A Luz

Por Jill

Tradução por Nanna

Esta foi a primeira fanfic que eu escrevi. Foi há muito tempo, e temo que não seja muito boa. Eu a escrevi como um presente de aniversário para minha amiga Anne, que estava completamente deprimida depois de 'Metamorfose II' ('Becoming II') e do começo da terceira temporada. Eu não queria publicá-la, mas Anne me convenceu que ela merecia uma chance. Claro, não é a mesma que era quando a escrevi, porque refiz algumas partes. Então talvez esteja melhor do que era no começo.

Dedicatória: Para Anne.

Nota da Autora: Considere que Angel não perdeu exatamente sua alma, mas que o demônio assumiu o controle em 'Surpresa' ('Surprise').

CAPÍTULO XXIX

Quando Buffy acordou na manhã seguinte, Angel ainda estava dormindo a seu lado. O sol estava brilhando em seu rosto, e a caçadora fiscou maravilhada com a visão. Ele era tão lindo para ela, por dentro e por fora. Sorrindo, ela ergueu a mão, e fitou sua aliança de noivado.

Depois de terem deixado o Bronze, eles tinham ido ver a mãe dela, que estava sorrindo o tempo todo. Buffy ainda mal podia acreditar que mudança brusca sua mãe tivera em relação a Angel. Depois de ser persona non grata, ele era agora quase o oposto.

Ela se assustou um pouco quando a mão de Angel tomou a dela. Olhando-o, viu-o sorrir, e então puxando-lhe a mão para a boca e beijando o anel. "Bom dia", sussurrou ele.

"Bom dia pra você. Dormiu bem?"

"O curto tempo no qual dormimos de verdade", ele sorriu.

"Você é safado, Angel. Alguém já te contou isto?"

"Você acha?" Ele retrucou erguendo uma sobrancelha. "Quer saber?" Ele continuou, mudando de assunto. "Estou morrendo de fome, mas não tenho certeza se estamos com a geladeira cheia".

"Sugestão", ela rolou da cama e procurou por uma das camisas dele. "Vou tomar um banho, e então vamos ver Giles. Ele sempre está bem equipado, e ainda não contamos a ele".

"Tudo bem", ele suspirou, também saindo da cama. "Vamos tomar banho".

"Eu não te chamei", provocou-a ela.

"Droga", ele disse, sorrindo.

"Mas você pode vir mesmo assim".


Giles, é claro, não estava em casa; então, o próximo melhor palpite foi a biblioteca, onde eles encontraram-no mergulhado em um livro.

"Você precisa mesmo de uma vida", Buffy censurou-o gentilmente quando ela e Angel entraram na biblioteca. "É um dia maravilhoso e ensolarado, estamos de férias e você está sentado aqui, com a cabeça enterrada num livro. Tem algo além de demônios em sua vida?"

"É assim que nós, ingleses rígidos, passamos nosso tempo", ele replicou sarcasticamente. "O que os traz para um lugar cheio de livros como este, Buffy? Quero dizer, eu sei que Angel lê muito, mas..." Ele parou, mandando um olhar feio a ela.

"Para que você saiba, eu li um monte de poemas recentemente", ela disse altivamente.

"E eu tenho algumas idéias do porquê", Giles espiou Angel, que estava sorrindo. "Então, o que os traz aqui?"

"Humm..." Buffy sentiu-se repentinamente incerta. Giles tinha tornado-se uma grande parte de sua vida e, de algum modo, ela sentia-se mal por não contar mais cedo a ele. Que estranho, pensou ela. Não sentira a mínima vontade de contar ao próprio pai...

"Giles", Angel tomou a mão da loira, "Buffy e eu estamos noivos".

"Vocês estão..." O sentinela teve que limpar a garganta. "Meu... Estas é que são notícias".

"É", concordou a caçadora, sorrindo timidamente.

"Parabéns", Giles estendeu a mão para Angel, e então puxou Buffy para um abraço de urso. "Pela expressão de seus olhos, eu diria que você está muito feliz".

"Eu estou", replicou ela.

"Estão planejando casar-se logo?"

"Não", Angel sacudiu a cabeça, sentou-se e puxou a noiva para o colo.

"Angel falou com minha mãe antes", ela mandou a ele um olhar de zombaria, mas também de amor, "e ela só disse sim depois que ele assegurou a ela que não planejava se casar comigo antes que eu terminasse a faculdade".

"Bom ouvir", ele deu a Angel um olhar de aprovação. "Tudo bem, depois de me dar as notícias, o que vocês planejam fazer nesse dia maravilhoso?"

"Nada especial", replicou a caçadora, "e você? Algo especial pelo qual você está passando o dia dentro de casa?"

"Estava pesquisando. Nada definitivo", ele moveu-se desconfortavelmente em sua cadeira, sem querer desfazer o bom humor. Suspirando, disse, "Estava lendo sobre Spike". Quando ouviu a caçadora ofegar, ele sacudiu a cabeça. "Não existem sinais de que ele esteja de volta. Mas eu achei que devíamos estar preparados". Seus olhos vagaram até Angel. "Suponho que você saiba mais sobre ele que qualquer manual do sentinela".

"Eu não sei. Claro que contarei a você tudo o que sei. Mas tudo acaba mais ou menos na época em que recuperei minha alma. Nossos caminhos se separaram pouco depois. Angelus não era muito fã de Spike e eu... bem, francamente, ele é na verdade o descendente mais irritante que eu já fiz, se não o vampiro mais irritante".

"Eu não sei se isto é supostamente para nos fazer sentir melhor", Giles recostou-se. "Eu li sobre ele assassinando duas caçadoras".

"Já sabíamos disso", Buffy deu a ele um olhar irritado. "Lembre-se, quando ele apareceu pela primeira vez em Sunnydale você me contou".

"Eu sei", seu sentinela concordou. "Mas não sei quase nada sobre como isto aconteceu".

