Mares em Revolta
Capítulo Oito – Nenhum Segredo Está Seguro
Severus Snape estava num humor realmente péssimo. Ele não somente era obrigado a perder seu tempo com o maldito Potter, tentando ensinar o garoto a proteger sua mente, como ele também aparecera com algo totalmente inesperado que podia bloqueá-lo. Snape franziu o cenho. Ele não sabia o que diabos Potter tinha feito, mas parecera como encontrar uma rachadura numa parede de tijolos. E então aquele momento bizarro na qual Potter fora capaz de invadir SUA mente!
Coisa essa que significava que ele era forçado a ir até Dumbledore, Snape grunhiu mentalmente. Para falar sobre Potter. Inferno sangrento, será que aquele dia poderia ficar pior?
Snape irrompeu dentro do escritório do velho assim que ele gritou alegremente "Entre, Severus!". Ele abriu a porta e viu o diretor sentado à sua mesa, parecendo benignamente sério, com a Professora McGonagall acomodada na poltrona à sua frente. Ótimo, simplesmente ótimo. Pelo jeito o dia podia ficar pior.
"Posso voltar depois, não tenho motivo para interrompê-los", Severus começou a dizer vagamente, tentando se livrar da reunião a três com os outros dois.
Dumbledore interrompeu-o, entretanto, sacudindo uma mão. "Não, não, entre", ele disse. "Eu suspeito que você esteja aqui exatamente pelo mesmo motivo que Minerva."
Snape não conseguiu resistir a uma provocação. "Sua falta de um time de quadribol?", perguntou em voz sedosa.
McGonagall bufou para ele. "EU não sou quem teve que substituir mais da metade do time este ano", respondeu.
O diretor riu e sacudiu a cabeça. "Por favor, meus amigos, se começarmos esse debate, ele pode nunca terminar. Severus", ele gesticulou para a outra cadeira. "Por favor, sente-se. Nós estávamos justamente discutindo sobre o Sr. Potter."
Severus grunhiu sob a respiração. "O que lhe faz pensar que eu gostaria de falar sobre aquele garoto aborrecido?", ele disse, enquanto se sentava com relutância.
Dumbledore baixou a cabeça. "Você teve uma seção com ele ontem à noite, certo?"
Snape resfolegou. Maldito velho adivinho. Dumbledore meramente assentiu. "Minerva, você estava dizendo...", ele disse, voltando-se para a diretora da Grifinória.
McGonagall suspirou. "Eu acreditei estar enganada por vários dias, mas ultimamente eu andei observando o Sr. Potter durante a aula, clandestinamente, claro. E não é minha imaginação, Alvo", ela disse, juntando as mãos, "o poder mágico do garoto tem aumentado drasticamente."
Severus estreitou os olhos. Aquilo deveria ter algo a ver com ele, afinal de contas... "Como assim?", ele perguntou, inclinando-se para frente.
A Professora McGonagall crispou os lábios. "Eu tenho observado que o Sr. Potter aparenta estar, bem, desempenhando os feitiços incorretamente, até que cerca da metade dos alunos tenha compreendido o sentido geral do que quer que estejamos vendo. E então ele subitamente apresenta o melhor desempenho da turma." Ela olhou para Dumbledore de novo. "Porque ontem nós estávamos trabalhando na auto-transfiguração de gênero, e eu juro, eu o vi cometer erro atrás de erro até que de repente, antes do sino tocar, havia uma perfeita garotinha onde Harry costumava ficar." Ela franziu a testa. "Não havia nenhum dos erros comuns, nenhum. Foi o melhor trabalho que eu vi de um aluno em décadas."
Severus contemplou a cena. Hmm... Ele pensou.
Alvo suspirou. "O Professor Flitwick também foi gentil de narrar o mesmo para mim", ele disse. "Ele também sente que Harry está se contendo, escondendo o que pode fazer." E então os olhos azuis do velho se voltaram para Snape. "Severus, o que você acha?"
Severus pensou rapidamente. Havia algo estranho acontecendo, ali... "Potter não precisa de lições de Oclumência", ele disse abruptamente, numa decisão súbita. "Eu não pude entrar em sua mente e ele conseguiu escancarar a minha para que o mundo inteiro visse." Fez uma careta não planejada. "Alguma coisa não está certa.", ele murmurou.
