Minutos de completo silêncio entre os dois se estabeleceram soberanos e tranquilos. O embaraço existente fazia com que queimassem por dentro, contrastando com a plenitude do ambiente. No fundo, se encontravam tão envergonhados com as palavras e os gestos que usaram um contra o outro, que mal assimilavam como voltariam a se encarar. Aquele era um dos instantes em que todos os conhecimentos se mostravam vazios e nulos. Ervas, poções, remédios, aromas, flores... em nada serviriam para a cura de corações partidos. Duas almas despedaçadas que sentiam dores muito piores do que as feridas que Snape ainda apresentava pelo corpo.
Do lado de fora, o vento cortante se rebelava e impunha a sua presença através do sopro sonoro, violento e corrente. Estremecendo os vidros e as dobradiças das velhas janelas, que lutavam para não se partirem, o mesmo seguiu forte e vigoroso. Sua influência não era por acaso... não havia nada mais a ser dito, quando as respirações lentas e baixas pareciam procurar frases corretas, dizeres capazes de acalmar os seus ânimos desesperados.
Eram inexatos, profundos e quebradiços, os finos laços que se desfaziam aos poucos. Narcissa era a sua fraqueza e a sua maior força. A única com quem fugiria no dia em que as estrelas caíssem e o céu queimasse. Muito embora, já soubesse que se achavam cercados por um mar de fogo disposto a ardê-los sem piedade. De repente, significava o castigo que mereciam por se julgarem desimpedidos e ousarem exercer uma espontaneidade natural.
Como se ouvisse os seus pensamentos, erguendo o rosto calmamente, ela aproveitava aquela calmaria para o encarar, com um olhar atento e expressivo. Suas mentes vagavam em órbitas semelhantes, sem tocarem o chão, libertas de cordas antes pavorosas que as amordaçavam. Por um tempo impreciso e precioso, esboçando um sorriso leve e misterioso, os seus olhos tempestuosos expunham um brilho intenso... uma luminosidade que revelava a natureza de suas ideias, agora, mais radiantes e seguras.
Se o seu desejo de permanecer ao lado dele fosse um mero capricho, uma autoafirmação para evidenciar a saudade, todas as questões mais complexas estariam resolvidas. O problema residia em um ponto mais além. O que ambicionava, naquela ocasião e em tantas outras anteriores, era se casar e ter filhos com aquele homem a quem amava desde a infância.
Uma fantasia real, tão estável e resistente, que a conduzia ao esquecimento de muitas as suas obrigações inadiáveis. Os compromissos inumeráveis que a aguardavam, logo que atravessasse a porta e voltasse para a realidade, eram quase totalmente abandonados ante a imposição do seu completo envolvimento afetivo.
Precisava voltar a trabalhar... mesmo que Virgínia e Lupin fossem ótimos funcionários e se empenhassem em dar o seu melhor diariamente, não era atribuição de ambos cuidarem da reposição dos estoques ou de resolverem os contratempos que pudessem surgir. Suspirando baixo, Narcissa voltou a abraçar Snape, o apertando entre os braços com um pouco mais de força.
Como se pedisse para que não a deixasse partir, refletia no quanto a vida se transformara em algo miserável nos últimos anos. Teria sido um erro ter se entregado de tal forma para aquele a quem chamava de Príncipe? A sua paixão arrebatadora que, para muitos, era considerado um inferior? Mordendo o lábio, com uma certa aflição, se permitiu imergir, mais uma vez, nos dois faróis negros que a seduziam e a conduziam sempre à borda. Ele era e nunca deixaria de ser o seu maior e único desafio, o enigma que incessantemente buscara decifrar... no entanto, ainda lhe daria os estímulos e a disposição fundamentais para enfrentar o mundo inteiro?
Aspirando o ar profundamente, os segundos aparentavam urgência e exibiam a iminência da ocasião em que teria de tomar uma decisão definitiva, depois de que as suas anteriores haviam sido abandonadas. Querendo se agarrar às correntes frágeis de esperança, as quais tecera dia após dia, seu peito se apertou trazendo uma sensação estranha de desesperança.
