Cap 5- O ódio

Glossário:

-Obi: Aquela faixa do quimono que você coloca na cintura ^^

Miko: Sacerdotisa

Gomen nansai: Me desculpe

Ouve um estrondo, uma luz terrível cortou a noite.

De repente, ouve uma explosão e pequenos objetos cortaram o céu mais uma vez, dessa vez eram os fragmentos da jóia de quatro almas.

-P-pai? –chamou Inu-Yasha com os olhos arregalados.

Tudo o que Inu-Yasha via era o seu pai, forte, imponente, ainda na sua forma verdadeira, um gigante cachorro branco. Ela ouvava... Porém era um uivo diferente, continha dor, o som era triste e penoso. Inu-Yasha arregalou os olhos e sentiu uma incomum vontade de chorar.

-VELHOTA!!! – Gritou.

A anciã tinha o olhar gelado e enquanto fitava céu.

Até que viram Yura se arrastando, puxando Kagome junto a seu corpo... Ela se desfazia aos poucos, fora protegida pelos fragmentos da jóia... Mas morreria de qualquer jeito, tamanho era o poder do Taiyoukai.

-Se-Senhor Tai... Eu estou com ela! Vou envenená-la agora! -Disse pegando um vidro estranho -VAI SE ARREPENDER!

O Taiyoukai ficou parado, sem saber o que fazer.

-Vai ficar parado?!

Ele rosnou e correu para Yura, pra salvar a garota, mas quando chegou, sentiu uma lâmina perfurando sua carne, derretendo-a.

Yura já estava sumindo, mas com uma gargalhada deixou as palavras antes de falecer:

-BOA MORTE, SENHOR TAI!

***

Kagome abriu os olhos, porém não reconhecia onde estava, provavelmente viajava em seus sonhos novamente.

As pessoas que passavam por ela tinham um olhar gélido, todas vestiam um quimono branco e prendiam o cabelo em uma longa trança. Deu um passo e suspirou. Reconhecia aquele lugar... Era...

Seus pensamentos foram desviados, viu uma jovem muito parecida com ela, brincava com os dedos, demonstrando nervosismo. Aquela jovem tinha lágrimas nos olhos azulados e estava parada, deu alguns passos para traz, estava numa longa fila de sacerdotisas.

Devagar, ela saiu da fila e entrou na mata. Estava escuro e ela tropeçava, Kagome podia segui-la sem tropeçar, era só um espírito ali.

A garota de olhos azulados estava ansiosa, mas tinha uma enorme tristeza estampada em seu rosto... Era horrível, sentiu-se triste também, quando a jovem iria tropeçar mais uma vez um vulto a segurou.

-Kistsune... –Murmurou o vulto.

-Por favor... Por favor não me faça ficar... Preciso ir! –Disse chorando.

-Por que? Outro dia me disse que me amava mais que tudo... E sabe que eu a amo assim. Venha comigo.

-Não posso... Eu estou...

-Você? –Disse ele triste.

-Beltane... Eu fui obrigada a ir para lá... Então eu...

Ele a abraçou.

-Eu não me importo... Você sabe que não!

-Eu tenho que ir! –Disse.

-O que aconteceu com você?!

-Eu recebi uma missão... Por isso tenho que ter esse filho longe... Eu sempre quis ter um filho seu... Sempre... Mas Kaede me contou... Contou minha sina, tenho que cumpri-la.

-Mas...

Ela o interrompeu.

-Eu descobri... Eu queria ficar com você para sempre, mas... –Suspirou profundamente –Não posso... Não posso... Não podemos.

Ela havia começado a chorar novamente, porém secou as lágrimas. Tinha de ser forte.

-Gomen... Mas eu... –Parou dando um beijo nos lábios dele e foi embora –Adeus... –Sussurrou.

E ela voltou. Kagome sentiu uma lágrima rolar em sua bochecha... Reconheceu a garota... Não queria acreditar, devia estar tendo uma visão do passado, já que aquela garota era sua mãe há muito tempo atrás.

Kistsune corria, até que parou em frente à uma árvore e lá descansou, até que abriu os olhos e acabou, de alguma maneira, vendo Kagome.

-Que-quem é você?! –Ela gritou.

Sentiu o sangue gelar... Aquilo não era apenas uma visão?

-Pode voltar... –Falou sentando na frente da mulher –Não desista por minha causa.

***

-PAI! –Gritou Inu-Yasha a plenos pulmões.

