Cap 12- Lágrimas de luz

Lágrimas...

Era tudo o que conseguia ver, suas lágrimas embaçando sua visão, porém infelizmente as lágrimas não faziam parar de ouvir aqueles gemidos que vinham de dentro da cabana.

Seus membros não obedeciam ao comando para levantar e simplesmente correr dali, não, ela tinha que ficar parada, imóvel e ver tudo o que acontecia... Não queria... Realmente não queria ver aquilo. Covarde? Sim era covarde e tola quem mandou acreditar em um sentimento ilógico? Foi sua própria escolha, assim como se unir com aquela vagabunda fora escolha dele também...

Fechou os olhos tampando os ouvidos tremula, porque isso tinha que acontecer? A vida era tão injusta assim? Tudo estava desmoronando em cima dela, cada pedaço de seu coração era estraçalhado.

"Boba... Por que não vai embora?".

-Porque eu não consigo... –Sorriu –Não consigo abandona-lo.

"Por que?!".

-Eu disse... –Soluçou –Que ele não estava mais sozinho e que eu estaria com ele.

"Idiota...".

-Mas acho que... Acho que ele só vai me ter em seu coração.

"O que você vai fazer...?".

Somente sorriu levantando-se para dar uma última olhada nele, ele estava em frente da figura dela nua, estremeceu sentindo seu sangue ferver e as lágrimas voltarem.

De repente foi com se tomasse um choque, olhou para Minako novamente, porém não via mais o seu corpo, somente via um pequeno ponto rosa e brilhante, piscou e novamente viu aquilo, só que desta vez via o corpo dela também, o fragmento estava na coxa esquerda dela, só agora que ela emanava um grande poder pode perceber aquele pequeno ponto rosa.

-Mas ela...

Fitou Inu-Yasha, seus olhos dourados estavam fora de foco sem brilho nenhum, sem emoção alguma.

Ele estava hipnotizado! Foi como se a chama apagada dentro dela novamente brilhasse e ardesse intensamente novamente, porém Minako a percebeu lá, virou a cabeça a olhando com desprezo.

-Então a menininha está ai...

-Solte o Inu-Yasha!

-Ora querida... –Falou cínica –Ele está solto...

-Idiota...

-Você vai ficar quietinha assistindo, acho que você nunca viu uma cena como essa não é mesmo? Mas sempre tem uma primeira vez... –Riu.

-Eu não vou ficar quie-

Vários ramos com espinhos brotaram do chão subindo devagar prendendo seus pés sua cintura e seus braços esticados.

-Me solte! –Falou se remexendo.

Porém parou quando viu que os ramos puxavam seus braços cadê vez mais em direção oposta.

-Urg...

-Eu disse... Fique bem quietinha e veja quando ele me penetrar o modo que eu absorvo sua alma...

-Isso não é justo! Você o manipulou, tudo o que ele está fazendo é por sua causa!

-Não... Meu poder é limitado, eu só o induzi a fazer tudo isso com o poder da jóia, despertando o desejo que já existia dentro DELE mesmo.

O desejo dele mesmo...

Fechou os olhos lutando contra as lágrimas novamente, não podia recuar agora, a vida dele era mais importante naquele momento já que tinha falado para ele que também salvaria sua vida. Buscou forças para continuar e tira-lo daquela enrascada, porém não teve muito mais tempo para pensar já que Minako forçou-a a abrir os olhos.

-Quero você de olhos bem abertos para ver tudo.

Seus olhos estavam bem abertos, mesmo querendo não conseguia fecha-los.

"Covarde! Se você gosta dele de verdade faça alguma coisa!".

-O que eu posso fazer? –Choramingou –TODOS FORAM EMBORA! –Soluçou –Minha mãe, Kaede-san e agora ele!

"Garota idiota...".

-Por que?! Vai me dizer que não é verdade? Todos me jogaram num precipício e nem para assistir minha queda ficam!

"Você realmente acha que está só? Aqueles que realmente a amam nunca a abandonam Kagome. Sua mãe, Kaede-san e ele nunca te deixaram cair... É você mesma que está se abandonando".

-Mas ele...