Instintivamente, Snape a aconchegou um pouco mais, evitando que voltasse a chorar. O som de seu alento a pacificaria. Talvez, isso fosse o resultado de uma misteriosa conexão entre os dois. Um fator extracorpóreo que facilitava o entendimento mútuo, sem carecer de gestos mais evidentes ou palavras que indicassem as suas dores mais íntimas e imutáveis. Quem sabe, sua legi mentis, se transfigurasse e adquirisse mais vigor quando se mantinham próximos por tantas horas?
Não ponderando quanto aos seus últimos atos e ações, nos últimos meses, somente experimentava as sensações ofertadas naquele instante vivido. Sentindo que Narcissa se acalentava, ali tão próxima, se tranquilizou. Esse era o fato mais importante e objetivo entre as múltiplas e infinitas suposições que fizera ao longo dos anos. Era feliz com ela e isso bastava.
Transparente, exata, autêntica, genuína e reta, a verdade sempre residira nos cantos em que as águas fluíam e o vento soprava leve... nos traços mais sutis e delicados onde suas magias se conectavam e se modificavam formando uma. Algo valioso demais para se perder em meio a sua frieza e a sua escuridão permanente, a luminosidade com a qual lhe presenteava era única. Como querer ou esboçar a sua vontade de pedir que ficassem unidos por toda a vida?
Intimamente, reparava que não se importaria com o quão contestáveis e absurdas fossem as suas atitudes. Para Narcissa, o que interessava era apenas como seria tratada, amada e cortejada, enquanto o mundo inteiro poderia desabar ao seu redor. Gostava desse seu egoísmo tão semelhante ao que possuía... era o que a tornava ainda mais atraente aos seus olhos e as suas projeções a respeito de relacionamentos duradouros. Sobretudo, quando o adorava, com tamanha veemência, que o ar lhe fugia dos pulmões todas as vezes que se encontravam.
Sem redenção ou saída, o que afortunadamente lhes restava era a irrestrita entrega, como dois amantes condenados. Eram como náufragos embriagados, submetidos a uma eterna procura, em meio a um oceano de incertezas. Abraçados e prestes a se afogarem na pior das punições.
Em uma complexa união, profunda e potente, desenvolvida e amadurecida aos poucos, se perderam um do outro. Aos poucos, voltaram a se descobrir, até a hora exata em que conseguiram se desempossar dos próprios receios e das constantes dúvidas. Aquela relação fora envolta a tantos cuidados, afagos, diálogos, sorrisos e admiração mútua, não podendo se desfazer por conta de uma maldição ou a consequência de uma tragédia anunciada. Especialmente, após terem se tornado dois pássaros abandonados e expulsos de seus respectivos ninhos, quando mais pediam abrigo e apoio.
As barreiras dos sentimentos, tão intensos e beirando a insanidade, dignos de uma paixão adolescente, foram aos poucos cedendo. Os medos, a timidez, as incertezas da infância... as inquietações e as novas descobertas, da idade adulta, desmoronavam ao provar tamanha liberdade de se apresentarem, um ao outro, como sempre foram e sem as personagens que representavam aos estranhos. Acariciando os fios contrastantes de Narcissa, Snape ansiava pela melhor chance de beijá-la e a possuir por completo. O segundo oportuno em que confessaria a todos que era, irremediavelmente, apaixonado por ela.
- Você me acha uma tola, Sevie? – o questionou, como se estivesse perguntando algo para si e tentando se convencer do contrário.
- Das pessoas com as quais eu convivo ou sou obrigado a suportar, eu posso lhe garantir que, você, está muito longe de ser uma estúpida ou cretina. Você pode até, algumas vezes, ter se esforçado para se enquadrar no que os seus pais esperavam... contudo, Cissy, a sua perspicácia e inteligência a impediram de agir como uma boba – assegurou, descendo um pouco um dos braços, para apertar a cintura fina e a trazê-la para mais perto.
- Eu preciso, então, parar de pensar dessa forma... porém, você deve estar ciente do quanto é difícil... principalmente, depois de tudo o que sucedeu na minha vida – desabafou, escondendo o rosto na curvatura de seu pescoço.
- Eu não posso evitar que tenha essas lembranças ruins. O que está ao meu alcance é oferecer a minha intenção de começar uma vida ao seu lado – propôs um pouco inseguro.
- Você quer se casar comigo, Severus Snape? É isso mesmo? – indagou com um olhar confuso e surpreso.
