O frio se intensificou, deixando a paisagem ainda mais branca e cinza, com os dias parecendo todos iguais. Guerras de bolas de neve, gargalhadas e muitos presentes, debaixo da árvore de Natal, alegraram aquela noite que parecia ter sido perdida. Ao contrário do que muitos imaginaram, Rodolphus se mostrava um excelente pai para Nymphadora.

Era atencioso, presente e expunha preocupação quando algo acontecia à pequena. Realmente, ele tinha assumido aquele posto como seu e não estava propenso a renunciar àquela responsabilidade que tomara para si. Deixando claro que, a proximidade de Snape com a menina, o deixava incomodado, viu a necessidade de chamar o outro para uma conversa séria... até quando seriam capazes de manter o segredo perante a uma proximidade que, apenas laços muito fortes de sangue, testificavam como possível?

Sua angústia somente foi sanada após um diálogo muito duro, na iminente virada do ano de 1977 para 1978, quando ambos sentaram e apresentaram todas as suas dificuldades e objetivos diante de um tema tão espinhoso. Nada seria revelado... para todos os efeitos, Snape seria só mais um tio de Nymphadora ao qual, inexplicavelmente, ela se apegara naquelas duas semanas. Existem explicações lógicas para os sentimentos de uma criança tão pequena?

Resolvida a questão, as comemorações, que anunciavam a chegada, vieram acompanhadas pela chegada de Narcissa para visitar à irmã, o cunhado e a sobrinha. Sua presença, na percepção de Snape, foi como se o mais belo canto dos pássaros ecoasse anunciando a queda de todas as estrelas.

Sua vontade era a de pegá-la pela mão e fugir dali, passar horas falando sobre tudo e, ao mesmo tempo, nada... o que mais alguém que, sequer ainda havia se dado conta do quanto, estava apaixonado poderia imaginar? Especialmente, quando os seus olhos permaneciam direcionados à sua flor de Narciso perfeita e, o seu coração, batia forte e descompassado. Quem sabe, aquilo fosse um sinal de que o amor era a única morte digna para o dever?

- Olá, Sevie... quanto tempo! A Andy não havia comentado que você aceitara vir passar o Réveillon aqui. Eu fico muito feliz em vê-lo – ela sorriu abertamente o encarando.

Se pudesse confessar quantas vezes sonhou que o encontraria ali... que projetou os mais diversos cenários em que tomaria coragem de revelar os seus sentimentos. Ao mesmo tempo, mostrar o quanto se entristecia diante da incompreensível incapacidade dele em enxergar o quando ela o amava. Incomodada com aqueles pensamentos, seu coração doía, por não conseguir expressar o seu sofrimento. Por que ele era sempre tão indeciso? Qual era a dificuldade em assumi-la como namorada perante toda a comunidade bruxa?

- Sua irmã também não me disse nada. Na verdade, o convite chegou na véspera de Natal e eu recebi autorização do professor Slughorn para utilizar a lareira do seu escritório para vir – deu de ombros, fingindo tranquilidade, mesmo que as suas mãos suassem e quisesse abraçá-la, depois de meses sem se encontrarem.

Diante do silêncio, que se estabeleceu entre os dois, seus olhares se perderam em pontos fixos aleatórios daquela sala. Faltavam argumentos, expressões, amenidades... a quietude, talvez, fosse o resultado da timidez momentânea que os paralisava. Quem sabe, apenas um desvio de concentração para a letra da música que tocava ao fundo? Não havia como saber ao certo.

O notório era que, sequer notaram a chegada de Rabastan, prosseguindo naquela mudez ininteligível. Por alguns minutos que pareciam intermináveis, permaneceram apenas parados um diante do outro, como se contemplassem só a existência e a presença um do outro.

- Quer dançar? – Snape a questionou com uma expressão séria.

- Eu gostaria muito... ainda mais, que você odeia dançar e, esse convite, me surpreendeu – Narcissa lhe dirigiu o seu olhar mais enigmático.

Mesmo que as suas bochechas ficassem vermelhas, traindo as suas intenções, não exporia as suas ideias. Segurando o sorriso, que queria emoldurar a felicidade já evidente em seus olhos, lhe deu a mão para que a conduzisse.

