Curiosamente, após esses acontecimentos, os dias, as horas, os minutos e os segundos, romperam as barreiras do tempo como em um piscar de olhos. Não havia qualquer explicação lógica, que definisse a intensidade e urgência dos fatos... como, folhas ao vento, uma sucessão de questões e temas importantes, se acumulavam. Quem sabe, possibilitariam a organização dos pensamentos e as certezas que rondavam as suas mentes? Talvez, o enfrentamento dos momentos difíceis, obrigasse a todos a atingirem o amadurecimento irrevogável. Era época de crescer e abandonar o segundo ninho.
Nesse turbilhão de sentimentos e dúvidas, junho chegara sorrateiro. Sem avisar ou revelar as suas intenções se impôs soberano. Um ano letivo que se encerrava, uma etapa da vida que findava, envolta aos ares ainda primaveris e doces. Nos terrenos de Hogwarts, a brisa morna conduzia os sabores e os aromas, seduzindo os corações ansiosos e sonhadores que se enchiam de esperanças.
As boas vibrações e promessas, que o amarelo e o branco dos Narcisos representavam, devia ser um sinal de recomeço. Expectativas não reveladas, ilusões secretas, sonhos distantes e, talvez, a aproximação de um futuro promissor. As portas de entrada para as longas estradas do porvir se abriram.
Como não cogitar boas notícias e um mundo maravilhoso, quando o verão ostentava um sol portentoso e atraente? Um calor aconchegante, que acariciava as faces e transformava completamente o clima, de muitas formas inexplicáveis... a iluminação radiante enchia os peitos mais sôfregos de ânimo e coragem. Tudo representava a beleza dos instantes finais, as vivências mais quentes e interessantes, as liberdades antes desconhecidas, as memórias que se formavam através do toque nostálgico que cada situação apresentava.
A estranha completude do advento da idade adulta e das responsabilidades já acercava a muitos... e, definitivamente, não se revelavam fáceis ou dóceis. O mundo dava sinais de que bateria sem perdão naqueles tidos como mais fracos. O caminho tortuoso expunha os seus buracos e vendavais, tristezas e decepções.
Por outro lado, alguns recebiam o privilégio de trilhar o acesso mais fácil e cheio de grandiosidade. Um trajeto calmo, sereno, amoroso e sem obstáculos... um universo de possibilidades e prazeres inenarráveis, quando tudo sempre lhe fora oferecido e nunca cobrado.
Para Snape, aquela fase de sua existência, significa um reinício. Acima de qualquer coisa, receberia o impulso necessário para que a sua nova vida começasse e os seus projetos pudessem ser, finalmente, realizados. Quem sabe, ali estava a tão aguardada chance de reestruturar os laços desfeitos com a mãe e seguir em frente?
Mesmo que não admitisse, se ressentia da sua ausência e da completa falta de notícias. Sentia saudades de Eileen e idealizava que, talvez, ela fosse capaz de perdoá-lo. Porém, não se permitiria encher o seu coração com prismas positivos e suposições agradáveis... a conhecia bem o suficiente para perceber que, qualquer resolução, viria através de um processo lento, doloroso e gradual. Especialmente, após toda a confusão envolvendo o seu nome e o de Narcissa.
Caso esse, que a deixara indignada e raivosa, conforme o que Regulus havia lhe relatado... para Eileen, aquela era mais uma comprovação de que, a conduta do filho era reprovável e absurda. Na sua perspectiva, jamais deixaria de ser um verdadeiro canalha e irresponsável. Alguém desprezível, intratável e oportunista, que se utilizava da boa fé de outras pessoas, para obter benefícios e usufruir de seus corpos ao seu bel-prazer. O que a levava a garantir, com segurança, que a sua decisão era irremediável.
