Mares em Revolta
Capítulo Vinte – Pequenos e Grandes Encontros
Harry nunca se divertira tanto em pouco tempo. Malfoy estava parado ali, com a varinha folgada entre os dedos e sugerindo uma "exibição". Há. Harry poderia ter feito um belo trabalho com ele, mas de verdade... Seria rude matar o cara logo no primeiro dia.
Ao invés disso, ele se virou para Rony. "Sr. Weasley, você se importaria de fazer as honras?", ele disse, gesticulando largamente, ainda incapaz de conter o sorriso.
Levou um segundo para que Rony percebesse o que ele estava fazendo, então o Monitor Chefe virou os olhos. "Inferno sangrento, Harry, você está sendo legal demais", ele murmurou, então suspirou. "Certo então, Malfoy. Vamos tentar", ele disse, erguendo a varinha. Todos os outros na sala deram dois belos passos para trás, exceto Harry.
Malfoy sorriu desdenhosamente. "Vamos, vamos, Potter, com medo de mostrar o que pode fazer?", ele provocou. "Eu só serei um pouquinho cruel."
Harry não tinha certeza se foi o fato de Gina, parada de lado, seus olhos sérios e escuros sobre eles, ou Rony decidido e vigoroso parado ao lado dele, que o fizeram não se importar com a provocação. Ele riu. "Malfoy, qualquer hora você terá o seu duelo. Mas não hoje. Eu preciso de você vivo para ensinar aos outros.", ele disse, sacudindo a cabeça e a diversão ainda em sua voz.
"Além do mais", Rony grunhiu. "Você pode amaldiçoar um Weasley. Não era esse um dos seus sonhos favoritos?"
Draco bufou. "Eu raramente gasto tanto tempo com você", ele disse. "Muito bem então, Potter, mas eu reservo o direito deste duelo." A única vez em que ele vira Harry fazer magia estando desarmado foi no incidente com Bellatrix. Harry nem imaginava como poderia controlar sua magia naquela época, então Malfoy talvez não estivesse tão despreparado assim.
"Se você não se importar se passarmos a assuntos mais importantes agora, Malfoy", Harry sugeriu, ainda com o sorriso sem desvanecer.
Draco deu de ombros negligentemente. "Muito bem então", ele disse. Então ele se endireitou, rápido como uma cobra e atirou, "Flamare!". Rony mal teve tempo de se jogar para o lado e se esquivar do grosso jato de luz vermelha que vinha na sua direção antes que a batalha começasse.
"A luta ainda não tinha começado!", alguém, uma garota, exclamou raivosamente do grupo de estudantes. Harry se virou para encará-los, abandonando o duelo em processo atrás de si. Ele podia sentir a magia voando e explodindo, e tinha uma boa idéia da dificuldade do encontro. Ao menos enquanto Rony não ficasse com raiva o suficiente.
"Comensais da Morte não esperam por um convite", ele disse, recolocando as mãos nos bolsos e perdendo todos os traços restantes de um sorriso. "Eles a atacarão por trás, no escuro, de qualquer maneira que possam pegá-lo com a guarda baixa".
Rony, enquanto isso, estava fazendo umas belas acrobacias para se livrar dos Feitiços Cortantes atirados por Malfoy. "Rony está se esquivando, e guardando sua magia", Harry disse, narrando mais uma vez. "Muitas vezes é de bom senso se esquivar do que sair atirando feitiços a um inimigo." Ele fez uma careta ao ver o amigo ser atingido no braço, e sangue começando a atravessar a manga. Ooh, aquilo devia mesmo doer.
"Harry, ele está machucado! Pare o duelo!", alguém gritou.
"Você acha que um Comensal vai parar se você se cortar?", Harry retorquiu, a voz dura. Eles não entendiam. Não ainda. "Se você quer viver, tem que trabalhar a dor. Saber como lidar com ela." Rony ainda estava se segurando, ele notou com prazer, embora estivesse se movendo um pouco mais devagar. Ele acertara uma bela Azaração das Cócegas, entretanto, o que lhe deu alguns segundos para se posicionar melhor e passar a atirar feitiços. Infelizmente para ele, Draco estava tão preparado para se esquivar quanto ele e provavelmente tinha mais experiências com a coisa toda.
