Mares em Revolta
Carol Malfoy Potter: Obrigada! Eu também tenho muita raiva do Harry, e com frequência. Espero que continue amando, hein? Obrigada por comentar!
Miri: devolvendo a reverência de nada, disponha. Sim, acho que o Harry dará um trabalhão! Com toda essa conversa de "é minha luta apenas, não de vocês" como agravante... E quanto ao msn, adorei conversar com você, e espero que tenhamos mais chances! Obrigada e continue por aqui!
Mimi Granger: você está plenamente certa. Quanto inferno sangrento! Se tiver mais desse jeito no texto, vou colocar alguma expressão parecida, mas é que no texto original está mesmo cheio. A fic original já está terminada, tem trinta capítulos. Ou seja, muita coisa ainda pela frente... E eu ia postar dois capítulos de novo, mas bateu UMA preguiça... Afinal, eu estava parecendo uma elfa doméstica, então tirei um tempinho de folga! Obrigada!
Nessa: Obrigada por todos os elogios. Sim, eu também estou louca pra ver o Harry perdendo essa armadura. E olha que isso é muito difícil, eu já usei essa estratégia e depois não conseguia mais ser eu mesma, por um tempão. Fofo é, mas que dá uma mão de obra...
Miaka: A parte das apostas foi mesmo muito engraçado! Legal que como amigo dos dois, o Harry fez a aposta mais longa, acreditando no poder de enrolação RH... Gui? Não sei! Mas tenha calma, quem é vivo, você sabe... Obrigada!
Capítulo Três – Amigos
Harry deu mais uma olhada para onde Murta estava sentada, magicamente congelada e virada para bem longe. Ele pedira a ela para sair e deixá-lo ter alguma privacidade, mas ela simplesmente continuara aparecendo em todo lugar pela cortina, justo quanto ele tirou a camiseta. Por isso o feitiço congelante.
Harry suspirou, e puxou sua varinha. Acenou na direção de Murta. "Olhe, Murta, me desculpe, mas eu tive que fazer aquilo.", ele disse muito rapidamente antes que a fantasma pudesse se partir em suas lamúrias costumeiras. "Mas você tem que dar um pouco de privacidade a um cara." Não ficou muito surpreso quando ela começou a soluçar, afinal.
"Oh, isso foi tão malvado...", ela resmungou, antes de passar para uma cabine com outro soluço.
Harry suspirou de novo e guardou sua varinha. Ele ainda precisaria de um banho decente mais tarde, mas ao menos ele parecia limpo e normal, e também não fedia mais. Pelo que todos sabiam, Harry Potter não andava fazendo nada que pudesse ser suspeito.
Vários minutos depois, ele atravessou as portas do Salão Principal, onde o jantar já começara. Deu uma olhada na mesa da Grifinória, a vista parando em duas cabeças ruivas e uma castanha na ponta. Eles estavam naquele momento empoleirados juntos, como se estivessem discutindo algo. Ele fez uma careta. Provavelmente seu pequeno deslize de mais cedo não fora o melhor modo de convencê-los a deixá-lo. Ele conhecia seus amigos, eles o segurariam, nem que fosse com os dentes, e não o deixariam ir até terem todas as respostas. Hermione porque ela queria saber, às vezes apenas pelo prazer de saber. Rony, porque ele era um maldito idiota. E Gina... bem, ele teve que supor que talvez aquele fosse um pacto Weasley.
E Harry sabia que todos aqueles três estavam perfeitamente sérios com suas convicções de ajudá-lo. Afinal de contas, eles já tinham feito aquilo antes, muitas vezes. Rony e Hermione logo desde o começo. Gina, desde que fora possuída por Lord Voldemort. Maldição, ele pensou, subitamente sentindo a fadiga daquele hora de treino atingi-lo, o que diabos ele devia fazer? Deixá-los sacrificar suas vidas, apenas para que eles pudessem dizer que tinham ajudado de novo?
Rony ergueu os olhos naquele momento, e reconheceu Harry. Seus olhos se estreitaram, ele olhou para Hermione e disse alguma coisa. A cabeça dela e de Gina se viraram para a direção de Harry e ele foi estudado por um momento pelos três. Era um pouco irritante, afinal, o fato de que sua vida poderia ir de um saco a totalmente miserável se eles decidissem que o odiavam, mas ele ficou ali e apenas os encarou de volta.