"Ela chegou ao corpo dele e assim o hipnotizou, mas ela nunca chegou ao seu coração. Você está o abandonando Kagome? Vai deixa-lo morrer?".

Estremeceu por um momento, ela estava certa no final das contas.

"Você mesma disse que estava no coração dele".

Respirou fundo, não podia deixar aquilo vence-la.

Aquele incentivo foi como um clarão no meio da tempestade, a imensa neblina que impedia de pensar foi se dissipando aos poucos. Ia raciocinando melhor a cada momento, podia ver os fatos com menos magoa e desespero e continuar.

Começou a puxar seus braços para mais pertos de si, não seria vencida por ela, afinal seu poder e determinação eram muito maiores do que Minako, aquela vagabunda que havia tentado joga-la no precipício de seu coração.

-Inu-Yasha! –Gritou enquanto se debatia –INU-YASHA!

-Droga de garota! Quer perder o braço?! –Falou enquanto os braços dela eram puxados com mais força.

Abaixou seu rosto gemendo enquanto procurava forças para não ceder.

-Meus braços Minako...

Respirou fundo enquanto levantava a cabeça olhando nos olhos dela e então sorriu.

-Meus braços não são nada... Não são nada comparados a vida dele!

-Cale-se...

-INU-YASHA! –Berrou –Eu não vou desistir! INU-YASHA!

Fechou os olhos tentando concentrar-se, puxou os braços para si novamente tentando libertar-se dos ramos que a envolviam, porém só conseguia cortes em seu braço e pulso.

-Desista!

Balançou a cabeça enquanto tentava unir os pés, uma leve aura rosa a envolveu e nesse momento um objeto dourado pairou sobre a cabeça de Minako balançando levemente enquanto produzia um barulho de argolas se chocando, os ramos ficaram mais frouxos e conseguiu se soltar, caindo de joelhos no chão.

-V-Você! –Exclamou a moça olhando o vulto que se aproximava.

O rosto levemente corado mudava de cor para um verde musgo, a textura de sua pele era estranha, parecia palia verde musgo seca amontoada em rosto deformado, seus olhos eram grandes e amarelos, não tinha nariz nem ouvidos, seu cabelo caia de sua cabeça em grandes mexas a cada segundo, então quando a transformação acabou olhou furiosamente para os lados procurando quem tinha quebrado sua magia.

A sacerdotisa olhou para frente e viu que um vulto se aproximava.

-Quem é você?

Quando ele entrou em seu campo de visão pode claramente perceber seus olhos azuis escuros junto a uma pele que não era muito clara, mas também não era morena, seu cabelo era curto e negro, preso num pequeno rabo de cavalo no alto da cabeça, seus vestes eram escuras, vestia uma túnica preta com outra roxa pendurada por um dos ombros. Seus lábios eram finos e tinha um sorriso sádico desenhado neles.

-Finalmente a alcancei... Obake! –Disse enquanto a apontava com seu cajado.

Kagome arregalou os olhos quando ouviu do que aquele misterioso homem havia chamado aquela aberração... Obake.

Obake são espíritos andantes, em sua maioria são malignos, não querem ir para o outro plano e acabam sobrevivendo absorvendo a energia dos outros ou pegando corpos fortes para si.

O moço contornou o obake encontrando a jovem sentada olhando estática para ele.

-Está bem senhorita? Sou Miroku, ao seu dispor. –Falou enquanto fazia uma reverencia para a garota.

-Monge... –A criatura grunhiu.

Kagome fitou melhor seu "salvador", as vestes, o modo de andar e o cajado indicavam que era um monge, então ele devia estar perseguindo o obake.

Virando-se para a criatura sorriu:

-Finalmente te achei obake!

O monge jogou alguns amuletos na criatura fazendo uma corrente elétrica envolvê-la, porém Minako sorriu:

-O que foi Miroku-sama? Para que tanta raiva, pelo que percebi você gostava muito de mim, tanto que ia me visitar no meu antigo lar várias vezes por semana durante a noite...

-Cale-se criatura nojenta! –Disse enquanto fazia a corrente elétrica dar choque nela.