"Reverso!", Malfoy gritou, e Rony foi abruptamente atingido com o jato de luz azul que ele próprio jogara. Caiu como uma pedra, uma bem grande, considerando seu tamanho. Malfoy se endireitou se sua posição de combate quase sem fôlego, Harry notou com um prazer malicioso. Ele atravessou a sala, por pouco escapando de um Feitiço Incendiário para Pés, e tomou a varinha da mão pálida de Rony, a sua própria nunca deixando o tórax do amigo. Ele murmurou sob a respiração e logo Rony estava novinho em folha, da cabeça aos pés.
"Regra número um", Malfoy sibilou, virando-se para os outros. "Nunca, NUNCA deixe seu oponente com a varinha, ou a possibilidade de contra atacar. Comensais podem ter duas varinhas. Eles podem ter outras poções traiçoeiras ou brinquedinhos embaixo da manga. Sempre pegue a varinha, quebre-a, e deixe o Comensal preso. Ou morto."
Houve uma onda de murmúrios bravos a isto, e Malfoy lançou um sorriso afetado a Harry, como se esperasse que contradissesse o que ele acabara de ensinar. Harry apenas ergueu as sobrancelhas. "Quando é vida ou morte, você tem que saber escolher qual vida deve prosseguir", ele disse friamente. "A sua ou a dele." Houve um leve traço de consideração naqueles olhos cinzentos, e a mera sugestão se um aceno. Talvez eles pudessem trabalhar juntos, afinal.
"Certo, então", ele disse, virando-se de novo para a multidão, "Vocês acabaram de ver um belo duelo. Esquivas. Dores ignoradas. Feitiços simples e complexos usados, tentando tirar a guarda do oponente. Finalmente, o oponente sendo desarmado." Ele assentiu. "Arrumem pares, e pratiquem. Sem socos, e eu estou falando sério.", ele disse.
Houve uma pausa antes que o movimento lentamente começasse, um murmúrio começando a se erguer da multidão conforme eles circulavam pela sala. Nada realmente aconteceu até que a voz de Hermione se erguesse num "Expelliarmus!", para que de repente Ernie McMillan ficasse sem sua varinha. E então os duelos começaram.
Harry andou até Malfoy e estendeu a mão, esperando pela varinha de Rony. O sonserino estudou-o por um momento antes de jogá-la para ele. Harry a pegou no ar sem problemas.
"Você se esquivou de mim, Potter. Por quê?", o loiro exigiu.
Harry curvou um canto de sua boca para ele. "Eu não quis te matar", ele disse, perfeitamente sério.
Draco fez um careta, como que prestes a dizer algo desagradável, e então parou. "Está bem sério", ele disse, em voz baixa.
Harry assentiu, fitando olhos cinzentos. "Estou confiando em você para me ajudar a salvar vidas, Malfoy", ele falou. "Não quero fazer você parecer um grande idiota antes de começarmos."
Draco ficou em silêncio por um momento, com aquele olhar frio e inexpressivo que tanto usava. "Parece justo", ele finalmente disse. "Apenas você me deve aquele duelo."
Harry assentiu. "Parece justo", ele repetiu antes de se voltar para Rony. Ele sacudiu a cabeça e começou a murmurar contra-azarações e feitiços de cura antes de dizer, "Enervate."
Rony grunhiu e balançou a cabeça sem se erguer do chão, audível por muito pouco em meio ao ruído dos duelos e feitiços voando entre eles. "Perdi, não é?", disse sombriamente.
"Bang, você está morto", ele provocou, simpático como sempre, atrás de Harry.
"Faça um quadro e ponha na parede, Malfoy", Rony disse, se erguendo tão depressa que surpreendeu Harry. Ele se pôs sobre os pés e estendeu a mão para pegar sua varinha. "O quê?", ele perguntou, as pontas das orelhas ficando vermelhas enquanto Harry o fitava com interesse.
