No silêncio daquela madrugada, passos apressados e ansiosos ecoavam pelos corredores, sem deixar vestígios de quem era o seu esbaforido e decidido dono. O afastamento de Dumbledore, pelo Conselho Escolar o preocupava, mas não o impediria de colocar em prática os seus planos... sobretudo, o que projetava fazer naquela noite fria.

Seu coração pulsava freneticamente, tanto pela excitação do momento, quanto os riscos que se desenhavam ao seguir naquela escuridão quase absoluta. O perigo de ser pego, o atiçava a quase correr, ir o mais rápido que pudesse às profundezas das masmorras... onde ela estava o esperando, a sua estrela guerreira e musa.

No entanto, não o faria... seguraria toda a sua ansiedade e os seus impulsos, por alguns segundos a mais. Se encostando na parede mais próxima e girando a varinha, Sirius conjurou o Lux para visualizar melhor o Marauder's Map, para localizar em que ponto se localizava Filch naquele instante.

Nada poderia dar errado, já bastava uma ideia não ter funcionado e quase o levado à expulsão... olhando novamente para o mapa, viu que o homem seguia em direção à entrada do Common Room de Hufflepuff. Uma informação valiosa que o fazia sorrir satisfeito e malicioso, pois não precisaria repensar qualquer possibilidade ou voltar atrás.

- Vou agradecer ao Prongs depois por esse empréstimo da capa... – pensou consigo mesmo.

Nada sairia errado e mais uma regra se quebraria sem qualquer punição. Definitivamente, o mundo pertencia aos Black e aos seus desejos. Isso o fez soltar a respiração pesadamente, sentindo os seus nervos pulsarem e os seus sentidos se aguçarem ainda mais... não por medo ou receio, pois a sua felicidade gritante e sua coragem eram maiores do que qualquer uma dessas fraquezas.

Com o seu peito queimando, caminhou mais alguns minutos, talvez segundos... até que avistou Bellatrix parada, com uma expressão curiosa e cheia de preocupações não ditas. Olhando para os lados, envolta pelas luzes dos archotes, mexia nos cabelos revoltos e torcia um pouco os lábios para o lado esquerdo, demonstrando toda a sua impaciência. Em outras palavras, estava irritada pela demora.

Ao mesmo tempo, parando um pouco para admirá-la, Sirius apenas conseguia pensar no quanto a considerava linda e cheia de coragem. Indiscutivelmente, ela era uma mulher forte e, o melhor, seria sua assim que as aulas acabassem. Se preciso fosse, incendiaria o mundo inteiro e a sequestraria, para que se casasse com ele e ninguém mais.

Não esperaria mais... silenciosamente, ocultado pela Capa da Invisibilidade, em um rompante avançou em sua direção, a abraçando pela cintura. O choque de algo oculto contra o seu corpo, a deixou assustada. Ainda em meio ao sobressalto, Bellatrix se virou apressadamente e apontou a varinha para o pescoço do namorado que se materializava à sua frente.

- Você quer me matar, seu maldito? – disse ao ver quem se tratava, mantendo o semblante contrariado.

- Calma, minha gata brava... eu queria fazer uma surpresa – riu abertamente percebendo que ela respirava aliviada.

- Você demorou... eu cheguei a imaginar que não viesse mais e que eu ficaria aqui bancando a boba – falou quase sussurrando, olhando por cima dos ombros dele para averiguar que não havia ninguém os observando ou que Sirius tivesse sido seguido.

O encarando, já ávida pelo o que viria, se afastou um pouco do primo para lhe estapear. Precisava descontar toda a raiva experimentada naquela situação bastante embaraçosa, especialmente, quando detestava ser pega de surpresa.

- O que foi que eu fiz agora? – a questionou um pouco incerto, segurando Bellatrix pelos pulsos para que parasse de agredi-lo.

O modo selvagem e espontâneo, lhe despertava o seu lado insaciavelmente feroz. Se pudesse, a teria ali mesmo, no meio do corredor, de pé... como dois animais. Seres primitivos, totalmente incivilizados e sedentos pelo prazer que só o sexo lhes proporcionaria.

