Cap 20- Assombrações (16/04/04)
-Iie. –Ela disse enquanto virava a cara para o prato em sua frente.
A serva em sua frente parecia desesperada, seu olhar emitia preocupação. Ela se ajoelhou diante da moça e pediu suplicante:
-Por favor, Kikyou-sama, coma um pouco.
A miko cerrou os olhos e os punhos trêmulos. Depois de tudo, ainda queriam que ela comesse o alimento sujo daquele lugar?!
Havia sido enviada para cuidar da jóia, o objeto que matara sua mãe. Odiava tudo aquilo, o reino, as pessoas, a comida... Tudo aquilo tinha condenado sua mãe! Bufou e saiu do salão nervosamente, as servas mordiam o lábio inferior, aquela miko mais parecia uma garotinha mimada. O que o rei iria dizer se soubesse que ela não comia?
-Garota difícil... –Ecoou uma voz.
A mulher que servia Kikyou pareceu congelar, seu corpo todo começou a tremer e ela se virou desesperadamente para a figura que acabava de chegar, era o rei.
A garota estava cuidando da jóia como substituta de sua mãe há algumas semanas e não cansava de causar problemas, não comia, desprezava os pedidos de todos deixando o rei extremamente irritado. Não eram babás, nem estava lidando com uma criança pequena, ele dizia, mas a moça não tomava jeito.
-Oh meu lorde... Não é nossa culpa, a-
Ele fez um sinal para a serva parar de falar e suspirou pesadamente, sentando na mesa. Apoiou os cotovelos e entrelaçou os dedos longos apoiando sua cabeça neles, precisava pensar.
O soberano daquele reino era um inuyoukai. Alto, cabelos prateados, lisos, um pouco rebeldes, porém tão compridos que chegavam a ultrapassar a sua cintura. No alto de sua cabeça havia duas orelhinhas felpudas, hipersensíveis a qualquer tipo de som. Seus olhos eram dourados e estreitos e possuía uma calda longa e macia. Era um youkai muito bonito, porém muitas vezes impiedoso e frio.
-A garota pensa que nós fomos os assassinos de sua mãe. Não vai parar de nos destratar até que nós provemos o contrário.
A serva engoliu seco e perguntou temerosa.
-Mas como faremos isso meu senhor?
Ele deu um leve sorriso e balançou a cabeça se levantando.
-Eu darei um jeito na pestinha.
***
Seus pés estavam mergulhados nas águas cristalinas do pequeno lago no templo do castelo. Podia ver algumas carpas nadando calmamente enquanto balançavam suas nadadeiras com graça e leveza. Algumas eram brancas como pérolas, outras douradas como o sol, mas de qualquer forma adorava ficar observando aqueles peixes, isso a acalmava. Esticou os braços e se deitou na relva observando o céu azul com o olhar triste e parado.
Esse era o único local onde poderia ter um pouco de paz, longe de toda aquela gente suja e medita.
Algumas nuvens eram levadas pelo vendo vagarosamente. Pareciam algodões flutuando em meio a um mar azul. Poderia ficar olhando para aquilo eternamente, mas uma sombra encobriu seu corpo parcialmente. Era a sombra de um homem
-Então a princesinha se esconde aqui?
Levantou-se num salto ao ouvir a voz. Virou-se rapidamente para encarar aqueles olhos dourados. Como tinha raiva daqueles olhos indiferentes, porém tão expressivos ao mesmo tempo!
-Eu não mordo Kikyou. Pelo menos não vou te morder, ainda –Acrescentou divertido –Se não melhorar seu comportamento.
Ele sorria ironicamente e tinha os braços cruzados na frente do tórax. "timo, se queria um joguinho, ela iria brincar também. Ergueu as sobrancelhas em desafio e ergueu-se, tirando a grama das roupas.
-Não faz parte do trato ser um exemplo em comportamento.
O rei suspirou e mirou o céu.
-Realmente não... Mas não acha que seria desagradável conviver com alguém com seu gênio?
Kikyou cruzou os braços também e retrucou.
-Oh sim... Mas é igualmente desagradável conviver com assassinos, ver o rosto deles todos os dias e todos os segundos... Desde que acorda até dormir.
O olhar dele tornou-se magoado, aquela garota o chamava de assassino sem ao menos saber o que realmente havia acontecido.
-Está sendo injusta comigo. Não sou assassino, se me culpa pela morte da sua mãe fique sabendo que eu não tive participação alguma nisso. Sua mãe era uma pessoa muito simpática, nunca iria ajudar a matá-la.