"Nem eu", replicou Angel. "Na primeira vez, apenas Dru estava presente; eu já tinha recuperado minha alma e estava... bem, não mais confortável na companhia deles. E na segunda vez, eu nem estava perto. Ele... gostava de se gabar... mas nunca revelou muitos detalhes sobre os assassinatos. E Dru não estava... nunca esteve... em posição de me contar". Ele engoliu em seco, desconfortável, não gostando de mencionar a insana vampira que agora estava sofrendo na dimensão demoníaca. Buffy sentiu a tensão nele e apertou sua mão, e então beijou-o gentilmente na bochecha.

Ele apertou a mão dela em retorno. "Continuando. Então acho que não há muito que eu possa contar. Se você quiser saber sobre o caráter dele, contudo... ele é mau, mas, ao contrário de outros vampiros, de algum jeito ele manteve um ponto fraco por Dru. E era muito mais que um elo criador-criatura. Ele a amava... bem, tanto quando um vampiro pode amar... mas, por mais amplo que isto fosse, ele amava-a de verdade. E eu sei que ele ficou devastado quando eu tive que mandá-la para o inferno".

"Esta é a razão pela qual estou certo que ele voltará", Giles suspirou e se levantou, desaparecendo em seu escritório, mas voltou um minuto mais tarde carregando um de seus diários do sentinela particulares. Um daqueles que ele nunca permitira que a caçadora lesse. Não queria que ela soubesse sobre as horríveis mortes que suas companheiras caçadoras tinham encarado através dos séculos. Algumas das coisas eram além de qualquer imaginação humana. Era suficiente para que ele tivesse pesadelos o tempo todo. Por isto, ele estava confortado pelo fato de que Angel estava constantemente ao lado dela.

"Este sentinela", Giles passou o livro para o ex-vampiro, "escreve sobre a morte de sua caçadora em algum tempo durante a Revolução dos Boxer. Spike matou-a com muita facilidade. Spike parece ser muito... imaginativo... quando se trata de assassinatos".

"Ele com certeza tem seus momentos", Angel disse sarcasticamente, sem abrir o livro. Não queria ler o conteúdo deste, não queria ser lembrado de que a mulher que ele amava era mortal. A idéia de que ela podia ser machucada, ou pior, era algo no que ele não queria pensar. Seus olhos capturaram os de Giles, e os dois homens trocaram um olhar de entendimento. Ambos se assegurariam de que a garota que ambos amavam, um como namorado, outro como pai, ficaria a salvo.


Buffy estava deitada na cama, ao lado de Angel, naquela mesma noite, quando, de repente, ouviu um ruído à porta. Ela levantou-se, abriu-a e ofegou. Lá estava Drusilla de pé bem diante dela. "Não, você está morta!" Ela sussurrou, incapaz de acreditar em seus olhos.

"Eu pareço morta?" Sussurrou a vampira louca. "Acho que não".

"M-mas... mas eu a vi sendo sugada para o inferno!"

"Agora", Drusilla curvou a cabeça, um sorriso maligno brincando em seus lábios, "você obviamente estava errada". Conteve Buffy com seus olhos. A caçadora ficou congelada no lugar, seus olhos arregalando de choque quando viu Angel mexer-se na cama. Ela podia assistir o que estava acontecendo, mas estava incapaz de se mexer. "Isto é perfeito", a vampira umedeceu os lábios. "Meu Angel".

Ela fez aparecer uma arma que tinha escondido atrás de suas costas e, sem aviso, atirou bem no peito de Angel. Rindo malignamente, ela estalou os dedos, para libertar Buffy do encanto que a tinha congelado no lugar, e deixou o apartamento.

Com um passo a caçadora estava na cama, suas mãos buscando pelos ferimentos no peito de Angel. Ele estava deitado, olhos vidrados pela repentina perda de sangue, a vida lentamente deslizando dele. "Angel!" Soluçou ela, agarrando o corpo dele contra o seu.

"Buffy", sussurrou ele. "Eu te amo". E então seus olhos se fecharam.

"Não!" Gritou ela, pegando o telefone freneticamente. "Angel, por favor, segure-se, segure-se. Você tem que viver por mim!" Mas ela podia sentir, a respiração dele estava difícil, a pulsação fraca. "NÃO!" Ela gritou escuridão adentro.


CAPÍTULO XXX

"Buffy!" A voz de Angel lentamente invadiu a mente da caçadora. Ela estava agarrando-se desesperadamente a ele, soluçando incontrolavelmente. "Buffy, amor, por favor acorde. Buffy!" Ele gentilmente sacudiu-a em seus braços.

"Angel?" Sussurrou ela, apenas então ousando abrir os olhos. "Ah, Deus, Angel! Ela te matou! E-ela t-tinha uma arma e te m-matou", soluçou ela, o corpo todo tremendo como uma folha, um braço ainda desesperadamente esticado para o telefone na mesa de cabeceira.

"Shhhh..." Fez ele enquanto embalava-a em seus braços como a uma criancinha. "Tudo está bem. Eu estou ótimo. Foi só um sonho, só um sonho".

"Mas... mas foi tão real!" Insistiu ela, sem soltá-lo.

Ele esticou-se por sobre a figura trêmula dela e acendeu a luz. "Veja", disse finalmente, afastando-se dela, "eu estou aqui. Buffy, amor, olhe para mim".

Lentamente, seus olhos castanhos se abriram. O coração dele comprimiu-se dolorosamente em seu peito ao horror que viu dentro deles. Mas, assim que ela foi capaz de concentrar-se nele, o alívio dentro deles foi quase palpável. "Angel!" Gritou ela, e abraçou-o pelo pescoço de novo.

"O que você sonhou? Quem tinha uma arma e estava atirando em mim?"

"Era Drusilla. Ela... ela estava bem na frente da porta. Eu a abri e aí..." Outro soluço percorreu o corpo dela, "ela me congelou com os olhos... sabe, como ela fez com Giles... e tudo o que pude fazer foi ver. Ela produziu uma... uma arma e... a-atirou em você. Meu Deus!" Outra vez ela colou-se a ele, segurando-o com toda a força. "Foi como aquela vez que eu sonhei que ela estava te matando e, como resultado, você perdeu a alma".