- Eu detesto... contudo, pode ser que eu esteja muito bêbado e queira fazer algo diferente na véspera de Ano Novo com você. Há também uma grande possibilidade de que eu esteja curioso e anseie que revele como as suas bochechas sempre adquirem a cor exata do batom que usa – ergue a sobrancelha, ironicamente, a fazendo bufar baixinho.

- Obviamente... por que teria outras motivações que não fossem essas, não é mesmo? – indagou, revirando os olhos, o puxando pela mão.

Ao fundo, tocava a música (They Long To Be) Close To You, do Carpenter, fazendo com que o tempo parecesse andar mais devagar. Seus corpos se moviam lentamente unidos, com as mãos entrelaçadas e os olhares conectados.

Como se pudessem ver através das cortinas que escondiam as suas almas, travavam um longo diálogo sem palavras, em que os toques não significavam nada. Se fosse capaz de jogar tudo para o alto, ficaria para sempre naquele momento, obrigando a noite a entrar em rendição aos desejos de Narcissa.

Por que ela sempre estaria tão longe, quando suas mãos podiam sentir ainda a sua pele, tão perto? Se contasse toda a verdade, ainda teria a sua confiança e admiração? Era confuso... nada parecia ser suficiente para lhe fazer arrebentar as amarras que o prendiam, que o impediam de se levantar e a seguir para onde quer que fosse.

Os olhos de Snape se assemelhavam a duas brasas. Como se neles queimassem todos os demônios que, por anos, alimentou... os de Narcissa, seriam a tempestade que os afogaria. Se os medos se esvaíssem, aquela noite seria suficiente para transformar toda a sua vida. Tornar tudo realidade.

De longe, Andromeda, vez ou outra, os analisava juntos... refletindo a respeito do que enxergava se desenrolar diante dos seus olhos atentos. A paixão refletida no rosto da irmã, a indecisa perplexidade que dominava o amigo, como duas órbitas gravitando uma diante da outra, estavam perdidos.

- Quando será que esse idiota contará para a Cissy o que sente? – pensou consigo mesma, dando um suspiro baixo.

- Seus pais vão deserdar a sua irmã se descobrirem isso – comentou Rodolphus se aproximando.

- Quanto a isso, eu não tenho dúvidas... eles a venderam para os Malfoy, quando ela tinha 5 anos, em nome de uma nova união entre as famílias – sua voz saiu desanimada e reflexiva.

- Nem se o Rosier pagar aos Malfoy a quantia que investiram? Qualquer coisa, eu tiro alguns galeões e invisto também, para que esse problema se resolva – argumentou também avaliando o casal à sua frente.

- Lucius a enxerga como propriedade dele... os cofres dos Rosier, dos Lestrange, dos Black, ou de todos os outros membros das Sacred Twenty-Eight conseguiriam obrigá-lo a desistir – afirmou, antes de desviar toda a sua atenção para a filha, que lhe chamava.

- Isso será pior do que todo o conflito que está ocorrendo... – falou pouco antes de a perder de vista.

A música e os olhares trocados, enquanto conversavam trivialidades sem qualquer relevância, foram interrompidos pelos fogos. Gritos, champanhe estourado, abraços e felicitações ditavam a renovação das esperanças para o ano que se iniciava. Como se todos ali esquecessem que havia uma guerra fora daqueles muros ou as muitas batalhas que teriam de enfrentar nos próximos meses, aproveitavam a liberdade que lhes era ofertada naqueles instantes de absoluta alegria e confraternização.

Era um novo tempo... com seus ares renovados e destinos que ainda seriam traçados por cada um. Sem medos ou receios de que suas lutas seriam perdidas, novas expectativas surgiam no horizonte. A guerra e a destruição voltariam a ser avaliadas após o casamento de Evan e Elizabeth, junto a outras tantas notícias que ilustravam a capa do Daily Prophet.

Para Snape, o ano de 1978 nascia ao ritmo do tambor de seu coração e das suas ilusões. Esquecendo todas as sombras que o cercavam, só se interessava pela sensação de libertação e alívio que se instalava em sua alma. Seriam os seus últimos meses em Hogwarts... os dias infindáveis longe de Narcissa terminariam. Com o estágio com Flamel, teria a chance de ficar mais perto dela e poderia colocar as suas ideias no lugar.

- Feliz Ano Novo, meu príncipe meio sangue – disse o abraçando e lhe dando um leve beijo nos lábios.