A jovem miko olhou os próprios pés molhados, não queria ouvir nada. Sua vontade era sair correndo por ai e esquecer tudo aquilo. Iria responder, porém sentiu a mão dele em seu ombro, ele se ajoelhou ficando em frente a ela, sentiu toda a sua pouca cor sumir, aquele olhar... Não estava cínico ou indiferente como costumava ser, continha ternura.
-Olhe para mim. –Falou num tom suave enquanto erguia sua cabeça –Eu sofri tanto por causa dessa jóia quanto você. Assim como sua mãe, meu pai também morreu protegendo a jóia. Fiquei num estado parecido com o seu, também não tive escolha a não ser continuar... Na verdade é isso –Apontou para a jóia pendurada no pescoço da miko –Que é o grande caos, portanto não seja injusta. Sua mãe se sacrificou porque confiava em você.
Sentiu seus olhos arderem. Aquele sujeito estava a consolando? Engoliu as lágrimas, não podia mostrar-se fraca diante dele, porém estava em seu limite. Ergueu os orbes castanhos e murmurou.
-Mas ela... Ela...
Ele não deixou ela terminar e a envolveu num rápido abraço.
-Nós somos parecidos Kikyou... E talvez seja por isso que quero protegê-la. –Segurou o rosto dela com uma das mãos –Colabore, por favor... Eu não quero mais ver pessoas morrendo na minha frente. –Terminou com a voz fraca e cabeça baixa, então se levantou.
-Eu...
-Não fale nada. Não peço para gostar daqui nem de mim, somente entenda. –E foi embora.
O coração dela batia rapidamente e suas bochechas estavam extremamente coradas. Segurou a jóia entre seus dedos firmemente e olhou para baixo.
-Ele tem razão... Isso daqui é o verdadeiro culpado... Mas...
Voltou a mirar o local onde ele estava, um estranho sentimento começou a se formar naquele momento. Era um calor desconhecido que a envolvia, mas ao mesmo tempo ele vinha junto de um mar de tristeza.
Estava se sentindo sozinha.
***
Kagome foi acordada pelos primeiros raios da manhã. Remexeu-se preguiçosamente e abriu os olhos devagar. Enterrou a cabeça no travesseiro, querendo ficar deitada mais um pouco e talvez dormir novamente, mas aquele sonho a intrigava. Era o passado dela novamente.
Esfregou os olhos e suspirou, sentou-se na cama tentando despertar. Esticou os braços e deu um longo bocejo, aquele sonho não havia sido tão ruim assim, os outros eram bem piores. Pôde sentir uma sensação boa quando aquele homem havia abraçado Kikyou.
Mas junto com o sonho todos as outras lembranças voltaram num turbilhão. Escondeu a cabeça no travesseiro tentando conter as várias lágrimas que se formavam em seus olhos.
-Iie... Eu tenho que ser forte... Agora não. Inu-Yasha não tem culpa.
Fincou as unhas no tecido, como se quisesse aliviar a dor através daquilo e não do choro iminente. Aquelas memórias malditas não paravam de voltar! Será que quando estava disposta a esquecer sua própria mente não deixava? Sabia que estava fugindo... Não contara a Inu-Yasha, nem refletira muito sobre o assunto, mas ela era humana! Humanos fugiam, tinham medo, aflição... Por que não podia simplesmente ficar tranqüila?
Aquela dor começava a surgir novamente junto ao nojo que tinha de si mesma. Tinha uma sensação de estar suja, não só no corpo como na alma também. Afundou mais a cabeça no travesseiro, queria ficar em paz, somente isso.
Sem que percebesse estava soluçando sobre a cama. Tinha raiva de si, como podia ser tão fraca a ponto de não fazer o que tinha prometido? Sua promessa era esquecer, fingir que fora outra pessoa que a violentara, até ele lembrar, mas isso parecia errado. Deu um meio sorriso, sempre correta "Miko-sama"... Sua mãe tinha razão, era difícil ser humana enquanto se é miko, talvez impossível.
Mas não preocuparia Inu-Yasha por enquanto. Pelo menos enquanto não pensasse direito.
Porém seus pensamentos foram interrompidos por um barulho, alguém batia na sua porta. Remexeu nos cabelos desgrenhados, limpou os olhos, respirou fundo e falou com a voz fraca:
-Entre.
-Com licença! –Falou a garota num tom jovial.
Rin entrou no quarto com seu sorriso costumeiro. Vestia um quimono laranja e prendia o cabelo longo e castanho de uma forma peculiar, de certo modo infantil. Caminhou até as cortinas semi-abertas e perguntou polidamente.
-Bom-dia Miko-sama! Posso abrir? –Perguntou, segurando um pedaço da cortina.
-Oh... Claro. Fique a vontade...
