos.

- E por que tem me evitado?

- Sabe quando tudo o que você acha certo de repente parece confuso? – Rony fez uma cara de quem não entendeu – Ah esquece! Não quero falar sobre isso.

- Como assim simplesmente não quer falar? É sobre mim, tenho o direito de saber.

- Não viemos aqui para isso, não é?

- Não, não viemos.

- Melhor assim.

- Só para você.

Os dois não paravam de retrucar, e ora um ficava mais acanhado, ora outro, mas não se via término naquela irritante e tediosa conversa, se é que se podia denominá-la assim. Enfim cessou quando começaram a ouvir alguns sons, que não eram os da floresta. Parecia alguém conversando, algo assim.

Ciça ficou quieta, reconhecera que assim era melhor, mas a fome que lhe batia a fez inquietar-se.

- Não estão com fome?

- O que acha? – Symon perguntou, num ar irônico.

- Calem-se vocês dois. – o homem de capa negra ordenou, e deu algo como alguns biscoitos, os quais Ciça não pôde pegar, muito menos comer, estava amarrada, e logo sua cara ficou também. Mas não ficou quieta.

- Não posso ao menos comer o biscoito?

- Não. – ao que ele falou, Symon riu, mas logo perdeu a graça quando ele ordenou que ficasse quieto.

- Estou com fome. Por favor, você não poderia me dar algo de comer? E me soltar daqui um instante?

- Para quê?

- Não fugirei, não tenho motivos para isso. – Ela olhava como se olhasse nos olhos dele, porém estavam cobertos pelo capuz da capa.

- Já já seu pai virá e na escola você comerá o quanto quiser.

- Ele não é meu pai, muito menos virá.

- Espere quieta, por favor.

Ciça aquietou-se, não tinha mais opção. Dentro de alguns minutos eles ouviram passos, e alguém tropeçando, outra pessoa tentando ajudar, ao mesmo tempo falando para ficar quieta.

- Vamos, rápido... Aquele Potter imbecil veio com mais alguém.

Rony e Hermione vinham discutindo, mas quando perceberam o quão dentro da floresta estavam, decidiram que deveriam permanecer em silêncio. Podiam assustar os seqüestradores.

Hermione caminhava, mas seus pensamentos voavam soltos. Por que ela havia terminado com Rony? "Porque ele era imaturo?" sua mente teimava em lhe dizer. Mas não foi por isso, e ela era a única que sabia. Ninguém a completava tão perfeitamente como Rony. E ela tinha medo disso, medo dessa suposta perfeição. Cada vez mais ela queria se aprimorar profissionalmente e por isso não poderia dar a Rony a vida que ele merecia. Ela tinha medo de não fazê-lo feliz. E Hermione não queria que um amor tão bonito quanto o deles acabasse em um relacionamento frustado. Preferia guardar consigo a imagem de um Rony feliz ao seu lado.

Andava tão distraída pensando que tropeçou em um galho seco, mas foi amparada por Rony, antes que caísse no chão. Ao segurá-la, Rony fez com que a proximidade entre os dois não passasse de meros milímetros. Ambos ficaram vermelhos com a situação, e Hermione tratou de se afastar e quebrar o silêncio.

- Eu sou mesmo uma estabanada! Quase caí. Obrigada.

- Shhhhhh! Fique em silêncio, acho que ouvi alguma coisa.

Rony andou alguns passos, ele tinha percebido um movimento atrás de uma árvore. Sorrateiramente ele caminhou de maneira a chegar do outro lado, onde era provável que o suspeito estivesse. Hermione por sua vez, cuidava da retaguarda com a varinha em punho. Rony se preparou e agarrou o homem, que estava atrás da copa da árvore, pelo colarinho da camisa e o jogou no chão, se movendo rapidamente ficou em cima do homem. Quando se preparava para socá-lo percebeu uma certa cicatriz na testa do "suspeito" .

- Harry, o que você está fazendo aqui?

- Vocês realmente esperavam que eu fosse ficar sentado esperando? Francamente.

- Francamente digo eu. – Hermione olhava no fundo dos olhos do amigo – Escute-me bem, você está aqui, e isso é responsabilidade sua. Não tome nenhuma atitude impensada, a vida da sua filha depende disso. E a sua também. Agora vamos em frente, e não quero ouvir sequer uma palavra de nenhum de vocês dois – ela apontou lentamente de um para o outro.

Os dois obedeceram como faziam quando eram adolescentes. Eles sabiam que não deveriam contrariar uma Hermione furiosa. Novamente estavam juntos em uma aventura, mas agora eles eram adultos e a responsabilidade pesava-lhes por sobre os ombros. Não tinham mais o direito de serem inconseqüentes. Todos os três sentiam a diferença dessa situação para quando eram jovens, mas não deixava de ser reconfortante ter os amigos de volta ao lado.

Havia uma movimentação logo à frente na floresta. O trio estava alerta. Como Malfoy esperava encontrar apenas Harry, ele ia na frente. Rony cuidava da lateral, e Mione da retaguarda.

Não demorou muito até ouvirem uma movimentação, eles apressaram o passo e quando chegaram perto de onde vinha o barulho se prepararam para atacar.

Harry viu um homem de capa e um garoto estavam segurando uma menina, Ciça. Harry levantou a varinha e quando ia proferir um feitiço a parte de cima da capa do homem caiu mostrando a face de Draco Malfoy.

-Malfoy devolve a minha filha seu desgraçado!

-O seu mal Potter é que você não sabe pedir as coisas direto. Tsc tsc tsc.

-Nós somos três Malfoy, estamos em maior número, não seja idiota e devolva a menina.

-E o seu mal Weasley é que você sim é um idiota. Números não são nada quando não se tem capacidade. – Draco puxou Ciça das mãos de Symon e colocou a varinha na cabeça da menina - Agora eu terei que ser mal educado e deixar vocês aí, plantados, igual batata. Eu tenho uns assuntos importantes para resolver. E você Potter, se quiser sua filha de volta, vai ter que me enfrentar sozinho. Adeus.

Ele desapareceu com Ciça nos braços, usando uma chave de portal. Rapidamente o trio seguiu na direção de Symon que sem pensar duas vezes tocou em outra chave de portal e saiu da floresta o mais rápido que podia.

-E agora? – Harry passou a mão desconsoladamente pela cabeça.

-Agora só nos resta esperar – Hermione pôs a mão no ombro de Harry.

Continua...

N/A: Oieee! Mais um cap. Esse aki foi escrito a quatro mãos... aliás eu tava sem inspiração e quem fez quase o cap todo foi a Maria minha betinha fofa! Gostaram da interação R/H? Não ia ter isso na história não, mas quando se tem um beta q adora esse casal fica difícil resistir!