- Feliz Ano Novo, flor de Narciso – falou a apertando forte entre os braços, retribuindo o carinho recebido.

- Eu vou subir para o quarto... quer me acompanhar? – ela o indagou mordendo o lábio, com uma certa incerteza, quanto ao convite que acabara de fazer.

- Vamos... eu tenho muito para contar a você sobre esses meses em Hogwarts e, acima de tudo, saber como foram as coisas na Parfumerie Belles Sorcières – respondeu convicto do que pretendia.

Enquanto caminhavam, pelo corredor do andar superior, Snape meditava a respeito da saudade que sentia... estar perto de Narcissa bastava para ficar feliz e conservar todos os seus medos distantes. Com a mesma necessidade que o impulsionava a se sentar diante de uma fogueira, para pensar na vida, precisava respirar o aroma que saía dos cabelos longos e loiros que ela possuía.

Com passos lentos, de mãos dadas e olhares atentos, nunca um caminho pareceu tão longo para dois corações tão ansiosos. O tempo se arrastava, suas pernas pareciam pesadas, a cada movimento que faziam para se deslocarem até o último quarto.

- Em qual aposento a Andromeda lhe colocou para que eu possa pegar as suas malas e passar para o meu? – questionou, acariciando os fios dourados, passando os dedos entre eles.

- Nenhum... estão no seu quarto. Ela sabia que, de qualquer maneira, eu iria para lá – respondeu, tranquilamente, com o seu olhar e sorriso persuasivos que sempre o convenciam a fazer tudo o que desejava.

- Você jamais desperdiça o seu tempo, não é? Depois reclama quando eu digo que você é uma mulher impossível – Snape deu um meio sorriso a encarando.

Sem deixar nenhum detalhe de suas feições passarem despercebidamente pelos seus olhares, a admirou por alguns segundos, sem nada dizer. A considerava cada ver mais linda e, mesmo que o considerassem cruelmente mau e egoísta, não via uma alternativa que não fosse aquela a qual começava a optar.

- Nunca fico sem o que eu quero... você deveria já ter conhecimento disso, querido – falou com um sorriso vitorioso nos lábios, levantando as duas sobrancelhas para ele.

- Que Merlin me proteja... vejo agora com quem eu fui me envolver! – afirmou, deixando uma risada alta lhe fugir, a levando a gargalhar.

- Não fui informada que estávamos em um relacionamento – deixou escapar, olhando para o lado, envergonhada.

- Somos amigos... creio que isso seja uma relação importante entre duas pessoas – falou, se corrigindo, rapidamente.

- Eu soube que aqueles animais, incluindo o imbecil do meu primo, agrediram você... eu fiquei horrorizada – comentou, mudando de assunto, incomodada.

Ao mesmo tempo, Snape abria a porta do quarto e lhe dava passagem para entrar. A seguindo, sem nada dizer a respeito daquele tema, fez um gesto para que ela se sentasse, logo, se ajeitando ao seu lado.

- Tudo foi resolvido... não do modo que eu gostaria, contudo, eu quebrei os dentes do cachorro. Creio que, por um bom tempo, ele será incapaz de ficar mordendo a sua irmã – mencionou sem dar muita importância para aquele fato.

- Porém, isso não é relevante, Cissy. O que nos interessa é que eu ficarei por um ou dois anos morando perto de você, depois da minha formatura – argumentou feliz em contar a novidade e ver o quanto os olhos dela brilharam ao ser avisada sobre algo tão importante.

- O Lord das Trevas permitiu que você fosse viver na França? Você sabe que ele sempre teve planos a respeito ao seu futuro como o braço direito dele... fico pensando quanto tempo isso ainda vai durar? Também me pergunto se tudo isso é parte dos seus projetos sempre ambiciosos? – o olhou com as feições demonstrando um misto de preocupação e incerteza.

- Lembra das nossas conversas em Roma? Ele aceitou que eu fosse para lá... é útil para a causa e eu sigo com as mesmas atribuições. O Lord das Trevas apenas me exigiu uma prova da minha fidelidade... nada que eu não possa suportar ou que me prejudique – explicou a acalmando e lhe passando confiança.