O youkai volta a seu disfarce abraçando Kagome, como a protegendo.

-Leve-os para dentro! –Gritou Kaede.

***

-Por favor volte e seja feliz... Eu... Eu...

-Você é minha filha no futuro? –Disse surpresa –Quase não te reconheci, mas posso ver que é só um espírito e que é muito parecida comigo...

-Não entendo como pode me ver...

-Entendo... –Disse –Obrigada.

Ela olhou-a com dúvida, por que "obrigada"?

-Obrigada... Você me fez ver... Tenho que continuar... Obrigada.

-Co-como assim?

-Pelo visto ainda não sabe de tudo... Mas logo irá me entender. Junte a jóia de quatro almas.

-Jóia?

-É isso que você tem no pescoço, você e os guardiões das relíquias irão juntá-los.

-O que?

-Sim... A jóia, porém há muito tempo ela partiu-se em mil fragmentos... Obrigada, agora que a vi tenho que continuar...

-Não entendo.

-Entenderá tudo na hora certa.

E novamente sentiu sendo levada pelo vento, não sabia de mais nada, não entendia mais nada. Era assim, tinha que ser?

***

Sentiu um gosto estranho... Sua boca ardia... Seu corpo formigava, sentia seus braços doloridos. Abriu os olhos com dificuldade.

-Minha menina, durma... -Falou uma voz familiar –Fique tranqüila, não se preocupe em acordar... Minha querida.

E ela dormiu.

-Senhora Kaede, ela vai ficar bem?

-Sim... Ela sempre foi uma garota forte. Não vai vacilar agora... Não pode vacilar agora.

A velha sacerdotisa continuou andando pelo corredor, mas dessa vez era para ir até o quarto de Tai. Sentiu um tremor.

-Talvez ele vacile, mas não sei.

Desviou os pensamentos e continuou andando.

O senhor Tai... Sim ele havia usado os poderes quando a meia lua brilhava no céu... Mesmo sendo o dia que ficava mais poderoso, pela sua doença o poder era um mal, ainda mais sendo envenenado por Yura. Sentiu o peito apertar.

-Não! Ele vai ficar bom, vai ficar!

***

Sentia um frio horrível, não podia mexer-se pelo frio... Podia sentir que suas mãos e pés estavam gelados.

Abriu os olhos... Olhou ao redor e viu a janela aberta, o vento entrava no quarto. Fitou o seu corpo nu coberto de curativos e faixas, também sentia o cheiro de ervas medicinais... Ficou mais tranqüila quando mexeu as pernas, podia andar sem sentir dor, o braço ainda doía, mas dava para mexer lentamente. Sorriu, Kaede havia dado uma de suas poções a ela.

Examinou o quarto onde estava, a cama de casal era no meio do quarto, ao seu lado havia uma vidraça, as cortinas azuis estavam entreabertas, na cabeceira do lado da cama tinha um cálice de vinho e o resto das faixas de linho para curativos, perto da pequena porta havia um baú e em cima dele uma estante de livros, e finalmente uma pequena mesinha com uma cadeira de balanço em frente à lareira.

-Então já acordou.

Virou-se para a porta e viu uma mulher estranha entrando em seu aposento. Forçou a vista e lembrou-se dela, a "mulher da flor" que havia visitado há muitos anos.

-Sim...

A mulher sorriu.

-Isso é bom, parece que você está melhor, não?

-Muito... E obrigada pela a atenção, senhora....?

-Pode me chamar de Tsukimisou... Sou a esposa de Tai, mas finja que não. Você não se lembra de mim, não é mesmo pequena Kagome...

-Flor...

-Sim... Pelo jeito se lembra da flor que eu te dei criança.

-A senhora é muito gentil.

Ela novamente sorriu e pegou um quimono de dentro do baú. Era um quimono lilás com pássaros brancos e peônias bordadas. Era um quimono muito bonito e delicado. A Sacerdotisa arregalou os olhos, aquela roupa era fabulosa.

-Que tal vesti-lo? –Perguntou Tsukimisou alisando o tecido delicadamente.

-Eu não sei... Estou toda machucada.

-E daí? Tenho certeza que ficará lindo em você! Você é muito bonita e jovem, deverá moldar seu corpo perfeitamente.

Corou, não pode deixar de sorrir para Tsukimisou.