Incomodado e deprimido, mexeu nos cabelos algumas vezes, os empurrando para trás... aquelas opiniões, vindas de quem deveria amá-lo e o apoiar, o abalavam. Ao contrário do que a mãe argumentava, para Snape, aquele era um assunto de extrema relevância. Se não o afetasse, estaria livre da inquietação e as noites insones, meditando quanto ao seu modo de proceder. Sua incapacidade de demonstrar, mais claramente, o seu afeto e as suas constantes incertezas, o atormentavam. O que fazer, quando os seus medos, bloqueavam a clareza de seus pensamentos?
Desnorteado, passava os seus dias tenso, com a angústia corroendo os seus nervos e a sua sanidade. Ao ponderar como resolver tamanha dificuldade da melhor forma, suas conjecturações o levavam para longe... para terrenos obscuros e pantanosos de sua mente, em que se escondiam as suas maiores fraquezas. Deveria ou não assumir um compromisso sério com a sua flor poderosa e única? Era, efetivamente, livre para evidenciar as suas vontades e intenções? Ou seria obrigado a renegar o seu amor para cumprir uma imposição?
Sacudindo um pouco a cabeça, para afastar algumas opiniões enigmáticas e preocupantes, deu um meio sorriso. Espantaria os sonhos e os maus pensamentos, voltando a exibir a sua carranca habitual. Preferia impor medo aos curiosos a ter de dar espaço para que pudessem observar os leves traços de felicidade em seus olhos... suas fantasias, relacionadas à Narcissa e aos seus planos futuros, eram apenas suas para serem compartilhadas com os demais.
Além disso, existiriam sempre inúmeras contrariedades que convertiam, diariamente, o mundo em um inferno. Possivelmente, sua essência era forjada à eterna e trágica luta entre luz e sombras... girando no seu entorno, desde o seu nascimento como um predador obstinado, jamais o abandonaria. Como se, o espectro de Tobias, o perseguisse para condená-lo.
Açoitando o seu espírito, roubando o seu ânimo, destroçando a sua imaginação e deixando só os rasgos de desapontamentos intermináveis, a culpa lhe pesava sobre os ombros. Opostamente, ao que assimilavam a seu respeito, sentia remorso e se arrependia de muitas das suas transgressões.
Não suportava mais ter de sufocar os seus demônios internos, constantemente, sem ter as respostas que buscava. Seus amigos pixies figuravam, gradativamente mais, vigorosos no proposito de dominar o seu corpo e as suas ideias. Lamentavelmente, quebraram os laços de amizade e decidiram agir por conta própria.
- Cuidado, homem... a morte está à espreita e na conta dos incautos. O que fizeste? – repetia baixinho, para si mesmo, lembrando do livro norteador da religião dos muggles.
Cada vez mais reflexivo e desconfiado, com a sensação de que algo importante estava prestes a acontecer, Snape caminhava pelos corredores sem pressa ou qualquer traço de impaciência aparente. No fundo, aquela postura falsamente despreocupada e insolente, escondia os seus medos de que a alegria fosse efêmera e o abandonasse... os instantes de paz findariam quando menos esperasse e todo o cuidado era pouco.
Estava extremamente convicto de que, Sirius, tramava através de meios escusos como cumpriria a promessa de vingança que fizera. A sua gangue e o diretor, obviamente, o protegeriam quando decidisse colocar as suas transgressões em prática.
De qualquer maneira, a trégua se encerrara quando Narcissa fora localizada e, tais silêncios por parte dos Marauders, levantavam diversos temas cruciais sobre a guerra particular que vinham travando há meses. Em outras palavras, era o momento de raciocinar e considerar todas as hipóteses que giravam em torno daquela questão que lhe era crucial.
Tanto Sirius, quanto Snape, possuíam personalidades rancorosas, violentas e orgulhosas demais para esquecer uma rixa. Não sairiam da briga sem que houvesse um vencedor e, muito provavelmente, maquinariam inúmeras possibilidades de revanche. Agindo, assim, como dois lados de uma mesma moeda, em que prefeririam à morte a ter de se desculpar pelas afrontas e ataques, verbais ou físicos, ininterruptos que vinham protagonizando.