- Quanto ao seu trabalho, como estão as coisas? Nas cartas você me relatou que estava produzindo um xampu ou essência de morango com baunilha... já conseguiu concluir? Se precisar da minha ajuda, eu estou à sua disposição, como sempre – Snape a indagou mostrando todo o seu interesse quanto ao assunto.

- É curioso... você ficou estranho quando mencionou essa fragrância. Existe algo de especial nela que eu deva saber? - Narcissa interrogou com um ar de desconfiança.

- Não, não há absolutamente nada de diferente nesse cheiro específico. Eu só fiquei meditando em como poderia lhe auxiliar no desenvolvimento do seu projeto – explicou, rapidamente, desconversando.

- Sei... imagino que sim. O que eu posso adiantar é que a fórmula já está completa e entrou em produção há poucos dias. É questão de tempo para o seu lançamento nas melhores perfumarias bruxas. Sou a primeira mulher, em toda a história da família Black, que trabalha - disse animada com as possibilidades que surgiam à sua frente.

- Além disso, se quiser, está convidado para a festa... será o meu acompanhante, obviamente – continuou falando, destinando a ele um olhar meio de lado, com um sorriso fraco nos lábios.

- Talvez, eu aceite... fico imaginando as horas perdidas no meio daquelas pessoas fúteis, quando podemos buscar coisas mais divertidas para fazer, não acha? Você teria que me convencer, com os seus argumentos sempre eficazes, a concordar com a sua proposta – afirmou com um falso desinteresse.

- Bem, se trata de meu ofício... mesmo que esteja repleto de seres podres e abjetos, gostaria de contar com a sua presença para alegrar o meu dia. Eu faria isso por você – sussurrou, próxima ao ouvido dele, deixando que os corpos ficassem cada vez unidos.

Narcissa estava perdida com o olhar em chamas que Snape lhe lançava, especialmente, após ele ter decidido encurtar ainda mais a mínima distância que os separava. Tocando os seus lábios nos dele, iniciaram um beijo lento, permitindo que suas bocas e línguas se encaixassem perfeitamente... se afagando, sem brigar por domínio ou espaço. Pareciam dançar uma doce sinfonia de silenciosos significados inconfessáveis.

Não demorou para que ambos acabassem cedendo, se deixando levar pela saudade e o desejo que os incendiavam. Sobretudo, quando os toques complementavam o modo com que se beijavam... estavam atordoados, desorientados pelos próprios sentidos e anseios.

Deixando claro os sentimentos tão profundos que compartilhavam, ela se afastou, suspirando baixinho contra os seus lábios. Colocando as suas mãos delicadas e macias na nuca de Snape, seus dedos vagavam por entre os fios negros e lisos, com suavidade e delicadeza. Já havia aguardado tempo demais por aquele reencontro... queria ter certeza de que tudo aquilo era real e não outro sonho.

Puxando Narcissa para o seu colo, suas mãos a agarraram com gentileza no pescoço, pressionando um pouco o seu quadril contra o dela, para que os seus sexos roçassem. Indiscutivelmente, devia ser amor o que vivenciavam... não existia outra explicação possível. Exercendo um controle sobre o seu ser e guiando a sua imaginação, só era capaz de se guiar pelos seus próprios instintos mais primitivos.

Snape a apertava as nádegas, dando leves tapas, enquanto se esfregavam um no outro. Prendendo mais as pernas em torno de sua cintura, para aumentar o contato, Narcissa gemia baixo ao atestar a rigidez roçando em sua virilha.

Tão perto, com os corações batendo descompassadamente, as unhas curtas pintadas de vermelho sangue arranhavam às suas costas por cima do terno. Continuando os beijos, se moviam juntos de forma ritmada, ajudando a aumentar ainda mais o atrito. Enlouqueceriam juntos, se perderiam um no outro, como das outras vezes... tornando cada vez mais difícil qualquer tentativa de separação ou ruptura, quando se enxergavam como partes um do outro.

Narcissa queria arrancar as roupas de Snape, mordê-lo, deixá-lo com a pele marcada com novas cicatrizes... tudo o que comprovasse que ele era seu. Como se estivesse lendo, cada um dos pensamentos mais libidinosos e sujos que passavam por sua mente, ele tirou o casaco. Fazendo um gesto bruto, para abrir mais a camisa, deixou que os botões voassem para todos os lados sem direção.

- Você quer isso mesmo, Cissy? Eu paro se assim desejar – perguntou jogando aquelas peças de roupas no chão.