- Sim... e você aceita, senhorita Narcissa Rosier Black, ser a minha esposa? Por enquanto, o máximo que eu posso lhe proporcionar é essa casa e o meu trabalho duro na Elixirs. Entretanto, garanto que isso será por pouco tempo e, logo, terá aquela residência imensa que tanto sonha – respondeu com sinceridade a olhando dentro dos olhos.
- Eu aceito, sim... sem qualquer dúvida, eu quero me casar com você – falou com um sorriso aberto, iluminando o seu semblante, ao mesmo tempo em que retribuía o gesto.
- Mas, quanto a casa... – começou a esboçar a sua ideia, sendo interrompida, pelo gesto de Snape ao colocar o dedo em seus lábios.
- Eu não vou deixar que gaste o seu dinheiro comprando um lugar para que possamos morar. Isso é a minha responsabilidade e você pode dar a ela o nome que quiser... eu aprendi que esse é o meu dever e não o seu – explicou um pouco incomodado.
- Nunca permitiria que levantassem a hipótese de que eu me aproximei de você por conta do seu dinheiro – comentou com o semblante fechado e a voz soturna.
- Ora, isso é impossível! Não é segredo que eu fui deserdada – garantiu, dando um sorriso tímido, o mirando com um certo ceticismo.
- Narcissa, quando você foi para Paris, eu sei que transferiu todos os seus galeões e joias para uma nova conta no Gringotts e que, tão logo, os seus pais a expulsaram e protagonizaram todo aquele vexame, não existia mais nada na antiga. Inclusive, seu pai me acusou de ter roubado e fez aqueles duendes invadirem o meu cofre para atestar o que ele afirmava. Como todos deram com a cara nas pedras e, o Lord das Trevas, quase os puniu, o assunto foi esquecido momentaneamente... contudo, se você adquirir algo que me beneficie, as denúncias vão voltar à tona – revelou, um pouco revoltado pela recordação, virando o rosto para o outro lado.
- Você devia ter me contado isso... é inadmissível que o julguem desse jeito. Me enoja ser informada que o qualificaram como um ladrão ou, pior, um explorador de mulheres – argumentou, colocando a mão no seu queixo, para que voltasse a encará-la.
Aproveitando ainda a união dos corpos, Narcissa se interrogava em que momento obtivera tamanha coragem para admitir quais as suas fraquezas e a grande capacidade de amar. Mesmo que não aceitasse, lembrava da angústia de escutar o Sorting Hat tencionar não a colocar na Slytherin por, simplesmente, respeitar os seus desejos mais particulares... quando, noticiou aos seus pais que quase fora para a Ravenclaw, ambos a definiram como individualista, autocentrada, incompetente e tola. Uma verdadeira vergonha para os Black.
Sacudindo a cabeça em negação, para dissipar as imagens ruins que insistiam em se mostrar, passou a traçar linhas imaginárias pelo rosto e por todo o corpo de Snape. Com os olhos fechados, firmemente, estava ciente de que gestos eram analisados por ele.
- Venha comigo – disse, ambiguamente, sem se distanciar por completo.
Sua voz ainda um pouco rouca e a observação das pequenas reações que ela expunha, face ao convite, se complementavam. Antecipando os sinais e as hesitações constantes, se afastou um pouco mais, averiguando o seu semblante mais demoradamente e seguiu alisando os fios com a ponta dos dedos. Como se fossem planejados, com o único propósito de acalmar aquele coração afoito, os seus toques eram suaves e breves. Massageando, com delicadeza, sem ocultar a inerente malícia, deu continuidade aos carinhos. Fantasiara, tantas e tantas vezes, voltar a ter aquela mulher em seus braços que, a sua presença, parecia um sonho.
Como uma fera estudando a presa, a cheirava, roçando o nariz por todo o cabelo, pescoço, ombros... suas defesas e a morbidez dos resquícios da briga passada, se dissolviam com o aroma agradável de jasmim com rosas. Narcissa não se transformara somente em uma mulher deslumbrante. Ela era perigosa e irresistível a quem ousasse se aproximar.