Fazia um dia que estava no litoral. Tivera uma conversa conturbada com Bankotsu, mas estava tudo acertado.Teriam os fragmentos da jóia no dia seguinte, até ele resolver os assuntos pendentes com os generais.
Olhou a garota que assobiava uma musica qualquer enquanto tirava o pó dos móveis. Ela fazia o serviço com habilidade e dedicação, mas não era isso que atraia sua curiosidade... Tinha a leve impressão de já tê-la visto.
-Qual é seu nome?
-Rin. –Sorriu singelamente.
Não, nunca havia conhecido ninguém chamado Rin.
-Rin, pode deixar as coisas ai, eu-
-Iie! Esse é o meu serviço e, Miko-sama, todos estão te esperando para tomar café.
Kagome ergueu as sobrancelhas e se levantou andando até o baú onde estavam suas vestes. Pegou uma qualquer e agradeceu à garota.
-Certo, arigatou.
***
-Sango... –Gemeu o monge escondendo a marca vermelha no rosto com a mão –Seja razoável...
A mulher parou, respirou profundamente e se virou para Miroku completamente alterada. Atrevido! Ele queria que ela fosse razoável depois de tudo que ele havia feito?! Ao seu ver estava sendo até razoável demais, aquele depravado merecia bem mais. Fechou os punhos forçando suas unhas contra a carne e falou tentando se controlar ao máximo, fazendo uma pequena pausa pra respirar fundo a cada palavra.
-Deixe-me... Entender... Você... Quer... Que... EU... Seja... RAZOÁVEL?
Ele engoliu seco e tentou consertar a situação sem êxito.
-Sangozinha... Foi sem querer... Vamos, perdoe esse pobre servo de Buda.
Ela riu sarcasticamente e apontou o dedo indicador para o nariz dele enquanto colocava a outra mão na cintura.
-Oh sim... Sem querer invade o MEU, o MEU quarto de manhã e eu acordo com voc debruçado sobre mim... Isso é completamente normal, NÃO É?!
-Não encare assim... –Falou tremulo -Eu posso ser sonâmbulo!
Ela passou a mão sobre o rosto enquanto olhava suplicante para o teto esperando alguma luz milagrosa iluminar seu caminho.
-Oh Kami! Eu mereço...
Miroku aproveitou a distração dela e pousou sua mão em seu ombro delicadamente. Chegou perto de seu ouvido e começou a sussurrar soprando as palavras.
-Ora Sango... Não foi tão ruim assim. Eu sei que você me ama também, não precisa esconder...
Mais rápido que os olhos do houshi puderam ver, a ex-caçadora desferiu um tapa em seu rosto deixando mais uma marca vermelha com seus cinco dedos perfeitamente modelados. Bufou nervosamente enquanto o empurrava para longe.
-Monge atrevido! Quero você BEM distante de mim!
Andou rapidamente pelo corredor. Seus passos raivosos causavam um eco ensurdecedor que se misturavam às suplicias do monge abandonado.
-Onegai Sango... Não seja tão dura! Não quer ter um filho comigo?
Ela parou e olhou para trás com um olhar mortal, seus lábios se mexeram lentamente mostrando suas intenções com clareza.
-QUEIME_NO_INFERNO_MONGE!
-Já estão se amando logo cedo... –Resmungou uma voz.
Inu-Yasha estava sentado na mesa apoiando a cabeça com o cotovelo. A ex-caçadora corou, estava tão "entretida" na briga com o houshi que nem dera conta de que haviam chego no salão. Ela se sentou à mesa encabulada, seu dia tinha que começar daquele jeito tão "agradável"?
-Bom-dia Inu-Yasha. –Falou Miroku, indo sentar ao lado de Sango, mas ela o impediu de concluir a ação.
-Nem EXPERIMENTE se sentar ao meu lado! Fique BEM LONGE daqui!
-Certo, certo. –Respondeu assustado enquanto se afastava lentamente. Não era seguro ficar perto da mulher enquanto estava brava.
-Vocês não cansam de brigar? –Perguntou uma voz cansada.
Kagome acabava de entrar no salão e já ouvira a discussão, aqueles dois não tinham mais jeito. Com um suspiro, deu um rápido "bom-dia" a todos e se sentou, mas algo a incomodava, sentia o olhar de Inu-Yasha permanentemente sobre si.
-Ohayou minna-san. –Falou Bankotsu ao entrar.
-BOM-DIA! –Exclamou Jakotsu sentando ao lado de Miroku,
-N-nani?
-O cachorrinho está com uma carinha brava hoje... –Apontou para o Hanyou –Mas você parece estar melhorzinho meu querido monge.
-Oh Buda... Proteja-me de todos os males... –Orou enquanto tentava se afastar de Jakotsu.