"Não vou perder a alma desta vez", ele respondeu calmamente.

"Eu sei, mas este sonho também era profético, eu sei!"

"Buffy", ele a segurou pelos ombros, "eu mandei Drusilla para a dimensão demoníaca. Não tem como ela voltar".

"Tem certeza?" Ela perguntou, nada convencida. "Mas..."

"Nada de 'mas'", ele disse com firmeza. "Drusilla não vai voltar. Spike pode, mas com certeza não a companheira dela. Por favor, amor, acalme-se. Você vai ficar doente assim".

"Promete que vai ficar comigo para sempre?"

"Sempre", ele assegurou a ela, e a abraçou até que ela dormiu em seus braços.

CAPÍTULO XXXI

Buffy ficou abaladíssima depois do sonho, mas, quando até mesmo Giles assegurou a ela que não tinha como Drusilla ser capaz de voltar de onde Angel tinha-a mandado, ela se sentiu bem melhor.

Isso, aliado ao fato de que as semanas seguintes passaram e nada espetacular aconteceu. Ela e Angel deram cabo de alguns vampiros, mas, para variar, não houve profecias, nem demônios extraordinários, e Spike não voltou, afinal. Eles estavam quase convencidos de que ele tinha deixado a Boca do Inferno de vez.

A escola começou de novo, e a vida estava quase de volta ao normal.

Quase.

Apesar de tudo parecer bem e tranqüilo, nenhum deles conseguiu sacudir a sensação de que algo estava para vir. Então, Giles convocou-os a todos para os livros, a fim de pesquisar. De algum modo, ele não podia deixar passar o pressentimento de que tinha deixado algo escapar.

Enquanto os outros estavam lendo, Buffy apenas sentava-se à mesa, olhando o nada.

"Ei..." A voz suave de Angel, vinda detrás dela, assustou-a.

"Ei...", ela respirou fundo.

"Desculpe, eu não quis assustá-la".

"Tudo bem", ela assegurou a ele. "Só estava pensando".

"Pode me contar!" Ele provocou-a gentilmente.

"Ei, está tentando fazer piada de mim?" Ela perguntou, brincando.

"Claro, você sabe que eu sempre estou".

"Deus, vocês não podem parar nem uma vez?" Cordélia virou os olhos de irritação. "Vocês quase vivem juntos. Isso já não é o suficiente?"

"Não", Buffy e Angel responderam simultaneamente, e então desataram a rir. A tensão que fora palpável na biblioteca desapareceu instantaneamente. Eles estavam quase relaxados, quando Willow empalideceu repentinamente atrás de seu computador.

"Hum... gente?" Ela mordiscou o lábio inferior, olhando para seus amigos com indisfarçável preocupação nos olhos.

"O quê?" Giles virou-se para ela e observou-a em expectativa.

"Achei algo aqui e não tenho certeza completa de que vocês possam gostar".

"O que quer que seja, conte-nos", Buffy tomou a mão de Angel na sua, fortalecendo-se para as más notícias que ela sabia que iam vir.

"Este artigo aqui descreve um jeito de tirar uma pessoa, um demônio, de uma dimensão demoníaca. Diz que precisa de um presente de amor e um encanto e..." Ela engoliu e então continuou, "... e o pai da pessoa, que terá que sacrificar a vida durante o ritual".

"Nada para se preocupar, então", Buffy suspirou de alívio. "Quer dizer, o pai de Drusilla está morto há... o quê?" Ela olhou para seus amigos, que estavam olhando para... não para ela. E então ela soube. "Deus, não!" Ela sacudiu a cabeça enfaticamente. "Não, isto não vai acontecer", ela disse com firmeza. "Nunquinha".

"Claro que não vai acontecer, vamos cuidar para que, o quer que aconteça, nada chegue perto de Angel", Giles foi o próximo a se recuperar do choque da descoberta.

"Angel?" O olhar preocupado da caçadora estava voltado para seu noivo. "Você lembra do sonho, certo?" Foi tudo o que ela disse.

"Lembro", ele jurou a ela, e então puxou-a para seu abraço, "mas prometo que não vou te deixar".

"Eu te amo. Não posso te perder, entendeu?" Ela resmungou contra o peito dele.

"Nada vai acontecer", ele disse com firmeza, e olhou ao redor, olhando no rosto de cada um.

"Nada", concordaram cinco vozes.

"E não esqueça de mim", uma sexta voz veio da porta. "Vim para ter certeza também".

CAPÍTULO XXXII

"Kendra!" Buffy ofegou de surpresa.

"Olá!" A caçadora exótica cumprimentou o grupo. Quando seus olhos caíram sobre Angel, ela ergueu uma sobrancelha. "Já soube da novidade", ela disse abordando o ex-vampiro, "e, pelo que vejo, ela é verdadeira. Você agora é humano".

"Eu sou", ele respondeu com um aceno. "Bom te ver. Parece que você sempre aparece em situações de emergência".

"É porque eu sou a melhor", ela sorriu para Buffy ao dizer isso, e a caçadora loira sorriu de volta. "Meu sentinela me disse que um indizível mal vai vir para Sunnydale".

"Não são grandes notícias", Xander voltou sua atenção para sua namorada e para o pacote de batatas chips que estava comendo. "Mal é nosso trabalho diário".

Kendra arqueou uma sobrancelha a isto, enquanto Buffy sacudia a cabeça e ria. "Apenas ignore-o. O que seu sentinela disse?"

"Bem, eu... estava lutando com dois vampiros, e um deles disse algo sobre... esse Spike... buscando vingança porque Angelus tinha matado sua... namorada?" Ela hesitou um pouco antes de dizer a última palavra. A idéia de vampiros tendo um relacionamento emotivo era estranha demais para ela.

"Eu a mandei para uma dimensão demoníaca", Angel contribuiu com esta pequena informação, a voz baixa e contida. Fora há meses, mas estava claro que ele levaria um tempo até superar tudo que dissesse respeito a Drusilla, se é que superaria.

