Mares em Revolta
Capítulo Nove – O que uma garota deve fazer
Depois daquela discussão particularmente incômoda com a Professora Snape, Gina não estava com humor para tarefas. Ao invés de trabalhar em seu ensaio de Feitiços como a boa aluninha que era, fuçou em suas gavetas (e nas de Cara) e finalmente encontrou algo mais simples. Polimento de unhas.
Gina ergueu uma das garrafinhas no ar e sorriu conforme a cor de dentro brilhava. Perfeito. Um passatempo feminino e tranqüilo, que exigia uma concentração caprichada. Estava caçando aqueles pedacinhos de espuma para separar os dedinhos do pé que Cara tinha quando a porta se abriu, e a garota em questão entrou.
"Ei, quem disse que você podia invadir as minhas coisas?", Cara inquiriu, pondo as mãos na cintura com uma careta.
"Você", replicou Gina por cima do ombro.
Cara considerou por um momento. "Ah, é", ela disse, então se jogando sobre a cama de Gina. "Hum, manicure e pedicure, é? Isso parece divertido. Acho que vou fazer as minhas, também."
Gina tinha sua cabeça dentro do baú de Diana agora, tentando encontrar aquele tom de rosa que fazia sua pele parecer tão clara e lisa... "Ahá!", ela exclamou, encontrando o vidro dentro de um sapato. Tirou a cabeça de dentro do baú e jogou o vidrinho para Cara. "Vai fazer as suas?", disse.
Cara enrugou o nariz. É. Acho que já está na hora de uma pausa nas tarefas. Quero dizer, só estamos de volta há duas semanas, e ainda não vi nenhuma festinha de garotas."
Gina sorriu. "Nós devíamos fazer uma hoje à noite". Cara ergueu uma sobrancelha. "Sério. É sábado à noite, não tem aula amanhã, nós podemos roubar um pouco de comida das cozinhas e juntar todas as garotas aqui."
Cara riu largamente. "Festa do pijama!", ela exclamou, se esticando na cama.
Foi a vez de Gina erguer uma sobrancelha e sorriu afetada em seguida. "Quantos anos você tem, cinco?", ela provocou. "Venha, vamos juntar mais algumas colegas da Grifinória."
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Harry não estava inteiramente feliz de estar voltando para as masmorras lá embaixo. Era um sábado à noite, e ele preferia estar na sala comunal perdendo de novo no xadrez para Rony a passar mais tempo com o Morcegão Velho. Entretanto, pouco antes que ele saísse, Gina e Cara haviam aparecido dos dormitórios, tagarelando qualquer coisa sobre uma festa de pijamas e haviam arrastado Hermione junto com cada outra menina do quarto ano acima para seu dormitório. Os sons que vinham pelas escadas eram no mínimo intimidantes. Harry estremeceu. Tantas garotas, gargalhando, nunca era um som confortador.
Sombriamente, ele empurrou a porta e entrou. Mais uma vez, tudo arrumado no lado mais sombrio da sala. Era melhor para emboscá-lo, ele pensou com certo humor negro.
"Sr. Potter. Finalmente na hora, estou vendo.", veio o lento tom sedoso do Mestre de Poções do outro lado da sala.
Harry assentiu e se jogou em uma cadeira. Vamos acabar logo com isso, ele pensou num suspiro.
Snape parecia querer tomar seu tempo, entretanto. "Diga-me uma coisa, Potter", ele disse, enquanto preguiçosamente se encaminhava para sua cadeira.
"Sim?", Harry perguntou, erguendo uma sobrancelha quando a pergunta não veio.
Snape estudou-o com olhos enigmáticos e profundos, sentando-se numa onda de suas vestes negras. "Como você ainda não morreu?"
Harry piscou. Bem, aquilo não estava totalmente fora das esperanças dele. "Perdão, senhor", ele disse, engolindo a impaciência.