A Professora McGonagall emitiu um som frustrado. "Mas o quê?", ela disse. "O que está acontecendo com ele, Alvo? Ele te disse alguma coisa?"
Severus também olhou para o diretor, mas para sua surpresa, percebeu os olhos dele se escurecendo. "Eu temo que Harry não tenha tido a necessidade de me confidenciar qualquer coisa até agora", ele disse, pesaroso. "Certos... eventos, e por extensão, algumas ações minhas, têm deixado o Sr. Potter um pouco bravo comigo."
"Grande Merlin, o quê?", Snape quis saber, muito surpreso, e por isso se esquecendo de ficar calado. Tinha que ser algo grande para que o garoto perdesse sua quase-adoração por Dumbledore. Frequentemente ele assistira a confiança, o respeito e sim, afeição, que cresciam naqueles olhos verdes ao se voltarem para o diretor. Entretanto, agora que pensava nisso, notava que não vira aquela expressão no garoto fazia algum tempo. Bastante tempo.
O Professor Dumbledore pareceu ainda mais velho e triste então, e sendo alguém que olhava com certa afeição até para ele, Snape alarmou-se. "Eu não te contei, Severus, sobre a profecia", ele disse. As sobrancelhas de Snape se ergueram. Profecia? Dumbledore pareceu ainda mais idoso. "Eu contei a Harry tudo que dizia a profecia que foi o estopim daquela viagem mal sucedida ao Departamento de Mistérios. Ele não aceitou bem as novidades, temo eu, e me culpa por ter exercido tanto controle sobre sua vida."
McGonagall suspirou. "Alvo, por favor, nós já passamos por isso, o que mais você poderia ter feito? Dizer a um menino de onze anos para começar a se preparar para destruir um inimigo que ele mal sabia existir?"
Snape recostou-se em sua cadeira e ponderou enquanto a mulher prosseguia. Então era isso, ele pensou. Um poder que Voldemort não conhecia... e matar ou ser morto.
Um momento depois, Severus se levantou abruptamente. "Eu encontrarei o Sr. Potter mais uma vez esta noite.", ele disse, mal percebendo que estava interrompendo a conversa dos outros dois. "Com sua permissão, diretor, eu dispensarei o garoto de continuar com isso, já que sinto ser uma perda de tempo de ambas as partes."
Os olhos azuis que tantas vezes no passado haviam brilhado para ele estavam sérios e soberbos enquanto o estudavam. "Se você acha que é o melhor caminho, Severus, eu confio em sua opinião." Dumbledore disse.
Snape deu um aceno curto de cabeça e então desapareceu da sala, franzindo o cenho e pensando. O que fazer com o Sr. Potter?
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Num acordo sem palavras, os três decidiram não confrontar Harry com o que perceberam. Gina na verdade pensava que era porque nenhum deles queria desperdiçar ainda aquele argumento. Harry era simplesmente bom demais em desviar os assuntos sem dizer nada. Era uma de suas habilidades mais aborrecidas, ela refletiu. Logo depois da atitude dele de afastá-la de si, lembrando do fato que claramente poderia um dia haver qualquer coisa entre eles...
Gina má, ela ralhou consigo mesma no caminho para a aula de Poções. Graças a Merlin que ainda tinha a Professora Snape, a mulher, ao invés do Professor Snape, o morcego. Logo logo ela teria que começar a pensar se valia a pena ir para a turma avançada no ano seguinte.
Empurrando e abrindo a porta, ela dirigiu-se a seu canto costumeiro perto de Colin e jogou suas coisas. À sua frente, Cara estava cuidadosamente arrumando seus suprimentos. Aquele era outro benefício em estar saindo com Draco Malfoy, ela pensou com um sorriso, começando a fazer o mesmo. Draco finalmente criara um sistema que Cara seguia quase como uma religião na aula de Poções. Não era totalmente infalível, mas muito menos caldeirões explodiam graças àquilo. Como alguém que ficara geralmente na linha de fogo, Gina se sentia muito melhor com esse fato.
Cara virou-se, sua rotina de arrumação completa, e olhou para Gina. "Entããããão...", ela disse, os olhos especulativos.
Gina lançou-lhe um olhar muito confuso mesmo enquanto sacudia seu vidro de tinta. Maldição. Ela teria que se lembrar de enchê-lo à noite, estava quase vazio. "O quê?", ela perguntou.
