Terceira Parte: O Futuro

14 de fevereiro de 2003 – Restaurante 'W'

- Sr. Weasley?

- Sim?

- O cliente da mesa 7 deseja falar com o senhor.

Ronald Weasley revirou os olhos, seu restaurante estava cheio e ele estava ocupadíssimo. Era o dia dos namorados e o movimento estava intenso, casais e mais casais chegavam para comemorar a data especial, e ele tinha que atender algum cliente que provavelmente está sozinho para estar reclamando de alguma coisa.

Ao chegar a mesa 7, percebeu rapidamente que não era 'um' cliente, mas 'uma'.

- Hermione?

Ela se virou.

- Ron!

Hermione se levantou da cadeira e cumprimentou com um abraço apertado.

- Já faz um tempo, né? – ela continuou a falar.

- Sim... acho que alguns meses...

- É! Eu não pude sair da escola no Natal.

- Imagino... – ele mantinha as mãos atrás do corpo como faz a maioria dos gerentes de restaurante.

- Está bem lotado seu restaurante, né?

- É... – Ron disse olhando a sua volta – dia dos namorados, sabe como é.

- É, dia dos namorados... – Hermione olhou distraidamente a sua volta, como Ron.

Ele parou para observá-la, ela estava bonita, mais do que de costume. Hermione usava um vestido preto, estava levemente maquiada e tinha o cabelo preso numa trança.

- Você quer esperar eu sair daqui? – ele falou de repente, numa voz um pouco rouca.

Hermione o encarou, surpresa. Ela apenas sorriu e assentiu com a cabeça.

o

Ron acabou por convidá-la a experimentar a comida de seu restaurante, pois não poderia sair de lá naquele momento. O lugar estava muito cheio.

- Deve estar ganhando um bom dinheiro, não? – comentou Hermione, tomando um gole de vinho.

- É, mas eu estou solteiro, então sobra dinheiro. Se eu fosse casado, seria outra história...

Hermione riu.

Um dos garçons chamou o patrão de novo, Ron falou um pouco com ele e pediu licença a Hermione, tinha que atender um cliente.

Ela estava sentada na mesa 7, comendo acompanhada pelo Ron. Bom, mais ou menos, de vez em quando ele tinha que sair na mesa e resolver algum problema no restaurante.

Passado algumas horas, o restaurante já estava bem vazio e Ron já estava há um bom tempo sentado na cadeira, em frente a Hermione.

- Nós paramos de brigar depois... – comentou Ron.

- É verdade, nós crescemos! A gente brigava por cada motivo bobo.

- Você que se irrita fácil.

- Olha quem fala... seu último cliente está saindo.

Ron olhou para a saída do restaurante e deu um rápido aceno com a mão.

- Está ficando tarde...

- Eu sei, tenho que voltar ao hotel.

- É perigoso, eu te acompanho.

- Não precisa, só preciso ir ao banheiro e apa-

- Eu insisto – Ron mudou o tom de voz.

Hermione o encarou por um tempo, mas depois abriu um sorriso e concordou em deixá-lo a levar ela para o hotel.

Os dois já iam começar a andar para o hotel quando Ron parou e Hermione perguntou:

- Que foi?

- Não quer conhecer minha casa?

Vários pensamentos ocorreram na cabeça de Hermione, nenhum que não a deixava desconfortável. Ela olhou para ele e sem se dar conta, respondeu:

- Claro.

E todos os pensamentos foram embora.

A casa de Ron, na verdade, era um apartamento. Quando os dois entraram, ele ligou a luz, iluminando uma bela sala de estar. Hermione tirou o casaco e a bolsa, deixando-os no sofá.

- Quer algo para beber?

Hermione caminhou até a cozinha, onde Ron estava fuçando a geladeira.

- É um belo apartamento!

- Obrigado... acho que aqui não tem muita opção, além do mais você deve preferir uma bebida bruxa, não?

- Está tudo bem, já tomei bastante vinho no seu restaurante. E além do mais você está me devendo um chá.

Ron, imediatamente a olhou e deu um sorriso maroto para ela.

- Vou preparar, por que não se senta na sala?

- Não precisa de ajuda?

- Não, obrigado. Eu vivi sozinho todo esse tempo, sabia?

Hermione riu um pouco e caminhou até a sala, mas não se sentou. Ficou observando o que tinha nas estantes das paredes. Ela notou rapidamente que uma varinha que estava num suporte, era a que ele usava nos tempos de escola.