"Apenas curioso sobre como você está calmo", Harry disse calmamente, baixando a cabeça e considerando. E mais do que um pouco tentado a invadir a mente dele.
Rony deu de ombros, as orelhas mais rubras. "Eu só sou como eles", ele disse, indicando-os. "Preciso praticar e aprender. E Malfoy é bastante bom, uma desgraça assumir, mas ele é." Então Rony sorriu afetado, ignorando o sonserino próximo. "Além do mais, eu pego ele da próxima vez."
"Continue contando com isso, Weasley", Draco replicou prontamente.
Harry sorriu e entregou a varinha. "Certo, então. Rony, você conhece o exercício. Draco, vamos circular por aí, tentar evitar que alguém acabe morto e curar qualquer um que esteja no chão. Ofereça dicas se tiver chance. Da próxima vez vamos trabalhar em uns feitiços específicos, mas agora vamos acostumá-los com essa coisa de luta."
Draco sacudiu a cabeça e sumiu entre a multidão, bastante depressa para alguém com um pé ferido. Harry pensou que ele se curara sozinho, mas pelo jeito deixara para outra ocasião. Apenas deixou seu melhor amigo inconsciente mesmo.
Rony fez um sinal com a cabeça. "Vamos?", ele perguntou.
Harry se preparou. Não que ele realmente quisesse, mas sua vontade não era muito levada em conta desde que entrara naquela escola. "Certo.", ele disse.
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Cara estava sentindo bastante dor depois que aquela longa sessão terminou. Deuses, Harry iria matá-los. E ele ainda deixaria Draco ajudá-lo. Claro, ela pensou, andando com dificuldade na direção da Grifinória, ele sempre podia pôr um fim na vida de Draco e resolver o problema. E ela sabia onde acertá-lo, também...
Uma sombra surgiu detrás de uma estátua enquanto ela passava para dizer, "McDouglas" com suavidade.
Ela se virou e o encarou, com as mãos na cintura. "Eu não estou terrivelmente feliz com você agora", ela anunciou para o corredor escuro. Hum. Claro que Gina tinha que ficar para trás para se atracar com Harry. Maldita amiga.
Draco andou lentamente até ela, os olhos significativos, fixos. Daqueles tons cinzentos que pareciam dizer mais do que se ouvia. "Você me disse antes que estaria nessa guerra quer eu quisesse ou não", ele disse calmamente, com as mãos estranhamente nos bolsos. "E se eu não disse isso ainda, minha principal finalidade nisso tudo é manter você viva na guerra. Então aqui estou."
Cara piscou e então engoliu em seco. "A única razão para você fazer isso sou eu?", ela perguntou. E sua voz se enrolou um pouquinho.
Ele desviou o olhar, como se considerasse. "Quase.", ele disse afinal. Os olhos ainda no escuro. "Eu não tenho amor algum pelo Lord das Trevas ou por seus interesses. Eu não lutaria por eles. Mas eu também não tenho vontade de arriscar a minha vida para impedi-los." Os olhos dele voltaram para ela. "Mas eu arriscaria para manter a sua."
Os olhos de Cara de repente queimaram, ficaram cheios d' água. Ela não sabia deste ponto, do quão difícil fora para Draco chegar até onde ele estava, dado seu passado. A Professora Snape fizera aquilo quando, de alguma forma, capturara o coração de Draco. Cara não tinha ilusões. A Mestra de Poções era profundamente amada por seu namorado. Ela era mãe e professora e mentora e amiga mais confiável. Cara suspeitou que fosse porque ela foi a primeira pessoa a se importar de verdade com ele.
E seu marido, aquele morcegão assustador, se parecia muito com Draco. Mesmo que Gina não pensasse bem isso, ela sabia que ele era um participante ativo contra o Lord das Trevas. Ele fora um espião, diziam, e agora se enterrara em pesquisas em prol do lado da luz.