Concentrando seu poder, Minako passou pela barreira, apesar de todas as queimaduras e cicatrizes que ficaram em sua superfície e foi para perto do hanyou, sua última vitima.

-Nem pense nisso! –Falou Kagome se aproximando.

-Não me atrapalhe garota! –Falou enquanto a empurrava fazendo-a colidir com a parede.

Gemeu quando sentiu suas costas baterem com força na parede, estremeceu enquanto tentava voltar ao normal, porém duvidava disso, já que começava a perder a consciência.

-Vadia! –Gritou Miroku indo à direção dela.

-Cale-se monge! –Grunhiu enquanto pega Inu-Yasha –Eu tenho um refém agora idiota!

***

Aquele aroma de terra fresca era delicioso, podia ver as flores brancas à sua frente, levou uma de suas mãos até uma daquelas e acariciou-a num toque suave. Esse era um dos raros momentos que sorria espontaneamente. Girou fitando tudo ao seu redor, não conseguia ver muita coisa já que tudo parecia um borrão com seu giro, se não fosse por aquele homem com certeza teria caído no chão.

-Você está bem?

Ainda zonza virou para ver o rosto tão conhecido, só seu agradável cheiro já permitia que o reconhecesse.

-Nós seus braços eu sempre estou bem... –Sorriu.

Seus olhos dourados brilharam intensamente enquanto ouvia aquelas palavras sinceras dela, justo ela que era de poucas palavras.

-Gosto quando fala assim, tem calor... Não a frieza de sempre... Quebra um pouco sua majestade.

-Você acha minha frieza uma majestade? –Riu um pouco.

-Por que não? –Parou e continuou concertando o que tinha dito ao ver o rosto dela –É que assim me sinto mais próximo de você.

-Sabe que não podemos, por isso sempre tenho essa majestade na frente dos outros, você devia manter a sua também...

-Eu sei... –Sorriu enquanto a pegava no colo –Mas aqui as majestades não existem, só você e eu.

-Onde aprendeu a falar assim? –Riu –Costuma ser tão rude e violento...

-Com você... Minha majestade...

-Sou uma miko, meu rei... –Riu.

-Eu sei Kikyou... Eu sei... Por isso que eu disse que agora somos só você e eu, não sou mais rei, você não é mais miko.

Ela sorriu aninhando-se mais naqueles braços que tanto a protegiam, braços fortes e carinhosos... Fechou os olhos ao sentir sem enlaçada por ele.

***

Acordou zonza e confusa. Tudo girava a sua volta, seus sentidos estavam todos embaralhados, quando finalmente recuperou-se um pouco pode ouvir o barulho da batalha... Podia ouvir a voz do monge e a estridente voz de Minako.

Levantou-se se apoiando na parede enquanto a visão voltava lentamente, pode ir até lá fora e ver a luta entre Minako e Miroku.

Via os movimentos rápidos de ambos, apesar de não se concentrar tanto na batalha, já que a lembrança do sonho ainda a atormentava, havia ouvido o nome "Kikyou"... Pelo que sabia esse nome pertencia à lendária sacerdotisa, o que isso tinha a ver com seus sonhos?

Porém parou de pensar quando viu o monge caindo em sua frente, deu um passo para trás preocupada, não conseguiria conseguir lutar sem arma alguma, precisaria somente de um arco com algumas flechas já que era uma arqueira, a maioria das Mikos se especializavam com algumas técnicas de luta com armas, principalmente com a adaga, dardos e o arco, porém lá não tinha o tão cobiçado arco... Precisaria de um desses se quisesse lutar, já que seu poder espiritual estava muito baixo naquele momento.

Olhou em volta para ver se conseguia achar algo que lhe servisse para ajudar, então para a sua felicidade viu algumas flechas e um arco velho em um canto. Não seria o ideal, mas serviria por enquanto.

Pegou a arma a posicionando, mirou na aberração atirando uma primeira flecha.

-Mais o que...? –Exclamou o obake.

Miroku olhou para a posição em que a garota se encontrava para atacar então arregalou os olhos ao perceber o que ela era... Aquela posição era bem característica.