Com um olhar afrontosamente indecifrável e sensual, Bellatrix o encarava, sem desviar em nenhum momento o olhar. Seu silêncio, absoluto e enigmático, tinha uma razão profunda... não gostava nem um pouco de Sirius. Estava mais do que convicta de que ele jamais deixaria de ser somente uma tarefa dada por Voldemort. A sua primeira missão, àquela que lhe garantiria o mais alto posto de honra e, por isso, merecia ser cumprida com perfeição.

Principalmente, quando pensava na liberdade que lhe era oferecida com relação a isso. Não lhe fora proibido, durante toda a execução, que se divertisse com ele nos seus dias mais entediantes... uma interessante e admirável válvula de escape, para aqueles instantes em que o seu único desejo era o de caminhar por entre luzes e pessoas. Esquecendo, dessa maneira, que tudo não passava de uma mera obrigação e que, logo, estaria encerrada.

De qualquer modo, não se recordava com exatidão, de quando toda aquela história de fato começara. Muito menos, compreendia quais eram as reais intenções do Lord das Trevas ao solicitar que tivesse outro bebê... uma Black, que obrigatoriamente receberia o nome de Hermione. Mesmo que pensasse em colocar o nome de Nova ou de Sagitta, não havia qualquer espaço para discussão quanto a esse assunto.

Ponderando uma ampla gama de hipóteses, se satisfazia com a ideia de que viria uma nova e linda princesa sombria. Uma menina poderosa que, ao lado de Delphini, reinaria soberana e altiva. Alguém que garantiria a vitória na guerra e a manutenção do império idealizado por Voldemort.

Em outras palavras, seu empenho e a rápida ascensão entre os Death Eaters, estava sendo reconhecido... sendo guiada por sua ambição, Bellatrix, prosseguia de uma forma profunda e obstinada em direção aos seus objetivos. Conseguiria sozinha, sem qualquer auxílio, uma posição maior e mais relevante do que a reservada à sua família, até então.

Que seus pais e seus tios agradecessem os seus esforços para que continuassem sendo os representantes da realeza bruxa. Mesmo que o mundo ruísse, os Black não morreriam ou deixariam de existir.

Imersa em tais pensamentos, voltou à realidade, segurando Sirius pela mão e o puxando para que lhe acompanhasse. Andando, com passos lentos e observadores, ocultos debaixo da capa da invisibilidade, se aproximaram da parede de pedra lisa e sem qualquer arranhão. Seus corpos estavam juntos, compartilhando o calor e a aflição do perigo constante de serem descobertos ali.

- Mors Bestia – Bellatrix falou a senha, encostando a varinha naquele espaço que deveria ser a porta, sem qualquer preocupação com o fato de que ele a escutava atentamente.

No dia seguinte, Evan mudaria o segredo de acesso e a entrada seria barrada àqueles que não soubessem os novos códigos. Além disso, não se perturbaria por conta de alguém tão orgulhoso em ser gryffindor... ele sempre esteve mais interessado em demonstrar coragem e bravura, do que analisar estratégias ou pontos interessantes. Logo, Sirius não saberia em qual lugar ingressaram exatamente, para entrar no ninho das serpentes.

- Que desperdício para alguém com grandes qualidades como duelista e que seria um ótimo general para o Lord das Trevas – pensou rapidamente o olhando de canto.

- Nós vamos para onde agora? – ele perguntou com um tom de voz baixo e intrigado.

Examinando todos os cantos, como um soldado rondando o território inimigo, se virou de frente para Bellatrix com um semblante de dúvida e desconfiança. Não entendia a estranha sensação que lhe afirmava quanto a algo estar errado em toda aquela situação. Talvez fosse um mero desconforto, por ser a primeira vez que entrava naquela casa que sempre afirmara detestar.

Entretanto, como poderia assimilar o que sentia exatamente, quando nunca refletira sobre os rumos que sua história com ela tomara ao longo dos anos. Muito menos, percebia as inclinações perturbadoras daquela paixão, ou da total desvalorização daquela emoção que nomeava como amor... jamais notara o quanto estava disposta a partir o seu coração ao meio e ir embora.

- Nós vamos subir as escadas e ir para o dormitório masculino... especificamente, o do 7º ano, se não se importa. Podermos aproveitar que eles decidiram comemorar sabe-se lá o quê hoje. Logo, eles estarão babando como animais bêbados! – respondeu com um sorriso aberto e libidinoso iluminando o seu rosto.