Se deparara com essa realidade quando a vira, já adulta, na Pensieve e tivera a certeza no instante em que entrara em sua vida. Desordenando os seus parâmetros, desequilibrou todas as suas resoluções, com inteligência e sensatez. O desafiava com sorrisos e olhares, teimosias e deleites. De que modo seria indiferente àqueles olhos que o afrontavam com tanto ardor? Dos aspectos que o instigavam, com perfeição, a aperfeiçoar o seu intelecto e o impelia a almejar ser muito mais do que previam ao seu respeito. Por que a sua existência incendiava, desgovernando tanto, a sua alma?
Sem aviso ou ação mais contundente, fechou os próprios olhos e a segurou com certa firmeza e brutalidade, atando em seus dedos as mechas mais sensíveis da nuca. A rudeza e a selvageria determinadas, marcantes, que contrastavam com os beijos lentos, quentes e sensuais, que distribuía pelos lábios e pescoço tão expostos aos seus desejos.
Com os pelos arrepiados, fosse pela respiração quente e o pulsar constante das peles, cada vez mais abrasadas, Narcissa suspirava audivelmente. Gemidos baixos lhe escapavam pela garganta, à proporção que, os primeiros sinais vibravam e formigavam se anunciando em seu ventre. A sensação de prazer voluptuoso se espalhava entre as suas pernas, fazendo com que roçasse as coxas para aliviar a tensão.
Indefesa, com a cabeça pendendo para trás, se excitava com a ideia de domínio fugaz. Se fingiria submissa, não realizando nada a não ser se entregar por inteiro aos anseios que tanto a abrasavam. As mãos vagavam urgentes, imprecisas, vorazes pelos corpos... apalpando, sensualmente, as peles que começavam a ser marcadas, centímetro por centímetro, com a força que empregavam.
Os beijos variam entre os mais calmos e os mais arrebatadores, ávidos, insaciáveis, consumando a pressa que os extasiava e lhes fazia arfar. Com as respirações ofegantes, encostaram as testas e procuraram retomar o fôlego.
- Como você é linda... – disse a pressionando contra si, levantando a camisa e o blusão que ela usava, para ter mais contato com a pele macia.
O seu cheiro impregnado no corpo que adorava, o fazia parecer querer devorá-la, a possuir por inteiro. Mordendo a clavícula e os ombros, desceu os lábios lentamente, até chegar aos seios.
- Severus... você não faz ideia do quanto eu senti a sua falta – expôs, enquanto o arranhava e abria o pijama, impacientemente.
Em um impulso, Snape a levantou no colo, a imprensando um pouco mais contra a parede. Seus toques ficariam mais livres e sucessivos, para que pudesse terminar de despi-la com maior tranquilidade.
Desconsiderando os protestos de seus músculos feridos, que imploravam por um pouco de descanso, cogitava o quanto a dor se fundiria com o prazer. No momento em que, estivesse totalmente mergulhado entre aquelas coxas que o prendiam, se sentiria inteiro e absoluto. Sua mente se perdera, em meio a uma nebulosa atrativa e voluptuosa, trazida pelos braços finos e pálidos que circundavam o seu pescoço.
Impedindo de pesar quais as consequências de seus atos, as pequenas palmas e os dedos sensíveis, tão docemente selvagens, se convertiam em um poderoso entorpecente que o serenava e o estimulava a querer mais. Puxando os seus cabelos, ao retribuir as suas carícias, era viciante o quanto a sua imaginação enumerava cenas indecentes. Fetiches inconfessáveis que cresciam, em meio às fantasias de todas as coisas que pretendia realizar, com aquela que o enfeitiçava. Era o fogo que revelava a sua natureza mais primitiva e libertina, o comandando para que não parasse de jeito algum.
- Sev... Severus... – murmurou, mal conseguindo pronunciar direito o nome dele.
O erotismo e a luxúria eram sufocantes, impedindo que articulasse com precisão ou o que premeditassem falar. As sensações propiciadas por aquelas mãos grandes e ásperas, apalpando os seus seios e as suas nádegas, eram enlouquecedoras. Os lábios finos, a língua quente e úmida, voltavam a passear por seu colo e provocavam as chamas que lhe cortavam o espírito. Snape incendiava os seus sentidos, a fazia questionar sobre quem, de fato, era. Onde se escondia a dama de gelo, impassível e inatingível, nessas horas de profundo amor e devoção?
- Me diga o que quer, Cissy? Acredita que ganhar o céu não tem o seu alto preço? – perguntou, jogando para longe o blusão e a camisa, com certa avidez e determinação.