Kagome deu um leve sorriso com as investidas de Jakotsu em Miroku, lembrava-se vagamente de situações semelhantes de quando estava hospedada ali há muito tempo. Ele sempre costuma flertar com as visitas, era engraçado ver as expressões dos rostos de suas "vítimas", era algo oscilando entre desespero ou susto. Os rostos ficavam pálidos, levemente arroxeados ou rubros, até mesmo os olhos se esbugalhavam quase se enchendo d'água.
A refeição foi feita em perfeito silêncio, somente interrompida por algumas falas curtas de Jakotsu, que eram imediatamente cortadas pelos olhares mordazes do rei. Mas ao não ser isso não havia agitação maior.
-Kagome costumava ser mais agitada. –Comentou Bankotsu.
-Ah... É que não estou muito animada esses dias.
Ele fez uma rápida careta, mas sorriu. E então mirou os olhos da miko e falou educadamente.
-Não gostaria de dar uma volta? Tenho certeza que tem bastante coisa para contar.
O hanyou fez questão de resmungar alto, porém não foi ouvido. Bankotsu continuou.
-Daqui a pouco, se não se importar... Eu tenho algumas coisas para resolver.
-Ahnnn, será um prazer.
-Certo. –E se levantou –Já vou indo... Encontre-me no jardim em frente ao lago.
-Hai.
O Hanyou acompanhou aquele pervertido com o olhar até sair do salão. "Quer dizer que depois de anos ele quer "conversar" com Kagome?" Inu-Yasha pensou irritado. Rosnou fracamente e fitou a garota, mas quando fez isso se lembrou do que tinha que falar com ela.
Seu rosto ficou pálido e suas mãos estremeceram. Lembrar daquilo não era agradável! E por que ela não havia contado para ele?! Tinha descoberto tudo... A sua memória da noite em que havia perdido o controle estava voltando lenta e dolorosamente. Então tinha sido ele que a feriu, mas a miko não havia se pronunciado, será que pretendia esconder aquilo para sempre?
De repente, se levantou.
-Inu-Yasha, você nem tocou no prato... –Comentou Miroku erguendo os olhos.
-Não estou com fome. –Disse por fim.
Kagome franziu o cenho olhando-o e perguntou:
-O que foi Inu-Yasha?
Ele se virou a encarando com uma certa mágoa a balançou a cabeça.
-Inu-Yasha! –E saiu atrás dele também.
O Hanyou andava rapidamente pelos corredores como se já os conhecesse enquanto Kagome tentava penosamente acompanhar seu ritmo com passos rápidos e largos.
-Matte! –Chamava-o ofegante.
Mas ele não respondia. O meio-youkai somente parou de andar quando estavam bem longe, num jardim. Havia pequenas flores brancas por todo o canteiro e uma grande cerejeira no meio. Apesar de não existirem flores em seus galhos, as folhas verdes e lustrosas realçavam a árvore frondosa de tronco escuro. Foi naquele tronco que o príncipe se apoiou enquanto Kagome lutava para alcançá-lo.
-O que foi Inu-Yasha?! Por que me olhou daquele jeito? –Perguntou enquanto se punha ao seu lado.
Ele cruzou os braços em frente ao tórax e continuou a olhar para paisagem, até soltar um suspiro de cansaço.
-Por quanto tempo achou que poderia me esconder, o que fiz com você?
-Esconder? Do que está falando?
Inu-Yasha ficou de frente a ela e tocou suavemente o curativo em sua bochecha. Ela sentiu um arrepio e no momento que percebeu do que se tratava prendeu a respiração em nervosismo e arregalou os olhos.
-Estou falando disso. –Ele terminou, por fim.
-Você se lembrou... –Disse num fio de voz enquanto desviava o olhar.
-Olhe para mim. –Falou erguendo seu queixo com o polegar –Por quanto tempo você achava que podia esconder?
-Eu não queria esconder... Gomen...
Ele balançou a cabeça e pousou sua mão vazia num dos ombros da garota.
-Não é para se desculpar, era para eu estar fazendo isso, mas... –Suspirou enquanto sua voz adquiria um tom ressentido –Achou que poderia omitir isso?! Kagome! Eu quase te... te... eu quase te estuprei! Acha que é bom esconder isso de alguém?! Por que você sempre quer sofrer sozinha?!
-Você não me entende... Eu... Eu queria dar um tempo e esquecer.
-Mas sabe que isso não é bom Kagome... E também, aquela noite eu falei para se afastar, por quê não foi embora?!
Ela cerrou os olhos com força e quando os abriu novamente estavam cheios de lágrimas.
-Eu sou humana Inu-Yasha! Eu... Eu fujo das coisas... Não sou perfeita... E eu me importo com você! Por que eu deixaria alguém que me importo sozinho?!