"E aí seu sentinela mandou-a para cá?" Giles observou a jovem que devia ser o sonho de qualquer sentinela. Ele tinha reclamado muito sobre o comportamento estranho de Buffy, mas ter conhecido Kendra tinha mudado suas perspectivas. A caçadora loira não era tão ruim assim. Não, não tão ruim.

"Hum..." A segunda caçadora pareceu um pouco desconfortável àquela pergunta, e então suspirou. "Bem, eu... o convenci que era necessária aqui".

Buffy fixou-a com olhos imensos. "Você não está dizendo que... desobedeceu seu sentinela?"

"Não!" Kendra protestou rapidamente, e então baixou os olhos. "Nós... Nós tivemos uma briga, mas no fim eu pude convencê-lo do meu ponto de vista".

"Meu Deus!" A caçadora loira sorriu e trocou um olhar divertido com Angel. "Talvez você não esteja completamente perdida!"

"Uma briga com seu sentinela?" Cordélia ergueu os olhos de sua lixa de unhas. "Ora, ora... Aposto que isso não está escrito no Manual da Caçadora".

"Parem!" Willow ergueu uma mão. "Não vêem que estão deixando-a embaraçada?" Ela apontou para a caçadora de cabelos escuros, cujo rosto estava da cor de um tomate.

"Bem..." Giles limpou a garganta. "Esse vampiro, Kendra, o qual estava falando sobre Spike. Ele... Ele falou algo mais?"

"Hum, não..." A caçadora morena também teve que pigarrear. Ela sentia-se profundamente desconfortável com seu comportamento com seu sentinela. Tinha sido criada para ser uma caçadora. Tinha passado anos estudando o Manual da Caçadora, Diários do Sentinela e coisas mais. E agora, ela tinha agido contrário a tudo que tinha acreditado verdadeiro. "Eu... ahn... geralmente eu não falo com os vampiros. Eu só os mato".

"Uh-huh", Buffy sorriu. "Nada de bate-papo com os pobres vampiros". Recebendo um olhar reprovador de Giles, ela logo baixou os olhos. Quando ergueu o olhar de novo, seus olhos estavam sombros. "Então sabemos que Spike quer voltar a Sunnydale. Não são novidades". Vendo o olhar magoado nos olhos de Kendra, ela esticou a mão e apertou a de Kendra. "Mas é tão bom que você esteja aqui. Vantagem numérica".

"Buffy, não sou exatamente inútil", Angel disse gentilmente, tomando a mão livre dela na sua.

"Você é humano agora", Kendra declarou.

"Ele é, mas ainda pode dar uma surra nos demônios", Buffy retrucou orgulhosamente.

"Ahn?" A outra caçadora estava perdida.

"Quando ele virou humano, manteve toda a força e coisas assim". Cordélia explicou. Estava mais que entendiada. Então Spike estava a caminho de Sunnydale, grande coisa! Eles tinham cuidado dele antes, e fariam isso de novo. Com um suspiro, voltou-se para inspecionar suas unhas. Elas sofriam com a caçada aos demônios.

"Ele manteve a força?" Kendra questionou incredulamente.

"Sim", confirmou Giles. "É mesmo extraordinário. Eu tentei encontrar algo sobre isso nos livros, nas profecias, mas... Talvez eu possa discutir isso com seu sentinela, um dia".

"Claro!" A caçadora de cabelos escuros sorriu. "Tenho certeza de que ele ficará feliz".

"Hum... Giles?" Buffy interrompeu-os. "Concentrem-se, por favor! Spike está voltando a Sunnydale logo. Precisamos de uma estratégia, porque eu tenho certeza que ele não vai voltar sozinho".

"Ele pode não voltar", o sentinela concordou. "Mas ainda não sabemos se ele sabe sobre o ritual para recuperar Drusilla".

"Não, não sabemos, mas não vou tomar chances com Angel", a loira retrucou apertando a mão de seu amado quase dolorosamente. Eles trocaram um olhar, e ele puxou-a para si.

"E lá vão os amassos em público!" Xander virou os olhos. "Talvez devíamos instalar um quarto privativo em algum lugar..." Ele parou quando viu os outros encarando-o. "O quê? Não acham que isso é algo a ser feito em casa? E tenho muita certeza de que eles estão fazendo isso com freqüência", ele sorriu maliciosamente.

"Xander, você é um babaca!" Willow deu um tapa na cabeça dele, o que fez urrar de dor. "E não seja criança, eu mal te toquei. Não pode ver o problema aqui? Spike vai voltar e não vai bater um papinho com seu ascendente. Ele vai voltar querendo sangue", ela fez uma pausa e franziu a testa. "Ou é poeira? Ah, bem..." Ela se interrompeu e deu um olhar de desculpas ao casal. "Lamento, não é o melhor assunto nesse momento".

"Não", concordou Buffy.

"Eu digo para irmos para casa agora", sugeriu Angel, acarinhando os cabelos de Buffy. "Devemos dormir e conversar mais um pouco amanhã. O que acham?" Quando todos concordaram, ele prosseguiu, "E você, Kendra? Onde vai ficar?"

"Ahn, eu..." Ela gaguejou.

"Você pode vir ficar conosco. Tenho um novo apartamento agora, com um quarto de hóspedes", ele sorriu para ela.

"Ou pode ficar comigo", sugeriu Giles. "Podemos discutir algumas coisas".

"É, fique com Giles", Buffy sorriu para sua irmã de caçada. "Ele precisa disso. Só tem adolescentes idiotas por aqui".

Gargalhando, o grupo deixou a biblioteca, e nenhum deles viu a figura seguindo-os nas sombras.

CAPÍTULO XXXIII

"Então você os viu?" Spike estreitou os olhos ao capanga ajoelhado diante dele. A ex-garota estava tremendo dos pés à cabeça. Se ainda fosse humana, estaria suando frio de medo.

"S-sim", gaguejou ela. Seu mestre era mais alto que ela, e não parecia feliz. Ela tinha experimentado desde o começo o que podia acontecer se ele ficasse furioso.

"E você ainda insiste que Angelus não é mais um vampiro?" Spike cruzou os ombros diante do peito e apoiou-se na parede atrás de si. Era bom ter os soldados arrastando-se diante dele.

