Mares em Revolta
N/A – Minhas respostas a reviews (N/T: e as minhas também, e mais tarde volto aqui pra responder tudo certinho...) foram mudadas para o fim do capítulo. Que maravilhosos comentários, os seus... Aliás, eu não consigo bem lembrar direito de como funciona a Oclumência, então minhas desculpas se acabar saindo algo errado.
Capítulo Sete – O que Sonhos Podem Ser
"Nós podemos ter descoberto o que é que Harry anda escondendo", Hermione disse, olhando de relance para Gina.
Gina observou seu irmão cuidadosamente. Qualquer sinal de uma explosão intempestiva e ela o enfeitiçaria, honestamente falando. Para sua certa surpresa, entretanto, ao invés de ficar vermelho e tempestuoso, o rosto de Rony ficou sério.
"É?", ele disse, se inclinando para frente. "O que vocês duas bolaram?"
Hermione manteve a voz baixa. "Nós achamos que é a profecia", ela disse. "Achamos que Dumbledore contou a ele o que era depois do Departamento de Mistérios, e que ele andou martelando isso dentro da cabeça até hoje."
"Acrescente como motivos a culpa que ele diz ter pela morte de Sirius, e de todos nós ficando feridos..." Gina acrescentou suavemente. Rony lançou-lhe um olhar aguçado e rápido, que ela não entendeu bem, e depois assentiu, pedindo que continuassem.
Hermione suspirou e baixou a pena. " 'Vocês não podem me ajudar, de qualquer forma'", ela citou. "Harry disse isso..."
"No jantar da outra noite", Rony interrompeu, os olhos apontados para o rosto de Hermione. "Sim, eu me lembro."
Hermione pareceu surpresa, mas continuou. Gina SABIA que suas sobrancelhas deviam estar formando uma única linha, coincidente com sua franja. "Bem, e se FOR a profecia?", ela disse. "Que nós não podemos ajudá-lo, ele tem que fazer isso sozinho."
"O Menino-Que-Sobreviveu parou Voldemort uma vez", Gina disse sombriamente. "E agora ele tem que fazer de novo."
Para mais surpresa ainda das duas, Rony não ficou todo ressentido e doido. Ao invés disso, ele se endireitou e considerou por um momento, antes de suspirar. "Sim", ele disse. "isso é bem o que eu tinha imaginado, também."
O queixo de Hermione caiu de repente, antes que ela começasse a se sentir passada para trás. "Você imaginou o quê? E exatamente há quanto tempo, que não me contou?"
Rony pareceu imediatamente inquieto e ergueu as mãos. "Wow, wow, foi no jantar, quando ele disse isso, ok? A coisa simplesmente se encaixou pra mim... e que talvez ele tenha interpretado a coisa de um modo muito diferente de mim."
Hermione ainda o fuzilava com o olhar. "E você não me contou?"
Rony sentia-se culpado. "Eu estava meio... mas Harry estava feliz de verdade com o quadribol, sabia? E eu ainda não estava totalmente certo, e eu não quis criar mais nada entre a gente, especialmente se fosse algo sobre o qual nada poderíamos fazer. Quero dizer, não podemos exatamente mudar uma profecia."
Hermione resmungou alguma coisa, antes de deixar escapar um suspiro de frustração. "É, você está certo", ela disse, soando amuada. "Eu apenas queria que você tivesse mencionado isso antes, e salvado nós duas de uma madrugada inteira fuçando na biblioteca."
Rony riu subitamente. "Vocês ficaram fuçando na biblioteca ontem? É por isso que vocês estão tão cansadas?", ele disse. E mostrou os dentes depressa num sorriso afetado. "Ô-ou, a Monitora Chefe estava fora cometendo uma infração..."
Gina virou os olhos e jogou sua própria pena na cabeça do irmão. "Cale a boca", disse a ele, meio preocupada que Hermione pudesse enfeitiçá-lo. Não que ele não tivesse feito várias coisas no passado para merecer isso, mas ela apenas não queria ver a cena naquele momento. "De qualquer forma, e o Harry com as aulas de Oclumência de novo? Eu pensei que Dumbledore tinha desistido da idéia."