E ali estava aquele sonserino loiro de olhos cinzentos, observando-a com olhos gelados enquanto ele esperava por sua reação para a novidade de que ele considerava a sua vida digna de ser salva, e a dele não. O que uma garota deveria fazer?
Cara prontamente rompeu em lágrimas e se jogou contra seu namorado. Lábios se encontraram, mãos e braços se trancaram, e os dois foram cambaleando até a parede num forte abraço. Enquanto lábios fortes e mornos investiam contra os dela, Cara separou um pensamento de todo o prazer físico daquilo. Se o único pensamento dele era manter a vida dela segura, então ela faria o mesmo com a dele.
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Severus se recostou em sua cadeira, realmente sem querer ir a mais uma reunião do corpo docente. Será que Alvo não tinha mais nada, nada, melhor para fazer?
E o velho tolo escolheu aquele momento para cortar seus pensamentos. "Vamos, Severus", o diretor sorriu. "Você não concorda?"
"Eu não ligo a mínima para o que possa haver na Torre de Astronomia.", ele retorquiu, sabendo que o velho bruxo estava provocando-o, embora estivesse aborrecido demais para reagir. "Ande com isso, termine essa maldita reunião, Alvo."
McGonagall sorriu afetada de seu assento à frente dele, como se estivesse se divertindo com seu aborrecimento. O que, claro, ela estava fazendo. Eles costumavam aproveitar muito os momentos de raiva um do outro, o orgulho de Casas sempre tomando parte naquilo. Para ser perfeitamente franco, ele tinha o maior respeito pela bruxa, e sempre tivera. Ela podia ser assustadora com uma varinha, ele sabia disso. E ela parecia devotá-lo certo respeito em troca, ele pensou, com satisfação nada pequena. Provavelmente porque ele podia manter a sua através da varinha, de ameaças ou palavras. Ele sorriu malicioso de volta companheiramente.
A seu lado, sua maldita esposa pareceu decidir que era hora de mexer um pouco com ele. "Oh, nossa, acho que Severus se esqueceu de seu Feitiço para Animar do dia", sua querida esposa ecoou. Houve uma onda de diversão pela mesa, e ele respondeu a todos os sorrisinhos com um olhar malvado que anunciava uma vingança próxima. Talvez um belo laxante no suco de abóbora, na manhã seguinte...
Enquanto isso, Dumbledore estava tossindo vividamente, os olhos brilhando como o maldito espertinho cretino que ele era. "Se eu puder continuar", ele disse, mordendo um lábio na espera. Severus fuzilou os outros mais uma vez, depois retomou a atenção.
"Eu devo agora falar de um assunto muito mais sério", o diretor disse, e então Severus realmente atentou para ele. Hum, talvez houvesse uma razão para que aquele encontro fosse obrigatório. "Como alguns de vocês perceberem, os alunos retomaram um certo clube, um que foi visto há dois anos, quando a charmosa Professora Umbridge estava conosco." Houve mais murmúrios a aquilo. Os professores de Hogwarts ainda não haviam esquecido ou perdoado aquela maluca Umbridge. "Eu falo, claro, da AD."
"Eles começaram de novo?", Flitwick inquiriu. "Mas por quê, Alvo? Afinal de contas, nós temos o jovem Gui aqui, que é bem competente em Defesa Contra as Artes das Trevas." Weasley assentiu para seu colega em agradecimento, mas não tirou sua atenção do diretor. Aquilo contava pontos para ele, Severus pensou. Infelizmente.
"Tudo que vocês sabem é que Voldemort está crescendo em força", Dumbledore disse, completamente sério. Já não havia resquício do brilho em seus olhos. "Que ele está aumentando seu poder, e que isso andou quieto demais por tempo demais. De fato, muitos de vocês me falaram das suas preocupações." O diretor suspirou. "Não há como se esconder disso, meus amigos. E não importa quanto o Ministério tente evitar isso, o fato permanece. A guerra está chegando. E está chegando depressa."