O encarando, viu que os olhos dele brilharam satisfeitos com a ideia de que ficaria aquela noite ao seu lado. Sem desviar o olhar, como se analisasse algo, o silêncio se impôs entre os dois... com os pensamentos distantes, Bellatrix, meditava como não deixar pistas para que Sirius descobrisse qual era o seu plano. Muito menos, a toda a mentira que rondava todo aquele cenário. Pelo menos, não durante as horas em que permanecessem juntos.

Decidida a desviar a sua atenção, o beijou cobiçosamente, traçando rotas indecentes pelos pedaços de pele desnudada durante o contato. Sua mente vagava, se perdendo nos puxões de cabelo e apertos em locais estratégicos, arrancando gemidos sôfregos e constantes. Tendo ambos os olhos fechados, iniciaram uma espécie de passear longo, em que o senso se perdia a cada segundo compartilhado.

Como se dançassem rente ao precipício, o trajeto para o quarto ficou ainda mais longo e difícil. Os degraus se somavam, se multiplicavam, dificultando a quase escalada para o andar superior.

Se apoiando nas paredes, seus corpos se chocavam contra as pedras sem conseguirem se separar em um único segundo. Cada centímetro de suas peles incendiava, ardendo exponencialmente, quase os obrigando a arrancarem as roupas e abandoná-las pela passagem.

Mais alguns passos foram necessários para que entrassem no dormitório, aos tropeços, trocando beijos e abraços urgentes e intensos. Sedentos e desesperados por mais proximidade, caíram em cima de uma das camas, sem se importarem com quem deveria ser o seu dono. Os lençóis e os travesseiros serviriam de testemunhas e cúmplices dos seus atos... queriam que os seus cheiros ficassem impregnados nos tecidos como provas do que vivenciaram.

- Você aumentou o número de Hugrunes no seu corpo... isso é bom – comentou o olhando sem camisa.

- Isso a incomoda? – perguntou em dúvida sem entender o sentido daquela observação.

- Não. É bom notar que você pretende reforçar o seu poder e que, principalmente, passou a acreditar no que nós somos – Bellatrix afirmou se afastando um pouco de Sirius.

Abrindo um sorriso malicioso, pegou as duas mãos dele e amarrou na cabeceira, se sentando em seu colo. O flanqueando, ao colocar uma perna de cada lado, sentiu o pênis dele roçando em seu sexo... aquilo a atiçou o suficiente para que as suas pupilas se dilatassem, ficando escuras como a de uma fera prestes a atacar sua presa.

Necessitava saciar a sua ânsia, a sua fome, esfregando a sua intimidade no membro rijo, o inebriando e o colocando muito perto de perder o fio de sanidade que ainda lhe restava. Os movimentos eram torturantes, indecentes e imperativos... descendo o corpo, seus seios tocavam, vagarosamente, a pele máscula já arrepiada pela excitação.

A simples ideia do que viria pela frente era estimulante, mais entusiástica do que o ato em si. Especialmente, quando Bellatrix se distanciava, deixando o seu hálito quente tocar o ponto mais preciso de Sirius... o êxtase se avizinhava, com o anúncio dos lábios tangendo tão perto e a língua circundando a sua glande. As mãos macias e lisas, acariciavam toda a extensão do membro até os testículos, subindo e descendo ardorosamente.

Com o olhar triunfante, seguiu massageando o pênis, oscilando os afagos gentis com pequenos apertões. Ele, louco de prazer, impulsionava o quadril para aumentar o contato ainda mais. A pouca clareza de suas ideias o fazia querer urrar e dizer todos os palavrões que dominava.

- Isso... assim, Bella... continua... gosto quando você age feito uma puta – disse sem pensar, extravasando a tensão que experimentava.

- Canalha... – afirmou, ainda o segurando com uma das mãos, dando uma bofetada no rosto dele com a outra.

- Merda – Sirius sussurrou estonteado e confuso.

