Talvez morar com Draco Malfoy não fosse a melhor coisa do mundo. E realmente não era, principalmente para uma criança que estava acostumada com um lar cheio de amor e carinho. Mas havia uma coisa, Ciça gostava muito de Draco e sabia que ele precisava dela para aprender o verdadeiro valor da vida.
Só que não era possível para ela morar com ele. Ciça precisava voltar à escola. Precisava rever os amigos e acima de tudo, precisava resolver um assunto inacabado. Mas ela não queria voltar agora, achava que podia adiar um pouco mais o retorno.
O sol já estava baixo, as cores do céu estavam se misturando, daqui a alguns minutos o dia seria noite. O claro seria escuro, com uma bela fusão de cores. Assim também se fundiam os pensamentos de Draco naquele momento. Ele estava prestes a tomar uma atitude importante. Era necessário devolver a pequena Ciça à realidade.
Ele estava tão habituado à menina, ela já fazia parte de sua vida, e pensar que nunca mais veria Ciça o deixava bastante deprimido. Potter jamais o deixaria se aproximar da garota. Draco ia voltar à vida vazia, e sem carinho que sempre teve. Mas ele sabia que na vida nós sempre colhemos o que plantamos. E durante muito tempo ele plantou desamor, caos, tristeza, agora só lhe restava colher a solidão, que nada mais era que a somatória de seus feitos.
Deixando os pensamentos deprimentes de lado, ele se levantou da poltrona onde estava sentado em seu escritório, e foi caminhando lentamente até o quarto de Ciça.
Ao abrir a porta, Draco percebeu que a menina estava perdida em pensamentos olhando para o jardim pela janela. Ele pigarreou alto para que sua presença fosse notada, mas a menina não o percebeu.
-Ciça – ele chamou-a alto.
-Sim – virou-se rapidamente na direção da voz, só então ela notou que Draco estava no quarto – esta aí há muito tempo?
-Cheguei agora.
-Ah tá – ela parecia um pouco alheia ao clima de tensão que rondava Draco.
-Fique pronta – ele achou melhor falar de uma só vez – amanhã você volta para Hogwarts.
-O quê? – sua feição era carregada de desentendimento.
-Amanhã você volta para Hogwarts – ele repetiu firmemente – Vou entregá-la ao seu pai.
-Por quê? – os olhos de Ciça estavam se enchendo de água naquele momento.
-Você esta mais tempo do que deveria aqui – aquelas palavras eram como facas entrando nos corações de Draco e de Ciça.
-Eu pensei que você gostasse de mim – foi então que as lágrimas caíram pelo alvo rosto da menina.
-Não é que eu não goste Ciça, - a fraca barreira de frieza que Draco havia preparado para se proteger antes de entrar no quarto da menina, tinha se quebrado – mas é necessário. Não posso mantê-la aqui.
-Eu não quero ir. Quero ficar aqui. Não posso ficar com ele. Não quero.
-Mas vai. Isso nem eu posso mudar.
-Eu não vou.
-Não vim aqui perguntar se você vai, vim apenas lhe informar que levarei você amanhã. – ele havia sido duro, e sabia disso. Mas não podia fraquejar naquele momento.
-Eu já perdi tudo que amava, agora que aprendi a gostar de você, não poderei vê-lo mais – Ciça chorava, e estranhamente aquela frase tão sincera servia perfeitamente para ambos.
-Você irá me ver – ele se aproximou dela, e tocou seus cabelos – olhe para mim Ciça, eu vou visitar você – ela sorriu fracamente, mas os dois sabiam que aquilo não seria possível – Descanse por hoje, amanhã voltaremos às nossas realidades.
Draco se retirou do quarto, e Ciça ficou deitada, com o rosto no travesseiro para abafar as lágrimas que caíam. Nunca tinha querido chegar aquela casa, mas agora não se sentia a vontade ao abandoná-la, ela se sentia necessária ali, talvez como não seria em nenhum outro lugar do mundo.