-Posso suja-lo de sangue se algum curativo sair... E não estou acostumada e vestir quimonos de seda delicados... Gomen nansai.

-Tudo bem, mas um dia desses quero ver você com ele!

-Certo.

-Então vamos pegar esse –Disse mostrando um de tecido de algodão com vários lírios estampados –Faço questão, esse pode sujar a vontade... –Sorriu –Você me lembra Inu-Yasha quando era pequeno e se recusava a colocar as roupas da corte.

-Inu-Yasha?

-Meu filho. É um bom garoto apesar de tudo. Quer que eu ajude?

Negou com a cabeça, mas se atrapalhou na hora de amarrar o obi, assim Tsukimisou acabou a ajudando.

-Obrigada.

-Vai deixar o cabelo assim? –Disse pegando as mexas escuras embaraçadas.

-Vou penteá-lo e depois prende-lo, como sempre faço.

A rainha pegou a escova dourada, com pedras preciosas cravadas nela, que faziam a figura de uma fênix, símbolo do fogo.

-Deixe-me ajudar.

As duas sentaram-se na cama, delicadamente Tsukimisou pegava cada mexa e levemente a desembaraçava.

-Sabe Kagome, eu sempre quis ter uma filha... Eu sempre quis pentear o cabelo de alguém assim... –Ela sorriu.

-Entendo...

Ficaram em silêncio por algum tempo, até que a rainha falou:

–Pronto, quer que eu faça um penteado?

-Não obrigada. –Disse pegando um pedaço da faixa que restava em cima da cabeceira, logo prendeu o cabelo em um rabo de cavalo baixo –Muito obrigada.

-De nada. –Disse ainda sentada na cama –Você é uma jovem adorável... E a propósito, Kaede mandou chamá-la.

-Me chamar?

-Vou te levar até lá.

-Não prec...

-Venha! Faço questão.

***

-Traga mais toalhas... E aproveite e faça um chá com essas folhas.

-Sim senhora –Disse um servo saindo do aposento.

A senhora idosa passou a toalha sobre a fronte de Tai limpando o suor mais uma vez.

-Kaede-san? –Perguntou uma voz familiar.

Ela olhou para porta e viu, o cabelo negro, os olhos castanhos brilhantes. Sim era sua pupila.

-Kagome! Que bom que está disposta!

-Sim Kaede... Também é bom vê-la novamente.

-Venha aqui... A senhorita também, Tsukimisou-sama.

As duas entraram no quarto. E Kagome viu o senhor Tai na cama coberto com pesadas mantas de lã suando e tossindo. Podia ver duas bacias ao lado de Kaede, algumas ervas espalhadas pelo chão e uma enorme bacia com panos, a água quente estava misturada ao sangue.

O olhar da jovem se tornou melancólico como o inverno e sua paisagem solitária e fria.

-O que ele tem Kaede-san?

-Bem Kagome... É uma doença que coroe de dentro para fora... É difícil tratá-la, mas vai dar tudo certo...

-Não precisa mentir... Sinto a sobra das trevas ao seu rodor.

Tsukimisou vacilou e começou a chorar.

-Ter-trevas? No meu Tai?

-Não querida... Ele vai ficar bom... Não vai Kagome?

A garota olhou para os olhos da rainha cheios de lágrimas de dor, então disse suavemente.

-Sim, vai ficar tudo bem... Ele vai se curar –Disse sorrindo.

A rainha olhou para a garota e balançou a cabeça enquanto limpava os olhos.

-Vou fazer um chá para ela... Cuide daqui em minha ausência, Kagome. Tsukimisou-sama, venha comigo –Murmurou Kaede.

-Certo –respondeu.

Assim que elas saíram do quarto a garota se ajoelhou em frente ao leito de rei, pegou um dos panos da bacia, o torceu e limpou o rosto dele, de repente começou a chorar profundamente.

-Me desculpe... Parte disso é culpa minha... Me desculpe...

-Não se preocupe criança... –Disse uma voz rouca.

Ela olhou para ele surpresa enquanto fitava os olhos semi-abertos de Tai.

-Não foi sua culpa... Acalme-se.

Ela desabou, começou a chorar freneticamente. Sussurrando a palavra "obrigada" diversas vezes, até que ouviu um barulho, alguém entrava no quarto.

Rapidamente limpou as lágrimas, em seguida olhou para trás.

A figura na porta demorou a assimilar a garota, mas logo pode sentir o ódio.

-VOCÊ! O que faz aqui!?

