Mares em Revolta
N/T: É sério. Dois capítulos, mas não se acostumem, só fiz isso porque o de número um era pequeno demais, e como eu penso muito em vocês...
Srta. Wheezy - obrigada pelo incentivo. Não sei se vou demorar, mas farei o possível pra manter um bom ritmo. Obrigada por comentar!
Yasmine Lupin - Bem vinda ao pessoal! Ah, e essa é mesmo a função dos prólogos... Agora, os métodos da Gina eu não posso contar. Sobre o Dumble, bem... Veja no meu nick, eu adoro o velhinho, e ele falha, né... Agora pense em tudo que teria acontecido sem ele. O tio é mesmo genial. Obrigada!
Miri: Nossa, está muito cedo pra se preocupar com o final da fic. Você ainda tem mais 27 capítulos pra ler (cof e comentar cof), portanto... Homens cabeça dura parecem ser a especialidade da Eleanor e, consequentemente, a minha. Qual a graça se todo mundo sair se agarrando no capítulo três? Obrigada!
Sheyla Snape: sim, fique emocionada! Terceira e última fic! Bem, não vai dar pra manter a velocidade porque os capitulos não maiores, mas será como ter dois num só, pense assim... Obrigada pelos elogios!
Mimi Granger: Pegar o bonde andando não é tão ruim assim, eu já disse. Não gosto muito de ter que ficar cercando a autora da fic... Eu sei, estou sempre encarando essas malditas expressões... Mas com o tempo você pega jeito, acredite em mim. Qual é o ship da sua fic? E obrigada!
Capítulo Dois – Estudos do Mesmo
Gina bufou enquanto escalava vagarosamente as escadas até a Torre da Grifinória. Volta às aulas havia dois malditos dias, e McGonagall já exigira um ensaio de dois metros de pergaminho sobre a técnica apropriada e a aplicação da técnica da transfiguração gato-mobília. Honestamente, quem iria QUERER transformar um gato numa poltrona? Quero dizer, pobre gato, ela pensou, respirando com dificuldade. Maldição, ainda havia tantas escadas.
Ela finalmente chegou ao topo e atravessou o corredor até onde ficava a Mulher Gorda, que parecia estar tricotando. "Migalhas de sonho", Gina disse, e o retrato girou para lhe dar passagem, a Mulher Gorda ainda murmurando qualquer coisa com "dois pontos, uma pérola..."
Gina derrubou sua mochila numa mesa com grande alívio e olhou em volta. A maioria das pessoas estava lá fora ou imóvel ali mesmo, ninguém querendo admitir que era hora de trabalhar ao invés de se divertir. Apenas alguns poucos alunos estavam espalhados pelo aposento, conversando ou jogando cartas. Cara estava provavelmente em algum lugar com Draco, e suas outras colegas de quarto haviam sido descobertas jogando algo altamente suspeito com alguns sextanistas da Corvinal nos jardins.
Diante da lareira, entretanto, estavam sentados seu irmão, sua companheira Chefe, Hermione, e Harry. Eles estavam relaxados e conversando tranqüilamente, Hermione aparentando estar no meio de alguma descrição pela expressão nos rostos dos dois garotos. Rony parecia de certa forma amedrontado, e Harry divertia-se.
Eles aparentemente não haviam percebido a chegada de Gina, e sendo assim ela levou um momento estudando os três, os amigos mais famosos em Hogwarts. Ali estava seu irmão, Rony. Ele crescera naquele verão, ainda mais que no ano passado, e tinha agora quase um metro e oitenta de altura. Melhor ainda, na opinião de Gina, ele começara a obedecer o padrão de altura e magreza da família. Ela se congratulou mentalmente por fazê-lo praticar quadribol durante as férias. Rony vociferou numa risada quando Hermione disse algo qualquer, e ela sorriu. Seu irmão estava crescendo e se tornando tão bonito quanto Gui, ela pensou. E aquilo dizia alguma coisa. Certo que se ele também se atrevesse a arrumar um brinco com um dente, Mamãe o mataria.