Sem oportunizar a descoberta de algum espaço ou motivo para protestar, devido ao fato de que a soltava para retirar as calças que usava, a puxou para mais um beijo. Deixando que as línguas se tocassem e se estimulassem, notava que os dedos frágeis guerreavam para abrir os botões, ainda fechados de suas vestes, para deixá-lo nu.
Estavam ansiosos e impulsivos em suas atitudes, colidindo com os móveis e as paredes pelo corredor. Soltando um riso alto e dando um leve tapa no rosto de Snape, Narcissa parecia se divertir com a certeza de que não chegariam inteiros para onde quer que fossem, na caminha às cegas que realizavam. Principalmente, quando as suas intenções e o jeito com que conduziam os próprios anseios, remetiam a dois adolescentes virgens e nervosos. Haviam passado da idade em que os hormônios descontrolados, e o medo de serem pegos em flagrante, eram agentes fundamentais para o acréscimo de excitação aos seus atos.
Com as roupas se perdendo pelo trajeto, atirados pelos cantos como trapos descartáveis, os gemidos ficavam cada vez mais altos, as respirações mais aceleradas e as palavras desconexas. Seguindo o jogo sensual do roçar dos corpos, a brasa da lascívia queimava a carne e o sangue, os fundindo em um.
Aos tropeços, entraram no banheiro, quase derrubando a porta. Retirando as peças que ainda restavam em seus corpos, em meio aos fortes beijos e afagos febris, ligaram o chuveiro maquinalmente.
- Você vai me dar banho hoje, Narcissa? – indagou, rosnando baixo, perto de seu ouvido.
Se entretendo com o quanto ela se excitava, diante daquele ato meio animalesco a que se propusera, escondia a agitação experimentada. Não haveria tempo para aguardar a banheira encher e a ter ali mesmo. A fome os embriagava, a varinha dela fora esquecida em algum ponto entre a briga e a reconciliação tão fervorosa.
Aprovando a sensação da água quente caindo sobre os dois, Snape a prendeu pelos braços, colocando-os cruzados no topo da cabeça. A atiçaria mais, controlando os movimentos, acompanhando o balançar lento de seus seios ao respirar.
- Eu quero fazer amor, Severus... – sussurrou como resposta, ao mesmo tempo em que arranhava os seus ombros e as costas, demonstrando o quanto já se encontrava entregue.
Desfrutando das carícias proporcionadas, pela pressão dos mamilos contra o seu peito, por conta do hálito quente de hortelã, pelos lábios avermelhados mordendo o seu pescoço, devido ao calor que emanava... ficava mais apaixonado e aceso, percebendo que, todos os sinais para que as suas condutas sexualmente sujas, recebiam aprovação. Com as pupilas dilatadas e os olhos escuros, não existia qualquer detalhe que lhe passasse despercebidamente.
A beijando furiosamente, a agarrando como se estivesse perto de acordar de um sonho ou ser retirado de um delírio, proporcionaria à Narcissa um rastro de marcas avermelhadas na sua pele de porcelana. Traçando o caminho dos desejos que foram acumulados, sua língua circulava os seios, com todo o cuidado. Mordicando um pouco, cada um, abriu um sorriso sacana, ao começar a chupá-los sob o olhar atento que era destinado aos seus gestos.
Descendo uma das mãos, seus dedos passavam a circundar toda a extensão, exercendo um prazer tão forte que beirava o gozo. Adorava tocá-la, a conduzir até o precipício, masturbando lentamente... a provocando até que gritasse pelo orgasmo e caísse em seus braços.
- Você é minha... só minha, toda minha... e eu sempre fui seu – afirmou, com a respiração acelerada e o coração descompassado, a beijando apaixonadamente.
Mordendo o queixo, sem esperar autorização, a virou de costas. Friccionando o pênis ereto nas suas costas, a deteve com o corpo contra o vidro, ao mesmo tempo em que seguia a satisfazendo. Atrevidamente vagaroso em seus gestos, retornou aos poucos ao pescoço, a nuca e as lábios. A cada novo chupão, ela ficava mais quente, molhada e rendida às suas intenções. Descendo pela coluna, trilhando com a língua da cervical a lombar, se ajoelhou, a obrigando a voltar para a posição anterior.