Distribuindo beijos pelo rosto e pelos lábios, sem esperar por uma resposta imediata, começou a traçar uma linha imaginária com a língua, desenhando todo o maxilar até o pescoço. Mordiscando, chupando, mordendo, lambendo... não interromperia os carinhos até que ela expusesse algum incômodo.

- Eu quero que continue... não pare... eu... eu... Sevie – respondeu, automaticamente, com um fio de voz.

- Você vai seguir me arranhando? Você não faz ideia, Narcissa, do quanto eu estou gostando disso... prossiga – disse, arrastando a voz, enquanto o seu rosto se enterrava no vale entre o colo e o queixo dela.

- Hoje você está muito conversador para o meu gosto... prefiro quando fica soltando os seus rosnados baixos de aprovação ao que eu estou fazendo – afirmou soltando um suspiro alto de prazer.

A beijando, suas mãos abriram o vestido, sem se importar em quantos laços e fechos seriam destruídos naquele processo... era somente um amontoado de tecidos que ficariam atirados em algum canto distante do quarto. Com mais delicadeza, Snape a fez levantar os braços para retirá-lo, junto a combinação que estava embaixo, mantendo um sorriso licencioso com as ideias que vagavam entre os seus pensamentos mais indecentes.

Não pararia de acariciar e apalpar os seios, prendendo os mamilos entre os dedos... parando, vez ou outra, voltou a morder e lamber o pescoço de Narcissa, como se estivesse prestes a sugá-la por completo. Talvez, fosse esse o seu maior objetivo, o que mais almejasse de fato. Pois, a possuir por inteiro era um dos seus maiores sonhos.

- Severus... – murmurou com a respiração falha.

Com um olhar atento, Snape se afastou um pouco para encará-la e descobrir o que ansiava naquele momento. Permanecendo por um tempo a admirando, com os olhos semicerrados o olhando fixamente, suas mentes transitavam, explorando cada agitação muda ou reação no corpo do outro.

Enquanto os seus quadris não paravam de friccionar, em uma agitação preguiçosa, sem pressa e sem medo de testemunhas... os gemidos cortavam a quietude da madrugada. Rompiam a tranquilidade, sendo os únicos companheiros com os quais compartilhavam aqueles instantes.

- Me diga, exatamente, o que quer fazer ou o que espera de mim – a segurou pelo queixo para que o olhasse novamente.

- Beijar você... eu quero beijar o seu corpo – revelou com os olhos ainda estreitos.

- Tudo bem – concordou um pouco confuso.

Parecendo retomar o fôlego, em meio àquela tentativa de compreender o que lhe havia sido solicitado, se manteve a encarando. Não assimilava porque queria agradá-lo, quando o deleite deveria ser destinado, exclusivamente a ela.

Alheia ao que ele tanto pensava, Narcissa pôs as mãos em seu peito, o empurrando um pouco para trás. Iniciando uma trilha de beijos pelo pescoço, seus lábios foram descendo até a barriga, subindo novamente... com chupões, lambidas e arranhões, seus gestos significavam para ele a verdadeira perdição.

Snape, em retribuição, iniciou uma pressão intensa que a fez estremecer. Ela estava mais quente, entregue, molhada... o calor que emanava entre as suas pernas era intenso. A afastando, para que parasse de beijá-lo, abocanhou o seio direito, chupando demoradamente. Lambendo a auréola, sem qualquer pressa, desceu as duas mãos aos quadris dela e rasgou a calcinha pelas laterais.

Passando os lábios para o esquerdo, foi subindo uma das mãos pela coluna, até a segurar firme pelos cabelos e beijá-la. A outra, posicionando estrategicamente na fenda úmida, passava a masturbá-la com os dedos úmidos pela lubrificação.

- Deuses... onde você aprende essas coisas? – indagou com os olhos fechados, puxando os cabelos dele com uma certa brutalidade.

- Pensando em você – confessou rapidamente.

A deitando na cama, contemplou cada um dos seus detalhes, observando os seus pelos ou como os seus seios subiam e desciam com a respiração acelerada. Não era capaz de explicar como poderia considerar que ela ficava mais bonita à medida que o tempo passava. Na verdade, Narcissa era linda e as suas imagens na Pensieve não faziam jus a todos os seus encantos.