Tudo o que mais desejava era fodê-la, de quatro, em cima daquela cama. Queria se embriagar pelo xerez que era expelido pelos poros e a vagina da sua prima voluptuosamente devassa e pervertida. Jamais saberia definir, com palavras, as emoções picantes e violentas que ela lhe despertava. Muito menos, o quanto dominava a arte de fazer com que os seus músculos se contraíssem impetuosamente para responder aos seus toques.

Privado de qualquer autocontrole, um gemido alto e impaciente, saiu de seus lábios ao ver o seu falo sendo sugado, com tamanha habilidade e eficiência. As mãos e a boca se moviam ritmadamente, como se as ações fossem minuciosamente calculadas, exercendo um controle absoluto e definitivo em cima de seu juízo.

Muito próximo de se satisfazer com o gozo profundo e visceral da libertação que se aproximava, percebeu que Bellatrix se afastara, limpando o canto dos lábios e sorrindo ao romper o fluxo veemente com o qual o chupava. Os olhos de Sirius estavam nublados e profundos pelo desejo... vislumbrando pequenos flashes de claridade, as feições ruborizadas dela se harmonizando com o brilho de suas expressões.

Era como se estivesse diante de uma estrela em meio à escuridão. Sua paixão rompia as barreiras da mera cópula e as fronteiras do discernimento. Na sua percepção, o que vivenciava ali era amor, em seu estágio mais puro, bruto e irracional.

Os toques entre as suas bocas retornaram inquietos, apressados e necessitados de outros tantos beijos, se mantendo plenos até que o ar se fizesse essencial para que não sufocassem. Distribuindo mordidas e chupões por todo o torso até o pescoço, Bellatrix alimentava a idealização de que Sirius lhe pertencia, decidindo que usufruiria de sua carne como bem entendesse.

Arranhado o peitoral, em uma gostosa tortura devassa, parou abruptamente para encará-lo por alguns minutos quase inesgotáveis. Lambendo os lábios, constatou que ele estava desorientado e se esforçando para se soltar as amarras invisíveis que ainda o prendiam. Com sussurros indecifráveis, eram notórios os seus esforços para não atravessar a linha tênue entre a razão e o deleite absoluto...

Bellatrix também começava a se perder na sede causada pelo atrito do pênis em sua vulva... com furor, tornando tudo mais quente, molhado e impudico. O puxando para que se deitasse na cama, foi se deslocando até permitir que Sirius contornasse com a língua os seus grandes e pequenos lábios.

- Caralho... como isso é bom – sussurrou com os olhos fechados, sentindo o momento em que ele tocava o seu clitóris com a boca e o sugava com vontade.

A barba por fazer roçando na sua intimidade, junto ao mover circular da língua, a enlouqueciam... se segurando firme no encosto da cama, para não se sentar no rosto dele, seus gemidos se elevavam. Se mexendo de um jeito sensual e erótico, Bellatrix afastou um pouco o quadril, tentando parar os espasmos que se espalhavam comprimindo os seus músculos.

Nesse rápido e preciso distanciamento, Sirius buscou recuperar a respiração já custosa por conta do ar, momentaneamente, rarefeito entre as aquelas coxas grossas. Definitivamente, ainda seria sufocado por todo aquele fogo que o cercava e o seduzia continuamente.

- Mais rápido... – sua voz saiu quase suplicante.

O rosto dele voltava a se alojar entre as suas pernas, a fazendo quase convulsionar. Seus gemidos escapavam, provocando a satisfação de ter todo o seu equilíbrio roubado... o ritmo quente e forte de seu clitóris sendo chupado ou o chicotear da língua em sua vulva, a levaram ao ápice.

- Você... eu... eu... – Bellatrix dizia coisas desconexas enquanto gozava e o seu corpo tremia, em um misto de dor e prazer que vazia com que seu ventre pulsasse e contraísse.

Sirius bebendo os fluídos salgados, que davam sabor a todos os seus desejos mais inconfessáveis e sujos, aspirou o cheiro da transgressão realizada. Com as mãos desatadas, a penetração foi inevitável.

A agarrando pela cintura e a colocando de quatro, como tanto queria, foi gradualmente friccionando. Com o ímpeto acelerado, entrava e saia com vigor, impondo uma certa brutalidade ao ato. Os sons do sexo ardente atravessavam as paredes grossas que cercavam o dormitório... todos ouviriam o que falavam um ao outro e o prazer que compartilhavam.