OoOoOo
Rony estava distraído organizando algumas vassouras no armário, lembrava-se de seu primeiro jogo como goleiro da Grifinória em seu quinto ano, ele havia sido um desastre. E esse era exatamente Rony, sempre nervoso, e por ter tanto medo de errar, acaba errando mesmo, colocando "os pés pelas mãos". Foi assim com Hermione, ele a amava tanto que, com medo de perdê-la acabou fazendo tudo errado. Ao fechar os olhos, ele podia lembrar-se de cada detalhe do rosto dela, do sorriso, do olhar... Até do perfume. Quando abriu lentamente os olhos, pode perceber que Hermione estava a sua frente, não aquela de quem ele se lembrava, e sim uma Hermione adulta e madura que nesse momento lhe olhava com ternura.
-Perdido em pensamentos?
-Pois é, estava vagando pelas lembranças. – disse ele guardando um vassoura, ao fazer um movimento rápido algumas caíram no chão.
-Eu me lembro do seu primeiro jogo – ela abaixou para ajudá-lo, suas mãos se tocaram. Ele levantou o rosto e a olhou nos olhos.
-Eu estava nervoso naquele dia. – disse recuperando-se do transe em que se encontrava, rapidamente guardou todas as vassouras.
-Rony... – ela parou ficando algum tempo em silêncio.
-Fale.
-Eu sei que talvez não consigamos ser amigos como éramos, mas gostaria que pudéssemos ao menos tentar. Sempre fomos tão ligados... Sinto falta da sua amizade.
-Eu também sinto falta... Da nossa amizade.
-Sei que não podemos apagar tudo o que ocorreu, mas talvez começar de novo seja uma boa solução.
-Eu não quero apagar nada Hermione. Tudo o que aconteceu na minha vida, me ajudou a ser quem sou hoje. Errei muito, mas aprendi com meus erros e apagar o passado seria tolice. Até porque, ainda tenho muito o que entender de tudo o que vivi. Mas vamos fazer dessa conversa, um ponto de partida para uma nova fase da nossa amizade.
-Isso – ela sorriu meio nervosamente – vamos iniciar uma nova fase. –ela ficou sem jeito sobre abraçá-lo ou não, optou apenas por lhe apertar a mão e sorrir gentilmente. – Agora eu tenho que ir, quero ver a quantas anda a busca da Ciça.
-Hoje acaba o prazo que Harry estipulou não é?
-Exatamente, se a menina não aparecer, teremos que vasculhar a Mansão Malfoy.
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Logo após o café, Ciça já estava pronta em frente ao escritório de Draco esperando para que ele preparasse a chave de portal que os levariam a Hogsmeade. Ele se aproximou dela e colocou uma capa preta sobre a menina, a fim de dificultar o reconhecimento dela no povoado.
Após alguns minutos ela sentiu-se sendo puxada pelo umbigo, e logo em seguida colocou os pés na terra segura de Hogsmeade. Draco guardou o pente que serviu de chave, e estendeu a mão para Ciça, ela o olhou nos olhos e segurou a mão dele.
Os dois caminharam em direção a Hogwarts. Aos poucos o castelo ia ficando cada vez mais visível. Draco se lembrava da primeira vez que havia chegado ali, quantas travessuras tinha aprontado, quantas vezes xingou o Potter ou o Weasley, apenas pela simples vontade de vê-los furiosos. Lembrou-se também da última vez que deixara o castelo, e quando poucos dias depois recebeu a marca negra pelas mãos do próprio Voldemort, tornando-se um Comensal da Morte. Aquele símbolo não havia marcado apenas sua pele, mas também sua alma, e as cicatrizes da alma são eternas.
Entraram pelos portões do castelo, os dois andavam a passos firmes. Draco estava decidido a largar a mão de Ciça apenas quando ela estivesse dentro da escola. A menina temia pelo o que poderia acontecer a Draco. Eles não sabiam como seriam recebidos.