"Eu ouvi o coração dele batendo. E eu vi uma menina de cabelos escuros. Não tenho muita experiência, mas a aura dela me disse que ela é uma caçadora também".

"Kendra", o vampiro loiro oxigenado sibilou e deu de costas a ela, perambulando por seu lar. Duas caçadoras e seu maldito ascendente. Agora humano, provavelmente fraco, então. Mas ainda havia duas caçadoras, e ele podia lembrar-se de seu último confronto com elas. No fim, acabara em uma cadeira de rodas... Não, não precisava disso. Não podia suportar a perda de tempo. Havia muito em risco.

"Ela provavelmente veio para proteger Angelus", veio outra voz de trás. Spike olhou ao redor, para encarar um de seus comandados. Tinha conseguido cercar-se com muitos deles, alguns deles devido ao fato de que ele estivera ocupado para criar descendentes. Ao contrário de comandados, estes eram leais - pelo menos por alguns anos - e tinham escrúpulos para matar seus criadores. "Parece que eles nos esperam", o capanga falou de novo.

"Provavelmente", rosnou seu mestre. "Eles seriam idiotas se não me esperassem. E eles podem ser muitas coisas, mas, infelizmente, idiotas não é uma delas".


"Angel?" Buffy sussurrou na escuridão de seu quarto. Engraçado, pensou ela. Ela rapidamente viera a pensar naquele como o quarto deles. Mas aí, eles estavam noivos, então...

Buffy sussurrou na escuridão de seu quarto. , pensou ela. Ela rapidamente viera a pensar naquele como o quarto . Mas aí, eles estavam noivos, então...

"Sim?" Ele sussurrou, interrompendo seus pensamentos.

"Fico feliz por Kendra estar aqui", disse ela, acariciando seu peito gentilmente. "Eu sei que você pode se cuidar, mas... mas eu..."

"Eu sei", ele respondeu docilmente e puxou-a para perto. "Eu posso entendê-la. E, se ajuda, também não gosto da idéia de terminar como cordeiro de sacrifício de Spike para ter Dru de volta de onde ela queria ir tão desesperadamente". Ele tinha dito aquele para tornar o clima mais leve, mas um soluço abafado em seu peito, escapando da garganta dela, disse-lhe que ele não atingira sua meta. "Buffy..." Ele forçou gentilmente que ela o olhasse, enquanto a outra mão acendia o abajur na mesa de cabeceira. "Por favor, pare com isso. Vai ficar doente de preocupação. Nem sabemos se Spike está aqui ou se é que ele vem".

"Ele vai vir", ela respondeu fungando. "Ele te odeia. Tentou sacrificá-lo antes, e isso foi antes de você mandar a louca da namorada dele para a dimensão demoníaca. Agora eu acho que nada vai impedi-lo de tentar".

"Tentar é a palavra-chave", ele lembrou-a. "E nunca se esqueça disso. Ele pode tentar, mas nós vamos nos assegurar que ele não consiga".

"Promete?"

"Prometo", ele disse e fechou sua boca sobre a dela.


Promessa ou não, nos dias seguintes Buffy assegurou-se de que ou ela ou Kendra estivessem com Angel o tempo todo. Depois de um tempo, o ex-vampiro sentiu-se como uma celebridade acompanhado por seu segurança particular. E, por mais divertido que fosse os tempos com Buffy, as horas com Kendra lembravam-o do porquê de seu demônio não ser grande fã de caçadoras. Claro, não era culpa da garota, mas, por culpa de sua criação, de ser afastada de tudo o mais e focada em ser uma caçadora, ela não era uma pessoa agradável com quem conversar.

Ele decidiu que estava sendo injusto. Ela podia falar sobre uma coisa: a caçada. Ele especulou se havia alguém no mundo que soubesse mais sobre o Manual da Caçadora, se ela podia vencer Giles com todo o conhecimento sobre profecias que estavam armazenadas em sua cabeça. Por mais eficiente que isso pudesse ser, em certo ponto Angel não pôde deixar de sentir dó dela e amaldiçoar o Conselho de Sentinelas que tinha concordado - até mesmo estimulado - com essa provação.

Mas, por toda pena que ele sentia, estava feliz por esta noite ele e Kendra estarem na casa de Buffy, com Joyce a fazer-lhes companhia enquanto Buffy estava fora, caçando com Willow e Xander.

"Alguém com fome?" Joyce inquiriu com um sorriso.

"Não, obrgada, sra. Summers", Kendra repetiu educadamente.

"Eu lhe disse para me chamar de Joyce", lembrou a mãe de Buffy. "Então, por favor, fique à vontade".

A caçadora morena corou de leve, mas sacudiu a cabeça em negativa. "Não posso fazer isso, sra. Summers. Não sinto que isso seja certo".

Joyce suspirou e encarou Angel, que deu de ombros. "E você?"

"Não", ele respondeu. "Nervoso demais. Não posso comer enquanto ela está lá fora, sozinha. Ainda não posso acreditar que deixei-a convencer-me disso. Isso é ridículo", ele admitiu finalmente, correndo uma mão por seu cabelo e levantando-se.

A sra. Summers teve que sorrir a esta atitude. Ele era tão fofo assim, e ela estava feliz por ele amar de verdade sua filha. Talvez era estranho uma mãe aprovar tal relacionamento, dado o fato que sua filha ainda era menor, e o namorado - não, o noivo - era um ex-vampiro de mais de duzentos anos, mas ela não podia deixar de pensar que eles eram perfeitos um para o outro.

"Ela deveria ter voltado por agora", a voz de Angel irrompeu em seus pensamentos. Ele estava de pé, olhando a noite, suas costas voltadas às mulheres. "Preciso saber que ela está bem", ele anunciou de repente, e dirigiu-se à porta, agarrando a jaqueta no caminho.

Kendra estava de pé a seu lado em um instante. "Não", ela agarrou seu braço e o impediu. "Você não vai. Eu prometi a Buffy que ficaria de olho em você, e que ficaríamos aqui".