As lágrimas começaram a rolar livremente pelo seu rosto, ela se distraiu tanto com sua dor que não sentiu os braços de Inu-Yasha a envolverem pela cintura. Por instinto se acomodou em seu peito, fechando os punhos no quimono vermelho.
-Não chore! Já quase não consigo te encarar...
-Onegai... –Choramingou –Não seja tão duro.
-Gomen Kagome... É engraçado...
-Nani? –Ela sussurrou.
-Sempre tem algo que nos atrapalha –Disse enquanto repousava sua cabeça em cima da dela –Eu gostaria de um dia poder te amar de verdade Kagome...
"AMAR?" Aquela palavra ficou pregada em sua mente... Ele a amava? Sua respiração tornou-se acelerada e um arrepio correu por todo seu corpo. Afastou-se dele de modo que pudesse abaixar a cabeça, mas foi inútil. Ele a pegou pelos ombros com doçura e aproximou seu rosto do dela, procurando seus lábios.
-Iie... Eu ainda não estou pronta.
- Deixe-me mulher! –Sussurrou –Eu não vou te machucar.
-IIE!
-Baka! Garota idiota! Deixe-me pedir desculpas ao meu modo.
Ele segurou seu rosto, embrenhando seus dedos no cabelo escuro, puxando-a lentamente contra si. Logo seus lábios se roçaram causando um arrepio nos dois. Kagome sentiu sua língua formigar ao contato da boca macia dele. Então, sua mão se moveu com insegurança até a sua nuca, onde permaneceu. Suas pernas estavam bambas, teve que se apoiar na árvore para não cair, porém ele a trouxe para mais perto.
As mãos do hanyou migraram até as costas da garota enquanto sua língua entrava na boca da garota. Ela finalmente relaxou em seus braços e pôde corresponder, então seu outro braço enlaçou-o pela nuca.
Ele nunca estivera tão perto... Podia sentir o cheiro dela em sua essência, nada poderia ser melhor. A doce pressão dos lábios dela contra os dele era uma sensação inebriante... Toda a tensão fora embora quando ela começou a corresponder timidamente. Era gostoso demais sentir as duas mãos repousadas sobre sua nuca... De todas as sensações que já havia experimentado, essa era a melhor.
Suas pernas se tocaram trêmulas, fazendo com que eles caíssem devagar no chão de joelhos. Uma das mãos de Kagome pousou na bochecha de Inu-Yasha o empurrando com suavidade, precisava de ar, estava corada e os lábios extremamente rosados. Abriu os olhos lentamente, com medo de que tudo aquilo fosse um sonho, mas não era. Encontrou aqueles olhos dourados mirando-a ternamente. Ele a abraçou com firmeza e sussurrou em seu ouvido.
-Não sei se essa foi a melhor forma de te pedir desculpas... Mas...
-Iie. –Ela respondeu fechando os olhos, relaxada –Não fale nada.
-Certo... Mas... Eu nunca mais vou te machucar assim Kagome.
Ela sorriu e ergueu a cabeça o fitando, seus olhos continham um brilho de felicidade... Quem diria que tudo acabaria assim?
-Eu sei que não.
Mas os problemas não haviam acabado.
Ela se levantou com pesar e olhou mais adiante. Bankotsu devia estar a esperando, também necessitava falar com ele, mais precisamente para acabar com aquele maldito noivado.
-Nani?
-Bankotsu... Ainda tenho que falar com ele.
Inu-Yasha fez uma careta e a garota apenas riu. Ajoelhou-se em sua frente e falou:
-Eu preciso Inu-Yasha...
-Aquele idiota só está se fingindo de inocente! No final ele só vai querer te agarrar baka! Eu vi nos olhos dele!
Kagome girou os olhos soltando um longo suspiro.
-Inu-Yasha, se não se lembra, eu tenho que terminar um noivado com ele.
O hanyou resmungou um pouco e cruzou os braços, mau-humorado. Olhou a Miko de lado e falou:
-Bah! Vá falar com esse otário!
***
-Itaiiiiii –Gemia Miroku massageava a bochecha esquerda, lugar onde Sango havia deixado seus belos cinco dedos marcados.
-Ora ora... O que temos aqui?
Miroku se virou e, de repente, seu rosto perdeu toda a cor, os olhos se arregalaram e ele deu alguns passos para trás. Aquele realmente não era seu dia de sorte. Sorriu sem graça e falou abanando as mãos.
-Ahnnn... É você Jakostsu.
O homem sorriu largamente, excitado com a expressão do monge.
-Que kawaii! Lembra até do meu nome!