-Minha nossa... É uma miko! –Olhou para a criatura e gritou –Ei obake acho que está com sérios problemas agora... Essa garota é uma miko!

-Uma miko? –Riu -Uma miko muito fraca então...

-Idiota! –Exclamou atirando outra flecha, porém desta vez tinha passado de raspão.

-Não sabe mirar direito... Tolinha! –Sorriu enquanto começava a avançar.

Kagome ia ser atingida, porém o outro pulou na sua frente a tempo fazendo uma pequena barreira impedindo que aquela aberração se aproximasse mais, então ele se virou a encarando:

-Você está bem?

-Hai...

-Tome cuidado, se não percebeu, ela está com seu amigo na mão dela... É arriscado atacar assim como você fez, ela pode ficar com mais raiva e feri-lo.

-Como?! Aquela idiota pegou Inu-Yasha?

-Hai! Por isso tome cuidado!

Saiu da barreira tomada pela insanidade, somente queria salvar Inu-Yasha e mais nada... Só tinha um objetivo em mente, as vozes dos outros não chegavam em sua cabeça, só a figura repugnante dela e o hanyou em suas garras.

-Inu-Yasha! –Gritou –INU-YASHA!!!

Por um instante parecia que havia visto o príncipe abrir levemente os olhos mostrando seu dourado intenso e vivo.

Olhou novamente, sim ele estava consciente, viu quando ele abriu a boca pala falar algo.

-Kag-

Arregalou os olhos quando a viu apertando Inu-Yasha entre suas garras.

-Solte!

-Eu vou mata-lo! E você não irá me impedir garota!

Seu corpo estava tremulo, a expressão de seu rosto mudava a cada segundo, uma estranha aura a envolveu, não era rosada como de costume, porém branca e brilhante. Pegou a flecha apontando para a obake, ao menor contado a arma também estava envolta naquele contorno poderoso. Mirou no peito dela soltando a flecha.

Aquilo acertou seu alvo, perfurando o peito dela fazendo-a soltar o hanyou, mas ela reuniu o resto de suas forças jogando-o no pequeno rio.

-Você vai pagar... Obake!

Fechou os olhos concentrando-se enquanto com o dedo indicador desenhava uma estrela no ar.

-Peço aos cinco elementos da estrela...

Os riscos no ar foram tomando forma pouco a pouco.

-E aos seus espíritos e entidades sagradas...

Cada ponta da estrela brilhava com uma cor diferente enquanto Kagome continuava o seu feitiço final sobre eles.

-Me dêem forças...

A aura ao seu redor começava a aumentar consideravelmente, seu cabelo solto e longo voava e então abriu os olhos de repente fazendo com que a estrela rumasse ao encontro de Minako.

-Para eliminar aqueles que fogem a sua regência!

Ela ergueu os braços fazendo o Fragmento da jóia saiu do corpo dela flutuando até a sacerdotisa, logo depois a estrela fazia aquela criatura deformada ficar imobilizada e então Kagome pegou o arco novamente preparando outra flecha.

-Agora acabou... Minako-chan. –Falou com ironia enquanto atirava a arma.

A flecha perfurou seu alvo rapidamente o desintegrando, cada partícula daquele ser desprazível sumia no ar como fumaça deixando nada no lugar dela, apenas o resto do sangue que fora derramado durante o processo.

Kagome respirou fundo se acalmando, depositou o arco no chão correndo até Inu-Yasha que havia descido um pouco a corredeira.

Corria rápido como o vento, o seu coração batia aceleradamente, mesmo uma parte de si odiando o hanyou a outra parte ignorava aquele sentimento rancoroso e negativo querendo apenas vê-lo e sentir sua pele roçando na dele, mesmo não querendo uma lágrima solitária percorria seu rosto maltratado. A chuva antes fina começava a engrossar rapidamente molhando-a por inteiro, mas não parava, então continuou correndo até que avistou o corpo dele perto da margem, preso entre algumas pedras.

-Inu-Yasha! –Falou enquanto ajoelhava-se ao seu lado.

Com um pouco de esforço entrou na parte rasa na água pegando o príncipe pelos braços o trazendo para a margem.