Cara sorriu. "Eu ouvi alguma coisa", ela disse. E tinha aquela droga de tom presunçoso que prenunciava algo que Gina certamente não gostaria.
Gina estreitou os olhos. "Desembuche, McDouglas", ela ordenou, mas antes que pudesse intimidar mais sua amiga a Professora Snape chegou caminhando alegremente para passar a lição do dia.
Nem completara-se uma hora disto, Cara fazendo tudo de acordo com seu sistema de procedimento e naquele instante lançando seu Feitiço Cronômetro (outra idéia engenhosa de Draco), quando resolveu virar-se para sua amiga. Àquela altura, Gina já conseguira pensar em várias possibilidades de motivos que Cara amaria usar para atormentá-la, e nenhum deles era terrivelmente agradável.
"Bem?", Gina exigiu, de maneira rabugenta. "O que você ouviu?"
Cara sorriu largamente. "Eu ouvi que teremos um final de semana em Hogsmeade no mês que vem", ela disse.
Gina ergueu uma sobrancelha zombeteira, enquanto media os lacetes triturados. Ao contrário de certas pessoas, ela podia falar e trabalhar ao mesmo tempo. "E daí?", ela falou. "Nós temos desses o tempo todo."
Cara sorriu mais ainda. "Eu também ouvi que o Monitor e a Monitora Chefe vão juntos.", ela disse.
Foi quando Gina franziu a testa. "O quê, você está falando de tarefas de monitoria? Que saco", comentou.
Cara gargalhou. "De acordo com as minhas fontes, as 'tarefas de monitoria' foram inventadas por alguns monitores que têm apostas correndo envolvendo essas duas pessoas, de modo que eles finalmente façam algum progresso para alguma, ah, conclusão."
Gina sorriu afetada. "Por favor, É do meu irmão que nós estamos falando. Ele nem mesmo admitiu a coisa pra si ainda."
Cara cuidadosamente inspecionou suas unhas. "Bem, só digo que você vai querer estar nas redondezas da Zonko's por volta das duas da tarde do dia em questão, porque um certo outro monitor, alto e lindo que não deve ser nomeado, vai tentar fazer o seu irmão de ossos superdesenvolvidos acordar."
Foi a vez de Gina começar a sorrir. "Ahh... entendo. Bem, eu aprecio a idéia.", ela disse, e cutucou Colin a seu lado, que estava assistindo a tudo com um brilho especulativo nos olhos. "Ouviu isso, Colin? Duas da tarde, Zonko's."
"Por quê, Gina querida, eu nem imagino o que posso fazer com essa informação", Colin falou virtuosamente. Gina sorriu mais ainda, sabendo que Colin estaria ali esperando com uma hora de antecedência, segurando sua câmera, por segurança.
Ela riu. "Ótimo, vou contar os dias.", disse maliciosamente.
"Você deve contá-los por outra razão, também.", Cara disse casualmente.
Gina ergueu uma sobrancelha. "Por quê?" Francamente, ela poderia se matar se não fosse verdade que sua amiga conseguia superar o Profeta Diário.
Cara limpou a garganta com delicadeza. "Porque já que o Monitor e a Monitora Chefe estarão ocupados com suas 'tarefas', o melhor amigo deles será deixado... completamente sozinho..."
Para completa e total mortificação de Gina, ela fez algo que não fazia há muito tempo, e que tinha tanto orgulho de ter parado de fazer: ficou de um vermelho brilhante, e então repentinamente começou a chorar. "Oh, droga, me desculpe, Gina, me desculpe, não chore", Cara pediu de imediato, parecendo apavorada e surpresa. Tudo de repente havia transbordado, todos os pensamentos e sentimentos reprimidos a fizeram se encolher e ter vontade de se enfiar debaixo do chão e ficar por lá mesmo.
Foram apenas algumas lágrimas, felizmente, mas ainda assim... Gina limpou os olhos e fungou. "Desculpe... Deve ter sido a poeira", ela mentiu pateticamente.
Colin passou um braço por seus ombros. "É, está mesmo muito sujo aqui embaixo", ele disse num tom tranqüilizador. Ela apoiou a cabeça em seu ombro e soluçou. Ela tinha amigos maravilhosos.