"Solte-me", ele estreitou os olhos para ela, com um definitivo aviso na voz.

"Não", repetiu ela.

"Eu não quero machucá-la", ele avisou-a.

Um leve sorriso brincava nos lábios dela. "Você não o fará", ela disse. "Além disso, talvez lembre de nossa última briga. Você acabou em uma jaula, trancado e tudo".

Ele ergueu uma sobrancelha, mas também teve de sorrir. "É seu jeito de me dizer que não vai me deixar ir, não importa o quê?"

"Exatamente!" Agora ela sorria. Nossa, pensou ele. Assim, ela era quase bonitinha.

Suspirando, ele recolocou o casaco de volta na cadeira onde estivera e estava a caminho da sala quando, de repente, algo veio voando pela janela, destroçando-a no processo. Joyce gritou mais de surpresa do que de choque quando Angel já estava a caminho de apanhar o objeto: era uma pedra, com um pedaço de papel envolvido nela.

Uma sensação de enjôo entrou imediatamente em seu estômago e, com dedos trêmulos, ele abriu a nota. Às primeiras palavras, seu rosto perdeu a cor que ganhara recentemente, e ele teve que agarrar uma cadeira para se equilibrar.

"Angel?" A voz de Joyce soou distante.

"O que é?" Kendra exigiu.

"Eles a têm. Ele a tem", ele corrigiu. "Spike levou Buffy. Eu sabia. Deus!" Jogando o papel num canto, ele correu e pegou seu casaco de novo. "Eu deveria estar com ela".

"Angel, espere!" Kendra veio por trás dele, a nota firme em sua mão. "Isso", ela estendeu-a para ele, "grita 'armadilha'".

"Talvez", admitiu ele, "mas isso não muda o fato de que Spike está com Buffy. E o que quer que aconteça, eu não deixarei que ele a machuque".

"Angel..." A caçadora morena tocou seu braço. "Precisamos falar com o sr. Giles, precisamos de uma estratégia..."

Ela foi interrompida pela explosão furiosa. "Uma estratégia!" Ele gritou. "Spike capturou Buffy. Ele me quer em troca. E ponto final. Kendra, eu sei que você quer ajudar, e é livre para ir ver Giles, mas eu vou até lá e a resgatarei. Não vou arriscar a vida dela. Você não conhece Spike. Ele é um vampiro mau, e você não faz idéia do que ele é capaz". Ele a encarou por um longo momento. "Assim, vai comigo ou não?"

Depois de um segundo, ela concordou e agarrou duas estacas. "Certo, vamos".

Abrindo a porta para ela, Angel seguiu-a, mas virou-se para ver Joyce. "Não se preocupe. Vou trazê-la de volta. Prometo". Fechando a porta, ele esperou ser capaz de cumprir o que prometia.

CAPÍTULO XXXIV

Rupert Giles sempre ia para a cama com a esperança de ver Jenny outra vez. Desde que ela lhe aparecera, depois de Angel recuperar a alma, ela o visitava regularmente, e o sentinela via-se antecipando seus sonhos, onde se reunia com a mulher que amava. Sabia que eram apenas sonhos, e que Jenny - mesmo como um fantasma - não era real, mas era reconfortante saber que ela, onde quer que estivesse, não estava sofrendo. E ele amava as conversas que tinham durante seu sono.

Assim, ele estava meio desorientado quando foi arrancado de seu cochilo pelas batidas fortes em sua porta. Coçando os olhos, ele acendeu a luz em sua mesa de cabeceira e colocou os óculos. Piscou quando viu o relógio: era pouco mais de meia-noite. Até logo, doces sonhos.

Com um pesado suspiro, ele levantou-se e desceu descalço as escadas, apertando o robe ao redor de si no caminho. Na porta as batidas não queriam parar. "O quê?" Ele sibilou irritado quando abriu a porta, para ficar cara a cara com alguém que ele nunca esperara ver ali, e certamente não no meio da noite.

"Sr. Giles!" Joyce tentou recuperar o fôlego. Fora correndo ao carro, viera correndo do carro. O medo que engulhava suas entranhas não ajudava.

"Sra. Summers?" Ele piscou de novo para limpar a mente, e então instantaneamente deixou-a entrar. "Entre, entre".

Depois de ele fechar a porta, ela esticou-lhe um pedaço de papel. "Acho que o senhor deve ler isto". E, quando ele tomou-o dela e começou a ler, ela continuou, "Angel recebeu-o esta noite. Como sabe, Buffy estava em patrulha com Willow e Xander quando recebemos isto. Ele e Kendra saíram imediatamente. Isso foi há meia hora. Do que eu pude ler, pode ser uma boa idéia prover uma retaguarda para eles".

Quando ele tentou interrompê-la, ela levantou a mão. "Eu sei que eles dois e minha filha têm algum tipo de superpoderes, mas não posso ficar inútil enquanto ela encara isso", ela apontou o papel e olhou esperançosamente nos olhos do sentinela.

"Então Spike tem Buffy, Willow e Xander", Giles atirou o papel numa mesinha e foi a seu armário pessoal de armas. Ele ouviu Joyce ofegar quando ele o abriu, e ela teve uma visão livre das estacas, lanças e machados escondidos ali. "Sei que parece... bem... impressionante", ele disse com um leve sorriso. "Enquanto eu reúno as armas, poderia telefonar para Cordélia e Oz?" E aí ele sacudiu a cabeça. "Não, Oz não", e suspirou. "É lua cheia, e como ele é um lobisomem... que seja. Esqueça o telefone", ele virou-se mostrando dois machados e uma lança. "Acho que estamos prontos".

Joyce ergueu uma sobrancelha. "Acha?" Ela retrucou olhando claramente para seu pijama.

Giles sacudiu a cabeça. "Não acho que Spike vá se interessar se eu visto um paletó adequado enquanto atiro nele". E, com isso, ele abriu a porta, e Joyce seguiu-o noite adentro.