Ainda com os olhos fixos no corpo dela, Snape retirou as calças e a cueca, deixando caírem embolados no chão, sem se importar com as explicações que daria no dia seguinte... havia algo mais importante a ser feito e tinha urgência em realizar cada gesto com precisão.

Em silêncio, recolocou uma das mãos entre as pernas dela, deixando que os seus dedos longos e grossos tocassem, agora livremente, a parte mais sensível. Com movimentos circulares, deslizando para cima e para baixo, agitando a mão em meio a todo aquele calor, estava a levando ao precipício.

Narcissa se movia, delirando pelo prazer que lhe era oferecido, agarrando os lençóis com tanta força, que seus dedos perdiam ainda mais a cor. Seus olhos nublaram, tal qual os seus pensamentos que se expunham desconexos... a sua razão havia sido jogada para longe e não tinha vontade de resgatá-la, à proporção que, os toques dele se estabeleciam ainda mais ágeis e certeiros. Deixando claro que, a sua única intenção, era a de proporcionar o máximo de satisfação possível.

O tempo parou, a medida em que a preenchia, de diversas maneiras, formas, modos e jeitos... o prazer veio violento, com impulsos involuntários e gemidos altos, com o corpo de Narcissa vibrando como se estivesse convulsionando. Snape, se posicionando e a segurando firme nas coxas, a penetrou lentamente. Vagarosamente, deixando que os seus corpos ditassem o ritmo com que queriam se completar, aos poucos, intensificou as estocadas.

Aumentando o compasso dos movimentos, ele lutava para não fechar os olhos. Gostava de vê-la se permitindo ser guiada pelas ondas vigorosas de prazer que atravessavam o ventre. Considerava aquilo muito pouco, diante das sensações que ela lhe proporcionava e que eram diferentes de tudo aquilo o que conhecia.

Ver o nascer de um novo dia entre as pernas de Narcissa, jamais pareceria ruim, principalmente, quando os músculos dela se contraíam e o seu íntimo pulsava. Prosseguindo com os carinhos, a beijou com voracidade e urgência... segurando ao máximo o próprio gozo, para que pudesse aproveitar mais aquele instante único, continuaria até que ela tivesse um orgasmo.

Os gemidos, cada vez mais altos, as unhas dela arranhando a sua pele com mais força... o clímax lhes cortava os corpos, com uma pequena fração de diferença, os levando a arquear as costas. Bloqueando a sua vontade de desabar sobre o corpo dela, Snape se firmou sob os cotovelos, com os olhos fechados e o rosto avermelhado.

Narcissa o puxou para um novo beijo rápido, apaixonado e cúmplice. Com as testas encostadas permaneceram se olhando no mais completo silêncio... se afastando, ele se deitou ao seu lado, a olhando atentamente. Buscando controlarem as suas respirações, ainda aceleradas, sentiam que os seus corações palpitavam fortemente.

- Cissy... eu... eu garanto a você que não sou um canalha. Eu juro! Me desculpe se pareceu que eu queria só transar com você. Jamais a usaria dessa forma – afirmou, rompendo o silêncio, escondendo o que realmente queria expor.

A culpa corroía as suas entranhas e já se via como um ser horrendo. Nada do que ela lhe afirmasse, o faria se sentir melhor e nem retirar a sensação de que acabara de a obrigar a ceder às suas vontades.

- Eu discordo de você em vários pontos... seja dito de passagem, como sempre, eu acredito que está equivocado nas suas afirmações – disse segurando o riso da expressão de dúvida manifestada na face dele.

Apoiando o rosto em uma das mãos, se distanciou um pouco, o encarando com um sorriso travesso e significativo no rosto. Parecia uma criança que acabara de cometer alguma malícia e estivesse prestes a ser descoberta... notando que o corpo de Snape se enrijeceu e o olhar dele ficara horrorizado, com algo que lhe havia lhe passado pela cabeça, acabou soltando uma risada alta.

- Meu pobre, Sevie... quem o assediou fui eu. Além de que, quero acrescentar, que tive muitos benefícios essa madrugada. O principal, foi que eu esqueci do fato de que, a minha adorável família, quer me obrigar a casar com um porco – afirmou com um semblante de divertimento e desgosto.

- O que aquele imbecil fez agora? – perguntou contrariado.