Rompendo, igualmente, as barreiras que ainda limitavam a razão, o senso foi completamente perdido e trocado pelas sensações orgásticas que os guiavam naquele instante. A libertinagem dos gestos, dentro de um momento completamente rápido e fugidio, somados à violência erótica ocasionaram uma rápida e nova contração na intimidade de Bellatrix.

- Gosta assim, vadia? – Sirius perguntou sussurrando no ouvido dela, a apertando no pescoço.

- Eu só vou gostar se você me foder direito, seu frouxo – respondeu o agarrando pelo cabelo, fazendo com que os seus rostos se tocassem.

Se agarrando e tendo os corpos unidos, quase como se fossem um só, Sirius sentiu quando o seu membro apertado e preso. A segurando firme, marcando a cintura com os dedos, assim que se viu liberto a virou de frente para ele. Desejava que o apertasse entre as suas coxas, enquanto se mantivesse montada em seu colo... experimentando a sensação dos seios roçando em seu peito.

- Grita mais alto, do jeito que só você sabe, minha gata brava! – ordenou, continuando com as estocadas, sem piedade.

Contendo o próprio gozo, admirou os murmúrios e o soluçar de toda aquela configuração incendiária que configuraria um novo clímax... um mar revolto que os carregava, os obrigando a não pararem. Cada vez mais sensível aos toques, Bellatrix, sentia que estava muito perto do seu estado limítrofe. Nunca havia transado com ele daquela maneira, pelo menos, não com tanta intensidade e fúria.

Seus corpos se aproximavam da fronteira que os faria sucumbir as ondas. As lavas incandescentes que lhes ferviam o sangue a cada passo dado, a cada sussurro, a cada gesto...

- Rosna, meu cachorrão. Eu quero que você comece a latir, agora, para a sua única dona – murmurou, perto do seu ouvido, o deixando arrepiado e tendo novas ideias obscenas cruzando os seus pensamentos.

- Eu amo você! Bella... tão... tão... minha... – expressou os seus sentimentos, engrossando a voz instintivamente, antes de se interromper.

Mordendo o lóbulo da orelha dela, a fez ficar ainda mais febril e entregue às suas vontades. Apertando Bellatrix forte entre os seus braços, Sirius voltou a beijá-la. Como um bêbado, voraz e impuro, por conta de suas ânsias secretas, não se imaginava vivendo sem aquela mulher.

Tal qual Dracula, prestes a se inebriar com o sangue de Wilhelmina, os seus arroubos o impulsionavam a se afundar cada vez mais nas curvas viciosas e tão femininas. Se perdendo em toda a depravação que lhe era consentida, faria tudo outra vez, sem pensar muito... teria mais até que não pudesse suportar e o edifício inteiro desmoronasse com os dois.

Na manhã seguinte, o Common Room estava envolto em algazarra e slytherins andando de um lado ao outro ansiosos. No quarto do 6º ano as paredes quase vibravam com os jovens receosos se o plano ocorreria como imaginado. Regulus se mostrando nervoso e um pouco contrariado, novamente, questionava Evan e Snape quanto a respeito de seus propósitos com relação à vingança.

Mesmo que considerasse justo, se preocupava com o que fariam ao seu irmão, principalmente, quando avistara Avery, Mulciber e Greengrass entrarem no local para receber instruções. Repetindo a explicação, minutos longos introduziram um sentimento de aflição e pressa. Queriam tirá-lo do dormitório aos tapas e o jogar da escada... entretanto, estavam impedidos de executar essa parte pela ausência de Bellatrix.

- Eu não vou mais esperar! Se ela não dormiu, nós também não com toda aquela gritaria – Snape afirmou sem paciência para aguardar por mais tempo.

Andando rapidamente até o cômodo vizinho, em dar atenção ao que lhe era avistado, vagou lentamente. Esquivo como uma cobra, deslizando pelo chão, desviou das roupas e dos móveis. A confusão de coisas jogadas por todos os cantos e o cheiro forte de sexo, o fizeram bufar baixo e erguer a sobrancelha ao se deparar com a cena que se mostrava à sua frente.