Quando e onde resolveriam tamanha adversidade? Isso era algo que pouco importava. Tudo parecia ter saído de seu controle absoluto, tomando um rumo próprio em meio a todo o confronto, o que lhe deixava imensamente incomodado. Snape, conjecturando tais temas, se interrogava como solucionaria aquela disputa.
- A culpa é toda daquele chorão sarnento e vagabundo! Se não fosse aquele imbecil, a minha vida seria perfeita e eu não teria que ficar me preocupando com bobagens... – pensava consigo mesmo.
Se revoltando e se desassossegando progressivamente, sua apreensão aumentava a ponto de quase explodir, enquanto estudava as hipóteses de como se livrar daquele ser a quem tanto odiava. Talvez, Sirius só perdesse em sua escala de aversão e repulsa para o Lord das Trevas e Lucius. James sequer era considerado... logo, estaria morto e o seu desaparecimento não faria a menor diferença.
No entanto, não avaliaria aquela estranha proporcionalidade, quando julgava todos uns porcos, maus-caracteres e hipócritas. Dando de ombros, preso aos seus próprios apontamentos internos, cogitava a viabilidade de assassiná-lo.
Segurando um sorriso sádico, tinha a impressão de que aquilo não seria uma má ideia e era uma imagem que o alegrava profundamente. Porém, não era a resposta que resolveria tal infortúnio. Sumir com Sirius não era tão fácil quanto parecia ser... ainda existia uma sucessão de acontecimentos que deveriam ocorrer, irrevogavelmente, antes de realizar tal feito.
Outro ponto que o incomodava era que, o perecimento de seu oponente, não lhe proporcionaria a satisfação desejada. Era fundamental sentir prazer e aproveitar cada segundo, para que um homicídio valesse à pena. Pelo menos, isso lhe fora ensinado incansavelmente.
Bufando com tal impossibilidade, Snape considerou o ponto e concluiu o quanto teria de reavaliar suas teorias e seus pressupostos, antes de atingir as explicações e os resultados que tanto procurava. Conjunturas, cenários e plausibilidades, definitivamente, não eram elementos simples... igualmente, as suas dúvidas crescentes quanto ao assunto, não se sanariam com frágeis argumentações e soluções simples.
Na segunda semana de junho, as provas do NEWTs dominaram todas as conversas, as discussões, as correrias, as interrupções, as crises nervosas, os desmaios despropositados e inexplicáveis pelos corredores, os horários de descanso perdidos, as idas à biblioteca e, se possível fosse, a invasão dos sonhos dos alunos mais aterrorizados e abalados com os resultados que obteriam. As cores das respectivas casas vibravam pelos passadiços, com as flâmulas tremulantes e reluzentes, como em uma final de Quidditch.
Os uniformes dos 7º anistas se destacavam, enquanto passeavam insolentemente orgulhosos, encarando os mais jovens como superiores... mesmo nos momentos mais tensos e de profundo desespero, tentavam se manter assim. Não podiam renunciar a seus últimos dias na escola, e de alguns benefícios recebidos, por tão pouco.
Os Salões Comunais da Slytherin, da Gryffindor, da Ravenclaw e da Hufflepuff se achavam em pior estado... uma confusão de adolescentes reunidos e descontrolados, choravam, gritavam e esperneavam, com os seus hormônios em chamas. Se aglomerando ansiosos por informações mais detalhadas e respostas, enchiam os diretores com interrogatórios sem fim. Nessa baderna, alguns chegavam a desmaiar e eram conduzidos à enfermaria, sofrendo por conta de ataques de pânico ou quedas de pressão sem precedentes.
Efetivamente, se enxergavam e se percebiam ávidos por explicações completas quanto aos procedimentos das suas provas finais, como sucederia a cerimônia de formatura, o número de convidados aceitos, os jantares que seriam servidos, as celebrações prévias e tudo o que mais se julgavam dignos de receber. Indiscutivelmente, aquela semana, poderia ser definida como o caos absoluto em vários níveis e não existia lugar para onde correr e se distanciar.