Quando perceberam, Draco estava levantando a mão para empurrar a grande porta de carvalho na entrada de Hogwarts.
Hermione caminhava lentamente perto do saguão de entrada do castelo, quando ouviu o ranger da porta. Rapidamente foi verificar do que se tratava, levou um susto quando viu Ciça tirando o capuz que usava, demorou um pouco para reconhecer quem estava ao lado da menina. Quando enfim viu de quem se tratava, puxou a garota para perto de si e o mais longe possível de Draco. Ciça pareceu um pouco relutante em ir com Hermione, mas obedeceu ao receber um olhar de Draco.
O homem já estava se virando para ir embora, quando ouviu um barulho de passos que pareciam apressados. Era Harry que havia visto a filha ainda no corredor.
-Ciça, você está bem? – a menina não parecia querer falar. E não falou. Apenas balançou a cabeça positivamente.
-Ela parece bem Harry – Hermione respondeu – depois verei com mais calma se ela esta sobre algum tipo de maldição, ou qualquer coisa do gênero. Você precisa ver quem a trouxe. – apontou para onde Draco estava com a cabeça.
O olhar de Harry caminhou lentamente até Draco e se fixou nos olhos dele. Draco parecia indiferente à expressão raivosa de Harry, que já estava caminhando lentamente até ele. Nesse momento Ciça ficou apreensiva, não tinha noção do que poderia acontecer a partir dali.
O tempo passava lentamente, os passos de Harry até Draco pareciam mais longos do que em uma procissão. No entanto, a expressão do rosto parecia se aliviar.
Harry lembra-se do estranho encontro com Nathalie, e de como ela disse ser preciso o tempo de Ciça com Draco. E a esposa estava certa, ele a devolveu sem nenhum arranhão aparente.
Quando Harry ficou a um passo de Draco, olhando-o ainda nos olhos, apenas acenou com a cabeça e pronunciou um audível "obrigado por devolver minha filha". Draco naquele momento não tinha palavras. Imaginava que teria de travar alguma batalha com Potter, mas o homem de alguma forma foi nobre, e isso custava a Draco reconhecer.
Mas o que havia acontecido ali foi apenas uma demonstração de crescimento. Draco foi nobre o suficiente para devolver Ciça, e Harry nobre o suficiente para não criar mais algum tipo de atrito, ainda mais na frente da menina. Eles não eram mais crianças há muito tempo, não havia necessidade de competição.
Sem ter o que dizer, Draco apenas retribuiu o aceno de cabeça. Harry já ia abrir a porta para que Draco se retirasse, mas este o interrompeu.
-Eu preciso falar com Dumbledore.
-Então me acompanhe – Hermione se adiantou.
Harry pegou Ciça pela mão, enquanto Hermione levava Draco até o escritório do diretor. Mas a menina rapidamente retirou a mão das mãos dele. Draco observou a cena, e deu um olhar reprovador à Ciça, que apenas se encolheu um pouco. Quando estavam a alguns passos de distância, a menina se pronunciou pela primeira vez.
-Eu quero ir também.
-Não querida. É melhor você ir à enfermaria.
-Eu não quero ir à enfermaria professor Potter. – ela falou calmamente enquanto o olhava seriamente – Quero acompanhar o Draco. – ela correu até onde Draco estava ao lado de Hermione e segurou firmemente as mãos do amigo.
-Deixe, Harry – disse Hermione calmamente – eu estarei lá.
-Então eu vou também.
No caminho até a sala de Dumbledore, Ciça não desgrudou de Draco um minuto se quer. Hermione ia um pouco mais a frente, e Harry um pouco atrás. Enquanto subiam pela escada em caracol, Draco fala à Ciça.
-Você não deveria ter feito isso.
-Feito o quê? – ela fez-se de desentendida.
-Você sabe muito bem que não deveria ter pedido para vir comigo. Já deve ter sido muito para o Potter não me esbofetear. – ele disse baixinho, ela riu.