Snape bufou. "Você deveria ter morrido uma série de vezes até hoje. Quando você derrotou Voldemort em seu primeiro ano de vida. Em seu primeiro ano de escola. O segundo. E assim, desde então. Como é que você conseguiu permanecer vivo apesar de tudo?"
Harry engasgou um pouco antes que se lembrasse exatamente quem estava fazendo a pergunta. "Perdão, mas não posso explicar isso, senhor", ele disse e não pode resistir a adicionar em tom sarcástico "desculpe por desapontá-lo."
"Hmm." Snape estalou seu dedo então, o rosto impassível. "Você é um tolo arrogante, Potter", ele disse. Sua voz era memoravelmente calma, considerando as palavras.
Harry tentou não morder a língua ao trancar os dentes. Não disse nada.
Snape continuou. "Você imaginou que poderia esconder suas habilidades de seus professores? McGonagall e Flitwick estão ensinando há décadas. Eles já conhecem cada pequeno truque, Potter, e suas pobres tentativas de esconder suas habilidades não trazem nada de novo." A voz de Snape estava se tornando insultuosa. "E seu pequeno truque da última noite com o fogo? Realmente, foi exibicionismo. Nem de longe a decisão mais esperta quando se está tentando esconder-se."
Harry estava realmente tendo que se controlar conforme Snape bufava em desdém. "Mas então, o que mais eu deveria esperar do grande Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu? Acho que está acreditando em sua própria mentira, seu grifinório cretino e exageradamente autoconfiante. Você está pensando realmente que vai vencer esta guerra sozinho?" Snape estava em pé agora, sua voz ameaçadora, aproximando-se da mesa onde Harry estava. "Será que você pode ser tão cabeçudo a ponto de pensar que é a única coisa que salvará o mundo do Lord das Trevas, que você é tão importante assim?"
Harry finalmente não pode agüentar mais. Ele já estava se controlando desde que pusera os pés naquela masmorra, e agora Snape ficava provocando-o como se fosse alguma espécie de deus!
"Chega!", Harry deixou escapar. E deixou um pouco de sua energia mágica natural escapar, de modo que Snape cambaleou alguns passos para trás. Harry se levantou lentamente, ainda lutando por seu controle. Teria que ir até a Sala Precisa e espancar alguns bonecos antes de voltar para a sala comunal. "Já terminamos, professor?", ele sibilou entredentes enquanto o Mestre de Poções se endireitava.
"Oh, não, Potter", o homem disse suavemente, os olhos brilhando de maneira quase selvagem à luz do fogo. "Estamos apenas começando." Parte de Harry quis apenas ir embora, e a outra queria ficar ali e talvez desmontar toda a mente de Snape. A nota de Poções que se danasse.
Snape se inclinou sobre sua mesa e cruzou os braços. "Você por que eu me casei, Potter?", ele disse.
Harry piscou. Certo, aquilo era estranho. Ele sacudiu a cabeça, mais do que um pouco desorientado diante da abrupta e completa mudança de assunto. "O quê?", ele disse, ainda contendo a magia que queria escapar dele por seu acesso recém tido.
O rosto de Snape estava misteriosamente sério. "Por que eu me casei, Potter. Tente, mesmo que seja com cérebro diminuto. Você sabe por quê?"
Harry ainda estava completamente chocado pela mudança de tópico. E ele estava falando sobre aquilo com Snape, entre todas as pessoas do mundo. "Não", ele murmurou.
Snape baixou a cabeça, seus olhos perscrutando Harry. "Porque ninguém pode enfrentar o mundo sozinho e vencer", ele disse.
"E você prefere levar as pessoas para o fundo do poço com você?", Harry falou com sarcasmo, as palavras escapando dele. "Outras pessoas que importam?"