"Aparentemente não", Rony replicou, amargo. "E com Snape ainda, pior."
Hermione aparentemente parara de bufar para si mesma. "Dumbledore sempre tem uma razão", ela disse. "Nós podemos não saber o que é, mas ele sempre tem uma razão."
"Pode não ser um motivo muito bom", Gina falou. "E afinal de contas, Harry se livrou dele por um ano inteiro, lembram-se?"
"Como se trabalhar com Snape fosse transformá-los em amiguinhos", Rony suspirou. "Digo, o que ele está pensando, que Harry e o morcegão vão sair por aí misturando emenda-mentes?"
Hermione gargalhou, e então tapou a boca com a mão quando Rony e Gina lhe lançaram olhares divertidos. "O quê?", ela disse.
"Er, eu perdi a parte engraçada...", Gina disse.
"Eu não sabia que vocês dois eram grandes viajantes...", Hermione sorriu largamente. O sorriso desapareceu quando os dois Weasley a encararam com olhares vagos. "Não? Estou falando da origem das palavras, 'emenda-mentes'..."
Rony ergueu a cabeça. "Na verdade, é quando um bruxo entrega os miolos para outro, logo antes de morrer. Desse jeito o morto dá um pouco mais de sabedoria para o que sobrevive."
Hermione estava encarando-o. "Oh, pelo amor de...", ela murmurou. "Esqueçam." E fechou seus livros com um tapa decisivo. "Eu vou pra cama. Graças à incerteza de alguém, eu fiquei acordada a noite inteira lendo sobre os três primeiros anos do Sr. Potter com gnomos de jardim e estou muito cansada."
Rony pareceu intrigado conforme Hermione tomava o rumo do dormitório. "Hã?", ele disse.
Gina lançou-lhe um olhar de piedade e deu tapinhas no ombro do irmão. "Não se preocupe, Roniquinho, você não ia mesmo querer saber.", ela disse.
------
Harry se aproximou da sexta-feira com grande relutância. Ele não tinha nenhuma pressa para voltar a gastar suas noites com o maldito morcego Snape. Que parecia, a propósito, muito interessado em ruir sua vida em Poções, quer sua esposa assistisse, quer não. Na última aula, Harry perdera cinco pontos por respirar fundo demais, Snape alegando que ele estava destruindo o fogo de seu parceiro de mesa. Ainda dissera parceiro de mesa, e aquele estúpido Malfoy parecera achar aquilo particularmente hilário.
E quem quisera mesmo acelerar a semana para o primeiro treino de quadribol? Naquele primeiro dia, Harry fora mais cedo para o campo e levantara vôo, indo tão alto que o castelo minguava embaixo de si. Então ele voltara sua vassoura para o chão e voara direto para ele. O vento gritava em suas orelhas e ele ia tão rápido que mal podia manter os olhos abertos. Parou então e começou a dar voltas no campo, um sorriso entorpecido no rosto e, como conseqüência, alguns insetos que deram de cara com seus dentes.
E agora, ali estava ele, sombriamente se aproximando da masmorra arrastando os pés. Uma hora inteira. Apenas ele e Snape. Iuhuuuuu.
Harry fez uma pausa do lado de fora e encarou a porta por um momento. Por que diabos Dumbledore queria recomeçar aquilo? Ele se perguntou pela bilionésima vez naquela semana. Ele deixara todo o ano passado passar, para o alívio dele. Por que raios estava tudo voltando?
Deixou um suspiro escapar, e, endireitando-se, empurrou e abriu a porta. "Está atrasado, Potter", veio cumprimentá-lo a voz vinda das sombras da sala de aula vazia.
Harry virou os olhos. "Desculpe, senhor", disse, sem realmente sentir. Como se eu quisesse ser pontual com você, seu morcego velho, ele pensou enquanto entrava e pegava uma cadeira.