O houshi engoliu seco e estremeceu. Isso não podia estar acontecendo, quando ia fugir sentiu que as mãos dele envolveram seus pulsos e logo estava pressionado contra a parede. Jakotsu tinha o rosto bem próximo do seu, mas Miroku tentava desviar a qualquer custo.
-Miroku, eu sou muito melhor que aquela nervosinha, não sou? –Sussurrou em seu ouvido e começou a acariciar o lugar do tapa –Nunca machucaria um rosto tão bonito... Apesar de que vermelho combina com você. –Sorriu.
-Q-que ótimo... –Murmurou enquanto engolia seco.
Ele se aproximou mais do monge, roçando seus lábios nos dele.
"Isso não está acontecendo, isso não está acontecendo..." Pensava Miroku com terror enquanto seus olhos se esbugalhavam e seu estomago começava a embrulhar. Que piada era aquela?!
-KYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Um estrondo ocorreu no corredor. No mesmo momento os dois viraram os rostos, assustados e deram de cara com uma Sango apavorada. Tinha a mão cobrindo a boca e estava pálida como uma folha de papel. Deu alguns passos incertos para trás e disse.
-G-gomen... Eu... Eu não queria atrapalhar. –E saiu correndo de lá.
-MATTE SANGO! –Gritou desesperado para a mulher enquanto se desvencilhava de Jakotsu.
-Não ligue para ela... –Disse –Venha. –Ergueu os braços e começou a andar na direção houshi.
Miroku estremeceu de medo e começou a correr aos tropeços gritando:
-NÃÃÃÃÃAÃAÃÃÃÃOOOOOO!
***
-Já está ai Kagome?
A miko virou-se apreensiva e umedeceu os lábios procurando de acalmar de alguma forma. O assunto era muito delicado.
-Bankotsu... Eu primeiro queria...
-Você quer?
-Ahnnn... Bom passou muitos anos desde que o noivado f-
-Não fale mais nada Kagome. Eu vi a sua cena com o garotão ali atrás.
Ela sentiu suas bochechas queimarem e olhou para o chão. Então ele sabia, as coisas deviam ser mais fáceis de agora em diante, já que não precisaria explicar muita coisa a ele...
Bankotsu sorriu enquanto olhava para o lago, o dia estava muito calmo, mas a garota devia saber de algumas coisas. Fitou-a e começou a falar seriamente:
-Kagome... –Suspirou –Não pode acabar o noivado comigo assim.
Ela franziu as sobrancelhas, confusa, e abriu a boca para contestar. Como "não podia acabar assim"?! Ela não tinha idade suficiente quando firmou o acordo e era algo provisório, que poderia ser mudado a qualquer instante, fazia parte do trato.
-Como assim?! Olhe-
-Não precisa se exaltar, querida. A questão é que os outros a aceitam como minha noiva e enquanto eu não tiver tempo para acertar o rompimento da união precisará se comportar como minha noiva. –E se aproximou dela pegando uma de suas mechas –Ou seja, sem beijinhos com o garotão.
Ela observou-o com raiva, e indignou-se com o cinismo que permanecia em sua personalidade apesar do tempo.
-Eu não tenho nenhuma obrigação!
-Tem sim. –Disse calmamente –Eu prometo que não levará muito tempo para romper, mas até lá, ma chérie*, -Ele pegou sua mão e a beijou –Nada de se portar mal.
-Você é tão arrogante! Até estava estranhando sua repentina gentileza... Não mudou nada nos últimos anos.
Ele fingiu indignação e disse:
-Moi? Não Kagome... Estou somente tentando defender minha honra.
A garota cerrou os punhos e bufou nervosamente.
-Você...
-Kagome, acalme-se. Depois conversamos melhor, presumo que não queria falar mais nada comigo certo? –Sorriu –À demain.
-VÁ PARA O INFERNO! –Berrou.
Somente pode ouvir aquela risada ecoando por todo lugar. Bankotsu não havia mudado nada, sempre cínico e arrogante. Suspirou com pesar e se sentou em frente ao lago. Logo, uma sensação de dormência a dominou e fechou os olhos, mas o que veio a seguir foi terrível.
O castelo tinha cadáveres por todo o lado. A mulher olhava para tudo indignada enquanto ela própria sangrava no rosto e cobria com a mão um ferimento profundo na cintura. Estava ajoelhada no chão olhando para "ele", que também estava ferido, mas isso não era importante. Tinha ódio, muito ódio dele. Havia confiado sua alma nele e era traição que recebia como resposta. Sentiu os olhos arderem com lágrimas, mas não podia chorar! Não podia se mostrar fraca.
-Kikyou... –Ele disse com a voz fraca.