Pegou sua face fitando a expressão plácida que ele carregava e tremeu ao encontrar a pele fria, para examiná-lo melhor o sentou aninhando-o em seus braços. Passou os dedos vagarosamente pela pele macia e pelos fios prateados e sedosos. Sentia um fio de vida naquele corpo para o seu alivio, descansou sua mão em uma das bochechas transmitindo seu calor para ele.

Os olhos dourados abriram-se vagarosamente.

-Kagome...

-Sim! –Ela exclamou segurando as lágrimas sorrindo.

Ele sorriu levando uma das mãos ao cabelo dela, acariciando-o suavemente.

-Eu ouvi você... Você gritando que estava sozinha num lugar distante... Onde eu estive Kagome?

Ficou em silêncio somente o observando com um sorriso enquanto suas lágrimas se confundiam com as gotas de chuva.

-Desculpe... Eu... Eu fiz você ficar sozinha... Eu ouvi isso...

Ela balançou a cabeça e respondeu:

-Mas agora você está comigo não é mesmo?

-Sim... –Sorriu –Agora não estamos mais sozinhos...

Ele fechou os olhos suspirando enquanto procura fôlego para continuar a falar, estava cansado, porém queria falar.

-Kagome... Fale para a Minako... Fale para ela que eu não quero dançar... Eu não consigo gritar com garotas desconhecidas...

Mordeu o trêmulo lábio inferior, a chuva grossa e forte penetrava por cada canto de seu corpo, mas ela não se importava, tudo o que importava era o hanyou que tinha nos seus braços. Sentiu que as lágrimas a dominavam cada vez mais ao olhar para aquela expressão inocente e aquele sorriso doce transmitindo tranqüilidade e afeto, soluçou baixinho olhando para aquele rosto tão querido.

-Kagome... Por que você está chorando?

-Nã-não é importante... –Falou sorrindo.

Ele limpou com o dedo indicador aquelas lágrimas que persistiam em cair, os olhos dourados demonstravam preocupação e afeto. O toque dele era tão reconfortante e seu dedo tão quente e macio...

-Não quero... –Respirou –Que chore... Não gosto quando chora... É por que ela te machucou?

Olhou para ele o envolvendo fortemente em seus braços num abraço.

-Ela nunca mais vai te incomodar... Nunca mais vai me machucar, nem machucar você... Nunca... –Sussurrava no ouvido dele –Eu prometo.

-Acredito em você... –Falou tateando o chão na procura da mão dela.

Achou-a quente, porém tremula, estão envolveu a mão dela com a sua fazendo uma onde de calor percorrer ambos corpos.

-Não chore mais... Por favor,...

-Eu não vou... Inu-Yasha.

-Mas você está chorando agora Kagome...

-É, -Riu limpando os olhos, não sabia como ele identificava as lágrimas no meio da chuva, mas agora não era importante –Mas as minhas lágrimas são diferentes agora... Não são puramente de tristeza, pois têm um pouco de esperança, estou chorando porque posso caminhar tranqüila novamente... Minha mãe costumava chamar de lágrimas de luz.

-Que bom... –Ele suspirou fechando os olhos.

Acariciou seu cabelo num toque suave e reconfortante, ele estava dormindo calmamente entre seus braços, nada poderia impedir isso... Nada.

Ouviu passos se aproximado misturados ao som da chuva, virou sua cabeça encontrando uma figura turva vindo em sua direção, porém cada vez que ela se aproximava podia distinguir os traços do monge Miroku, ele tinha uma expressão séria e preocupada. Ajoelhou-se ao lado olhando o rosto plácido de Inu-Yasha.

-Miko-sama sente essa energia que vem dele? –Falou enquanto contornava o rosto do hanyou com o polegar.

-Sim... O que quer dizer?

-Bom, acho que é melhor tratarmos dele antes de tudo, é algo muito delicado que tenho a falar sobre ele.

-Certo.

***

A pequena fogueira solva algumas faíscas e exigia extremo cuidado, já que fogo não durava muito na madeira molhada, Inu-Yasha estava muito próximo à chama com diversas bandagens por seu abdome, estava inconsciente deitado em uma espécie de esteria de couro não curtido coberto por dois cobertores grossos, pelo menos estava aquecido.