Kendra e Angel quase correram à mansão. Quem diria que Spike escolheria-a de novo como quartel-general... Mas isso era lógico - ele conhecia o lugar, embora Angel esperara que ele não se interessaria pelas lembranças de Drusilla e do alter ego malvado do ascendente dela. Mas aí, Spike era um vampiro, e Angel sabia com propriedade o quão distorcida a mente de um vampiro podia ser.

"Sei que esse Spike é seu descendente", Kendra finalmente desfez o silêncio.

"O quê!" O ex-vampiro olhou-a furiosamente por um momento e então confirmou. "Sim, é. Drusilla o fez para parceiro de brincadeira, achava-o engraçado, e eu... meu alter ego mau... estava tão irritado com ela que concordei. Então, tecnicamente, ela o fez, mas fui eu quem o ensinou tudo que ele tinha que saber para sobreviver como um vampiro".

"Isso é certamente uma vantagem".

"Para ele ou para a gente?" Angel perguntou sem desacelerar por um minuto.

"Entendido", ela retrucou com um suspiro. "Ele também lhe conhece".

"Ele conhece", o ex-vampiro disse amargamente. "Eu sou responsável por ele. E agora ele tem Buffy. Deus, fomos tão estúpidos! Por que não antevimos o que ele iria fazer? É tão típico dele usá-la como isca... Agora fique quieta. A audição de um vampiro, sabe...".

Tinham chegado à mansão, e colaram-se à parede, descendo os degraus ao jardim. Não havia luz a ser vista dentro. Angel e Kendra trocaram um olhar, e ele fez um gesto para ela ficar do lado de fora, protegendo a retaguarda dele. Um aceno dela lhe assegurou que ela entendera, e imediatamente ela retraiu-se no meio das sombras.

Às vezes, ele tinha que admitir, não era tão ruim quando outra pessoa obedecia ordens. Com Buffy, levaria horas de inúteis discussões sobre quem iria arriscar a vida ou não. Angel teve que sorrir à idéia, mas ficou instantaneamente séria quando abriu a porta lentamente.


"Você se sente terrivelmente bem, não é?" Buffy há muito tinha parado de lutar contra as correntes. Ela ainda lembrava, do último encontro deles. Ele era um mestre na arte de algemar alguém. Ecaaaa! Pensamento ruim, imagem perturbadora. Ela teve de estremecer de leve.

Buffy há muito tinha parado de lutar contra as correntes. Ela ainda lembrava, do último encontro deles. Ele era um mestre na arte de algemar alguém. ! Pensamento ruim, imagem perturbadora. Ela teve de estremecer de leve.

"Na verdade não", ele devolveu enquanto andava de um lado para o outro, diante dos dois humanos e da caçadora que tinha capturado, e que agora estavam acorrentados à parede da mansão. "Mas vai ficar melhor assim que seu amado Angel aparecer".

"Então..." Veio uma voz da porta. "... você deve estar se sentindo muito bem".

"ANGEL!" Gritou Buffy. "Vá embora! Isso é uma armadilha!"

"Claro que é", o ex-vampiro deu a ela um sorriso de segurança, enquanto entrava mais na mansão. Suas mãos estavam enfiados nos bolsos de seu casaco, a voz controlada, a expressão de seus olhos calma. Ele sacudiu a cabeça e sorriu de leve. "Spike, Spike, Spike. Não vai aprender nunca? Capturando reféns... Que profano. Achei que tinha lhe ensinado melhor".

Seu descendente estreitou os olhos. "Deixe de idiotices, Angelus. Você é um humano agora, eu sei. Não apenas com alma, mas também humano. Como pode olhar para si mesmo?"

"Pelo menos eu posso olhar para mim mesmo, não posso, Spike?" Os olhos de Angel correram ao redor, rapidamente descrendo o saguão principal e contando os soldados escondidos nas sombras.

"Não devia ser tão altivo", o vampiro loiro cruzou os braços. "Está em um número... um pouco... menor aqui, com sua amada presa e fora do jogo, e, claro, com os outros dois perdedores..." Ele parou, seus olhos encontrando os de Willow e Xander, que observavam as cenas com olhos de terror.

"Tudo bem", Angel tirou o casaco e jogou-o sobre uma cadeira. "O que quer, Spike?"

"O que acha?" Seu descendente sorriu malignamente. "Eu lhe pareço um sujeito que perdoa? Certamente não. Você matou minha deusa negra, seu filho da mãe. Primeiro você a enlouqueceu, depois transformou-a, e então mandou-a para a dimensão demoníaca".

"Era isso que ela queria", o homem moreno retrucou friamente, mesmo que a lembrança estivesse destruindo-o por dentro. Essa ferida nunca cicatrizaria.

"ELA NÃO SABIA!" Gritou Spike. "Ela estava louca! Ela só estava brincando um pouco!"

"Claro", concordou Angel. "Sei disso, Spike. Mas ou era ela, ou todo o mundo".

"Pouco me importa o mundo", devolveu seu descendente.

"É", seu ascendente suspirou. "E eu não sei? Diga-me, como acertamos isso?" Perguntou. "Deixe-os ir, e eu sou todo seu".

"NÃO!" O grito de Buffy veio da lateral.

"Buffy..." Angel virou-se para ela, seus olhos suplicando para que ela não interferisse.

Mas, é claro, ela não aceitaria nada.

"De jeito nenhum!" Respondeu. "Não vou deixar que você se sacrifique aqui. Não por esse filho da mãe".

Com a velocidade de um raio, Spike estava bem diante dela, e a estapeou na bochecha. A cabeça de Buffy virou-se, e ela sentiu sangue no lábio. "Segure a língua, caçadora!" Rugiu ele. "Ou vou transformá-lo bem diante de seus olhos. Gostaria disso, sua vagabundinha? Gostaria?" Ele sibilou na cara dela; Willow, ao lado dela, estremeceu, e colou as costas à parede de apoio.

Nesse momento, duas coisas aconteceram: Angel percebeu que Spike não tinha idéia que ele mantivera sua força de vampiro, e ele ouviu o rugir do motor de um carro. Giles! Era o carro de Giles. Então havia cavalaria a caminho, sem esquecer a segunda caçadora. Tudo que ele tinha que fazer agora era libertar Buffy. Duas caçadoras e ele, mais um sentinela enfurecido, tinha que ser suficiente para vencer esses vampiros.

