Mares em Revolta
N/A – Um pouco pequeno este capítulo, verdade, mas necessário para fazer essa história andar. Vejamos se vocês podem adivinhar no que vai dar esta fábula...
N/T:Yasmine Lupin: Calma, você viu como as defesas do Harry estão baixando? A coisa vai melhorar, confie... Só demora um pouco, mas quando for... se abanando Obrigada!
Miri: Sou só eu ou há algo no ar como se indicasse que a Gina pode mesmo usar sua azaração? Sobre o Harry ser arrogante... paciência... O idiota acha que profecias são coisas literais, sem interpretação... Obrigada!
Mimi Granger: É, dá pra dizer que a Gina saiu um pouco prejudicada nessa história da Brittany Spears... E sim, não interrompa a leitura dessa fic. Talvez um dia você se interesse pelas outras, por que não? Obrigada!
Capítulo Cinco – Capitão, meu capitão
Harry estava confortavelmente acomodado em uma das poltronas da sala comunal, com o livro de Feitiços em mãos, olhando o sumário numa busca por mais feitiços de camuflagem, quando Rony passou pelo buraco do retrato.
"Harry!', seu amigo chamou caminhando até ele, totalmente esquecendo que a pessoa em questão estava a menos de três metros de distância. "Harry, cara, desça aqui, estão votando nos capitães do time de Quadribol!"
"Rony, eu estou bem aqui", Harry disse com calma, baixando o livro. Seu coração estava começando a acelerar, desconsiderando seus esforços para se manter calmo. Afinal de contas, Rony estava empolgado suficientemente pelos dois. Quadribol! Aquilo fazia seu coração acelerar como nada... bem, quase como nada, ele silenciosamente admitiu, resistindo a deixar seus olhos vagarem pelo resto da sala comunal.
Rony desviou de algumas pessoas, e pulou sobre Harry de uma forma que o fez lembrar de Bichento. "Vamos, VAMOS!', Rony exclamou enquanto Harry era literalmente arrastado pelo portal do retrato, e pelas escadarias subseqüentes. "Merlin, qualquer um pensaria que você não tem interesse nenhum nisso."
"Bem, eu...", foi tudo que Harry conseguiu dizer antes que fosse jogado em meio a uma massa de colegas jogadores de quadribol, que ao ver Harry começou a gritar e dar tapinhas amistosos em suas costas, praticamente arrancando todo o ar de seus pulmões. Cerca de vinte pessoas estapeando suas costas subentendia uma boa quantidade de força, Harry descobriu com a experiência.
Conseguiu afinal alcançar o mural de recados onde Madame Hooch colocara os avisos com os nomes dos capitães, que ele encarou sem acreditar. Céus, ele pensou, vagamente.
Houve outro tapa pesado em suas costas, desta vez de Rony, que gritava deliciado. "Muito bem, cara, eu sabia que você ia pegar a vaga!" Seu amigo sorriu largamente. "Ei, grifinórios, vamos dar as boas vindas ao novo capitão, hein?"
Harry esquivou-se e riu alto quando Rony e mais alguém, talvez Simas, o ergueram sobre seus ombros e principiaram a carregá-lo pelo corredor. "Pot-TER, PotTER, PotTer...", eles começaram a cantar e Harry não conseguiu deixar de sorrir de cima daquela bagunça, torcendo para que eles não o derrubassem e ele não rachasse a cabeça no chão, terminando a temporada antes mesmo de começá-la.
Quase todos os times e seus jogadores estavam ali, checando os avisos, e Harry não deixou de sorrir com certa malícia para os sonserinos, parados ao outro extremo, longe da massa gargalhante de jogadores das outras três Casas. Eles apenas o encararam furiosamente quando ele virou-se e acenou para eles, antes de se agarrar outra vez ao ombro de Rony.
Seus olhos então alegres serpentearam pelo resto da multidão, sentindo um impulso de afeição. Seu time, os outros jogadores... Era algo especial, este jogo. Nunca falhava quando precisava tirar algum peso do coração ou limpar sua mente.
E então uma certa atacante ruiva encontrou seus olhos do outro lado do aposento, de onde ela sorria com prazer e orgulho. "Parabéns" ela cumprimentou-o, e Harry não conseguiu deixar de sorrir de volta para ela. Dane-se a distância segura, aquilo era quadribol! E ele acabara de se tornar capitão! E então ela piscou, mandando um beijo para ele, deixando-o perfeitamente sentir o movimento do toque voando até seu rosto. Seu rosto enrubesceu, apesar de todos os seus esforços, e ele teve que se forçar a desviar os olhos.