Seus olhos passaram para Hermione, que estava sentada sobre os pés enquanto contava o que quer que fosse sua história. Hermione não mudara muito durante o verão. Ainda pequena e frágil, ainda com aquele cabelo selvagem e um senso de responsabilidade super desenvolvido, ainda com aquela profunda lealdade a Rony e Harry. Ninguém ficara surpreso por ela ter se tornado a Monitora Chefe, e francamente, todos teriam morrido com o choque se assim não fosse. No trem, Hermione deixara escapar que andou treinando feitiços de defesa de nível médio durante o verão, e que Harry e Rony também deviam ter pegado um pouco de treino antes das aulas começarem! Rony olhara para ela e caíra no riso, e Harry sorrira para depois dizer que ela nunca mudava.
E ali estava Harry. Gina lentamente escorregou para uma poltrona enquanto observava o perfil do garoto moreno. Ele crescera naquele verão, também. Em todas as direções. Ele não era tão alto quanto Rony, claro, mas céus, ele estava mais alto. O que quer que ele tivesse feito aquele verão, tinha incluído algo físico, porque definitivamente havia algo mais ali que não estava no ano passado. Sua face estava mais aguçada, os olhos mais claros e o corpo mais controlado. Não que ela ficasse reparando em cada coisa.
Inconscientemente, Gina suspirou e forçou-se a afastar os olhos de seu alvo de estudos de olhos verdes. Puxou seu livro de Feitiços e ajeitou-se, encarando-o sem vê-lo.
Três dias que já haviam voltado, e Harry estava claramente passando dos limites para evitar qualquer contato com ela. Oh, claro, ele sorria e brincava e ria, e sustentava conversas, mas ele não dava mais aquele tapinha no ombro ao passar por ela, como fazia com qualquer outro amigo. E aquela provocação que estivera ali desde o início do ano passado... começara por bagunçar os cabelos dela, depois por passar um braço por seus ombros, chutá-la por baixo da mesa. Coisinhas tolas que tinham significado o mundo para ela.
E então aquela estúpida Bellatrix aparecera e tudo parara. Harry ficara sério e muito sozinho, nem mesmo Rony conseguira obrigá-lo a falar sobre isso. Supostamente houvera uma noite na Torre de Astronomia passada com ninguém menos do que Draco Malfoy, mas mesmo sobre aquilo ele nada dizia. E não havia mais abraços casuais, sem mais assovios e esperanças de que ele poderia correspondê-la de qualquer forma.
"Estúpido idiota", ela murmurou entre os dentes enquanto virava uma página com certa violência. O pior de tudo era que ela tinha certeza de que ele sabia muito bem o que estava fazendo. Como naquele dia em que Cara saíra da ala hospitalar no ano anterior, e eles estiveram falando sobre Draco...algumas coisas muito suspeitas haviam sido ditas, e ela sabia que Harry não estivera surdo ao sentido daquelas palavras. Ela sabia. E de alguma forma, ela se descobrira fora de sua vida, mais uma vez, apesar de tudo.
Brevemente, Gina se perguntou se seria algum tipo de masoquista de armário. Quem em sã consciência continuaria correndo atrás de um garoto que UM, nunca gostara dela e DOIS, naquele momento evitava qualquer contato físico com ela? Virgínia Weasley, por favor se levante, ela pensou amargamente.