Ela o olhou assustada, não sabia o que estava acontecendo.

-Você quase matou meu pai! Ainda está aqui?!

"Pai? Então esse deve ser...".

-Príncipe Inu-Yasha! –Exclamou Kaede.

Ele desviou o olhar dela e olhou para a "velhota".

-Olá velhota... Pode ficar tranqüila, já estou saindo, pode cuidar dele... –Saiu, porém virou-se e olhou com magoa e ódio para a sacerdotisa mais nova.

A miko sentiu uma angustia, aquele olhar dele era muito ressentido, talvez o olhar mais triste que já havia visto, podia sentir a dor dele em sua pele.

-Kaede pode deixar, eu cuido dele. –Falou pegando mais ervas.

***

Andava olhando as estrelas enquanto pensava, ligava as constelações e tentava identificar os planetas na bela noite.

-Ele tinha um olhar tão ferido... Minha culpa... Minha culpa... Se não fosse eu... Talvez.

Continuou andando pelo lugar... Era estranho se sentir culpada assim, e só poder pedir desculpas.

-Vou voltar... –Falou virando em direção ao castelo até que viu, numa árvore ele repousando com o cabelo prateado iluminado pela lua.

-Ele está ali... Vai congelar... Só esta vestindo o quimono!

Com passos leves ele caminhou até ele, tirou sua manta dos ombros e estendeu na direção dele, mas quando estava colocando caiu da árvore.

Ele havia a empurrado, só conseguiu ouvir o barulho de seus ossos estalando quando colidiu com o chão

Rapidamente Inu-Yasha saltou e examinou as feições dela.

-Novamente garota... O que quer? Morrer? Bem que merecia... Deixou meu pai naquele estado... EU TE ODEIO GAROTA!

-Desculpe! Mas eu...

-Cale-se! –Disse.

E ele saiu deixando-a perplexa.

-Grosso... Mas estou em divida com ele.

Mas tinha que pedir desculpas... Uma sacerdotisa nunca trazia tristeza a quem não a merecia, nunca.

-Tenho que me desculpar... De um jeito ou de outro... –Suspirou.

Entrou no castelo ignorando a dor da queda, olhava ao redor andando pelo corredor, aquele corredor frio e extenso, tentava achar o príncipe, porém era inútil.

-Onde você se meteu Inu-Yasha... –Murmurou estudando as paredes.

E ela ia andando, dava passos precisos e certos enquanto olhava ao redor, precisava desculpar-se com o príncipe. Se ela tivesse sido mais cautelosa, talvez o Senhor Tai não estivesse tão mal... Não sabia, mas quando sentia o olhar frio do jovem hanyou seu coração apertava, mesmo não o conhecendo direito sentia algo, porém não sabia o que, e o porquê de toda aquela preocupação que nutria por ele.

Fitou os duas grandes portas e suspirou, não adiantaria nada ficar procurando agora, o veria mais tarde e pediria desculpas.

Caminhou para o jardim, não gostava do pátio central, sentia maus espíritos ali, um calafrio percorria seu corpo quando entrava lá. Então continuou caminhando, era estranho ver-se toda enfaixada, mas era um milagre estar andando e viva.

Quando a imagem de Tai passou por sua mente Kagome sentiu os olhos umedecerem, não era de chorar por qualquer coisa, mas estava ficando sensível demais desde que havia chegado ali.

-É estranho... –murmurou para si mesma –Nunca fui assim... –Suspirou, mas logo se repreendeu mentalmente- "Eu nunca fiquei suspirando pelos cantos... O que acontece?".

Saiu do castelo, sentia a lua fraco iluminar seu rosto. Então ela sorriu ao ver a beleza dos astros, belos como uma dança perfeita, se completavam. Continuou a caminhar indo na direção do poço, precisava lavar o rosto, limpar tudo que tinha de ruim e clarear seus pensamentos. Puxou a correntinha de dentro de suas vestes e admirou o fragmento da jóia de quatro almas.

Chegou ao posso e vagarosamente pegou o balde e o jogou lá dentro. Com movimentos rápidos o tirou das profundezas e virou-o sobre sua cabeça. Arrepiou-se, a água estava gelada, mas logo em seguida ergueu a cabeça e sentou-se no chão, se apoiando na estrutura do poço gelada igual à água.