E então Snape sorriu afetado. "Você já passou por isso antes", ele disse. "Nenhuma grande surpresa, eu suponho." Ele se endireitou para depois inclinar-se mais, até que estivesse bem diante do rosto de Harry. "São eles que impedem que você caia." E então ele indicou a porta com a cabeça. "Agora saia. E não quero vê-lo até que chegue sua aula." E com isto, o homem simplesmente saiu.
Harry foi deixado em pé, engasgado com o que queria gritar e com o que aquela voz ameaçadora lhe dissera. Finalmente, ele conseguiu respirar fundo, e se acalmar. A magia e a emoção ainda se revoltavam nele, mas ele imaginou que pudesse lidar com mais um jogo de xadrez contra Rony, pelo menos.
Harry se virou e tomou o rumo da porta. Ao chegar aos corredores de pedra, seus passos ecoando nas paredes, as palavras de Snape continuaram se repetindo em sua cabeça. Você realmente acha que vai vencer essa guerra toda sozinho... Ninguém pode enfrentar sozinho o mundo e vencer... Eles são aqueles que te impedem de cair.
Harry grunhiu baixinho, pra si mesmo. Maldito Snape. Do que ele estava brincando? Ao chegar até a Mulher Gorda, teve que fazer uma pausa para se tranqüilizar, deixando tudo fora de vista em algum canto disfarçado de sua mente. Suspirou. "Chifres de caramelo", ele disse numa voz quase normal, e entrou.
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O dormitório das garotas do sexto ano estava lotado com garotas de pijamas. Gina estava aconchegada em sua cama, passando nos pés de Hermione um belo esmalte rosa, enquanto Hermione devolvia o favor com um belo roxo nos dela.
Cara reapareceu debaixo de seu canto no chão. "Então, Gina, será que algum dia você vai nos dizer o que aconteceu depois da aula de Poções?", ela perguntou.
Hermione ergueu os olhos do meio dos bobes em sua cabeça. "Algo aconteceu?", perguntou a Monitora Chefe.
Gina resmungou. "Eu não quero falar sobre isso."
"Pena", Diana disse alegremente do outro lado. "Esta é a noite das garotas. Não existem segredos." Parvati e Lilá riram alto da cama de Diana, onde seus rostos estavam cobertos por uma assustadora máscara verde.
"Aquilo não foi nada, a Professora Snape só quis falar comigo", Gina murmurou, na esperança de escapar da pergunta. Porque havia pessoas demais que seriam capazes de arrancar a história de dentro dela, se decidissem fazê-lo.
Hermione ergueu uma sobrancelha. "Sobre o quê?", ela perguntou com calma.
Gina tentou escapulir, mas não funcionou. Geralmente não dava certo com garotas, era dos garotos que ela conseguia escapar com um olhar furioso ou um beicinho. Afinal de contas, ela estivera usando essa estratégia com seus irmãos havia anos. Ela finalmente ergueu o rosto, percebendo que elas provavelmente não desistiriam, e que ela estava arriscada a ganhar ferimentos nada bonitos, caso elas somassem seu poder mágico sobre ela.
"Certo, ela quis saber do Harry", Gina disse, com muita relutância.
Hermione olhou-a de novo e franziu o cenho. "O que ela queria saber?", ela perguntou, de forma aguçada. "E por que ela perguntou a você, e não a ele?"
"Foi isso que eu disse", Gina falou rapidamente. "Bem, eu falei muito bem e não fui enfeitiçada nem nada do tipo." E então seu rosto ficou de um vermelho beterraba e mais uma vez desejou não ser ruiva.
"Ahá, eu conheço esse olhar", Cara falou astutamente, naquele momento pintando as unhas de uma quartanista de vermelho berrante. "Vamos, desembucha, diga o que aconteceu depois."
"Uhh...", Gina realmente desejou que pudesse correr para o banheiro, mas Hermione segurava seu pé com muita força. Além do mais, aquilo estragaria o esmalte dos pés. Ela suspirou. "Elamedisseparaencurralarocaraebeijalo", ela murmurou o mais rápido que podia.