O problema com Harry Potter, ela pensou, era justamente por ele ser um garoto. Um cabeça de porco, super convencido de estar sempre certo, aborrecido garoto. Oh, ela tinha uma boa idéia do porquê dele estar se afastando de todos eles, alguma idéia estúpida de protegê-los. Ela grunhiu sob a respiração. Rony quase enlouquecera naquele verão quando mais uma carta de Harry apenas dizia que ele estava "bem", e ignorava as perguntas dele. Seu irmão xingara e gritara sobre a grande porcaria de amigo que Harry era, e que se ele não pusesse logo a cabeça no lugar e percebesse que todos estavam naquilo com ele, Rony teria que fazê-lo por ele. Para a sorte de Harry, eles o encontraram na Plataforma 9 ¾ relaxado e sorridente, o cara de que todos se lembravam de antes da morte de Sirius. Gina vira através daquilo, notando que todos os seus movimentos eram controlados, e que havia uma barreira por trás daqueles olhos verdes que antes não existia. Harry descobrira como demonstrar apenas o que queria, e ela odiava isso. Rony não percebera, ele apenas estava muito grato de ter seu amigo de volta. Ela não tinha certeza nem mesmo se Hermione já notara, mas Gina duvidava que faltasse muito tempo para isso.
Ela deixou seu livro de Feitiços ao lado e ao invés disso pegou seu caderno vermelho, aquele que Hermione lhe dera de aniversário. Ela gostava do objeto trouxa, parecia feito à mão. Tinha se tornado o livro "de Harry". Ela folheou as páginas, dando uma olhada em suas anotações. Quando ela não estivera treinando quadribol com Rony, ela estivera lendo. Planejando.
Harry poderia ter decidido passar um ano inteiro sozinho, mas Gina tinha novidades para ele. NINGUÉM se livra de um Weasley. Nem mesmo o Garoto-Que-Sobreviveu.
Gina ficou estudando o trio pelo canto do olho pelos minutos seguintes. Ela imaginara que ninguém a vira entrar, mas Harry sabia. Ele sempre sabia onde ela estava, era como ter um radar embutido. Às vezes era muito irritante.
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Hermione terminou de contar sua história sobre o paciente que aparecera no consultório de seus pais com os dentes grudados, e sobre como eles tinham tentado de tudo para separá-los, e Rony ainda estava confuso sobre toda aquela coisa de dentista. E ela estava explicando tudo de novo. Harry assistiu-os e sorriu. Francamente, ele já estava se perguntando quanto tempo levaria para que Rony explodisse e beijasse Hermione, do nada. Ele e o resto de seus colegas de quarto já tinham uma aposta. Dino dissera dois meses, Simas nove semanas, Neville por volta do Natal, e Harry escolhera os feriados de Páscoa. Ele não levava muita fé no que Rony lhe dizia quanto tinha qualquer relação com Hermione, especialmente por causa daquele vácuo que havia entre os dois desde o começo do ano.
Gina provavelmente quereria participar da aposta, ele se pegou pensando antes de se sacudir mentalmente. Você trabalhou nisso, Potter, ele disse a si mesmo. Durante todo o maldito verão, e parte do ano passado. Você trabalhou duro para expulsar Gina Weasley de sua cabeça. Ela não é pra você. Ninguém é.
Harry esticou as pernas, afundando mais em sua cadeira e se acomodando enquanto os monitores chefes começavam a discutir as possibilidades mágicas a trouxas de desgrudar os dentes de alguém e se isso não deveria ser tentado em um sonserino em uma ou duas semanas. Ele sorriu de novo. Deus, eles eram engraçados.
Baixou a vista e encarou seus pés, se desligando dos dois. Ele se fizera levantar e correr nas duas últimas manhãs, mesmo relutante com o exercício com as aulas em andamento. Além do mais, aquilo o manteria em forma para o quadribol. McGonagall já começara a soltar pequenos toques sobre seu desejo de deixar a taça em sua sala por mais um ano, e eles ainda estavam esperando para escolher o capitão. Francamente ele esperava que fosse Rony. Harry já tinha muito para administrar, além das aulas, e tinha suas práticas particulares, logo com o quadribol. Ser capitão o faria gastar tempo demais com isso.
"Ei, Harry, você não acha que um Feitiço Adesivo daria jeito, se feito certo?", Rony interrompeu suas divagações.
Hermione virou os olhos. "Pela última vez, Rony, Feitiços Adesivos só funcionam em objetos inanimados", ela discursou. "Honestamente, você andou com as orelhas bem abertas durante as aulas de Feitiços dos últimos anos?"