Respirou fundo e começou a brincar com os dedos enquanto deixava os primeiros raios de sol a secar. Sua mente estava vazia, não pensava em mais nada, fechou os olhos e dormiu pesadamente.

***

Segurou a espada com as duas mãos, sua expressão era de profundo sofrimento, deixando um lamento no ar pulou, corria pelas paredes do pátio lateral norte como o vento, precisava desabafar e esse era o seu modo, a luta, a espada, não servia para ficar parado olhando, tinha que fazer algo.

Deu um rosnado de raiva e com um impulso virou o pulso deixando sua espada em posição de ataque e correu para a árvore, levantou os braços um pouco e se preparou para o golpe.

Faltavam pouco centímetros, porém quando iria corta-la ao meio parou, fazendo com que a lamina só cortasse uma lasca da árvore.

-Não tenho coragem de corta-la.

Lembrou daquela garota, queria odiá-la profundamente para, talvez, matá-la em breve. Porém não era assim... Não odiava a garota. De alguma maneira sentia-se até um pouco tranqüilo perto dela, devia se pelo poder que emanava... Não sabia dizer como, mas até simpatizava com ela, mesmo que custasse a admitir.

-Não.... Talvez se eu...- Pegou sua arma novamente flexionou os joelhos e colocou a lamina virada para baixo e começou a correr, porém sentia alguns cortes se formando em seu corpo.

-Masoquismo, nunca fui disso... O caminho da dor para a paz...Não! Devo estar louco...–Disse ele sentando-se no chão.

***

Corria em seus sonhos, corria pelo vazio, porém o caminho era feito de estrelas, não sabia onde estava e o que era tudo aquilo. Continuava correndo, até que de repente parou, viu aquela mulher novamente, a mulher que estava em sua alma. Mas onde ela pisava as estrelas sumiam, como se ela tivesse o poder de apagar todo o brilho da natureza.

Lentamente com um sorriso macabro aproximou-se e ela tocou em seu pescoço, palpitando-o até que a mão dela se fechou, seu sorriso aumentou consideravelmente, então ela deslizou a mão até estar à correntinha que estava pendurada no pescoço de Kagome e puxou a jóia de quatro almas.

Depois que a mulher estava rindo com o artefato na mão desapareceu, porém Kagome sentiu gostas de suor surgirem em todo seu corpo. Ela começou a tremer violentamente, não podia mais se manter em pé, caiu e ficou lá enquanto sentia todo seu poder indo embora, sendo levado pela aquela mulher estranha, não era seu poder... Era sua vida e seu amor, mas por que a jóia fizera isso? Por que? Por que? Por que?

-POR QUE?! –Gritou a garota abrindo os olhos.

Assustada, rapidamente tateou tudo ao seu redor até que encostou na jóia. Deu um suspiro de alivio, talvez aquilo fosse apenas um pesadelo. Talvez....

-Só começou Kagome. –Disse para si mesma.

Levantou-se e decidiu ir para o pátio lateral norte, algo a atraia para lá, talvez fosse a árvore sagrada ou porque poucas pessoas iam lá. Não gostava de lugares cheios de gente, especialmente na corte, não que ela não gostasse dos governantes, ao contrario, a Senhora Tsukimisou era bela e celeste, sempre sorrindo, muito gentil. O Senhor Tai era nobre e leal, uma maravilhosa pessoa, mesmo não falando muito com ele, podia ler aquela alma nos olhos do dono.

Sesshoumaru, o príncipe herdeiro (pelo que Kaede havia contado) nunca havia visto.

E havia Inu-Yasha, rabugento, grosso, mas não deixava de ser uma boa pessoa somente por parecer mau, ele somente parecia e nada mais.

Havia chego aos corredores que conduziam ao pátio lateral norte, continuou sua caminhada até ouvir o som de algo sendo cortado, ouvia uma voz vinda do pátio, parou por um segundo, mas continuou.

Entro no pátio, sua primeira visão foi a estrondosa árvore, mas logo depois viu aqueles cabelos prateados ao vento. Era Inu-Yasha, estava ajoelhado com as vestes manchadas de sangue, ele se apoiava na espada, Kagome podia ouvir sua respiração ofegante mesmo de longe.

Ele a encontrou lá parada. Seu olhar era triste, porém também tinha muita raiva. Nenhum sorriso ou vestígio de felicidade, se ela viesse tentar desculpar-se por seu pai não saberia o que falar.

-Príncipe?

-O que você está fazendo aqui garota?!