No Great Hall, as manhãs se transfiguraram em um cenário de imensa agitação. Com um altíssimo fluxo de corujas voando por todos os lados, trazendo consigo cartas de familiares e seus pacotes enormes, enchiam o ambiente de um falatório e chirriados ensurdecedores. As caixas eram abertas, espalhando os papéis por cima das mesas e sujando o chão... roupas de todos os tipos e tamanhos eram acompanhadas de notícias quanto às primeiras ofertas de emprego ou propostas de casamento.
Era impossível ter qualquer segundo de paz ou de tranquilidade em meio àquela anarquia. Ali, sem identificarem, as últimas orientações eram dadas e tudo já havia sido decidido. Em pouco tempo, o simples roçar da pena no pergaminho, burocrata e frio, definiria a existência de muitos e não haveria retorno.
Naquele mesmo dia, a sorte de Snape estava lançada... com suas fraquezas e virtudes, nas mãos dos deuses olimpianos, os dados de sua existência rolariam. A roda da fortuna giraria e resolveria se lhe ofereceria novamente o assumir o controle de sua própria existência.
Afastado de todos, em um canto mais isolado da biblioteca, lia compulsivamente e anotava as referências que qualificava como as mais relevantes. Ignorando a diminuição do fluxo de pessoas transitando por entre as estantes e o quanto as horas voara, não observou que a noite chegara.
Absolutamente soberana no alto do céu escuro, a Lua Cheia se imprimia exuberante, desafiadora e única. Como mãe do firmamento rompendo às trevas tal qual um farol, a deusa Selene compelia a todos que a adorassem e admirassem a sua beleza. Sem julgamentos ou medos, mascarando a realidade cruel e rompendo as ilusões mais absurdas, lá se mantinha ofertando aos seus apreciadores minutos de felicidade.
A madrugada seria clara, rara, mansa, romântica... contudo, a contemplação de alguns apaixonados e o prazer despreocupado foi destruído por um grito forte e alto de terror. Se afastando das janelas, o sangue de alguns congelou e seus corpos paralisaram de pavor.
Com a sensação de espinha paralisada, ao escutar aquele chamado de socorro aterrorizante, se angustiaram. O que teria sucedido nas terras da escola? A decifração demorou poucos segundos para chegar... um longo e potente uivo ecoou, criando uma atmosfera de terror.
As portas dos dormitórios eram trancadas e os feitiços de proteção dos Salões Comunais reforçados. Os professores saíram para investigar os corredores e descobrir o que estava acontecendo. Era improvável que um lobisomem invadisse o castelo... na dúvida, ninguém mais receberia autorização de sair até que desvendassem aquele mistério.
Entretanto, tomando todas as precauções possíveis e imagináveis, seis slytherins junto ao Bloody Baron, andavam apressadamente sem se importarem com o perigo que os rondava. Pelo menos, era o que queriam acreditar... seus corações pulsavam e suas mãos tremiam, apontando as varinhas até para as suas próprias sombras, receavam o que lhes surgiria pela frente.
Identicamente, o fantasma atravessava as paredes e voava mais à frente preocupado, dando instruções para que não fossem avistados pelos docentes ou pegos em flagrante por Filch... onde estava Snape? Por que ele não havia contado em que local escondera o mapa que tudo revelava? O seu desaparecimento inexplicável, após a prova de Runas, os deixava alarmados.
Prosseguindo nas buscas, gradativamente mais agoniados e temerosos, começavam a cogitar o pior. E se as expectativas criadas se esvaíssem? A cada passo, as incertezas faziam com que o ambiente se tornasse pesado, hostil e opressor. Se o localizassem morto, como procederiam? Como contariam para Narcissa?
Não seriam capazes de precisar quanto tempo se passara desde que fugiram em grupo, quando se depararam com uma sombra se projetando em um canto escuro. Os gemidos de dor os estagnaram, os obrigando a pedir que o Bloody Baron investigasse o que significava, antes de prosseguirem até aquela direção.
- Vão... o tempo é curto e o fenecimento é ligeiro. Se apressem, porque o nosso amigo está lá! – exclamou assustado, retornando até onde estava o grupo já sobressaltado.