"Maldito Fudge", Weasley murmurou, e houve murmúrios de concordância. Ninguém na mesa era fã do Ministro da Magia, mesmo que ele tivesse finalmente se retratado sobre aqueles antigos debates com Potter e admitido que, afinal, Voldemort estava vivo e bem. Mas não, o velho Cornélio estava batendo os pés quase com tanta força quanto antes, determinado a provar que as coisas não estavam tão ruins quando de fato acontecia. Infelizmente, a pausa nas atividades de Voldemort para acumular forças apenas deu a Fudge o poder para convencer a população bruxa de suas teorias.
"Eu temo que devo compartilhar seu sentimento, Guilherme", Dumbledore disse gravemente. "Cornélio certamente não está ajudando, e pode na verdade estar atrapalhando. Negligente." E a isto todos se endireitaram. Severus também. Eles estavam prestes a ter alguma informação nova. "Um ataque está vindo, meus amigos. Este ano, neste castelo. Voldemort vai procurar destruir todos os seus inimigos em um único e grande golpe, e é muito provável que nós seremos os únicos se colocando em seu caminho."
Houve silêncio por um longo momento enquanto aquilo era digerido, antes que McGonagall falasse. "Como você sabe, Alvo?", ela perguntou. Havia outra coisa que fazia Severus admirar a Diretora da Grifinória. Ela nunca falhava em fazer as perguntas difíceis.
O diretor olhou diretamente para sua professora de Transfiguração. "O jovem Sr. Potter, eu temo", ele disse. Houve um coletivo suspiro de desânimo. Os "avisos" de Potter tinham uma péssima tendência de serem verdadeiros. O incidente no quinto ano fora a única exceção. "E isso nos leva à AD mais uma vez. O Sr. Potter a retomou para si a fim de garantir que seus companheiros e amigos não estejam sem defesas no momento em que o ataque vier."
"Eles são apenas estudantes", Sprout protestou. "Eles não deviam lutar."
"O Lord das Trevas não se importa com 'não deviam', Sprout", Severus resmungou para ela, sentindo a escuridão atormentar sua alma. Será que aquela batalha entre Luz e Escuridão dentro dele nunca terminaria? "Os alunos serão jogados dentro da confusão se a batalha for aqui, e algumas Casas", e lançou um olhar significativo para McGonagall, "são estúpidas o suficiente para se envolverem sem o devido conhecimento."
"Por isso o Sr. Potter está ensinando-os", ela sibilou de volta para ele, sempre defendendo seu aluno-estrela. Malditos grifinórios. Sonora se esticou por baixo da mesa e pôs uma mão confortadora em sua perna. Por ela, ele se conteve para não prosseguir naquilo, ao invés disso se recolhendo e murmurando sozinho.
"Com licença?", Dumbledore esperou por um momento que todos os professores se voltassem para ele, sendo os diretores de Grifinória e Sonserina os últimos a fazê-lo. "Eu desenho que vocês todos não punam seus alunos por sua participação. Permitam certa indulgência se os pegarem nos corredores, indo ou voltando das reuniões. Nós devemos confiar na liderança do Sr. Potter", ele assentiu para a Professora McGonagall, que sorriu afetada. "E na do Sr. Malfoy, também."
E foi a vez de Severus sorrir, mesmo que a informação fosse novidade para ele. Malfoy se envolvera naquela pequena festa? Bem, ele supôs que os alunos então talvez tivessem uma noção do que estava vindo, então.
"E nós, diretor?", Weasley falou, o rosto sério. "O que nós podemos fazer para ajudá-los a se preparar?"
Dumbledore olhou para ele. "Temo que não podemos fazer nada além de esperar, meus amigos. Aumentem seus poderes de duelos. Pesquisem livros de feitiços e azarações. Tentem descobrir algum modo de proteger o castelo da invasão." Ele suspirou. "Hogwarts possui certa magia por si mesma, e quanto o tempo vier, não ficará imóvel para se deixar ser abatida. Vocês saberão o que devem fazer, quando a hora chegar."
Maldito Dumbledore e malditas vagas afirmações, Severus pensou amargamente. Com certeza ele saberia o que fazer. Colocar o corpo na frente dos outros e morrer sob a varinha de um antigo colega, claro.