Foi quase cômico o modo como toda a atividade no dormitório cessou completamente. E pensar que ela imaginara que ninguém a entenderia. "Uma professora? Ela te disse pra beijar o Harry?", Hermione disse, soando chocada.
"Wow", disse Diana, soltando o ar. "Eu sabia que a Professora Snape era legal, mas... Wow."
Uma onda violenta de vozes irrompeu então, e Gina mais uma vez contemplou o banheiro. Certamente era capaz de alcançá-lo, mas não tão depressa quanto precisava.
"Moças, MOÇAS!", a voz de Cara se sobrepôs ao barulho. "Isso é sério. A situação exige alguma atitude." Todos os olhos se voltaram de novo para Gina. "Então, o que você vai fazer, Gina?"
Gina engasgou diante da pergunta. "O que eu vou... o que vocês são, nozes? Vocês já deram pelo menos uma olhada em Harry este ano? Ele não tem interesse em mim, e de fato, tem se esforçado muito pra demonstrar isso. O cara nem mesmo dá tapinhas nas minhas costas." Ela foi dando acabamento no esmalte com certa raiva. "Ele está tão cheio daquilo de 'eu não posso deixar ninguém se aproximar de mim' que é como se estivesse tentando ser o homem virgem mais velho do mundo."
Lilá e Parvati gargalharam àquilo, e mesmo Hermione virou os olhos. "Harry está... em negação", a Monitora Chefe finalmente decidiu. "E aposto que tem algo mais no que a Professora Snape disse, além de simplesmente sair e beijar o Harry."
Maldição, ali estava o motivo de Hermione ser a Monitora Chefe. Ela sabia demais. Gina estreitou os olhos. "Por acaso você não roubou o meu par de Orelhas Extensíveis, roubou?", disse.
Hermione sorriu maliciosa. "Não. E pare de enrolar."
Gina suspirou, de repente e outra vez mais do que um pouco depressiva, e inclinou-se contra seus travesseiros. "Ela disse que homens fortes precisam ser lembrados de que não estão sozinhos, e que não precisam fazer tudo sem ajuda nenhuma." Cabeças assentiram solenemente.
"Olá, posso citar 'Draco Malfoy'?", Cara disse de seu canto espremido no chão. "Merlin, fazer aquele garoto admitir que precisava de um amigo foi pior do que descascar vermes." Uma dupla de quartanistas fizeram um "ergh" de nojo e Cara as ignorou. "E com toda aquela bagunça no ano passado, com Bellatrix... Nem digo quantas vezes tive que lembrar a ele que não deixaria que ele encarasse tudo sozinho."
"Eu nunca ouvi essa história...", começou Lilá.
Cara gesticulou. "É, lembre-me disso outra hora. De qualquer forma. O fato é que ela está certa, Gina. Harry é um garoto. Um bruxo particularmente importante, particularmente esperto e talentoso, e que passou grande parte da vida tendo que fazer tudo sozinho." Ela olhou para Hermione. "Certo?"
Hermione assentiu. "Com certeza. Quero dizer, antes de Hogwarts ele estava com aqueles Dursleys horríveis, e vocês sabem que eles não se importam com ele, e mesmo aqui na escola com Rony e eu, Harry sempre carregou a maior parte das responsabilidades sozinho. Ele se culpa quando as coisas dão errado, e sempre acha que outra pessoa deve levar os créditos quando dão certo." Hermione suspirou. "Ele é realmente o garoto mais nobre e irritante desta vida", ela resmungou. "E às vezes é um pé no saco."
Um silêncio mortal seguiu-se às suas palavras. Ela olhou em volta. "O quê?", E então ela virou os olhos. "Oh, vamos superem isso. Eu sou amiga de Rony há sete anos, vocês acham que essas coisas não escapam de vez em quando?"