- Não tem medo que alguém descubra que isso é uma varinha mágica?

Ron entrou na sala com uma bandeja, ele colocou na mesinha do centro e começou a preparar as xícaras.

- Não, porque eu não a uso, então não há como saber.

- Por que a deixou como objeto de decoração?

- Porque não tem outro propósito pra mim...

- Então por que não a partiu no meio?

Hermione tirou os olhos da varinha e os colocou sobre Ron, ela o havia encurralado.

- Se você quer saber se eu ainda a uso, eu não uso.

- Por que você não a partiu? – Hermione insistiu, já caminhando em direção a ele.

Ron parou o que estava fazendo e ficou de pé, ele a olhou bem nos olhos e sem piscar, disse:

- Preferia morrer que usar magia novamente.

A expressão de Hermione mudou, estava surpresa. Agora, mais do que nunca, percebeu como Ronald Weasley mudou, já não era o garoto bobo e inconseqüente que ele já fora um dia, Ron virou um adulto trouxa e maduro. E, talvez, também já não era a pessoa por quem se apaixonou.

- Acho... que preciso ir...

Desta vez, era Ron que olhou surpreso.

- Como? Já?

- Eu acabei de lembrar... preciso fazer umas coisas... eu já tenho que volta para Hogwarts amanhã cedo – ela se recusava olhá-lo nos olhos.

Sem perder tempo, Hermione andou até o sofá e pegou seu casaco.

- Eu sei onde é a porta. Tchau, Ron.

- Hey! He-

BAM

Ron encontrou com a porta e estando tão perto dela, ouviu-se um craque, ela tinha aparatado. Ele poderia ter impedido ela, mas estava tão surpreso com a súbita atitude que ele ficou um pouco paralisado e quando se deu conta, mesmo que corresse, não chegaria a tempo de impedi-la.

'Acho que seria melhor assim...', Ron começou a pensar enquanto se sentava no chão e se apoiando na porta. 'Já não sou o mesmo de antes, a gente já terminou uma vez... poderíamos terminar de novo', ele fechou os olhos e inconscientemente segurou em alguma coisa que estava dentro de sua camisa.

NOC - NOC

O susto fez Ron abrir os olhos rapidamente e se levantar. Sem pensar muito bem, ele abriu a porta, esperando qualquer um menos...

- Mione?

Hermione parecia ter feito uma pequena corrida, pois respirava fundo. Quando Ron havia aberto a porta, ela olhou diretamente em seus olhos, mas logo os desviou. E com uma voz baixa, falou:

- Eu esqueci minha bolsa.

E ele viu a pequena bolsa que ela havia trazido, em cima do sofá, onde ela havia deixado o casaco. Ron sentiu um ventinho em seu braço, como se alguém estivesse passando do lado dele, ele rapidamente colocou o braço para impedir Hermione de entrar. Ele pousou o braço na barriga dela e a mão na cintura.

Ela realmente não queria voltar lá, seria um pouco vergonhoso depois do modo que saiu de lá. Mas não tinha como, ela precisava da bolsa de volta! E Hermione foi buscá-la, prometendo a si mesma que sairia o mais rápido possível de lá. É verdade que ela esqueceu um pouco da promessa quando Ron a olhou nos olhos na hora que ele abriu a porta, mas logo ele desviou e olhou para a bolsa no sofá. Essa foi a deixa para Hermione pegar a bolsa e ir embora.

Entretanto, ele a impediu de entrar e apesar de não ter forçado nem nada, só a sensação que isso causava nela a fez parar completamente em seu lugar. Sem pensar e querendo saber porque ele havia feito isso, perguntou:

- Po-posso entr-

- Você pode, mas terá que olhar para mim primeiro.

Hesitante, Hermione acabou por olhar para ele. O braço de Ron, rapidamente, a abraçou, mantendo o corpo dela bem junto ao seu. O olhar dele se mantinha no dela, ele não fechou os olhos nem mesmo quando os seus lábios se tocaram.

Hermione também não fechou os olhos, seus lábios tremiam antes dele beija-la e quando Ron a beijou, sua tremedeira desceu para o resto do corpo.

'Qual era a promessa mesmo?' ela pensou.

E Hermione fechou os olhos, se entregando ao beijo e a ele, de novo.