- Que nojo esses dois – sussurrou, segurando um riso sarcástico, ao analisar como Sirius e Bellatrix dormiam profundamente.

Não conseguiria descrever ao certo como alguém repousava com o rosto quase enterrado entre as pernas de outra pessoa. Muito menos, admitia testemunhar uma cena de tamanha arrogância, como a protagonizada por aquele ser a quem tanto detestava... sempre seria um maldito idiota que se julgava superior a tudo e a todos.

Sirius se achava invencível, corajoso e intocável, graças à proteção de Dumbledore para sempre livrá-lo de seus pequenos crimes. Porém, não era nada mais do que um completo imbecil, totalmente seguro de si e cego para as questões mais óbvias que estavam na sua frente... nenhum membro da Slytherin permitiria o acesso de um intruso ao seu lar. O ninho das serpentes só abriria suas portas em casos excepcionais, em que houvesse motivações muito fortes e urgentes, o que não configurava tal cenário ou condição.

Nada no mundo poderia ser mais doce e melhor do que respirar o aroma quente da desforra. Ainda um pouco pensativo, examinou se havia algum modo de tirar ela dali. Contudo, não seria tão fácil... com o corpo deitado meio de lado e a cabeça apoiada na coxa de Sirius, Bellatrix ressonava tranquilamente. Ela estava despreocupada com tudo o que sucederia naquela manhã. Sua respiração era baixa e preguiçosa, com o seu sono profundo e pretencioso.

- Dorme bem bastante, cachorro estúpido... o que virá depois vai fazer parte dos seus sonhos por um bom tempo – disse, em tom baixo, com um semblante contrariado.

Calmamente, Snape pegou a Invisibility Cloak e o Marauder's Map, os encarando. Era muito fácil... ainda mais, quando aqueles objetos serviriam aos seus projetos futuros. Ao mesmo tempo, Evan e os demais, se dedicavam a reunir todas as vestes deixadas por Sirius pelo caminho.

- Nem as suas Hugrunes vão lhe proteger a partir de agora – prosseguiu murmurando como se estivesse conversando consigo mesmo, olhando novamente para trás e averiguar se estava sendo seguido.

Partindo a varinha ao meio, ele e os outros, jogaram os objetos na lareira e explodiram um caldeirão perto do quarto. O estrondo fez com que Sirius acordasse assustado. Segurando Bellatrix pelas pernas, para que não caísse da cama, olhou para os lados aturdido procurando os seus pertences. Ela, por sua vez, se ajeitava e se espreguiçava serenamente.

- Não é nada que você deva se preocupar... algum idiota deve ter tentado realizar algum feitiço ou reelaborar uma poção – falou, em meio a um longo bocejo, puxando o lençol para se enrolar.

- Aonde você vai? – questionou a olhando se levantar da cama e começar a sumir do seu campo de visão.

- Ainda tenho o direito de ir ao banheiro – respondeu segurando o riso.

Suas feições possuíam um ar meio irônico e malvado, enquanto buscava expressar um olhar apaixonado e inocente. Dando um beijo rápido, em silêncio, desapareceu completamente.

- Como é que eu vou sair daqui? – se perguntava internamente, sentindo sob os seus ombros o peso da realidade que se revelava dura e cruel.

Colocando as duas mãos no rosto, respirava fundo para aliviar a tensão que surgia após uma noite maravilhosa... se encontrava nu, desarmado e em um ambiente que lhe era hostil. Não necessitava de palavras para estar convicto de que, ali, praticamente todos o odiavam. A sua aflição aumentou quando viu, parados junto à porta, pessoas as quais detestava profundamente.

- Vamos, logo, Black! Saí daí ou a Bella o partiu ao meio essa noite? – perguntou Evan.

- Vai demorar muito, Black? Ou decidiu que vai limpar com a língua toda a nojeira que fizeram na minha cama? – questionou Greengrass esbravejando, o pegando pelos braços para empurrá-lo ao corredor.

Ao som dos risos dos outros, a sua vergonha e desgraça só aumentava... a medida em que andava, recebia tapas, socos e pontapés. Sua raiva estava prestes a transbordar, sobretudo, quando a verdade fez com que desmoronasse uma das suas maiores convicções. Naquele ambiente, não estava em segurança e nem surgiria alguém que o defendesse.