Harry riu largamente ao dar-se conta dos dois. "Eu não sei, Mione, alguns desses sonserinos devem contar como sendo inanimados. Crabbe, por exemplo."
Rony riu com ele enquanto Hermione deixava escapar um sorrisinho. "Isso é simplesmente cruel", ela disse fracamente, os lábios curvados. Ela ergueu a vista e olhou em volta, claramente procurando algum outro assunto para a conversa, e reconheceu Gina em seu canto particular. "Gina!", ela chamou. "O que você está fazendo aí? Venha e junte-se a nós."
Harry não precisou olhar para a ruiva se levantando e indo devagar até eles para perceber o quanto o tempo desacelerara até que ela chegasse, para se sentar de frente para ele na mesma poltrona que Rony.
"Era longe demais pra trazer a minha mochila junto", Gina disse, enrugando o nariz. Harry observou-a pelo canto do olho, sem olhá-la de fato, embora vendo-a perfeitamente. "Eu juro, os professores querem nossas cabeças esse ano. Eu tenho um metro de vinte de pergaminho para entregar a McGonagall essa semana! Já!"
Rony baixou um braço sobre sua irmã e pareceu estranhamente sério. "Na verdade, Hermione e eu tivemos uma reunião dos monitores com Dumbledore, e eles no disseram que com Você-Sabe-Quem ficando tão forte, este ano vai ser barra pesada. Montes de tarefas para todos, especialmente em Defesa."
Gina bufou. "Certo. E Gui vai simplesmente odiar ter que nos passar trabalho extra", ela disse. Harry teve que admirá-la, ela se recusava a se deixar abater apesar de toda aquela energia tensa que estava no ar aqueles dias. Ele não era capaz de fazer aquilo. Aquilo apenas o fazia trabalhar mais duro para superar tudo, se ele pudesse. Harry flexionou sua mão direita inconscientemente. Ele ainda precisava fortalecer aquela sua Azaração para Ferver o Sangue, e depressa, se ele quisesse poder...
Rony estava falando de novo. "Eu não sei, Gina, você não tem dado uma olhada nos professores ultimamente?", ele disse, ainda sério de forma pouco característica. Pense nisso, os Weasley têm a tendência de achar o lado azul das coisas. Geralmente eram ele e Hermione os sérios do trio. "Eles estão tensos. Esperando que algo aconteça."
Hermione assentiu, os olhos sombrios. "Eu andei dando uma olhada no Profeta Diário", ela disse. "De acordo com ele, o mundo mágico está à beira do pânico, apenas esperando por algo para o fim. E Fudge não está mesmo ajudando, ao dizer que está ocupado demais pra se distrair com a imprensa."
Harry ficou em silêncio. Não seria bom para ele fazer um comentário sobre o Ministro da Magia Cornélio Fudge. Ele odiava o homem, desde que o conhecera. Ele o odiava mais ainda desde o sexto ano e o modo como ele entregara a escola para Umbridge. Olhou para sua mão, onde ainda podia-se ver algumas pequenas cicatrizes daquela maldita pena.
Ergueu os olhos para ver Rony o observando seriamente, se não com certa ansiedade. "Ei, cara, você está bem?", seu amigo perguntou.
Teve que fazer uma nota mental para não se deixar distrair daquele jeito, ele pensou ao se arrumar sentado. Nada de ser sugado por seus pensamentos e perder o que estava acontecendo à sua volta. "Vigilância constante", ele finalmente disse. "Danem-se Fudge e o Profeta. Voldemort está vindo, e nada nem ninguém pode ou poderá pará-lo." Ele sentiu seus olhos ficarem mais sombrios, sentiu a magia surgindo dentro dele e conteve-a com esforço. "Nada a fazer além de se preparar e esperar."