Finalmente Hermione crispou os lábios e disse algo para os outros dois, que assentiram lentamente. Ela olhou de volta para Harry e ergueu uma sobrancelha. Harry quase pode ouvir o comando, e seus lábios se estreitaram com raiva. Conte com Hermione para ser a mais madura, aquela que decreta paz primeiro.
Ele andou lentamente até eles e sentou-se próximo de Gina, de frente para Rony, sendo muito cuidadoso para não deixar suas pernas tocarem as dela. Não olhou para a ruiva a seu lado, não podia. Ao invés disso, focou o olhar no irmão dela, sentado diante dele com um rosto de pedra. "Rony", ele disse calmamente.
Rony franziu a testa para ele. "Vamos deixar algo bem claro aqui, Potter", ele disse, a voz baixa ao encará-lo de volta. "Eu não ligo uma merda pro grande bruxo que você é, ou o que quer que a droga das outras pessoas digam. Encare as coisas apenas por sua cabeça. Você não pode decidir NADA por mim. Diabos, por nenhum de nós." Ele apontou para seu peito. "Somos nós quem decidimos o que queremos fazer das nossas vidas."
Hermione acrescentou então, "Você não gostou que as pessoas arruinassem as vidas delas pela sua, Harry", ela disse, os olhos sérios. "Não tente fazer isso com a gente, também."
Harry baixou os olhos até suas mãos, sentado rígido. Era meio engraçado pensar que, mesmo que parecesse certo naquele momento, pensou distraidamente, ele poderia mesmo matar qualquer um deles ali. Bem, talvez não um dos professores. Snape e Dumbledore seriam bons candidatos, e McGonagall também. Suspirou e olhou de volta para Rony. "Sim, eu sei disso", disse com cuidado. "Mas vocês precisam entender algo, também. Eu não vou ajudar vocês a acabarem mortos. E sim, eu sei algumas coisas que vocês não sabem. E se eu lhes contasse, não faria bem algum. Vocês só chegariam mais perto de ser outra pessoa que eu costumava conhecer."
"Você é um paspalho tão arrogante, Harry", Gina disse a seu lado, encarando-o diretamente. "Você pensa que é mesmo o melhor, não? Somos todos umas drogas de uns fracos para ficar ao lado do Grande Harry Potter." Ela pegou sua faca e atacou seu jantar, antes intocado. "Bem, foda-se."
"Gina", Rony disse num grunhido de aviso. Ele olhou para Harry de novo, os olhos neutros. "Eu fui seu amigo por um tempão, e estou confiando que você sabe disso de verdade. Porque se não vou ter que arrancar cada dia de vida que te sobra a socos. Mas é melhor você ir se acostumando com a idéia de que nós estaremos aqui quando algo der errado, goste disso ou não."
Harry e Rony trancaram olhares. Os de Rony estavam azuis e sérios, e tão compenetrados quanto os dos outros. Doía, saber que as pessoas se importavam tanto assim com ele, saber que eles se atirariam à morte com os olhos abertos para ele.
Hermione foi quem quebrou a tensão. "Garotos", ela disse suavemente, e Rony relaxou, um canto de sua boca se franzindo numa careta. Harry suspirou, e baixou os olhos, passando uma mão pelo cabelo.
Ele não conseguiria sobreviver àquele ano, não se o tempo todo Rony e Hermione estivessem furiosos com ele. Às vezes era como se ele estivesse aprisionado em sua própria mente, debatendo-se e circulando tentando encontrar alguma maldita fraqueza em Voldemort. Ele precisava de seus amigos para que ele não ficasse louco.
"Olhem", ele disse lentamente, tentando encontrar as palavras certas para explicar, para esclarecer tudo, respirando fundo. "Olhem", ele disse de novo. "Que tal se nós dissermos, eu lhes direi tanto quanto eu me achar confortável, especialmente se isso puder ajudar vocês." Rony franziu a testa mas não disse nada. Harry olhou para Hermione. "Não vamos concordar nunca nisso.", ele disse, prevendo-a. "Simplesmente não. Mas...", ele hesitou. Era difícil dizer coisas que deixavam partes fracas dele expostas. Ele se tornara bom em muros. "Mas eu preciso de vocês. Sinto muito se não acham isso. Preciso de todos vocês", ele disse, olhando de relance para Gina a seu lado e então desviando rapidamente. "Às vezes é como se eu estivesse preso na minha mente e não conseguisse sair. E bem...", ele deu de ombros, desamparado.