Encostando o rosto nos pelos castanhos, tocando a virilha... pegou uma das pernas de Narcissa, para colocar em cima de seu ombro, passando o nariz por sua intimidade. Cheirando o aroma de excitação que se desprendia, preguiçosamente, começava a reiniciar os carinhos na vagina, cada vez mais úmida e quente. A sua flor aspirava sexo, tendo a sua intimidade lambida e chupada, perdendo o senso. Esfregando contra o rosto dele, roçava as suas unhas no couro cabeludo de Snape, puxando os cabelos vez ou outra.
Circulando com a língua, sugava o clitóris, enquanto destinava afagos por toda a extensão da vulva e a penetrava com os dedos... estava ansioso para voltar a beber o xerez, derramado por ela, novamente. Ao pronunciar o nome, cada vez mais alto, como se implorasse por libertação, atritava o sexo contra a boca de seu homem com mais intensidade. Gemendo, com os olhos fechados, o semblante tinha uma expressão de puro prazer e satisfação. Sua mente vagava por lugares libidinosos, suas mãos agarravam os fios negros para tentar aliviar um pouco da tensão do clímax que se anunciava. Estava irremediavelmente perdida, especialmente, nos braços daquele que estava tão dedicado a lhe proporcionar uma satisfação magistral.
A segurando firme, para que não se afastasse, Snape aproveitava as vibrações trêmulas e os absurdos, que não imaginava a ouvir sendo capaz de dizer. Seus olhos estavam afogueados, cobertos por uma névoa de lubricidade, quando se concedeu ao abismo de ser beijada novamente. Ele se encontrava com o gosto de sua lubrificação na boca, com o queixo molhado pelo gozo recém experimentado.
Aquilo a desnorteava, a tirava do prumo por completo... no instante em que fora penetrada, a água banhava os corpos, abafava os ruídos do atritar dos sexos sem piedade. Com um sorriso frouxo, diante do desconforto resultante do prazer de ter as suas costas arranhadas, acentuou a impetuosidade dos seus atos.
- Não... mais... mais... forte... Sevie – a voz de Narcissa saía entrecortada e rouca.
- Goze um pouco mais para mim... você é tão doce – falou, mordendo o lóbulo da orelha, a fazendo soltar um suspiro de aprovação.
Se afundando com força e profundo ardor, ritmicamente, suas estocadas ficaram mais rápidas, intensas e urgentes. Suas línguas se encontravam em um beijo desalinhado, arfante, abafando os gemidos. Os espasmos voltavam ainda mais violentos, a estremecendo com as pernas em torno de Snape, a levando a arquear as costas... sentindo que se achava muito perto de explodir. Eram como dois selvagens, deixando que os suores, as salivas e os líquidos se misturassem.
Observando a sua boca aberta, os seus olhos fechados e o quanto era sugado para dentro dela, se sentiu desorientado a cada investida, no arrebatamento do não conseguir controlar o seu corpo. Snape arfava com o fogo de Narcissa e, algo lhe afirmava, que o desejo os deixaria ainda mais delirantes devido a paixão tão desmedida. Intensificando os arroubos da penetração, por mais que lutasse contra si para manter a razão, notava o quão arruinado ficara com aqueles sussurros sensuais que o guiavam.
Vulcões explodiam por todos os músculos, pelos poros, por cada um dos ossos... rapidamente, convertendo o juízo em uma confusão de mãos, de braços, de beijos, de chupões e de novas marcas. Experimentando a certeza de que, o seu membro, se conservava prisioneiro e sendo apertado, os impulsos eram mais fortes e mais vigorosos. O fervor do ato, carregou ambos aos seus mais profundos limites.
Deslizando, naquele universo úmido e macio, sua dureza fez com que soltasse um som rouco e alto, que lhe rompeu a garganta quando a sua libertação veio. As pulsações de seu gozo pareciam intermináveis, abafando os gemidos dela com os seus beijos, amava a sensação de saber que os seus fluídos se misturavam e escorriam... se perdiam em meio às águas. Se esfregando, um contra o outro, até que os últimos sinais de seus orgasmos desaparecessem, estremeceram. Segundos os separaram de atingirem juntos o ápice.