-Miko-sama voltei... –Falou o monge entrando na cabana.

Miroku andou até Kagome que tinha a cabeça do meio-youkai em seu colo.

-Vocês têm alguma coisa? Se tiverem deve estar muito mal pelo o que quase aconteceu.

-Eu estou tentando não lembrar disso... Pelo menos enquanto ele estiver assim. E não temos nada.

Os olhos dele brilharam de alegria por um instante, mas após alguns segundos voltaram ao normal com a expressão calma de sempre.

-Sinto muito Miko-sama... Mas é em parte sobre isso que vou falar.

Ela suspirou e disse:

-Pois então fale!

-Miko-sama... Aquilo que o obake estava fazendo com ele foi um ritual.

-Ritual de que?

-Bom... Para ela ter a energia dele mais forte era preciso começar pela carne, mas receio que tenha chegado tarde demais para impedir...

-Impedir?

-Sim... Pois como essa data eles invocam espíritos no festival ela invocou algo nele e nela também... E isso ainda está no corpo dele.

Miroku abaixou a cabeça olhando para o outro lado, parecia que a noticia era difícil de falar.

Kagome tentou ver sua expressão para deduzir o que havia acontecido, olhou para o hanyou tentando procurar alguma coisa que podia lhe fazer mal, afinal uma divindade ou espírito quando invocado sai do corpo depois de algum pequeno espaço de tempo. Fitou-o mais intensamente e lembrou-se do fogo que ardia no festival e em... Beltane.

Estremeceu ao lembrar de beltane, se era isso que aquele homem queria dizer estariam em grandes apuros, quer dizer ela não diretamente, mas ele sofreria sérias conseqüências.

-Isso é o que eu estou pensando? É a mesma coisa que acontece em beltane?!

Ele suspirou e virou-se para ela.

-Acho que entendeu o que quero dizer, uma pessoa comum não duraria tanto, Ma como ele é um guardião conseguirá resistir mais...

-Espere! Como sabe que ele é um guardião?!

O monge sorriu:

-Não é óbvio, Miko-sama? Eu também sou um guardião... E sei que vocês são. A principio eu vim aqui por causa do obake, mas quando senti as suas energias vim mais rápido. Quer dizer já começou a jornada?.

A sacerdotisa fechou os olhos para se certificar se aquele homem não mentia ao dizer que também era um guardião, concentrou-se nele e sentiu sua aura, podia sentir o poder dentro dele, o poder do guardião, mas também podia localizar a relíquia que formava uma espécie de fumaça dourada na escuridão de sua mente, então abriu os olhos e viu que o cajado que ele carregava era também sua relíquia.

-Certo... –Sorriu por um breve momento e continuou –Mas o que pode acontecer a ele? O que podemos fazer por ele?

-Bom... Se ele não expulsar isso de seu corpo vai morrer ou adoecer e definhar, porém não será fácil expulsar isso.

Suspirou enquanto olhava a chuva parar lentamente.

-Quanto tempo ele tem?

-Não sei ao certo... Depende muito, talvez um mês ou até cinco meses... Mas sabe o que pode resolver isso Miko-sama?

-Por favor, me chame de Kagome, eu ainda não sou "Miko-sama" já que não terminei o sacerdócio e claro... –Sussurrou –Eu sei o que irá salvá-lo... Beltane.

-Não necessariamente beltane, mas compreende que o ritual tem que ser terminado, não é mesmo?

-Sim... –Falou cabisbaixa.

-E é difícil já que ele já tem uma divindade encarnada e para continuar o ritual a parceira terá que invocar algo sozinha... E isso requer poder e conhecimento, além de que a sacerdotisa tem que ser virgem.

-Eu sei... –Disse num fio de voz enquanto se levantava.

-Por que está assim Mi... Kagome-san? Sei que a maneira mais fácil de resolver isso seria com você, mas não é obrigatório.

-Eu prometi para ele que se fosse necessário eu salvaria sua vida... –Sorriu tristemente –E também prometi seguir meus votos... Que irônico, não?