Não estava vendo Snape na sala, mas a porta de seu escritório estava aberta, de modo que Harry sentou-se e esperou. De fato, as enfurnadas vestes negras do Mestre de Poções logo serpentearam através da porta. Snape atravessou-a e jogou-se sobre sua mesa. O professor olhou-o, afetado.
"Se estou aqui mais uma vez para gastar as minhas noites nesta tentativa de ensiná-lo a proteger sua mente, é melhor ao menos ser pontual, Sr. Potter.", disse o Mestre de Poções num tom sedoso. Aquele exato que costumava apavorar Harry.
Harry mostrou os dentes numa mera careta de sorriso. "Desculpe, senhor", repetiu.
Snape encarou-o, os olhos negros e brilhantes. "Muito bem.", ele disse. "Vejamos se você conseguiu esquecer tudo que eu tentei lhe ensinar. Legitimens!"
Harry foi pego completamente desprevenido pelo feitiço que Snape lhe lançou. Ele instivamente se esquivou, agora um reflexo, depois de tanto tempo na Sala Precisa. Muitas vezes, esquivar-se funcionava tão bem quanto um feitiço defensivo e levava muito menos energia. Mas ao invés disso, ele sentiu-se como se alguém estivesse tentando segurar sua mão usando luvas grossas.
Então a sensação parou, e Snape estava sentado encarando-o. "Não foi isso o que eu lhe ensinei, Potter", disse ele numa voz fria. "Legitimens!"
Começou tudo de novo, exceto que, daquela vez, Harry não estava despreparado. As luvas estiveram ali apenas por um breve segundo, e então mais nada. Absolutamente nada. Tentando não sorrir, ele lançou ao Mestre de Poções particularmente irritado um olhar inquiridor.
Snape murmurou algo sob a respiração, e então fixou seus olhos em Harry. Ótimo, se é assim que ele quer jogar, Harry pensou, encarando-o de volta. Terminando...
Invadir a mente de Snape era um pouco mais difícil do que invadir a de, digamos, Dino. Era como se Harry estivesse encurralado numa parede, tentando encontrar uma maçaneta. 4444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444444E quando o fez, estava quase abrindo a porta quando os olhos de Snape se alargaram e ele se levantou, interrompendo o contato visual.
"O que você está fazendo, Potter?", o homem exigiu raivosamente. "Que feitiço é esse, e onde você o conseguiu...?"
"Eu não sei do que está falando, professor", Harry mentiu, incapaz de esconder completamente a zombaria em seu tom de voz. "Mas eu acho que o senhor pode reportar ao Professor Dumbledore que estas aulas são mesmo desnecessárias."
Por alguma razão, aquilo fez os olhos de Snape se estreitarem e ele tomou alguns passos para frente, estudando Harry mais ainda. "Não, Potter", ele disse suavemente. "Não acredito que eu o faça." O Mestre de Poções ficou parado em pé e alto, as vestes negras e confusas com as sombras atrás dele conforme Harry era observado. "Você irá me explicar isso amanhã à noite.", ele disse. "E talvez tenha algumas respostas."
Harry resistiu ao impulso de virar os olhos. Afinal de contas, ele teria que voltar às aulas do cretino, e aquele cretino em particular já não estava inclinado a ser generoso em suas notas. "Sim, senhor", ele disse, na voz mais fria que conseguiu fazer. "Posso ir?"
Snape não se mexeu. "Vá." Enquanto Harry ia até a porta, ainda podia sentir os olhos dele pesados sobre suas costas. Incapaz de resistir, acenou com um dedo para a lareira, que imediatamente se apagou, deixando em completa escuridão a masmorra, depois que a porta se fechou.
-------
Rony estava em sua melhor forma aquela noite, murmurando e grunhindo sobre como Hermione o obrigara a fazer tanta maldita tarefa, ainda com todos aqueles longos treinamentos de quadribol a que CERTO capitão psicótico estava submetendo todo o inocente time.