Ele também estava ferido, aquele rosto tão bonito tinha um corte na testa e os longos cabelos prateados estavam com manchas rubras. Tinha ferimentos por todo o corpo, mas os olhos dourados tinham a mesma beleza de antes... Cínico! Queria se fingir de inocente agora?!
-Traidor!
-Kikyou... Do que está fala-falando? –Ofegou enquanto sangue saia de sua boca –Aishiteru... Nunca te-
-MENTIROSO! CINICO! Eu pensei que finalmente... Finalmente pudesse confiar em alguém! Mas você me traiu, por que fez isso comigo? –Soluçou.
Ele balançou a cabeça tristemente, mas ela não ouvia.
-EU VI! Fez-me lutar contra todos... Se quisesse me matar... Por que não o fez sozinho? Sabe que eu morreria por você... –Murmurou se arrastando até ele.
A jóia estava em seus pés, reluzente como sempre. Pegou seu arco e flecha apontando para aquilo.
-Foi isso, não foi?
Juntou todas as suas energias e disparou uma flechada contra o objeto. Um brilho imenso invadiu o ambiente e vários fragmentos da jóia voaram pelo mundo afora. Kikyou somente ficou olhando aquilo com dor nos olhos. Talvez tudo acabasse agora.
-Kikyou...
Ela pegou mais uma flecha e o abraçou, apoiando a cabeça na curva de seu pescoço.
-Um dia, juro! Meu clã se vingará de você, estou prestes a morrer, só consegui dividir essa jóia.... Assim menos mal acontecerá! Mas um dia meu clã se vingará de você, mesmo continuando a servi-lo! Mas... –Acrescentou com tristeza –Pelo menos vou morrer com você... A pessoa que eu amo. –O enlaçou aspirando aquele perfume que a inebriara várias vezes.
Então sentiu as mãos dele a envolverem.
-Eu não te trai...
-Shhhh... Adeus... –E fincou a flecha nos dois corpos.
Os dois caíram abraçados, desfalecidos no chão enquanto a alma de Kikyou se dividia em nove e também saia pelo mundo afora.
-E todas as herdeiras de sua família se apaixonarão por um herdeiro, até que o seu poder reapareça. –Falou um homem que olhava toda a cena de longe.
Kagome voltou a abrir os olhos, assustada. O que fora aquilo? Mais um sonho, porém, dessa vez...
"Até que seu poder reapareça".
Dessa vez ouvira a maldição. Estava cada vez mais perto.
Continua...
________________
*Eu sei que eles não falam francês... Mas como queria dar uma característica marcante ao Bankotsu, resolvi optar por expressões simples da língua francesa, que além de darem o que eu quero, ele fica com um ar sedutor e misterioso. XD E claro, As faces de suas lágrimas é cultura inútil também!
N/a: Olá!
Passaram bem o feriado?
Bom, dessa vez não demorou tanto, certo? Na verdade eu terminei esse capítulo na segunda, mas resolvi deixar vocês esperando mais um pouquinho :P
Vou tentar continuar o mais rápido possível, ok? É que realmente estou @___@, a escola e problemas pessoais estão me deixando louca! Junto com meu sistema imunológico tão fraquinho ___ Peguei uma gripe daquelas... O porcaria _ _
Mas esse cap ficou bem melhor que o outro? Odeio capítulos de transição! (o 19 foi um cap de transição) são difíceis de fazer e ficam sem graça! Mas a partir de agora vai ficar bem melhor ^^- E também eu estava inspirada quando fiz esse.
Arigatou a lally por revisar o cap pra mim ;___; Sensei Lally! Arigatou! E eu não vou pagar ¬¬, considere isso uma... ahnn... troca XD
Bom, vamos as reviews:
K-chan: XDDDD hahahahahha, eu sou má, num sou? XD Sim sim! Vou enlouquecer todo mundo rs E o Inu-chan também vai sofrer, pode ficar tranqüila, eu sou muito justa ^^
Sim eu voltei *abraça de volta*, gripada e @__@, mas voltei ^^''
Bom... É melhor não te contrariar, sim sim o Inu é lindo ^^´´´´, e que bom que está apaixonada!
Com o Kouga? É claro! Hahahah, já percebeu que eu adoro fazer os personagens serem violentados? XDDD Então, o que será que vai acontecer com ele *inocente*? Tadinho...
Oh, é claro que ela gosta... E vai adorar ainda mais as oportunidades! \o/ Eu sempre dou oportunidades, se eles não aproveitarem não é culpar da autora ;__;
XD Bom, quase todos os personagens com esses... ahnnn... dotes gostam dele, pois não será exatamente o Sesshoumaru que vai beijá-la, mas eu num posso falar mais sobre isso K-chan ;__;, Gomen!