- Ele me perseguiu na França e me deu um tapa... disse que ninguém o impediria de exigir que eu cumprisse com os meus deveres de noiva – Narcissa respondeu bufando baixinho.

- Você sabe que eu vou matar o Lucius e toda a família dele, quando os encontrar, não é? Aquele merda não tem o direito de encostar um dedo em você – Snape se sentou na cama para dominar a raiva que sentia.

- Severus, você não fará absolutamente nada! Ou acha que o Lucius não tem conhecimento, ou pelo menos imagina, que existe algo entre nós? – o segurou pelo braço, o obrigando a deitar novamente.

- Eu não aceito isso... – declarou ainda irritado.

- Eu sei, porém, não cometerá nenhuma bobagem – o encarou afirmando com seriedade.

Compenetrada nos próprios pensamentos e conjecturações, analisando os gestos de Snape, estava atenta ao que poderia fazer. Em segundos, notou que as suas palavras tiveram o resultado esperado... os ombros dele perderam a tensão, tão evidente, suavizando a sua expressão ainda incomodada. Identificava que, decidira se deixar levar por aquele momento de intimidade compartilhada. Deixaria os problemas para depois, talvez, para quando acordasse.

- Mulher impossível... você é uma bruxa horrível e ardilosa! Você sabe disso, não é? – declarou a abraçando com força, para que deitasse a cabeça no seu peito.

Cobrindo o rosto dela de beijos, ficou acariciando os seus cabelos até que adormecessem profundamente... um sonho pesado, ininterrupto e tranquilo. Com o sol batendo nos seus rostos e a quietude ainda permanecendo nas paredes da mansão, Narcissa acordou primeiro. Se levantando da cama, se espreguiçou calmamente, seguindo até o banheiro para imergir na banheira e retirar o cheiro forte de sexo que estava em seu corpo.

- Bom dia, flor de Narciso... devia ter me chamado – Snape disse com os braços cruzados, encostado na porta.

- Bom dia para você também, príncipe. Vai entrar na banheira comigo? – perguntou, jogando um pouco de água nele, fazendo um gesto para que aceitasse.

- Adoraria, entretanto, eu vou usar o chuveiro... quero ficar longe de você, que é uma pervertida e pretende abusar da minha inocência – respondeu com um falso pudor.

- É mesmo? Então, por que razões está enfiando os pés dentro do meu território aquático, menino virgem? – interrogou, apoiando o queixo na palma da mão, o olhando fixamente.

- Talvez, eu esteja sob o efeito de algum feitiço – disse fingindo estar pensativo.

- Interessante... não me recordo de ter utilizado os meus conhecimentos contra você. Creio que esteja fazendo isso pela sua própria vontade – continuou o encarando, sem desviar os olhos.

- Será possível? – se sentou a puxando para perto, para que ficasse de costas para ele.

- Quem sabe? – Narcissa falou encostando as costas no peito de Snape, sentindo o pênis se abrigando na sua fenda por trás.

- Não brinque comigo – sussurrou ao perceber que ela se movia lentamente, o deixando excitado.

- Eu sou só dois anos mais velha que você... podemos nos divertir juntos – respondeu, roçando os lábios no queixo dele, manifestando os seus desejos instantâneos.

Se ajeitando e abrindo um pouco as pernas de Narcissa, a abraçou afagando os seus seios, enquanto a penetrava devagar. Com um ritmo lento, tranquilo, os sons no banheiro eram somente do agitar da água e de seus suspiros baixos. Se aprofundando ao máximo, que o seu corpo e o dela poderiam suportar, Snape a apertava com força contra si, a masturbando com uma das mãos.

Inclinando a cabeça para trás, os dois se beijavam, abafando os gemidos que compartilhavam. Estavam absortos, sendo levados pelos seus instintos e ânsias, vibrando, com a crescente movimentação, até que os músculos dela se apertaram e o prenderam dentro de si. Aquilo foi o suficiente, para que a sua visão escurecesse... não sendo mais capaz de se conter, acabou ejaculando e sentindo o cansaço pela noite anterior se manifestar em seus músculos.

- Nós vamos acabar nos matando desse jeito – murmurou no ouvido de Narcissa, antes de saírem da banheira para retornar ao quarto.