Saiu da cabana deixando que a chuva fraca molhasse suas vestes e disfarçasse suas lágrimas.

Era estranho, na verdade irritante quando a vida pregava peças, ficar desorientada e confusa era coisa que odiava ter que passar... Ainda mais com uma escolha difícil daquelas, sabia que a divindade iria manifestar-se num momento inesperado, onde haveria nenhuma miko por perto... O ritual tinha que se concluir, Inu-Yasha teria que se unir com alguém...

O seu peito doía, pois sabia que tinha uma promessa, mas também sabia que parte do que o atraiu para Minako foi o seu próprio desejo.

A chuva continuava a diminuir, e então se ajoelhou sobre a terra deixando que seu cabelo cobrisse sua face.

"Você sabe o que tem que fazer garota, mas até lá você tem tempo".

-Hai... –Sussurrou –Eu sei disso.

Porém não estava só com essa dúvida, tinha na cabeça muito mais perguntas... Para suas incertezas e aqueles sonhos que passaram a retratar duas histórias de uma vez só.

Continua...

N/a: *Kiki entrando com armadura medieval* Er... Oi *Kiki olhando para os lados para ver se ninguém está escondendo alguma arma, produtos alimentícios podres ou até pequenas pedras* Bom... Oi... Já falei isso... ^^', então aqui está mais um capítulo de "As faces de suas lágrimas" Esse não demorou tanto né?? E acho que outro desse só depois do dia 21, porque tenho que estudar para as provas, na verdade nem devia estar escrevendo agora XD.

Espero que tenham gostado do resultado (Minako morta hehehe) o que me incomoda um pouco é que eu não consegui criar uma personalidade boa para meus personagens originais, a Minako por exemplo... ¬¬' Bom, apesar de vocês não terem gostado muito dela eu achei que ela ficou como uma concha vazia... Bom, não sei explicar muito bem... Pelo menos o Kuru (vocês num esquecerem dele né? ^__^) ainda dá para resgatar... Acho que vou fazer um capítulo na sua maioria só com ele para montá-lo direito ^^'.

Bom, vocês viram que o Miroku apareceu e conseguiram entender o propósito da Minako na história? Acho que fãs de Inu/Kag (também coloquei mais romance nesse capítulo, né?) talvez irão agradecer à ela hahahaha e para quem queria que eu "compensasse" um pouco a "cena" do capítulo anterior acho que essas mãozinhas dadas e falas bonitinhas quebraram o galho, não é mesmo?

E como sempre eu só passei o olho uma vez... Então me desculpem pelos erros!

Agradeço também à Kagome Higurashi*IW que me ajudou a colocar o cap no ar me dando os códigos para ficar direitinho aqui ^^'

Agora já falei demais.... Vamos responder aos reviews! *Kiki pulando de alegria* Eu fiquei muito feliz nesse cap! Porque eu recebi e-mails ^____^ Muito legais por sinal!!! E bastante reviews, se continuar assim eu sempre estarei atualizando a fic mais ou menos semanalmente ou se der um surto como no capítulo passado, quem sabe antes??? Por ordem de postagem:

Lally-chan (já sei como te chamar XD!!!): Er... Obrigada pelos elogios ^/////^, e porque esse medo? Hahaha acho que nos autores somos um "pouco" malvados né? Mas vai ser diferente porque vão aparecer alguns fatos que irão mudar tudo... É só prestar atenção nos sonhos da Kagome. Bjs!

Elizabeth: Como você viu o Inu-Yasha quase fez aquilo com a Minako... Hehe, tadinha né? Ela impediria, só que ela estava em estado de choque para impedir... Acho que depois de ver o que estava acontecendo qualquer um ficaria... Que bom que está gostando da história!

Bjs!

K-chan: Er.... *Se afastando devagar* Ainda bem que você num deve estar mais querendo me matar certo? Mas pensa por esse lado... Se eu morrer num tem mais fic (isso é ruim? *rs*) Nossa... Deve ser péssimo se sentir igual a Kagome da minha história, não é mesmo? ^^' Eu até fiquei com peso no coração quando li o seu review... Mas faz parte, fazer o que? Agora vamos esperar pra ver... Bjs!