O silêncio se fez, entre beijos urgentes e olhares cúmplices, buscando acalmar as respirações. Poucos minutos passaram, ao secarem os seus corpos, retomando as carícias e reacendendo o desejo. O ar voltava a ficar pesado... puxando Narcissa para si, Snape a virou de costas para que apoiasse as mãos na parede. Se movendo, até penetrá-la novamente, a segurou pela garganta, fazendo com que os seus rostos se tocassem. Era o fim após as novas ondas de prazer que reverberavam em seus nervos e ecoavam pelas paredes.
A apertando entre os braços, suas pernas falharam, fosse pela dor que ficara mais aguda após tanto esforço, ou porque ela desabara e pesava como se estivesse desmaiada, ele se sentou no chão do banheiro a mantendo no colo. Piscando os olhos, para afastar a tontura e colocar em ordem os pensamentos ainda incoerentes, precisava decidir o que fazer... mesmo que estivesse nu, cheirando a sexo e xampu de erva doce, a razão não o abandonaria.
- Cissy? Narcissa? – a sacudiu, preocupado com o torpor que mostrava, tentando ouvir qualquer resposta que fosse.
Desnorteado em suas próprias ponderações confusas, sem compreender o que sucedera com ela ou por qual motivo parecia ter adormecido em seus braços após gozar, a chacoalhou mais uma vez. O corpo inerte, que repousava em cima do seu, se mexeu um pouco.
Recebendo um sorriso preguiçoso, como sinal de que tudo estava bem, ficou por um longe tempo a observando. Com os olhos fechados e os membros moles, se assemelhava a alguém sob o efeito de algum entorpecente muito forte. Uma substância alucinógena que a impedia de ter qualquer controle dos seus próprios atos.
- Sevie... eu... não... Lucius... – murmurou a frase sem nexo, recostando a cabeça em seu peito, adormecendo profundamente.
Minutos, talvez horas, atravessaram até que verificasse o que aquelas reações significavam... não passavam de indícios do quanto se satisfizera durante o sexo intenso. Seu entusiasmo, com relação a isso, sempre fora encantador e surpreendente. Principalmente, quando refletia que tudo o que aprendera foi desfrutado todas as vezes em que estiveram juntos.
Nos momentos em que se descobriram como homem e mulher, durante todo aquele tempo em que o fogo ainda ardia infinitamente, a questão se traduzia em pequenas nuances e no que eram capazes de propiciar fisicamente um ao outro. Sensações indefinidas, poderosas e duradouras. Um querer sem fim, que os orientava até que ultrapassassem os próprios limites. A sua vontade era a de continuar ali mesmo... prostrado, meditativo e abraçado a sua flor adormecida, usufruindo do seu aroma doce.
A olhando novamente, recordou do quanto Narcissa se empenhara nos estudos e na aquisição de fundamentos e erudição sobre a produção de cremes, poções e o que mais inventasse, para fabricar cosméticos e pomadas cicatrizantes. Era brilhante e, agora, recebia o reconhecimento por seus esforços.
Respirando fundo, Snape a beijou no topo da cabeça e ficou por algum tempo acariciando as suas costelas. Dois gestos de carinho que se somavam ao fato de que começava a se erguer com ela do chão. Por mais que quisesse, ambos não poderiam permanecer jogados no piso frio e molhado. Necessitavam descansar, pelo menos, um pouco. Ligando novamente o chuveiro, deixou que um jato de água os atingisse, para tirar os vestígios do sexo que lhes restavam antes de seguir para o quarto.
Ao acordar, Narcissa constatou que era madrugada e que o seu corpo reclamava do que vivenciara. Não sabia ao certo por quantas horas dormira, mas as marcas avermelhadas e roxas, que se distribuíam em seus braços, suas pernas, seu pescoço, seus quadris e, certamente, por outras áreas muito mais íntimas, a fizeram abrir um largo sorriso. Se espreguiçando, olhou para o céu, através da janela embaçada... as luzes amareladas comprovavam que era tudo real.
Dormindo e roncando alto, pela posição em que se achava deitado, Snape ressonava. Estava tão ou mais exausto do que ela. O analisando, mordeu o lábio pensativa e astuta, cogitando o quão errado poderia ser o que pretendia e o quanto queria ter um pouco mais dele.