"Srta. Weasley", veio a voz da Professora Snape da frente da classe, quebrando seu momento de afeição. "Poderia ficar depois da aula por alguns instantes, por favor?"
Oh, droga, Gina pensou. "Sim, senhora", disse miseravelmente. Droga, droga, duplo droga.
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Assim que o sino tocou e o resto da turma se apressou para deixar a classe, Cara e Colin lançando-lhe olhares simpáticos, Gina lentamente se aproximou da frente da classe onde a Professora Snape estava, sentada atrás de sua mesa.
Sua professora ergueu os olhos para ela e deu-lhe um sorriso gentil. "Sente-se, Gina", ela disse. Gina se sentou. Saco, saco, saco. Chorando na aula. Ela não queria ter aquela conversa.
"Eu gostaria de lhe perguntar uma coisa", a Professora Snape disse, inclinando-se para a frente. Gina piscou. Certo...
"Sim, senhora?", disse.
Ela foi estudada por um par de olhos escuros que pareciam saber um pouco demais. "Diga-me o que está acontecendo com Harry Potter", a Mestra de Poções falou.
Os olhos de Gina se arregalaram e ela engoliu em seco com dificuldade. "Senhora", ela disse depois de um segundo, "uh, eu não entendo..."
Mas foi refutada por outro sorriso gentil. "Eu observo alguns alunos muito cuidadosamente, Srta. Weasley", a Professora Snape disse suavemente. "E uma coisa que eu percebi é que o Sr. Potter não anda muito... certo."
"Como... Como assim?", Gina perguntou, rezando para conseguir inventar alguma coisa.
A mulher pequena dos cabelos negros baixou a cabeça. "Eu acho que você sabe", ela disse.
Gina engoliu em seco. "Bem, professora, eu...", ela respirou fundo, não acreditando que estava prestes a dizer aquilo para uma professora, "Eu não acho mesmo que Harry interesse à senhora. E especialmente isso de me perguntar sobre ele." E então ela esperou que algo realmente ruim acontecesse, talvez um feitiço horrível e particularmente perigoso.
Ao invés disso, a Professora Snape apenas sorriu, um sorriso que pareceu bem presunçoso e até satisfeito. "Certo, Gina. Então eu gostaria apenas de lhe dar um conselho, se me permitir."
"Sim, senhora", Gina disse, sentindo-se quase tonta de alívio por não ter sido jogada contra a parede nem cozinhada em um caldeirão extra-grande.
"Às vezes, os homens mais fortes esquecem que não estão sozinhos", a Mestra de Poções disse calmamente. "Eles esquecem que não precisam enfrentar o mundo sem ninguém na retaguarda, sem alguém para segurar a mão deles." Aqueles olhos escuros estavam de fato aguçados naquele momento. "E às vezes, eles têm que ser lembrados desse fato, incansavelmente, até que entendam".
A boca de Gina abriu-se e depois se fechou. "Senhora?", ela disse, surpresa e mais do que um pouco desconcertada. E assustada.
"Francamente, meu conselho é encurralá-lo sozinho assim que você puder e tascar-lhe um beijo", a Professora Snape falou, com um brilho sonhador tomando posse de seus olhos. "Isso certamente funcionou comigo."
O queixo de Gina caiu vagamente por um instante, antes que conseguisse murmurar um fraco "Posso ir, professora?"
Foi respondida por um sorriso travesso e um aceno, e de alguma forma se descobriu atravessando o caminho até o Salão Principal e jogando-se ao lado de Cara.
"Bem?', sua amiga perguntou casualmente. "Como foi?"
Gina encarou-a, depois balançou a cabeça. "Eu não quero falar sobre isso", murmurou.
N/T: Vocês já se acostumaram com essa coisa de "professora Snape"? Pra mim ainda é muito engraçado, e olhem que já estamos no capítulo oito! Quero agradecer os comments do capítulo sete, que eu não tive tempo de responder. Sintam-se abraçados!De qualquer forma, vamos aos comentários:
Miri: e que action, não? Tenho que admitir que aquilo me pegou de surpresa. Mas depois desse conselho, duvido que demore muito para a coisa acontecer de verdade... Obrigada!
Carol Malfoy Potter: Obrigada. E como eu disse, depois dessa eu duvido que demore muito...