A cena que viram era bárbara. Em meio a uma poça de sangue, o corpo de Snape pendia para o lado esquerdo, desacordado. Cortes profundos pelos braços, pelas pernas e pelo torso eram descobertos, na medida em que, a pouca luminosidade daquele corredor descortinava o cenário de terror.
Com os olhos marejados, os seis permaneciam estarrecidos perante a violência à qual o amigo fora vítima. A pulsação era fraca e a respiração se apresentava entrecortada... era claro que estava prestes a falecer.
Sem refletirem muito quanto o modo que agiriam, Evan e Avery, o ergueram do chão em um gesto impulsivo. Sustentando o peso semimorto em seus ombros, o arrastavam pelos corredores o mais rápido que conseguiam. Não permitiriam que morresse como um nada. Mais à frente, Mulciber e Greengrass, corriam para alertar Madame Papoula Pomfrey do que sucedera.
Era imprescindível que os primeiros socorros fossem prestados imediatamente. Snape perdera muito sangue para suportar mais tempo sem receber qualquer atendimento médico... a agonia e o cuidado com que se comportavam, confidenciava o código de honra, lealdade irrestrita e união que operava entre as serpentes.
- Senhores? Eu alertarei aos demais fantasmas para que avisem o diretor... também irei ao dormitório do professor Slughorn. É fundamental informar ao nosso diretor que um aluno da Slytherin foi atacado. Em verdade, que sofreu uma tentativa de homicídio – o Bloody Baron os avisou com um olhar assombroso e grave.
Os culpados seriam descobertos e não sairiam impunes... não dessa vez. Se dispunham da conivência de Dumbledore, existiam pessoas dispostas a encerrar a sua trajetória de crimes justificados pela complacência.
- Nós não vamos com vocês... queremos caçar os responsáveis – afirmou Regulus, que já puxava Bellatrix, para que saíssem em disparada na direção oposta aos demais.
Rastreariam Sirius como se fosse um animal peçonhento e feroz... pois, se ele não tivesse responsabilidade direta, inevitavelmente, se envolvera de algum jeito. Era próprio de sua personalidade um crime como aquele. Teria de confessar o que sabia de qualquer forma... mesmo que, para isso, o torturassem.
Foi assim que, os dois grupos, esbarraram com o que procuravam. Os quatro slytherins, carregando Snape nos braços, arrombaram a porta da enfermaria e entraram aos berros por ajuda. Tamanho alarde, fez com que a enfermeira se alertasse e, em um salto, fosse até a ala hospitalar ver o que sucedia.
Com os pensamentos conflituosos e perturbados, pela maneira que fora acordada, a faziam cogitar a possibilidade de deixar que os arruaceiros em detenção por um tempo indefinido. O baque e a correria acarretaram a quebra de alguns frascos de poções e o rompimento da fechadura... contudo, não fora isso que ocorreu.
- O que houve com o senhor Snape? – questionou chocada com o estado clínico que ele se encontrava.
- Não sabemos... ele pode ter sido atacado pelo lobisomem que estava uivando. No entanto, não há como afirmar nada – respondeu Greengrass lavado de sangue.
- Eu vou realizar alguns exames para atestar se há ou não algum grau de licantropia... – explicou, se virando para pegar alguns equipamentos e iniciar o socorro.
- Quanto a vocês dois, senhor Rosier e senhor Avery, eu quero que abram o armário e apanhem as poções para reposição de sangue – ordenou decidida vendo-os assentir.
- Creio que não foi um lobisomem que fez isso... é possível que o senhor Snape tenha se envolvido em alguma briga – apontou Dumbledore assim que entrou e analisou toda a cena.
- Como não? Veja que o rapaz teve toda a pele do ombro arrancada! Se não foi um lobisomem, Dumbledore, estamos abrigando um psicopata – declarou Slughorn indignado com tamanha negligência.
- O diretor está certo, professor... não há qualquer sinal de licantropia na sua corrente sanguínea. Quem será que foi capaz de uma atrocidade como essa? – revelou Madame Pomfrey, perguntando, ainda abismada com o que constatara.