Que bom que eu estou te deixando curiosa!!! Hahahahahaha XD
Ja ne!
Vanny-chan: Prima (XD) _ _ Você tem cada truque baixo…
Bom, dessa vez não foi a primeira! Quem sabe da próxima? E calma O__o, coitado do seu pai...
Hahaha! Eu sabia que ia gostar das partes do Jakotsu XD eu ri muito a fazendo e essa desse cap também, especialmente imaginando a cara do Miroku enquanto ele berrava "NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO" XD Sim! O Inu atrai todos!
Hahahah! O Inu não ficou tão arrasado, e eu só gosto de maltratar os personagens um pouquinho... Daqui a pouco tão me chamando de Kiki-cruél porque vocês ficam falando que eu gosto de fazer todo mundo sofrer ô.o
E como já disse você é BAIXA! ¬¬ Ovo da ofner é sacanagem, assim como ficar sugestionando coisas sobre mim no msn ¬¬ (me aguarde), massss eu tenho um Diplomata da nestlé inteirinho pra mim! *__* E comi um da copenhagem recheado com marzipã *___*
E obrigaa por gostar do cap (apesar de num estar mito bom) e de ouvir minhas reclamações ;__;
Ja ne!
Mary: Bom, eu já respondi suas dúvidas por e-mail, não respondi? ^^ Se tiver mais dúvidas é só falar.
Como já disse, tudo vai se resolver! Miroku e Sango, Sesshy e |Rin... E eu apenas disse que entrava na reta final, ainda temos mais uns 10 caps pela frente!
Espero que esse cap tenha a feito ficar mais curiosa ainda sobre esse "passado". Eu acho que vou fazer uma história só para isso, quem sabe? É que imaginei cenas tão bonitinhas que acho que não vai dar para colocar no fic ;___;
Bom, sobre os outros guardiões... Eles são estritamente secundários até agora você vai ver por quê, já que a fanfic é focada na maldição, e ela envolve mais especificamente Inu e Kag, mas o Sesshoumaru vai aparecer bastante também.
Obrigada pelo elogio!
Ja ne!
LP Vany-chan: Oilá! XD
Que bom que não se lembra XDDD (apesar de duvidar disso, mas vamos esquecer) e que ótimo que valeu a pena esperar ^___^
Agora que estou respondendo sua review me lembrai da música da baratinha @___@
Ah! Que bom que Tanuki é isso mesmo!
E aqui está o cap!
Ja ne!
Lan Ayath: ^^´´´ É, o Inu e a Kag estão num período conturbado... Mas tudo vai passar (espero -__-´´´´)
Hai ^__^ Você já comentou a fanfic sim. Ok, às vezes eu também esqueço de comentar algumas fanfics -____-' Oh distração horrível.
Obrigada pelo elogio ^^
See ya!
Mana: XDDDD CD horrível né? Mas o que importa é que você deixou uma review linda e maravilhosa para mim ;__;
Obrigada pelo elogio ^____^
See ya!
Lily: Ohohohohoho A intenção era enganar vocês mesmo XD Espero que esteja tudo bem mesmo lily O.o eu fico com medo de vc falando assim...
Sim! O lemon rendeu um momento kawaii que necessitou de todos os meus neurônios (três parágrafos com descrição de beijo... oh god @__@)
Hahahahah, coitada da Naru, ficou com um amante a menos... XD
Bom, ok, eu num vou mais pensar *matando ban-chan* vou por em prática \o/ E minhas carpinhas já estão mortas mesmo ¬¬ Graças a vc e a naru! Assassinas!
Arigatou Lily ^^ Vou ter mais sorte com os próximos caps (que Kami-sama ouça isso)
*chora junto pq já comeu seus ovos XD* Num fique triste ;o;
See Ya!
Catsy: Que bom que gostou do cap ^^ *kiki feliz*
Arigatou *___* Mas por enquanto eu já arrumei uma pessoa para revisar, mas posso contar contigo, tudo bem?
Calma! Ainda tem muita coisa para acontecer, eu só estou entrando na reta final ^^
See Ya!
Lally: Minha sensei!
Que bom que gostou Lally ;__; E arigatou por ter revisado esse cap para mim ^^ E não precisaria ler com mais calma não _ _ Num tem nada de útil nesse cap mesmo...
XDDDD Fanfic mais perverso? Hahahahah sim sim sim! *___* Eu já tive umas idéias malignas, quem sabe não as coloco em prática???XD
See Ya!
Bom, é isso ^^
Arigatou pelas reviews e continuem postando reviews, onegai ;___;
Sem reviews -à Kiki ;__;
Até o próximo cap…
Kissu!
Kiki