E Spike... Bem, ele procuraria Spike e terminaria tudo de uma vez por todas.

"AGORA, KENDRA!" Ele gritou, e a porta atrás de si abriu-se instantaneamente, revelando a caçadora morena, que invadiu a casa em plena velocidade. Com um chute, o pé de Angel conectou-se com o de Spike, distraindo o vampiro loiro por um momento, e dando a ele tempo suficiente para abrir a corrente de Buffy, agradecendo silenciosamente aos céus por saber exatamente como lidar com elas. Ela estava de pé em um instante, atacando os vampiros menores, que tinham começado a avançar sobre eles, vendo seu líder ser espancado.

Do canto de seu olho, Angel podia ver Giles e... Joyce entrar na mansão, mas não havia tempo para cumprimentá-lo. Notando que as duas caçadoras e o sentinela com uma lança eram o suficiente para alguns vampiros recém-nascidos, ele focou-se em Spike, que estava afastando-se dele, em direção à parede oposta.

"Seu maldito desgraçado!" Gritou ele. "Você ainda é forte!"

"Sou", sorriu Angel. "Parece que sua fonte não era assim tão confiável. Você vai morrer hoje, Spike", ele informou o vampiro quase casualmente. "Engoli muitos sapos seus, mas você foi um pouco longe demais. Capturar a mulher que eu amo é muito ruim para meus olhos".

"Você não vai me pegar sem uma luta", Spike retrucou, afastando-se de novo.

"Estou ansioso por isso", seu ascendente não deixou de sorrir. Mas era um sorriso que mandou arrepios pela espinha do vampiro loiro. Na última vez que ele vira esse tipo de expressão, Angelus ainda estivera por aí.

De repente, Spike tinha uma estaca de ferro nas mãos e, com um grito, atirou-se sobre Angel. O ex-vampiro desviou-se do ataque, e seu descendente voou pelo ar, dando de cara no chão com um estalo alto. Ambos se circundaram, completamente distraídos da platéia ao seu redor. As duas caçadoras tinham matado todos os outros vampiros e agora estavam assistindo as cenas diante delas. Todos sabiam que esta não era uma briga normal. Um dos adversários não sobreviveria àquela noite.

Angel deu outro chute no peito de Spike, quebrando audivelmente várias costelas e fazendo o vampiro rugir de dor e transformar-se em suas feições vampirescas. Ele virou-se e deu um soco no rosto de Angel, fazendo-o tropeçar por um segundo.

O ex-vampiro sacudiu a cabeça de leve para clarear a névoa momentânea, e então avançou sobre seu rival mais uma vez. Este tinha um longo objeto metálico nas mãos. Angel não conseguiu escapar do golpe. Sentiu algo duro batendo em seu crânio e desabou no chão. Através da névoa, ele ouviu o grito frenético de Buffy, e viu Spike rindo acima dele, com um senso de vitória, com um dos braços vindo na direção do peito de seu ascendente para perfurar o coração deste.

No mesmo momento, Angel rolou para longe e exibiu uma estaca de madeira detrás de suas costas. O vampiro que avançava foi impalado nela e desfez-se em pó.

Só segundos mais tarde, Buffy estava ao lado do homem que ela amava. "Angel", gritou ela, passando os braços no pescoço dele e apertando-se contra seu corpo. "Está tudo bem? Está tudo bem?" Perguntou várias e várias vezes, abraçando-o, acarinhando sua cabeça e suas costas.

"Estou bem. Posso ter uma dor de cabeça, mas... bem", ele assegurou a ela, também abraçando-a. Sobre a cabeça dela, seus olhos encontrou os de Kendra, Giles, Joyce, Willow e Xander, e ele silenciosamente agradeceu-lhe por sua ajuda. "E você, está bem?" Ele perguntou à garota nos braços.

"Estou", ela fungou, afastando-se um pouco. "Ele apenas nos acorrentou. E nos deixou entediados além da razão com suas tagarelices estúpidas", acrescentou com um sorriso.

"Hummm..." A voz de Xander interrompeu os namorados. "Talvez devêssemos ir. Nenhum de nós sabe se há mais vampiros por aí".

"Eu duvido", Angel retrucou. "Spike nunca foi um líder nato. Ele não teria um exército. Mas eu secundo a idéia de irmos embora. Não é muito confortável por aqui".

"É!" Buffy desvencilhou-se de seu amor e levantou-se, estendendo a mão para ele. Quando ele também levantou, colocou um braço nos ombros dela.

"Que tal um lanchinho noturno?" Joyce sugeriu, inspirando tremulamente. Tudo que ela avistara hoje fizera a adrenalina correr pelas veias. "Acho que podemos ter um pouco de champagne por aí".

"Um hurra para a mãe da caçadora!" Brincou Xander, colocando uma mão ao redor dos ombros de Willow. "Vamos lá, Will, vamos celebrar. Um vampiro malvadão virou pó! Por que não fazemos uma orgia?"

A bruxa corou imediatamente. "Ahn..." Ela olhou para o chão, desconfortavelmente, enquanto os outros atrás dela riram. Até mesmo Kendra não pôde deixar de concordar.

"Foi uma boa noite para as forças do Bem", declarou ela, e sorriu para o casal.

"Talvez você devesse ficar em Sunnydale por um tempo", Buffy sugeriu. "Poderíamos lhe mostrar um pouco da vida real. Vida adolescente, sabe? Garotos!" Ela piscou para sua irmã de caçada, que ficou vermelha como um pimentão.

"Ahn, que seja. Vamos celebrar!" Giles fez os outros saírem da mansão. "Eu diria que merecemos".

"Ham-ram", Buffy sorria enquanto ultrapassava-o. "A propósito, belo novo traje de caçada", ela brincou e riu de novo, quando viu a expressão constrangida no rosto de seu sentinela.

Ele sacudiu a cabeça, mas também riu. A vida não era tão ruim, afinal

F I M