-Eu só... Eu só queria me desculpar com você, pelo seu pai eu sinto mui...

-E VOCÊ ACHA QUE UM "SINTO MUITO" VAI AJUDÁ-LO?

Ela tremeu.

-Não é isso... Gostaria que me perdoasse. –Disse se esforçando para continuar com sua humildade momentânea.

-Meu pai esta quase morrendo lá! EU NUNCA VOU PERDOÁ-LA SE ELE MORRER! Você... Você faz minha mãe chorar garota... Você faz MEU pai sofrer.

-Eu posso ajudar a curá-lo... Estou tentando... Perdoe-me, não sei por quê peço isso, mas... mas....

-CALE-SE!

Ela o olhou assustada, mas logo o susto foi transformando-se em raiva, mas tentou se controlar.

-Eu já...

Ele a empurrou, assim ela caiu no chão fez um pequeno arranhão no rosto, mas ela levantou com lágrimas nos olhos, não eram de tristeza, mas de profunda raiva.

-Idiota... -Murmurou com os lábios tremendo –IDIOTA! –Disse levantando-se –Eu tentei pedir desculpas... E você... Você...

O Hanyou a fitava enquanto ela olhava o chão, podia sentir a raiva dela, mas ele continuou ereto e firme.

-Cale-se garota! Você...

-CALE-SE VOCÊ! INU-YASHA VOCÊ NÃO PASSA DE UM GAROTINHO MIMADO! EU SEI MUITO BEM O QUE É PERDER ALGUÉM! MELHOR QUE VOCÊ ATÉ! EU PERDI MINHA MÃE E NUNCA VI MEU PAI! VOCÊ É UM ESTUPIDO! EU TENTO TE AJUDAR MAS...

Ele a segurou pelo braço e disse:

-Mais respeito comigo garota!

Ela desviou da mão dele e falou:

-EU RESPEITO QUEM MERECE! Para mim esse titulo de príncipe não passa de um nome vazio para você! Um nome e só, pois você INU-YASHA Não tem honra e a maturidade de um! Eu... eu...

-Garota impertinente!

Ela parou, fixou seu olhar no de Inu-Yasha moveu lentamente sua mão para o rosto dele e deu tapa do rosto do meio-youkai.

-Sua vadia...

-CALA A BOCA! –Gritou.

Ele olhou-a assustado. Nunca havia a imaginado assim.

***

-Inu-Yasha... Eu te odeio... ODEIO!

O jovem gritava mais uma vez seu ódio pelo hanyou, tremia de raiva olhando a perna enfaixada, Houjou não suportava Inu-Yasha, até que, de repente, seus pensamentos foram interrompidos, ouviu um estalo vindo do pátio lateral norte.

-O que?

Ele seguiu em frente, correndo, o que produziria aquele barulho? Tinha que verificar, afinal era do clã de guerreiros do Sul.

Guerreiros do Sul... Ouvia tantas histórias de lá por seu pai, mas foram destruídos. Porém haviam lutado bravamente... E Houjou era o ultimo filho de um guerreiro do Sul. Tinha o orgulho a alma, porém Inu-Yasha estragava tudo. Ele feria o seu orgulho, se dizia melhor que um Guerreiro do Sul e ele havia destruído a única lembrança que ele tinha dos seus ancestrais.

A faixa.

Quando era pequeno vivia olhando aquela faixa... As letras bordadas com fios de ouro, o tom pálido do roxo, até que um dia o príncipe em um de seus acessos de raiva destruiu a faixa.

Depois, sempre tentou vencer Inu-Yasha, sempre! Jurou a si mesmo que nunca desistiria de humilhar Inu-Yasha.

Balançou a cabeça retirando os pensamentos assassinos de sua cabeça, mas para ele eram prazerosos. Gostava de imaginar os gritos de Inu-Yasha enquanto ele o retalhava rasgando sua carne, podia ver o sangue sujo dele escorrer enquanto implorava de joelhos, a expressão de dor, o pânico, a agonia, poderia fazer o que quisesse com ele. Poderia queimá-lo e dar seus restos aos porcos... Sangue, morte...

Não percebendo Houjou deixou sair um sorriso de seus lábios.

***

Ela bufava de raiva. Podia sentir sua raiva a metros de distancia, ambos fitavam um ao outro com profundo ódio. Toda a piedade e a bondade de Kagome não estavam mais presentes. Agora ela era outra pessoa.