Gina sorriu um pouco. "O que me preocupa é se o Harry não vai desaparecer de vez se eu tentar", disse em voz baixa. Aquele era seu maior medo, sua maior preocupação. "Eu sei que Draco tentou fazer isso com você, Cara, mas vamos encarar isso, Harry cortaria o braço com que segura a varinha se lhe dissessem que isso nos deixaria em segurança."
Hermione inclinou-se para a frente. "Gina", sua amiga disse calmamente. "Harry se importa. Você não consegue ver isso?"
Ela balançou a cabeça lentamente. "Eu só não acho que é suficiente", disse de volta.
Cara bufou com rudeza. "Vaca", ela falou. "Honestamente, Gina, você é uma idiota. Você está tão acostumada a ouvir dos seus irmãos que não passa de uma paixãozinha tola que este começando a acreditar neles." Seus olhos se iluminaram. "Vou te dizer. Você desce, bem como está, anda até Harry e o beija. E vamos ver o que ele faz."
O queixo de Gina caiu. "Você ficou maluca?", disse numa voz apavorada. Baixou os olhos. "Eu não vou descer vestida desse jeito!" Seu pijama era econômico demais, e o esmalte dos pés ainda estava fresco, e droga, ela não iria simplesmente sair se jogando em cima de Harry Potter!
Hermione puxou a varinha do coque de seu cabelo, e com um feitiço livrou-se de uma das desculpas de Gina. "Aqui, seus pés estão secos", ela disse. Então cruzou os braços e olhou para a ruiva. "Eu realmente acho que você devia fazer isso", sua antiga amiga disse.
"Você ficou LOUCA?", Gina esganiçou-se, ficando sobre os joelhos. "Você sabe o quanto dói quando ele me afasta? Será que alguém de vocês tem idéia do que é amar alguém durante anos, ANOS, e saber que nunca se vai ser amado de volta? Eu não vou descer lá, eu não vou beijá-lo, e droga, parem de tentar me obrigar!"
Mais silêncio mortal por um momento, e então Diana suspirou pesarosamente. "Certo, Cara, eu te devo três galões", ela disse. "Você estava certa, ela está apaixonada."
Gina encarou-a. "Sem essa", ela disse, limpando a garganta. "Já é bastante ruim que ele nem me toque como um amigo, agora. Se eu for lá embaixo e beijá-lo, ele vai me empurrar e me afastar, e isso seria dez vezes pior."
Cara se levantou e foi até ela, para envolver seus ombros com um braço. "Eu sei", ela disse calmamente. "Mas Gina, se você não se mexer, se você não ensiná-lo exatamente o que ele quer, ele nunca saberá."
Hermione subitamente falou por seu lado. "Vou fazer um trato com você, Gina", ela disse, o rosto um pouco pálido mas os olhos determinados. Gina olhou-a. "Você ensinará Harry. E eu", ela engoliu em seco. "Vou começar a ensinar o Rony."
Lilá rompeu aos gritinhos com isso. "Oh, isso é ótimo!". Todas as outras tinham os olhos colados em Gina e Hermione, que se entreolhavam cheias de medo.
"Você realmente acha que isso pode funcionar?", Gina perguntou baixinho para Hermione.
Sua amiga ergueu as mãos. "Eu não sei", respondeu pausadamente. "Mas eu percebi que, se continuarmos esperando, nunca saberemos. E se eu nunca souber como seria", ela fez uma pausa, "vou me arrepender pro resto da vida", terminou com suavidade. Ela se inclinou e pegou a mão de Gina. "Nós precisamos deles", ela disse. "E eles precisam de nós, percebendo isso ou não. E é isso que realmente importa."
Parvati e Diana estavam suspirando, Gina percebeu. Cara ainda estava sentada, segurando seus ombros. Gina olhou para Hermione, e ambas trocaram olhares pelo que pareceu quase um minuto.