Se movendo, vagarosamente, se deitou e posicionou a sua perna entre as dele. Ainda o mirando adormecido, acarinhou o rosto com a ponta dos dedos, desenhando a curvatura do nariz. Refletindo a respeito das coisas sujas e imorais que era capaz de realizar com aquela parte do corpo, segurou o riso. Ao mesmo tempo, sua coxa se agitava devagar, subindo e descendo... o suficiente para ouvi-lo gemer baixinho e o pênis dar os primeiros sinais de aprovação ao contato iniciado.
Suspirando, assimilava que, naturalmente, aquilo não era algo inimaginável de ocorrer a um homem. No entanto, se interrogava se ele não despertara por conta das sensações que lhe eram oferecidas. Prosseguiria com aquela fricção, lhe tocaria a virilha e afagaria os seus pelos até escutar a respiração ficar mais pesada. Imediatamente, a isso, os braços longos de Snape a abraçaram e a puxaram para que ficasse mais próxima.
- Não me provoque, flor de Narciso pervertida – falou, em um tom baixo, próximo ao ouvido dela.
Recebendo um murmúrio de reprovação obtido e convicto de que estava fazendo um biquinho emburrado, continuou a apertando. Continuando com o seu intento, sem se dar por vencida, voltou a roçar no membro com mais precisão.
Sem abrir os olhos, a soltou, cruzando os braços atrás da cabeça para aproveitar ao máximo aquela intransigência divertida. Mesmo que estivesse um pouco dolorido, como também muito curioso para descobrir até onde a teimosia a conduziria, a deixou livre para dar sequência às suas ideias impuras.
- Eu não me vejo capaz de compreender o que quer me falar, Sevie – falou, com uma voz manhosa e displicente, continuando com o que pretendia.
Acentuando os gestos, firmou ainda mais o contato entre eles, com uma das mãos. Com um sorriso vitorioso, que brilhava em seu rosto, o afrontava massageando o pênis... as reações foram imediatas. Arqueando as costas sobre a cama e apertando com força os travesseiros, segurava os gemidos que a incentivariam a seguir.
Não avisando o que premeditava, ao primeiro arfar mais audível, se afastou. Engatinhando até se sentar em cima dos calcanhares, colocou o membro na boca, aos poucos. Lambendo, em movimentos lentos e circulares o entorno da glande, Narcissa se encorajou e passou a chupar. Snape se esforçava para não impulsionar o quadril para frente, ao sentir o subir e descer dos lábios em sincronia com a mão o atiçando... não queria a assustar ou ir além do que se encontrava preparada a realizar.
Constatando o quanto se aproximava de se perder completamente, a distanciou e a puxou para um beijo, aproveitando para inverter as posições em que se achavam. A tomando nos braços, sugou para molhar os próprios dedos e a estimular, esfregando e girando até que estivessem encharcados pelo deleite.
Em um rompante de imensa insanidade e lascívia, pôs as duas pernas dela apoiadas em seus ombros... prendendo os joelhos, a puniria pela insolência. A torturando, passava vagarosamente a ponta do membro por toda a extensão da vagina, parando algumas vezes próximo ao períneo. Em uma concentração quente e sensual, cada toque, cada beijo ou a maneira que a fazia revirar os olhos e implorar para que a tomasse como sua, naquele momento, o enlouqueciam mais.
Sem aviso, a penetrou, entrando o mais fundo que podia com as estocadas. Snape pulsava dentro de Narcissa, a segurando como se fosse uma boneca e impulsionando o corpo para frente, tendo como resposta um perfeito O se formando nos lábios femininos. Se via extasiado com aquilo... aumentando o ritmo que a penetrava e sincronizando a agitação dos corpos, aquela seria a plenitude. Nunca permitiria que fosse embora do Spinner`s End depois de ter se entregue daquele modo.
Finalmente, após ela ter se agarrado ao seu pescoço enquanto gozava, desabaram na cama. Um olhando dentro dos olhos do outro, com as respirações difíceis, se perguntavam se tudo seria perfeito se fosse daquela forma... porém, os seus planos imediatos foram interrompidos com a entrada de Andromeda na residência.
- Severus? Severus? Você está em casa? É urgente... a Bella entrou em trabalho de parto e, o Lord das Trevas, exige a sua presença com urgência – o chamou, com a voz alta no andar inferior, expressando toda a ansiedade que lhe dominava o coração.