Seus corpos pareciam exaustos e sem qualquer vontade de querer corresponder aos comandos recebidos. Praticamente se arrastando, os dois chegaram até a cama, que parecia ter se movido para algum ponto mais distante do cômodo. Queriam adormecer novamente, repousar e tranquilizar os seus ânimos ainda impacientes.

- Eu amo você, Severus – sussurrou o acariciando.

- Eu também amo você – expressou com o mesmo tom de voz, a beijando na testa para que se acalentasse.

Narcissa dormiu com os lábios entreabertos, aninhada sobre o peito de Snape, o abraçando. Os dedos dele afagavam o seu tórax, com tranquilidade, até se deixar vencer pelo sono.

Com a chegada do dia 07 de janeiro, o mundo bruxo se agitou por conta do casamento de Evan e Elizabeth. Aquele era considerado o maior evento do ano e, muitos, se mostravam ansiosos para saber tudo o que sucederia naquele enlace. Não era todos os dias que, dois primogênitos de duas das famílias mais ricas dos Sacred Twenty-Eight, celebravam o matrimônio.

Se acotovelando nos portões de uma das mansões dos Rosier, na Bretanha, repórteres do Daily Prophet e Witch's Hour, permaneciam aglomerados esperando a chegada dos convidados. Entrevistando e fotografando cada um que chegava, para os editoriais de moda e as colunas de fofoca, deixavam claro que nada seria esquecido ou passaria despercebidamente. Até mesmo The Quibbler emitiria uma nota quanto ao acontecimento.

Em meio a toda essa loucura e badalação, Snape chegou acompanhando Eileen para a cerimônia. Mesmo que não tivessem feito as pazes completamente, não deixariam qualquer margem para comentários desnecessários quanto a conduta que apresentavam. Conversando cordialmente, manteriam as aparências diante daqueles olhares inquisidores dos que os cercavam.

Bufando baixinho, ao se ver obrigado a parar na entrada e posar para algumas fotos, cruzou os braços emburrado e indiferente. Julgava que tudo aquilo não passava de uma farsa sem precedentes... mais uma mentira absurda que o deixava indignado.

Com as mãos dentro dos bolsos do seu terno novo, refletia que Andromeda abandonou a sua paixão por Edward Tonks para se casar com Rodolphus. No caso dela, mais por desespero do que por outras motivações, porém, Evan seguia o mesmo caminho.

Fingindo esquecer ou ter superado o romance com Virgínia Wolfire, para dar orgulho aos seus familiares, assumiu um compromisso com Elizabeth. Naquele instante, entrelaçaria a sua vida a dela... jamais seria, de fato, feliz.

Meditando em todo aquele absurdo, Snape chegou à conclusão de que não se conformaria com as artimanhas e as falsidades daquele mundo cínico. Caminhando, de braços dados com a mãe e desatento aos demais, seus olhos e a sua alma não estavam ali. Seu rosto refletia a completa ausência de emoção, ao cumprimentar muitos dos convidados... na verdade, encarando aquelas pessoas, constatava que odiava a maioria delas.

- Que lugar detestável... só aquele inútil para me coagir a vir – sussurrou, ponderando que só a amizade por Evan o fazia ter alguma justificativa para permanecer naquele ambiente de falsidades.

Indo em direção a ele e Rabastan, que conversavam, decidiu prestar atenção ao seu entorno, reparando que Narcissa estava próxima a uma das portas de acesso à residência. Estática, nervosa e com um olhar fixo na direção de Lucius, o seu semblante refletia toda a tensão e inquietude pela presença do noivo na festa. Aquilo o irritou profundamente... não permitiria que alguém a abalasse daquela forma.

Decidindo rapidamente o que faria, mudou o rumo do seu trajeto... Snape, indo até onde o outro estava, deixou aos poucos que a varinha deslizasse até a sua mão. Poria um ponto final naquele assunto.

- Dia, Snape... aproveitando a festa? – questionou com um sorriso irônico no rosto.

- Eu só estou aqui para dar um aviso, Malfoy... se encostar em um fio de cabelo da Narcissa, eu vou matar você e a todos os membros da sua maldita família – ameaçou colocando a varinha na sua garganta.

- Quem me impede de fazer o que eu quero com a minha noiva, mestiço imundo? Você? É isso mesmo que eu estou ouvindo? – interrogou afrontosamente.

- Quer apostar que sim? – o encarou com um olhar sarcástico.