Marina: Sobre a minha série escolar *rs* acho que num devia ter comentado... *corando* Er... Obrigada pelos elogios! ^___^ Muito obrigada mesmo!

Er.... É eu admito que fui um "pouco" sacana ao fazer o que eu fiz com a Kagome, ela num merece (por enquanto... kukuku) mas isso tinha que acontecer!

Yep... Eu li a coleção das Brumas, mas num tirei o festival de lá, é de outro livro da mesma autora, só que se chama "A Sacerdotisa de Avalon", muito bom também! E aqui está o capítulo! Bjs!

Spooky: ^__^' Que bom que gostou dos capítulos! Fico muito feliz... Essa crise de ciúme que o Inu-Yasha tem pela Kagome nunca vai acabar... E claro, o Lobo ajuda muito nisso! Que bom que está prestando atenção nos sonhos... ^__^ Esse é um dos meus objetivos para entender melhor a história! Bjs!

Camis: Garanto que não quero matar vocês do coração! Afinal o que seria de mim XD? Sua raiva é totalmente compreensível já que até eu quis esganar ela, o bom de estar escrevendo a fic é que eu pude fazer a Kagome matá-la! Hehehe, mas eu queria fazer uma pequena tortura... Vocês iam adorar ler, não é? Hahaha, que bom que gostou da cena do banheiro... Coitado do Inu, o Kouga é abusado demais, mas faz parte.

Obrigada pelos elogios... E num precisa se sentir velha ^^Ao contrário, você é nova! E como você pode ver a Kagome deu uma lição na "coisa". Bjs!

Lilith-Trm: Que bom que está gostando da fic! E *se afastando devagar...* Haha *voz fraca*... Bom a fic vai ter um final feliz sim ^__^ *num quer morrer ainda... Só quando o Inu... Bom...^^* E aqui está o cap 12! Bjs!

Laine-Moraes: Ficou triste? Bom, isso tinha que acontecer né?

No anime eles tiveram momentos felizes... Só não teve nenhum beijo ainda... A Rumiko é enrolada com esses dois viu? Mas eu vão vou enrolar tanto... Cento e tantos capítulos de enrolação, já pensou? XD

Bjs!

Mary Marcato: Oi ^^!

Realmente o Inu fez um papelão... E eu??? Má? Justo eu que sou tãooo bozinha ^___^ *desviando de uma pedra* Er... Mas como eu já disse isso tinha que acontecer, não é? Hahaha, acho que ela não vai conseguir dar um gelo assim nele não. Quando ele quer os olhinhos dele de cachorro abandonado são tão fofinhos! ^__^ E claro... ¬¬ Também acho que ele não tem direito de falar do beijo da Kagome com o Kouga, mas ele é um machista horrível! Mas a Minako morre, não é mesmo? *jogando confete* Isso é o importante, a Kagome se vingou muito bem! Hahaha bem feito!!!!

Obrigada pelo elogio ^^ E claro que eles vão aparecer, eu adoro eles ^__^ o Miroku já apareceu, ele parece comportado nesse capítulo, mas espere para ver os próximos! Bjs!

Juli-chan: Não fica assim... A Minako morreu agora! Mas que bom que você gostou O.o do cap ^^!

Bjs!

Any: Hahaha, que bom que gostou! ^__^ Fico muito feliz ao saber disso e aqui está a continuação! Bjs...

Consegui responder todas ^__^, mas sabe o que engraçado? O capítulo que eu mais fui ameaçada de morte mais reviews teve... Acho que sempre vou fazer capítulos assim *todos olhando feio para Kiki* Brincadeirinha!!!

Obrigada pelas reviews novamente!! ^^ Eles são muito importantes para mim!

Bjs... E até o próximo cap! (depois do dia 21 vou voltar a escrever... tenho provas! Já avisei, mas só para reforçar um pouquinho mais).

Kiki

PS: São duas da manhã... Então meu cérebro problemático fica cada vez mais afetado... Então desculpem pelo monte de bobagem que eu escrevo...