Harry finalmente se levantou e foi para sua cama, fechando o cortinado com depois um belo feitiço de silêncio nelas. Merlin, o ruivo podia ser irritante, ele pensou, com uma careta fatigada. Ele tinha plena certeza que era exatamente como Rony quisera agir com ele.
Harry bocejou. Estava mesmo cansado. Quadribol levava longos treinos, especialmente desde que ele não podia mais apenas ficar circulando por aí procurando pelo pomo de ouro. Agora ele tinha que se envolver com o resto do jogo, com estratégias, dribles... tinha também que separar briguinhas estúpidas entre Rony e Gina e coagir seus batedores a realmente tentarem acertá-lo com os balaços...
Caiu então no sono, relaxado e exausto; e também despreparado.
Harry se endireitou ao ouvir passos no dormitório escuro e quieto. Olhou para o lado, vendo que suas cortinas estavam abertas. Ele não tinha fechado-as antes de se deitar, ele se perguntou. E por que parecia como se todas as outras camas estivessem vazias...
Os passos pararam e Harry esperou, ainda sonolento. Quem poderia ser?
O luar caiu sobre uma cabeça brilhante, o cabelo dela queimando como o fogo que ainda ardia na sala comunal. "Shh...", ela disse, ao ver que os olhos dele estavam abertos.
Harry não se mexeu e nem respirou quando ela pulou em sua cama, com aquelas pernas esbeltas e pálidas logo abaixo da camisola que usava. Se ele pusesse sua mão no tornozelo dela, ele pensou, e fosse levando-a pra cima lentamente, será que encontraria alguma coisa no caminho?
O peso dela se acomodava confortável e familiarmente nele, como se eles tivessem feito aquilo mil vezes antes. Ela se inclinou para a frente, envolvendo o rosto dele com seus braços. "Shh...", ela sussurrou de novo, antes de se inclinar.
Seus lábios afundaram nos dele, e tudo que Harry conseguia fazer era permanecer parado, as mãos trancadas nos pijamas. Ele queria devorá-la, inalá-la, engoli-la inteira. Ao invés disso ele deixou-a provocá-lo e tatear, as bocas e as línguas mal de tocando, seu corpo de esticando mais e mais a cada segundo.
"Harry...", ela sussurrou sob os lábios dele, e ele tivera o suficiente.
Ergueu as mãos, trancando-as sobre a cintura dela, ressentido pela camisola que protegia a sua pele dele. Com um longo grunhido que ele mal sabia de onde viera, ele os virou, virando-a sobre as costas com um pequeno engasgo. Aqueles olhos castanhos o fitaram de seu travesseiro, enormes naquele rosto de porcelana. O cabelo dela se chocava violentamente contra o linho branco, vibrante e não maravilhosamente vivo na noite.
"Harry", ela sussurrou mais uma vez, desta vez o encarando, os olhos cheios de saudade. Ela contraiu conforme ele traçou uma linha longa e quente descendo por seu queixo, sua garganta, pegando o primeiro botão e o escorregando pela costura.
"Gina", ele sussurrou de volta, a voz grave sobre aquela pele sedosa e lisa que passava por seus dedos enquanto se livrava do algodão. "Gina..."
Harry se sentou depressa, respirando com dificuldade. Suas mãos apertavam os lençóis, o corpo tão rígido como se o sonho tivesse sido real. Ele olhou em volta rapidamente para ver que as cortinas ainda estavam cerradas, e então deixou escapar um suspiro sentido.
Tinha que parar com aqueles sonhos, disse a si mesmo, esfregando o rosto com mãos trêmulas. Ele não podia continuar querendo daquele jeito e negar que a coisa real existisse. Ele tinha apenas que... dormir.
Deliberadamente, cuidadosamente, Harry forçou sua mente a uma brancura completa. Sem pensamentos de cabelos vermelhos, pele lisa ou pernas longas e pálidas. Finalmente, seu corpo começou a relaxar e ele se deixou adormecer. Desta vez, ele esperava, sem sonhos.