30 de março de 2003, sábado

'Está atrasado... e já faz um bom tempo... Ah! Por Merlin! Não pode ser!' Hermione pensou desesperada.

- Mrda! – ela acabou por falar, enquanto andava pelo quarto.

Depois de um tempinho assim, cansou-se e sentou na cama.

- Acalme-se, é um simples feitiço. Só crie coragem e faça-o! – ela falou para si mesma.

Hermione respirou fundo, pegou a varinha e apontou para a barriga citando alguma coisa em latim. Ela estava de olhos fechados, quando abriu para ver o resultado, tomou um susto.

Um susto tão grande que acabou por desmaiar. Sim, o que Hermione Granger mais temia aconteceu, ela estava grávida.

o

Mesmo depois de 6 semanas, Ron ainda não esquecera o que aconteceu na manhã do dia seguinte de 14 de fevereiro, na verdade, até agora ele não entendera muito bem o que ocorreu.

Os dois acabaram... dormindo juntos. Nenhuma palavra foi trocada entre eles, nem na noite do dia 14 e nem na manhã do dia 15, Hermione já havia ido embora antes mesmo de Ron acordar. E era isso que intrigava ele.

E novamente, provavelmente pela milésima vez naquele dia, um suspiro saiu da boca dele. 'Já se foram seis semanas inteiras e ainda estou a pensar nisso!' ele gritou dentro de si mesmo.

- Sr. Ronald? – uma voz feminina e suave o tirou de seus pensamentos.

- Ahñ?

- O fornecedor precisa de sua assinatura lá no balcão – a garçonete falou.

- Ah, obrigado, Alice.

'Eu preciso parar de pensar nela...' , foi o último pensamento de Ron, antes de ir rapidamente para o balcão.

- O senhor está bem? – perguntou Alice, após o fornecedor ter ido embora com a assinatura do patrão.

- Sim, sim. Obrigado por se preocupar, Alice.

- Não há de quê, é a minha função afinal. – a garçonete sorriu.

'Eu realmente preciso parar de pensar nela...', ele falou novamente, dentro de si.

- Alice?

- Sim, senhor?

- Você pode me chamar de Ron se quiser.

Alice abriu um grande sorriso.

- Ei, ei... o que você está fazendo! – perguntou Ron, tirando as mãos dela de sua camisa.

- Você realmente só me convidou para o seu apê, apenas para um drink? – disse Alice, maliciosamente, e claramente bêbada – Você não me engana, tolinho!

A garçonete continuou o seu árduo "trabalho" em abrir os botões da camisa do patrão, mas este não a permitia continuar.

- Ah, dando uma de difícil, né? – ela deu um outro sorriso brincalhão para ele, colocando as mãos na cintura.

- Eu acho melhor você... – Ron colocou as mãos nos ombros de Alice para acalmá-la e quem sabe a mandar embora de sua casa, gentilmente.

- Wow! – ela gritou enquanto ela puxava o patrão pelo colarinho, fazendo os dois caírem no sofá, um em cima do outro.

- Ah! Por que você não disse antes! – ela começou, enquanto tirava os botões da própria camisa – Você gosta é de "comandar" a relação né! Então, vamos lá! Meu patraozão!

Alice tirou a camisa, ficou apenas com sua roupa íntima de cima.

- Eu acho melhor você voltar para casa, você bebeu demais! – Ron se desvencilhou dela e se colocou de pé, estava ficando irritado.

- Eu não estou bêbada, Ron – ela dizia enquanto dava uns risinhos.

Algo naquele 'Ron' de Alice o causava calafrios, não era essa voz que ele queria ouvir.

- Sabe de uma coisa, você não pode mais me chamar de Ron e quero você fora daqui, agora! – ele apontou para a porta.

- Uhh! Mas que voz autoritária! É assim mesmo que eu gosto! – Alice começou a se agitar no sofá.

Ron estava começando a sentir uma dor de cabeça, colocou a mão na testa e a massageou.

DING DONG

'Quem seria a uma hora dessas?' perguntou-se Ron a si mesmo.

Alice, apesar de bêbada, tinha um pouco de noção e pelo menos pegou a camisa para se cobrir, mas não a abotoou. E então ele abriu a porta.

- Ron, desculpe o horário, mas posso entrar?

- Her-

- 'Brigada.