-Eu sei. Mas como é que eu ia ficar sozinha com ele? Não quero.
-Mas vai. Depois conversamos sobre isso. Chegamos.
Hermione abriu a porta do escritório e logo depois deixou que todos entrassem, Draco adiantou-se e foi logo cumprimentar o diretor.
-Como vai, professor?
-Muito bem, sr. Malfoy. E o senhor?
-Estou bem também.
-Então sente-se – Draco se acomodou na poltrona de frente para a mesa do diretor, as outras pessoas na sala sentaram-se em um sofá perto da parede direita, exceto Ciça, que ficou de pé ao lado de Draco.
-Ciça sente-se ali com seu pai. – ela olhou para Draco meio assustada pela ordem.
-Mas...
-Ciça, vai sentar com seu pai. – bastante contrariada ela se sentou entre Hermione e Harry.
-Sobre o quer conversar, sr. Malfoy?
-É a respeito da menina.
Draco relatou com detalhes o que aconteceu no dia que Ciça manifestou seu dom. Ele achava importante que Dumbledore tomasse conhecimento de tudo para que pudesse preparar a menina. Se ela não tivesse os ensinamentos necessários poderia morrer com esse tipo de transferência de energia. A idéia original de Draco era enviar uma carta a Dumbledore, mas como o encontro com Harry não foi dos piores, ele resolveu que o correto seria falar pessoalmente. O relato já estava quase no final, todos ouviam atenciosamente as palavras de Draco, quando a porta foi aberta com um estrondo.
-Eu soube que esse animal nojento estava aqui! – era Rony que entrava com a varinha já apontada para a cabeça de Draco.
-Ronald. Acalme-se! – Hermione se levantou rapidamente.
-Que calma! Esse idiota vai pagar por tudo o que já fez. – Rony chegava cada vez mais perto de Draco, que agora se levantava e virava-se na direção do ruivo.
Aconteceu tudo muito rápido. Dumbledore se levantou para tentar conter o professor. Draco colocou a mão levemente para trás e feito isso Rony disparou um raio na direção do loiro, que nem teve tempo para se defender. Antes que o corpo caísse no chão ouviu-se um grito.
-Draaaacoooooo!
Ciça correu até Draco, que ainda estava de olhos abertos, ela tocou o rosto dele e começou a chorar. Ele a olhou, e deu um leve sorriso.
-Saiba querida... Que você... Foi muito importante... Na minha vida – ele falava com muita dificuldade – você salvou... A minha alma – e lentamente ele fechou os olhos.
-Draco! Draco! – ela olhou na direção de Rony, que agora estava atônito olhando a cena – O que você fez? Por que você fez isso? POR QUÊ?
Ela voltou a olhar para Draco, suas lágrimas caiam como gotas de chuva sobre o rosto do amigo. Ciça colocou as duas mãos sobre o rosto de Draco, e sua energia começava a ser transferida para ele, uma luz azul tomava conta do corpo dos dois. O vento foi tão forte que fechou a porta. Os cabelos dela balançavam com muita força, ficando quase completamente para cima. A expressão de seu rosto era concentrada.
Harry tentava se aproximar da filha para evitar que ela fizesse a transferência, mas o vento era tão forte que não o deixava se aproximar. Ele tomou um impulso forte e quando estava quase tocando em Ciça, ela levantou uma das mãos e ele foi jogado contra a parede do outro lado do escritório.
Calmamente o vento foi cessando, Ciça tirou as mãos do rosto de Draco, e quando ele abriu os olhos, ela caiu desfalecida no chão.
Continua...
N/A: Eu gosto desse cap. O Rony foi realmente mto idiota!
Keria dizer o próximo cap é o último. Sou uma autora deprimida. Essa fic naum recebeu quase nenhum review. Então, se ninguém se manifestar dizendo q tá lendo essa fic, o último cap não será publicado.
Isso não é uma ameça Nathy com cara de Sonserina má é um aviso!
Bjin pra Camy.
Tataya Black.