Ele devia ter dito algo certo, entretanto, porque o rosto de Hermione suavizou consideravelmente. "Harry, você é nosso melhor amigo", ela disse. "Apenas saiba que nós estamos aqui para qualquer coisa que você precise, e para tudo que você acha que não precisa, também."
Rony estava olhando para ele com um brilho especulativo em seus olhos, que não desapareceu quando harry voltou-se para ele. "É", ele disse lentamente, ainda olhando-o. Coisa essa que o deixou nervoso. Rony podia ser lento às vezes, mas havia momentos em que seu amigo captava tudo mais depressa do que qualquer outra pessoa. O ruivo sacudiu ligeiramente a cabeça. "Amigos.", ele disse, e estendeu uma mão.
A boca de Harry se curvou, em alívio, e ele apertou a mão do outro com força. "Amigos", ele repetiu. Olhou para Gina, mas ela ainda encarava sua comida.
Antes que pudesse desviar a vista, porém, ela ergueu a cabeça e o fixou com aquele olhar castanho. "Você pode correr, mas não pode se esconder, Harry", ela disse, com raiva e dor ainda cravados no fundo daquele olhar. "E você terá ajuda querendo ou não." Ela se voltou para seu jantar. "Agora coma, antes que perca a refeição e fique parecido com Simas Finningan, que mais parece um corvo de tão assustador.", ela disse, esfaqueando um pedaço de brócolis.
Harry sorriu, sentindo-se um pouco mais leve. Finningan crescera cerca de trinta centímetros naquele verão, e continuava com o mesmo peso; naquele momento estava mais magro do que um varapau. E Gina não deveria odiá-lo se estava mandando-o comer para não emagrecer mais ainda. Ele virou os olhos para Rony. "Por que as garotas estão sempre me dizendo para comer?", ele perguntou, erguendo sua faca e voltando-se para um prato com coxas de galinha.
Rony bufou, já revirando seu jantar antes rejeitado. "Porque você é um idiota feioso e subnutrido", ele murmurou de boca cheia.
"Rony! Não fale com a boca cheia, é nojento!", Hermione ralhou.
Harry sorriu e deu uma mordida. Ele tinha ótimos amigos.
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Gina ainda estava se sentindo pisada por Harry Potter. Pisada, ferida, furiosa, humilhada, como quiser chamar. Ela ainda estava com mal humor suficiente para apresentá-lo à Azaração do Morcego Fantasma ao tomar o rumo para a sala comunal.
"Ei, Gina!", ela ouviu uma voz chamá-la atrás de si. Ela parou, com um pé sobre o primeiro degrau e se virou para ver Colin correndo até ela. "Gina, você tem um tempo pra me ajudar?", ele pediu, a voz suplicante. Ela dissera a Colin que o ajudaria a tirar as fotografias do ano passado meio que como uma ordem, sabendo como seu amigo era péssimo organizador.
Talvez algo legal e despreocupado como arrumar fotografias pudesse ser a coisa certa para se livrar de toda aquela humilhação, ela pensou. E forçou um sorriso. "Claro", ela disse. Provavelmente aquilo levaria a noite toda.
Colin deixou escapar um suspiro dramático e longo. "Oh, obrigado, obrigado, obrigado", ele disse, e pegou-a de surpresa segurando suas mãos e girando-a. Gina se descobriu rindo, vendo aquela raiva pesada deixá-la, afinal. Havia mais do que Harry Potter e seus mistérios sombrios na vida, ela disse a si mesma, segurando-se em Colin quando ele a ergueu e a girou no ar.
"Colin!", ela riu, antes que ele a baixasse. Segurou-se ao braço dele quando pisou no chão, esperando o mundo parar de girar. Recuperando-se mais uma vez, ela ergueu a cabeça para encontrar de repente um par de olhos muito verdes. Harry estava parado no final do corredor, logo no portal, enquanto Rony lhe dizia alguma coisa. Houve uma estranha intensidade sombria em seus olhos quando ele prendeu os dela, quase como se não estivesse percebendo o que fazia. Ela se sentiu sem fôlego, como que à beira de um precipício, como se estivesse prestes a ver o que ele escondia atrás daqueles olhos havia tanto tempo...
E então Rony lhe deu um tapa no ombro, Harry desviou o olhar e o momento estava perdido. Gina deixou Colin puxá-la pelas escadas, ouvindo-o distraidamente falar sobre fotos e filmes que tirara no ano passado. Você pode correr, mas não pode se esconder, Harry, ela pensou em silêncio. Eu vou fazer você me dizer o que está escondendo.