Estavam todos eles olhando para ele agora, fazendo-o se sentir desconfortável. Parecendo muito o Menino-Que-Sobreviveu idiota do quarto ano. Rony e Hermione o encaravam com olhares surpresos, provavelmente porque no ano passado ele mal abrira a boca sobre aquele assunto. Ele se deu conta de que aquilo não funcionaria aquele ano; Rony estivera lendo seus pensamentos tão claramente na estação de trem, que fora impossível de não notar. Então ele diria sua deixa e os deixaria para pensar o que quisessem.
"Estou feliz que você esteja falando sobre isso, Harry", Hermione disse calmamente. "Eu estava um pouco preocupada, considerando o quão curtas suas cartas foram neste verão."
Rony bufou. "Se eu tivesse mais um 'estou bem', acho que iria atrás de você e te enfeitiçar eu mesmo", ele disse, um vislumbre em seus olhos. Olhos azuis dos Weasley, os mesmos de seus irmãos. Não como os castanhos estudando seu rosto naquele momento.
"Será que um dia você vai falar com a gente sobre isso, Harry?", a dona daqueles olhos então disse, a voz baixa. "Nós sabemos que você está guardando algo para si mesmo." Harry começou a se sentir esfriando por dentro. Pare, Gina, ele pensou. Antes que eu tenha que te fazer parar.
"E você está ficando muito sozinho, será que você não podia me dizer sobre o que é tudo isso?", ela continuou, aparentemente não recebendo suas mensagens mentais. Das três pessoas sentadas à sua volta, as que ele mais gostava na vida, ela era a única da qual ele tinha medo. Porque percebendo ou não, ela era a única que o preocupava a ponto de pensar que ela o desarmaria e o destruiria.
"Gina", ele cortou-a, interrompendo. "Esqueça." Ele olhou-a nos olhos profundamente, daquele forte castanho que estava agora estreito sobre seu rosto e enviou uma onda de energia mental até ela. Apenas esqueça, ele silenciosamente pediu. Não traga isso à tona, não agora, não ainda. Ele queria pelo menos alguns momentos de relaxamento e tranqüilidade para que suportasse mais aquele ano.
Mas a dona daqueles olhos castanhos era esperta e barulhenta demais, para o próprio bem dela, e insistiu em fitá-lo. "Esquecer? Você quer que eu esqueça?", ela demandou. "Que tal um NÃO?", Ela endireitou-se. "Rony e Hermione estão preocupados demais para insistirem o tempo todo, mas que se dane. Você é um menino grandinho, Harry, cresça e se ligue de si mesmo."
Harry quis rir. Ela não tinha idéia... "Gina, olhe, eu não tenho certeza se Harry está pronto, ele vai nos dizer sobre o que esteve pensando...", Hermione tentou apaziguá-la.
Harry interrompeu-a, desta vez. "Não, Mione", disse calmamente, os olhos parados sobre Gina. "Eu não vou. Onde eu vou, o que estou pensando, o que sei, não é da sua conta, de nenhum de vocês. E eu vou me sentir mal comigo mesmo se arrastar vocês mais ainda pra isso do que já fiz." Ele podia sentir seu controle enfraquecendo só um pouco para depois de recompor. Dane-se tudo, Gina era mesmo a única capaz de fazer isso. Rony já estava começando a esfregar as têmporas como se estivessem doendo.
"Entenda isso, Gina", ele disse suavemente, tão sério quanto poderia estar. Em parte odiando a si mesmo. "Eu não vou te dizer droga de coisa nenhuma. Não quando isso pode te matar." O rosto dela estava pálido e rígido, seus olhos vastos e escuros e furiosos. E feridos. Ele se forçou a olhar também para Rony e Hermione. "Esta é minha luta. E de mais ninguém. E a melhor coisa que vocês podem fazer é ficar bem fora disso."
O rosto de Rony ficou mais fechado conforme Harry falava, e ele odiou ter finalmente dito aquilo. Maldita seja Gina por trazer aquilo à tona. Maldita seja por olhá-lo com aqueles olhos furiosamente feridos, por arrancar um pedaço dele a cada segundo que passava.