Os seus amigos estavam longe demais para garantirem a sua invencibilidade... também não era inteligente, o suficiente, para elaborar um plano rápido e sair intacto.

- Olha só Black... descobrimos o motivo da sua raiva com relação ao Snape. Ou seria inveja? – Avery indagou, as gargalhadas, o deixando ainda mais indignado.

- Cala boca, seu filho da puta! – gritou recebendo um soco como resposta.

- Você não fala nada aqui – escutou a voz de Snape se aproximando antes que tudo ficasse escuro à sua volta.

Piscando os olhos, ouvia as risadas ecoando em seus ouvidos, junto aos xingamentos e os comentários depreciativos. Assimilava as razões que os levavam a atacá-lo, mas jamais, se arrependeria de ter humilhado Snape em público. Tentando se levantar, reunindo os cacos de seu orgulho ferido e sua dignidade destroçada, procurou fugir de cabeça erguida... derrubado por um feitiço silencioso, sentiu que alguém o ergueu pelos cabelos e lhe desferiu novos socos.

- Para! Não... Severus... ele é meu irmão – Regulus gritava sem que ninguém lhe desse atenção.

Cambaleando e zonzo, Sirius escutava a voz de irmão como se estivesse em um túnel, antes de cair novamente. Nunca havia sido surrado daquela maneira... na verdade, jamais havia apanhado, por ser sempre ele e os seus amigos atacando aos demais.

Sem ter noção do tempo e hesitante quanto a sua localização, aos poucos, retomou novamente a consciência... rostos desfocados e sorridentes se apresentavam diante de seus olhos, até ser retirado da sua espécie de transe por um jato de água. Encarando quem havia feito aquilo, se deparou com Snape o olhando fixamente, com uma expressão de desprezo.

- Saudades de mim, pulguento? – perguntou o chutando no queixo.

- Eu podia muito bem matar você, Black... mas, eu gosto de me divertir com animais iguais a você. Minha vontade era a de abrir o seu lindo rosto e o deixar bem bonito para as suas novas namoradas – afirmou o agarrando pelo pescoço.

- Você não tem coragem, Snivelly! É um covarde de merda, um filho de uma puta que já rodou por todos aqueles anormais e nunca vai deixar de ser um esfarrapado – Sirius o xingou, cuspindo o sangue que estava em sua boca, no rosto dele.

- É mesmo, Black? Seus insultos são tão infantis que soam como canção aos meus ouvidos... você é, no mínimo, patético! – riu, mesmo que a sua vontade fosse a de esquartejá-lo vivo e se livrar para sempre daquele estorvo em sua vida.

No entanto, era impossível... algo maior e muito mais forte o impedia de prosseguir e dar vazão aos seus desejos mais sombrios. Estava obrigado a manter aquele ser, que considerava odioso e repulsivo, vivo por mais algum tempo. Se afastando e pegando a varinha, que ainda mantinha dentro da manga da camisa, apontou em direção a Sirius com um gesto de ataque.

- Offensio – uma onda de choque atravessou o corpo do outro, o fazendo gritar de dor.

Sirius, cuspindo mais sangue e sentindo a dor de ter alguns dentes quebrados, se ergueu do chão e avançou contra Snape. Sendo impedido por William Wilkes, Mulciber e Avery, que o arrastaram para fora do Common Room, se debatia querendo brigar.

- Isso não acaba aqui, Snape! Eu vou ter o prazer de tomar banho no seu sangue, seu porco imundo, traiçoeiro de merda – berrava, experimentando sua raiva crescer ainda mais, a medida em que os seus gritos eram abafados pelos assobios e aplausos dos slytherins.

Humilhado e submetido a tamanha agressão, sua ira pulsava e queimava os seus pulmões. Queria destroçar um por um e se satisfazer ao ouvir suas súplicas desesperadas por misericórdia. Simultaneamente, desejava compreender os motivos que fizeram com que Bellatrix não o defendesse... no fundo, temia que ela tivesse sido coagida ou ameaçada para não se envolver. Ou será que aquela era apenas uma constatação de que nunca passara de um mero peão? Uma peça se movimentando através de regras já pré-estabelecidas e sem direito ao contraditório?