Hermione tinha que entrar, antes de se arrepender do que ia fazer, tinha que fazer naquele horário porque seria muito provável que ela teria desistido dessa idéia logo que tivesse mais tempo para pensar nela. Ela entrou sem ao menos olhar para o amigo e ex-namorado.

- Quem é você? – perguntou uma voz feminina.

E foi só nessa hora que ela olhou a sua volta. No sofá, tinha uma mulher bonita, provavelmente bêbada, e com a camisa aberta, já na porta estava seu amigo, ex-namorado e o motivo por qual ela estava grávida com a camisa quase aberta.

- Hermione, o que faz aqui? – perguntou Ron incrédulo.

O sangue de Hermione começou a borbulhar. 'Como eu era burra!', ela pensou antes de falar:

- O que estou fazendo aqui, seu idiota! Ah! Desculpa, hoje não é o meu dia, né! Eu só devo servir para o dia dos namorados!

- Do que você está fal-

- Nossa! Quantas mulheres será que você convida para o seu apartamento? Devem ser muitas, não! E ainda deve usar a mesma cantada de sempre! 'Vamos tomar um drink!', ah não! Acho que você usou essa antes de mim, então você teria que usar o 'Vamos tomar um chá!'!

- Ele usou o 'Vamos tomar um drink!' comigo... – começou a falar a garçonete.

- Grr! Eu não acredito em você, Ronald Weasley! E pensar que fiquei todo esse tempo em Hogwarts pensando em você e se-

- Cuidado com o que fala, Mione! Ela é trouxa!

- Não venha com 'Mione' comigo!

- Ei! Do que você me chamou! – Alice começou a gritar e tentando ficar de pé – Ninguém nunca me insultou tanto assim! Deve ser um insulto tão grande que nem conheço!

Alice abotoou a camisa, pegou a bolsa e marchou perfeitamente até a porta.

- Passar bem, PATRÃO!

BAM

'Ela não estava bêbada?' perguntou a si mesmo e Ron ia começar a rir da situação, quando foi interrompido pela voz, que estava mais irritada que antes, de Hermione.

- Com uma funcionária ainda! O quê, você estava de olho nela desde quando! E foi só agora que ela resolveu cair na sua lábia!

- Hermi-

- Eu estou grávida de você, seu cafajeste!

E como se tivesse notado muito tarde que falara o que não deveria, Hermione colocou as mãos na boca, mas já era tarde demais. A informação escapulira.

Ron ficou paralisado, ele ouvirá direito? Hermione estava grávida dele? Ele continuava sem reação.

- Falei o que não devia, esqueça. Passar bem, Ron.

E ela se dirigiu a porta e a única coisa que ele conseguia pensar depois que ela falou isso, foi:

'Sim, era daquela voz que ele queria ouvir dizer: Ron'.

- Alohamorra!

Hermione se virou, e lá estava ele, ofegante pela pequena corrida que deu até a estante, apontando sua velha varinha para a porta.

- Você disse que preferia morrer antes de usar a varinha de novo...

- Eu prefiro morrer antes de ver você partir de novo.

Ela não sabia o que dizer, do mesmo modo que ela havia paralisado ele, Hermione estava dura como pedra. Uma pedra que tremia, por sinal.

- Principalmente agora que você tem um filho meu.

A cabeça dela se abaixou, virando levemente para um lado.

- Só pelo filho? – ela perguntou, sua voz tremia.

Ron abaixou a varinha e andou até Hermione, colocando a mão na cabeça dela.

- Bobinha. – ele falou sorrindo.

As mãos dele estavam no rosto dela, Hermione podia sentir que sua cabeça estava sendo levantada. Foi obrigada a encarar Ron.

- Eu nunca parei de... - começou ela.

- Eu sei, eu também não.

E Ron a beijou.

FIM

Notas da Autora:

Finalmente termineii! Espero que tenha ficado bom, eu tinha a idéia na cabeça há muito tempo atrás, mas nunca ficava inspirada o bastante para escrever! Porém milagres acontecem! O final talvez tenha ficado meio sem sal, mas era pra ficar assim mesmo, não queria prolongar. E caso vocês não tenham percebido, a última fala de Hermione é 'eu nunca parei de ti amar', pra finalmente ter alguma relação com a música (deu para perceber que fugiu um pouco do assunto da música).

Bom, é isso! Espero que tenham gostado e nos vemos por aí!