Finalmente Gina soltou um sonoro suspiro. "Droga.", ela disse. "Droga, droga. Por que os garotos são tão burros?"
"Porque todo o sangue deles vai para a cabeça de baixo", uma quartanista replicou, e foi respondida por diversos risos nervosos, todas ainda concentradas na cena sobre a cama.
Gina fechou os olhos e engoliu em seco. Harry precisava de seus amigos. Ele precisava ser amado, precisava saber que nunca seria deixado sozinho numa luta. Ela abriu os olhos de novo, desta vez encontrando os de Hermione cheios de determinação. "Você está certa", ela disse quase num sussurro, "Você está certa."
Houve um coro de gritinhos e vozes excitadas, mas Gina as ignorou e inclinou-se sobre Hermione. "Então o plano é pegá-los, erguê-los e beijá-los até a morte?", perguntou.
Hermione riu, enrubescendo um pouco. "Você tem uma idéia melhor?", disse.
Gina sorriu, sentindo-se mais leve do que se sentira em meses. "Não", ela disse. "Parece bom pra mim."
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Harry se conformara a outro jogo contra Rony, e já sofria um começo trágico. Balançou a cabeça. "Como você conseguiu comer a minha rainha com três movimentos?", perguntou.
Rony sorriu alegremente. "Sou um maldito brilhante, isto é o 'como'", e sorriu ainda mais ao mandar seu bispo decepar o cavaleiro de Harry. "Acho que este será um jogo curto."
Dino vagou pela sala comunal até se sentar num braço da poltrona de Harry. "Eu não sei, caras, mas parece que as coisas estão quietas demais lá em cima", ele disse numa voz preocupada.
Harry olhou para ele, um pouco confuso. "Hã?"
Dino indicou a escadaria para o dormitório feminino. "Lá em cima. O barulho parou há uns quinze minutos, e está começando a me assustar de verdade."
Rony parou e olhou também para as escadas. "Você está certo", ele disse, franzindo a testa. "Elas estavam fazendo uma verdadeira barulheira lá mais cedo, Harry, e pouco antes de você chegar tudo ficou muito quieto." Ele sacudiu a cabeça. "Nunca é um bom sinal quando garotas ficam em silêncio."
Harry deu de ombros. "Talvez alguém esteja contando alguma história de terror". Os dois viraram-se para ele. "O quê? Não é isso que garotas gostam de fazer?"
Dino suspirou. "Eu queria que fosse, pelo menos.", disse sombriamente. Logo em seguida houve uma onda de gritinhos femininos e vozes exclamando, de modo que Rony prendeu a respiração.
"Eu não sei se estou aliviado ou mais apavorado ainda", ele disse, gesticulando para que Harry fizesse seu movimento.
Harry tinha perdido outro cavaleiro, um bispo e três peões quando o som de passos fez com que ele e Rony erguessem as vistas. Seu queixo logo caiu com a surpresa. Gina e Hermione estava descendo a toda as escadas e bem na direção deles, com expressões determinadas em seus rostos e usando... ele tentou sem sucesso desviar o olhar, mas era surpresa demais de uma vez só.
"Uh, Hermione?", Rony dizia numa voz muito atordoada, os olhos arregalados e parecendo completamente chocado. "Sabia que você está de pij..."
SMACK! Hermione acertou um tapa em cheio na cara do ruivo. "Isso é por ser um idiota", ela disse-lhe. Rony ainda estava encarando-a, sem acreditar. Então ela estendeu um braço para pegá-lo pela camiseta e puxou-o. O queixo de Harry caiu até quase o chão, juntamente com todos os outros queixos da sala comunal quando a Monitora Chefe arrancou com um único beijo todos os dias de vida que restavam ao Monitor Chefe, parado ali em estado de choque.
Hermione finalmente recuou, deixando um Rony ainda mais confuso, e muito mais vermelho, Harry pensou com um sorriso. Ela apontou um dedo para ele. "Pense nisso", ela ordenou. E então girou sobre os calcanhares, voltando para o dormitório.