E de repente os dois viram um jovem entrando no pátio, curioso fitou os dois.

-VOCÊ? –Urrou o meio-youkai.

Ele ignorou-o e começou a andar, olhou a miko presente e perguntou:

-A Senhorita está bem? Ele não a machucou?

Ela olhou-o e negou com a cabeça.

-Seu moleque saia daqui! Você...

Inu-Yasha de repente estava no chão, havia sido violentamente jogado no chão... Por Kagome.

Os dois homens arregalaram os olhos com a atitude dela, o humano logo foi a socorro dela.

-A senhorita....

Ele olhou-o ,fechou os olhos respirando profundamente, falou:

-Vou embora... O príncipe precisa pensar.

-Es-espere! –Gritou o humano.

E Houjou a seguiu para fora do pátio.

***

-A Senhorita é muito forte.

Ela suspirou, os olhos do jovem brilhavam de admiração.

-E vejo que também odeia o príncipe.

-Não o odeio. –Disse.

Ela se virou e olhou dentro dos olhos dele, podia ver uma sombra escura, uma magoa muito grande e um ódio demoníaco. Ela estremeceu, era muita energia ruim... Era ele que ficava no pátio central! Aquela energia era dele!

Concentrou-se em tirar a raiva da briga com Inu-Yasha, reunindo toda a energia boa que tinha, era uma sacerdotisa, podia tranqüiliza-lo com o olhar. E então deu um maravilhoso e brilhante sorriso.

-Acalme-se. –Disse.

Houjou sentiu suas bochechas queimarem, o sorriso dela era maravilhoso e cheio de vida. Sentiu um enorme peso sair de suas costas e acabou sorrindo sorriu também.

"A energia maligna desapareceu... Não, ainda está dentro dele, ele a quer... O ódio quer vingança... É melhor ficar de olho nele".

-Sabe, você ainda não me disse seu nome senhorita. Poderia me dizer?

-Kagome. E o seu...?

Ele ajoelhou-se pegando a mão dela.

-Houjou... –Falou sussurrando enquanto beijava a mão delicada da miko.

Ele levantou-se vagarosamente, ainda via o sorriso tranqüilo nela. Era impossível ter ódio dela, era impossível pensar em vingança com ela assim...

-Bem Houjou, que tal voltarmos ao castelo?

-Claro! A senhorita deseja que eu a acompanhe?

-Se quiser. Sua companhia será bem vinda.

Os olhos dele brilharam e eles andaram vagarosamente até o castelo. De repente Kagome parou receosa. Tinha ido longe demais em seu olhar mágico.

-Senhorita... Está bem?

-Oh! Claro. –Falou voltando a andar.

"Aquele jovem se apaixonou por mim, isso não é bom" Pensou com pena, não poderia corresponder.

Eles andavam em silêncio, Houjou sorria e Kagome tinha feições tranqüilas, porém sérias.

-A senhorita é muito bonita, sabia?

-Obrigada.

-A admiro muito, mesmo não a conhecendo, parece uma pessoa sabia.

-Obrigada novamente.

-De nada, somente não entendo como uma senhorita assim poderia estar querendo falar com o príncipe.

-Tenho uma dívida com ele, mas por que tem tanto ódio assim dele?

-Ele é desagradável.

-Ninguém odeia alguém por ser desagradável.

-Eu...

-Meu quarto é logo ali. Obrigada por sua companhia. –Falou sorrindo.

-Claro... Disponha.

E então ela entrou na escuridão do corredor, deixando para trás um ser apaixonado.

Continua….

N/a: Arf.... foi duro revisar isso daqui .'''' dezessete páginas... @___@ *kiki cansada"

Bom, espero que o texto tenha ficado mais "legível"... Nem eu própria consegui ler direito essa "coisa", quando li o cap três então... ., nada é pior do que ler o cap três O.O, mas agora espero que tenha resolvido esse problema da "legibilidade"... Obrigada à Sessi e a Laine-Moraes por me avisarem dos meus terríveis erros de escrita ^^'.

Não foi uma revisão perfeita (nada é perfeito rs), mas achei que melhorou bastante agora... Próximos caps revisados sem previsão @__@, pretendo terminar o cap dezesseis e o cap quatro de "Amor Abstrato" primeiro, depois vou postar os caps 6, 7 e 8 revisados...

Obrigada pela atenção

^_____^ Ja ne!

Kiki-chan