"Droga, Potter, eu pensei que fôssemos dividir tudo", Rony grunhiu, sentando-se melhor.
Harry encontrou os olhos de seu amigo, reconhecendo a maldade que seria passar seu amigo para trás ali. "Desculpe, Rony", ele disse com muito cuidado. "Mas eu não vou te deixar."
"Não vai me deixar? Você não vai me deixar?", Rony ficou em pé para encurralar Harry. Inferno sangrento, seu amigo era alto. Algo em Harry não permitiu que alguém o ficasse intimando daquele forma, e ele também se levantou. "Aonde diabos você quer chegar com essa história de me deixar ou não fazer alguma coisa?"
Harry deu um passo à frente, deixando cerca de trinta centímetros entre eles. Ei, ele não era tão pequeno quanto pensara. Rony ainda tinha várias polegadas e ainda alguns quilos de vantagem, mas ele imaginou ter pelo menos uma pequena chance numa briga aberta. Não que ele fosse deixar isso acontecer. "Você é meu melhor amigo, Rony", ele disse. "Todos vocês. E vocês não podem ajudar, de qualquer forma." Ele instantaneamente se arrependeu de ter dito aquilo, sabendo que Hermione e provavelmente Gina captariam essa pequena informação. Inferno sangrento.
Antes que elas pudessem pensar muito nisso, ele recuou, afastou-se de Rony e sacudiu a cabeça. "Olhe, apenas aceite isso", disse em voz baixa. "Escute o que estou dizendo e faça como eu falei. Você é o Monitor Chefe, Rony, já tem muito pra pensar este ano. E você provavelmente tem que lidar com muito mais do que acha." Uma imagem de estudantes correndo por um corredor escuro aterrorizados atravessou sua mente. "Você não pode me ajudar. E eu não vou deixar."
Ele se virou e então tomou o rumo do retrato, os músculos tensos enquanto seus sentidos captavam as pessoas à sua volta. Ele meio que estava esperando que alguém o petrificasse antes de sair. A Mulher Gorda fechou-se atrás dele, entretanto, sem ser seguida de uma azaração, e ele respirou fundo.
Droga, droga, duplo droga. Harry girou e tomou o rumo da Sala Precisa. Ele devia começar a praticar naquele momento. Não era como se ele tivesse algo melhor pra fazer. Na verdade ele se sentia como se estivesse partindo algo em fiapos.
Aqueles olhos castanhos restavam nele, entretanto, assombrando os fundos de sua mente enquanto ele se desviava de feitiços e atirava outros. Maldita Gina Weasley.
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Draco Malfoy estava voltando de um encontro muito satisfatório num armário de vassouras do terceiro andar com Cara, quando ele passou ao corredor da Sala Precisa a tempo de ver uma porta se abrindo e Potter atravessando-a.
Draco ergueu uma sobrancelha. Aparentemente Potter estivera fazendo algo ali, porque ele tinha a expressão que Draco costumava usar, no ano passado. Suada, exausta e cansada.
Potter olhou para ele, mas não moveu um músculo. "Malfoy", ele disse com um aceno rígido.
Draco estudou-o, seus passos mais lentos. Potter mais parecia um monte de merda, ele decidiu. Oh, claro, ninguém provavelmente perceberia, mas estava em seus olhos, e no vazio deles. Não que isso tivesse qualquer importância.
Ainda, em seu caminho, ele grunhiu. "Potter, melhor passar na Murta Que Geme antes do jantar", e continuou seu caminho.
Atrás de si, ainda podia sentir a magia fluindo do outro. O que estaria acontecendo com ele, ele não conseguiu deixar de se perguntar. Virou um corredor e sentiu a presença lá atrás desaparecer. O que quer que fosse, era melhor o Garoto Maravilha de dar conta ou acabaria se auto destruindo. Draco deu de ombros. Não que aquilo fosse da sua conta, ele lembrou a si mesmo de novo.