Harry ainda estava rindo de seu amigo recém-atacado, quando uma mão pousou em seu ombro. Ele se virou e olhou direto para Gina. Uma onda de calor trazida de seu último sonho ainda não esquecido o atravessou e foi com grande dificuldade que ele afastou o pensamento. "Sim?", ele perguntou, erguendo uma sobrancelha tão friamente quanto podia. Não olhe para o rosto dela, não olhe para o rosto dela, ele mentalmente repetiu para si. Havia simplesmente tanto dela à mostra...
Gina estava olhando-o, de uma maneira que ele não soube definir. "Você é um idiota ainda maior", ela disse. "Na verdade, provavelmente o maior idiota de toda a escola". E então Harry foi agarrado e puxado da mesa maneira, para sentir dois lábios suaves pressionados contra os dele e o beijando com a ferocidade de um gato eriçado. Harry teve que trancar os punhos para não pôr as mãos sobre ela, para não enterrar as mãos em seu cabelo, para evitar que seus dedos corressem sobre aquela pele de seda que atormentara seus sonhos.
E então ele foi jogado para trás, Gina também lhe apontando um dedo. "Eu não mais deixar você fugir, Potter", ela disse em desvario. "Estou cansada disso. Você vai acordar e perceber que não está nisso sozinho, e se tentar resistir eu te pego e jogo como almoço para a Lula Gigante, para depois dançar no seu túmulo."
E em seguida ela estava batendo os pés atrás de Hermione, de modo que ele e Rony foram abandonados para observar o vazio diante de toda a sala comunal.
O silêncio foi quebrado afinal por Simas, que limpou a garganta. "Certo", ele disse, levando as mãos aos bolsos. "Eu estou com a lista, hora de pagar todas as apostas, pessoal."
Conforme a sala se encheu com barulhos e moedas e de conversas animadas, Harry virou-se para Rony para encontrar o amigo encarando-o com olhos surpresos e estáticos.
"O que exatamente aconteceu?", ele perguntou numa voz quebrada.
Harry abriu a boca e então a fechou. Depois estalou os lábios. Merda. Ele ainda podia sentir o gosto dela, como morangos com canela. Doce e temperado.
Rony sentou-se devagar. "Nós somos tão babacas", ele disse.
Harry engoliu em seco. "É", disse.
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N/T – Hahahaha viram isso? Aposto como ninguém esperava por essa (exceto os apressados que leram em inglês, talvez...)
Mimi Granger: Ah, sim, com certeza. Eleanor vive me chocando, também. Ninguém imaginaria que o Sevie diria algo tão pessoal para um aluno que só sabe transgredir regras desde que chegou àquela escola... Esclareço, sim. Não rolou NADINHA entre os dois ainda. Mas se você voltar uns capítulos, a Gina menciona em pensamento como o Harry andava se aproximando dela, ficando mais carinhoso, com pequenos toques... Como quando um cara começa a te cercar porque está a fim de você, e você saca tudo desde o comecinho... Entendeu? E obrigada por escrever!
Miri: hum, acho que já disse sim! Mas eu também adoro a Profa Snape. Obrigada, e olha a preguiça com os reviews, hein, moça? Posso cobrar no msn:D
MaIrA: obrigada por todos os elogios, bem vinda à trupe! Ah, não sei se você percebeu, essa aqui é uma tradução. Se a linguagem estiver muito estranha, dê um toque que eu me esforçarei pra melhorar, certo? Que bom que está gostando, espero que você continue por aqui. Até mais, e obrigada!
Carol Malfoy Potter: Viu? Acho que não aconteceu bem como você tinha imaginado (eu também fui pega de surpresa, mero detalhe...), mas mesmo assim... De qualquer forma, uma cena como você estava imaginando deve vir nos próximos dois capítulos! Obrigada!