Felizmente para Harry, naquele momento Simas deu um passo em falso e os três jogadores caíram num amontoado de braços e pernas, que piorou gradativamente quando algum idiota decidiu que todos os outros também deveriam pular por cima. Quando Harry foi esmagado e escondido por dezenas de jogadores sorridentes, conseguiu rir de pura felicidade.
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Gina ainda estava sorrindo de forma contida quando se jogou sobre sua cama com seu livro de Defesa. Ela não via sorrisos daquele tamanho escapando entre os lábios de Harry desde que Sirius morrera. O garoto amava mesmo seu quadribol, ela pensou, mais uma vez lembrando do momento em que Rony e Simas o ergueram no ar e começaram a carregá-lo por todo o corredor. Por um momento ali, ele fora apenas mais um adolescente de dezessete anos, feliz e sorridente.
Cara chegou saltitando neste momento, finalmente restaurada à sua aparência normal em lugar de seus prévios cabelos loiros. "Gina querida, eu te perdôo completamente por toda aquela coisa da Brittany Spears", sua amiga anunciou.
Gina sorriu maliciosamente enquanto Cara se jogava sobre sua cama com um suspiro suspeito. "Eu imagino que certas pessoas estiveram, hum, intrigadas com seu novo visual?"
Ela podia ver o sorriso presunçoso de onde estava, era tão grande! "Pode-se dizer isso", Cara disse, e então gargalhou. "Melhor ainda, foi quando tudo sumiu de vez." Ela suspirou, com força e grande satisfação. "É sempre bom saber que ele prefere o meu eu natural."
Gina sorriu também, desta vez um pouco pensativa. Será que Harry gostaria mais dela se fosse loira? Com uma cintura mais fina? Com um pouco mais de seios? Sacudiu a cabeça. Pare com isso, ordenou a si mesma, olhando de volta para o livro em seu colo. Não é a sua aparência o que está mantendo o idiota afastado.
Ficou subitamente incapaz de se concentrar na leitura, e enquanto Cara se sentava em sua cama a cantarolar, Gina jogou o livro texto de lado e puxou para si o caderno "de Harry", que estava em sua cabeceira. Folheou páginas, relendo notas que escrevera para si mesma, comentários que ele deixara escapar desde o ano passado.
O que fora aquilo que ele dissera havia alguns dias, quando todos eles haviam estado tão bravos com ele? Sim, eu sei algumas coisas que vocês não sabem. E se eu contasse a vocês, não faria bem algum. Vocês apenas ficariam mais perto de ser alguém que eu costumava conhecer. Ao menos ele admitira que estava escondendo alguma coisa deles, ela pensou num átimo de raiva. Ele evitara até essas confissões no ano passado.
O que era aquilo que ele dissera para Rony naquela noite? Você é meu melhor amigo, Rony. Todos vocês. E vocês não podem ajudar, de qualquer forma. Gina então franziu a testa. Não podemos ajudar, de qualquer forma? Ela pensou. De cenho franzido, ignorando Cara conforme ela começava a cantarolar fora do ar, em seu caminho até o chuveiro. Gina virou páginas, examinando-as rapidamente. Eles não podiam ajudar de qualquer forma...
Podia ter levado alguns minutos, podia ter levado uma hora, mas finalmente algo se encaixou no cérebro de Gina. Seu olhos se dilataram. Céus...
"Hermione!', ela gritou enquanto se jogava da cama e corria para a sala comunal. "Hermione!"
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Harry se inclinou sobre os travesseiros com um suspiro. Bem, aquela noite acabara sendo bastante boa, ele pensou com um sorriso. Dino até mesmo abrira seu estoque para ocasiões especiais de cerveja amanteigada que seu pai lhe comprar durante o verão. A cerveja descera maravilhosamente pela garganta e o aquecera, de maneira que ainda podia sentir seu gosto doce naquele momento. Harry mordeu os lábios. Um modo muito melhor de celebrar, pensou. Mil vezes melhor do que aquele whisky de fogo que dividira com Draco no ano passado.