- Ora, os senhores têm alguma dúvida? Eu tenho certeza de que foi aquele filho da puta do Sirius Black! – afirmou Mulciber revoltado, dando um soco na parede, tentando controlar a voz e o ódio que sentia.
- Há alguma prova para tal acusação? – Dumbledore o indagou, com um falso sorriso bondoso no rosto, encarando o semblante de desapontamento transparecer no rosto do jovem.
Ao mesmo tempo, do outro lado do castelo, Bellatrix e Regulus acharam os Marauders em meio a uma animada comemoração. Enquanto a música tocava alto, Sirius e James trocavam carícias com Marlene e Lily, respectivamente, e Pettigrew os aplaudia excitado.
Aquilo bastou para deixá-los ainda mais cegos de ódio. Lançando contra as duas o Ad Stillabunt, as derrubaram desacordadas pela força que o feitiço as atingiu. Assustados e tensos, Sirius, James e Pettigrew, se puseram em posição de combate, esperando um novo ataque... com todos se encarando furiosamente, o silêncio era perturbador e perigoso, pesando o ar e o clima no ambiente.
- Me diga o que foi que você fez, seu desgraçado! – a voz de Bellatrix rompeu a quietude, se virando para Sirius com um olhar soturno e profundo.
Sem aguardar qualquer explicação ou justificativa, vinda dele, sussurrou o Uolnerati, o arremessando contra a parede. Proporcionando, assim, que pudessem interrogar aos demais sem qualquer interrupção. Especialmente, se fossem obrigados a martirizá-los brutalmente, um a um, para descobrirem que tipo de agressão haviam praticado contra Snape.
Firmando os seus olhares nos outros dois, sorriram ao constatarem que tremiam um pouco, lançando feitiços que Regulus rebatia. A vontade que sentiam era de rir daquela dupla de gryffindors... nunca seriam páreo para o poder e a agilidade de uma luta acirrada. Os matariam em um piscar de olhos se assim desejassem, sem se exigirem qualquer esforço de seus conhecimentos mágicos.
- Confessem de uma vez! – Regulus exigiu, furioso, se aproximando agressivamente.
A negativa de disponibilizarem as informações do que sucedera, o enraiveceu... tirando das profundezas de sua alma a necessidade de expor o que lhe havia de pior. Irado e bufando, agarrou Pettigrew pelo pescoço, o jogando no chão. Com um olhar de puro ódio, expunha toda a obscuridade que os Black desenvolveram ao longo dos séculos, trazendo para o ambiente todo a morbidez do Tormentis.
O semblante de James ficou lívido, ao ver o amigo se debater no chão urrando de dor, ao mesmo tempo em que, o sonoro estalar de ossos quebrando ecoavam nas paredes grossas de pedra. Naquele momento, para ele, ficava mais claro de onde provinha todo o sadismo que, vez ou outra, Sirius demonstrava. Por mais que contestasse, as trevas eram parte do espírito de sua família, trazendo consigo uma maldade inenarrável e monstruosa.
- Eu... eu falo... nós golpeamos o Snape pelas costas e o jogamos próximos à Floresta Proibida. Então, o Padfoot garantiu que, o melhor, era deixarmos que o Moony o matasse. Ele ficou para trás dizendo que queria assistir... que aquilo seria a coisa mais divertida que assistiria na vida – revelou, apavorado, com um fio de voz.
Sua respiração acelerara com a mera ideia do que o aguardava, quando Bellatrix passou a cercá-lo, tal qual uma cobra prestes a dar o bote. Seu olhar expunha as sombras absolutas, como os de Regulus que pareceram mudar de coloração... fazendo com que se visse traído e abandonado, ao reparar que Sirius mal se mexia e as meninas seguiam desfalecidas.
- Você quer escutar um segredo Potter? A força vem dos ramos da magia há muito abandonados... e, se você me acha horrível, espere quando a Cissy souber o que vocês fizeram ao namorado dela – ameaçou, com a voz baixa, próxima ao ouvido dele.