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Gina esperou até que todos os alunos tivessem saído, e houvesse apenas Harry ali, parado, olhando através da janela para os jardins escuros abaixo. Ele estava girando entre as mãos um pedaço da bandagem que Hermione conjurara para a cabeça de Ana Abbott depois de ela tomar uma boa pancada ao acertar a parede.
"Harry", ela finalmente disse em voz baixa.
Ele virou o rosto e olhou para ela. Aqueles olhos de um verde grama pareciam distantes, cerrados. "Eles não deveriam ter que fazer isso", ele afinal falou.
Ela o olhou de volta, significativa e determinada. "Tampouco você", ela falou, ainda baixo.
A boca dele estremeceu um traço frágil de um sorriso, e ele jogou no chão o pedaço de bandagem. "É a droga do meu destino, não o deles", ele disse, colocando as mãos nos bolsos e começando a vagar sombriamente pela sala. "Ninguém deveria ter que passar pelo que vou fazer eles passarem."
Gina ouvira aquilo antes, e francamente, não estava interessada em ouvir tudo outra vez. Harry ainda não entendia, e talvez nunca entendesse. Mas enquanto isso, ela sabia que havia coisas mais importantes a fazer do que ficar repetindo. Ela guardou a varinha segura e começou a andar na direção dele, desabotoando os três primeiros botões de sua muito suada blusa enquanto ia. Levou um minuto para que Harry percebesse, mas a tempo suficiente seus olhos se alargaram diante da pequena abertura da camiseta, que denunciava uma bela parte de pele.
"Er, Gina?", ele disse, enquanto ela se aproximava dele.
"Cale a boca, Harry", ela disse amistosamente. "Você vai se preocupar e se sentir culpado, e não vai me deixar ajudar assim. Então, por enquanto, nós vamos deixar tudo de lado, e seremos apenas nós. Ok?"
Ele ainda estava olhando para baixo, com um olhar bem fascinado no rosto. Era realmente gratificante, depois de todo esse tempo, ver aquele olhar meio tonto no rosto de seu antigo amor. Ele engoliu em seco. "Ok", ele disse.
Gina sorriu largamente e estendeu uma mão, pegando-o pela camiseta. "Eu gosto mesmo desse tipo meio desgrenhado de roupas tortas", ela disse a ele, antes de puxá-lo para baixo e beijá-lo até a morte de ambos.
Quando eles se soltaram para respirar, estavam ambos sem fôlego. As mãos de Harry haviam encontrado seu caminho por baixo da camisa dela, e sobre a pele das suas costas. Ela prendera uma no cabelo dele e a outra estava ocupada desabotoando a camiseta dele. "Você me faz esquecer que estamos em guerra", ele disse, meio grossamente enquanto ela trabalhava, removendo botões do tecido, afagando a pele exposta e deixando pequenos beijos ao longo do tórax. Céus, ela amava o modo como eram feitos os garotos, tão diferentes delas. Ele era todo rígido de músculos onde ela era toda suave de seios.
"Bom", ela falou, sua própria voz alterada, e ele a beijou. Quente, úmido e faminto. Aquele beijo cresceu e cresceu até que cabeças e línguas e mãos se apertassem bem juntas, partes ansiando para serem tocadas. De alguma forma eles foram parar no chão, o corpo de Harry quase cobrindo o dela, suas roupas jogadas por ali, misturadas com as dela. Gina gemeu, sua cabeça para trás e suas costas doendo enquanto os lábios dele corriam sobre as pontas de seus seios nus. Seus dedos correram pelas costas dele, cada vez mais baixo tentando se agarrar a ele.
"Eu... Você me deixa louco", ele disse rouco, a voz abafada contra seu umbigo, as mãos correndo por suas pernas.
"Eu também", ela gaguejou, meio incoerente. Ele pareceu entender, entretanto, porque seu corpo se moveu contra o dela, e suas mãos escorregaram para aqueles lugares quentes e escuros que estavam simplesmente malucos pelo seu toque e Gina gritou, se agarrando a ele. Ele correu os dedos sob ali, acariciando sua pele quente, úmida e sensível, e então muito hesitantemente pressionou para dentro. Ela engasgou, chocada com a sensação, tão boa e tão assustadora de uma só vez.