Rony já estava na cama, as cortinas cerradas e com leves suspiros escapando dali. Harry sorriu afetado. E pensar que eram suspiros com o feitiço de abafamento que ele colocara. Harry sentiu pena da pobre mulher que acabasse se casando com Rony, ela teria que ser muito criativa para conseguir uma boa noite de sono. E claro, sabendo que Hermione perceberia tudo logo na primeira noite...
Harry parou a linha de pensamento com uma careta. Não era preciso pensar aquilo. Hermione era praticamente sua irmã, e lhe parecia quase grosseria ficar imaginando Rony e ela juntos. Não que ele já estivesse a ponto de sair apostando no que estava por vir, não senhor. Ele apenas não queria ficar específico demais se pudesse evitar.
Harry bocejou e fechou os olhos. No dia seguinte, ele teria que começar a planejar os novos horários de treino, sem falar de alugar o campo para os treinamentos regulares... ele queria deixar Hogwarts com seu nome na taça, pensou sonolentamente, aquilo sim seria alguma coisa...
Inconscientemente, conforme Harry caiu no sono, lhe sobreveio um sonho familiar...
A floresta. Noite. Lobos uivando. Harry podia sentir a onda gélida de dementadores conforme eles o cercavam entre as árvores. Ele manteve suas costas contra a casca das árvores enquanto escorregava ligeiramente entre elas. Ele não tinha chances.
O cheiro de sangue, sangue fresco, atingiu suas narinas. Algo subiu por seu esôfago e ele foi obrigado a engoli-lo de volta. Quem seria, ele se perguntou. Tantos estavam perdidos ou mortos... não havia como saber. Rony, Hermione, Neville, Luna, Simas, Dino... ou Gina. Harry trancou os dentes e continuou se mexendo.
A floresta estava escura e densa sobre ele como se fosse algo vivo o encurralando. Havia uma luz ardente vindo dali, fogo talvez? Ele não sabia, e estava com medo de ver.
Sentiu um arrepio percorrê-lo ao ver-se num círculo de homens encapuzados de preto. Comensais da Morte. E logo à frente, esperando por ele... Voldemort.
"Não", Harry disse, sem saber que estava falando baixo. "Essa não é a hora ou o lugar."
Aqueles malditos olhos vermelhos pousaram sobre ele enquanto as figuras negras se aproximavam, fechando o círculo. "Eu escolho a hora e o lugar, Potter", sibilou aquela voz cruel.
"NÃO!", Harry gritou, sacando a varinha e apontando-a para Voldemort, apenas para vê-lo desaparecer entre os Comensais que se aproximavam. "NÃO!"
Harry acordou e se descobriu sentado reto sobre a cama, respirando com dificuldade. Estava suando frio, e com os punhos trancados tão fortemente que podia sentir até os caminhos das veias em suas mãos. Um sonho, um sonho, ele disse a si mesmo, tentando desesperadamente recuperar o controle.
Aterrorizado, ele olhou para seus colegas de quarto. Todos estavam dormindo, o quarto escuro, com respirações tranqüilas. Então ele não os acordara, daquela vez.
Juntos os joelhos e apoiou a testa sobre eles no escuro, agradecido com a noite por esta esconder seu momento de fraqueza. Às vezes, ele pensou exaurido, tudo era simplesmente demais para ele. Às vezes desejava haver alguém para quem pudesse dizer tudo, mas sempre alguma parte de si pulava na frente e o lembrava de que fazendo isso ele estaria assinando o atestado de óbito dessa mesma pessoa. Ou pior. Ele já tivera visões de encontros dos Comensais da Morte, e sabia o que podia acontecer antes que uma pessoa morresse. Sentira aquilo em sua própria pele pelas mãos de Voldemort.
Envolveu os joelhos com os braços e manteve a cabeça abaixada, respirando fundo, recuperando seu precioso controle. Cuidadosamente ele limpou sua mente, imaginando seu cérebro como uma esponja que ele estivesse espremendo até ficar perfeitamente seca. Seus músculos relaxaram um por um conforme ele ia reconstruindo sua muralha, tijolo por tijolo.
Harry finalmente apoiou-se nos travesseiros de novo. Respirou profundamente e fechou os olhos. Ele ainda não sabia se aquela seria a batalha final, disse a si mesmo. Não era a hora ou o lugar certo. Não podia ser ali, o espetáculo final.
Ao menos era o que ele achava.