"Merlin", ele murmurou, movendo a mão apenas um pouco e lançando ondas de prazer através dela de novo.
"Faça isso outra vez", ela balbuciou, certa de que algo maravilhoso ocorreria se ele o fizesse. Ele fez como ela pediu, e a sensação aumentou. Ela grunhiu, o que pareceu enconcorajá-lo. Ele fez de novo, e de novo, e Gina se sentiu contorcer com mais e mais força, se agarrando a ele e o apertando mais enquanto ele prosseguia.
E então algo dentro dela se rompeu, e seu corpo inteiro pareceu explodir de dentro para fora. Pequenos e estranhos gritinhos escaparam por sua garganta enquanto ela tremia. Nunca nada fora tão bom em toda sua vida.
Lentamente seu corpo pareceu se acalmar, e ela respirou com dificuldade, erguendo os olhos para ver Harry inclinado sobre ela, um olhar de admiração e malicioso prazer em seu rosto. "O quê...?", ela começou.
Mas foi cortada por outro beijo entorpecente, um daqueles que faziam a coisa toda começar de novo, antes que ele parasse. "É melhor pararmos", ele disse, a voz falha.
Gina o examinou. "Por quê?", ela perguntou, passando dedos pelas costas dele e o fazendo estremecer.
"Porque eu não vou destruir tudo isso", fechando os olhos e se inclinando sobre ela. "Não vou apressar nada."
"Humpf", ela grunhiu, passando as mãos pelo rosto dele. "Malvadinho."
Ele deu uma risada sentida. "Acredite em mim. Estou sofrendo". Gina olhou para baixo e corou furiosamente, e Harry abriu os olhos em tempo de vê-la. "Eu amo mesmo essas coisas de corpo inteiro enrubescido", ele falou, sorrindo.
"Oh, pare com isso", ela murmurou, ficando mais vermelha.
"Nah", ele disse, erguendo-se e estendendo uma mão para puxá-la. "Não acho que eu vá parar."
Gina ergueu uma sobrancelha delicada ao começar a pegar suas roupas. "Duas palavras", ela disse docemente.
Ele ergueu as mãos. "Ok, ok, dito suficiente", ele falou. Claramente lembrando uma certa conversa num certo jantar no Salão Principal. Com as roupas no lugar, ela esperou enquanto ele checava se sua varinha estava segura no bolso, e então segurou a mão dele quando ele a estendeu.
Enquanto eles passavam pelo batente da porta e passavam para o corredor escuro, Harry baixou os olhos para ela. Sentindo os olhos dele, ela ergueu os seus. "Obrigado", ele disse baixinho.
Ela ficou mais vermelha, visível mesmo no escuro. "Por quê?", ela perguntou, embarassada.
Ele sorriu. "Por me fazer esquecer, por um ótimo e longo minuto", ele respondeu. Ela apertou mais a mão dele em retorno e enquanto eles faziam seu caminho até a torre, tristemente desejou que tivesse sido mais que um minuto.
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N/T: Loucura, loucura. Adivinhem de que cor eu estou... Ser inesperiente é muito confuso nessas horas! De qualquer forma, me desculpem pela demora...
Miri: Sim, eu já me acostumei com o seu amor por garotos malvados. A autora sofre do mesmo mal, pobrezinha... O que a Mione fala sempre tem lógica, né? Paciência. Eu particularmente adorei a cena Draco/Cara desse capítulo... Você sabe da minha posição sobre HG. Obrigada!
Akiko: Ha, parece conspiração. Esse capítulo é enorme, e eu tive uma série de provas apavorantes, incluindo uma de física que eu me matei por semanas... Eu também adoro sonhar. Um deles é aprender a lutar com espadas, também. Adoro isso. Ah, e quero ir pra Terra Média. Mas ninguém me convida! Hehe, obrigada pelo review!
