Mares em Revolta
Capítulo Vinte e Dois – Finalmente, amigos
Gina estava profundamente adormecida, dormindo o sono bem merecido daqueles recentemente amados, quando alguém arruinou seu sonho pelo ato de sacudi-la pelos ombros de forma bastante rude. Maldição. Agora que ela estava chegando na parte boa...
"Sai daqui", ela murmurou contra o travesseiro, agitando um braço sem ver sobre a pessoa. Não houve o afastamento, entretanto, apenas alguma fala indistinta e ela foi sacudida de novo. Então Gina fez o que qualquer garota com seis irmãos mais velhos faria: jogou-se para cima para socar quem quer que estivesse ali.
Para a sorte da Monitora Chefe, que Gina percebeu ser a pessoa mais do que rude que a balançara, Gina acertara apenas o meio dos ossos acima dos seios. Mesmo assim, Hermione caiu para trás para depois se jogar em cima da cama dela com um gritinho bem dolorido, "Gina!", ela exclamou.
Gina examinou o escuro, apenas identificando o contorno dos cabelos fofos. "Ah, Hermione, que inferno", ela suspirou sonolenta, forçando-se a sentar. "Desculpe. Bem, não estou TÃO arrependida, afinal você me acordou, mas se eu soubesse que era você teria segurado o soco."
Hermione estava massageando o ponto atingido, ainda parecendo ofendida. "Deus, você bate com força", ela disse.
Gina deu de ombros. "Gred e Forje", foi tudo que ela falou.
Hermione suspirou. "Eu só quis falar com você", a garota mais velha disse. Gina ergueu uma sobrancelha diante da incerteza na voz dela. Hermione? Confusa? Gina sorriu largamente no escuro. Olááá, Rony.
Esticando-se depois de abrir as cortinas, pegou a varinha na mesa de cabeceira. Lançou um rápido aurus impervious, seguido de um lumus. O rosto de Hermione de repente apareceu diante da luz fraca, parecendo bem... hmm... amarrotado. Gina tentou não sorrir. Oh sim. Era seu irmão, com certeza.
"Qual o problema?", ela começou. Afinal de contas, nunca funcionaria assustar a garota sendo direta. Não, não, não, ela estivera esperando tanto por aquilo. Pena que não acontecera um mês antes, senão ela ganharia uma bela quantidade de sicles.
Hermione mordeu o lábio quando ela finalmente baixou a varinha. "Rony e eu estivemos na patrulha noite passada", ela começou, e então parou. Gina examinou-a. Há. Ela estava enrubescendo.
"E?", Gina tentou-a.
Hermione suspirou. "Nós tivemos que checar salas de aulas, limpar alguns armários de vassouras, e a última parada foi a Torre de Astronomia." Gina mordeu o lábio, se esforçando para não rir. Vai lá, irmãozão, ela pensou.
"De qualquer forma, nós nos separamos para examinar os cantos, assim que chegamos", Hermione continuou, um pouco incerta. "Rony pegou um casal de Corvinais e os chutou dali, mas eu não encontrei ninguém." Hermione mexeu com a coberta e pareceu parar de repente.
Gina examinou-a de novo. Hmm. Claramente aquilo estava sendo difícil para a Monitora Chefe. Certo. Aquilo exigia reforços. "Espere um pouco", ela disse, erguendo uma mão. Escorregando da cama, ela foi até a de Cara, e se pôs a fazer a mesma coisa que Hermione fizera com ela. "Psiu, Cara!", ela sibilou. Conseguiu apenas um resmungo e uma virada na cama. Gina sorriu. Ela sabia como acordar sua amiga.
"Hermione está prestes a contar tudo do Rony!", ela sussurrou na orelha de Cara. Incrivelmente a garota se endireitou e a encarou com olhos despertos.
"O quê? Rony? Segredos? É?", sua amiga disse, as palavras não exatamente completas, embora Gina suspeitasse que ela ainda não terminara de acordar. Gina puxou-a e as duas tropeçaram até a cama da ruiva, para encontrar Hermione confortavelmente encolhida contra um dos pilares da cama.
Cara acordou de vez ao encontrar Hermione. "Ohhhhh", a melhor amiga de Gina falou. E sorriu também. Aparentemente Gina seria perdoada pela sacudidela.
Cara se arrumou na cama, ajeitando algumas cobertas para si própria. Gina fez o mesmo, e as duas se puseram a olhar cheias de expectativa para Hermione. Houve uma pausa muito, muito longa mesmo.
"Bem?", Gina finalmente exigiu.
A boca dela se abriu, e então se fechou, e Hermione balbuciou. "Eu... Ele... Eu não sei!"
Cara examinou Hermione sob a luz da varinha de Gina, para depois assentir e olhar para Gina. "Eu diria, julgando pelo rubor e a quantidade de embaraço, que nós estamos falando de línguas, algumas roupas caindo, e um choque imenso."
"Como você sabe?", Hermione demandou, parecendo antes se destravar, depois ficando ainda mais vermelha. Ei, em um minuto elas não precisariam da varinha acesa.
Cara sorriu afetada. "Confie em mim, eu sei", ela disse.
Gina esfregou as mãos. "Então o que aconteceu?", ela perguntou. "Quero dizer, você está tentando levar o meu irmão a isto faz anos. Por que você está tão...", ela gesticulou.
Hermione ergueu as mãos e escondeu o rosto. "Eu, bem, veja que nós estávamos acabando de limpar a Torre de Astronomia", ela começou de novo, soando um pouco mais como ela mesma. "E eu tinha mandando um bilhete para Rony mais cedo, dizendo para termos uma conversa depois da patrulha. Sobre o que o Harry tinha dito", ela disse, olhando para Gina. Gina assentiu, ignorando o cutucão significativo de Cara.
"Então assim que limpamos o lugar, tínhamos acabado, eu perguntei a Rony se ele gostaria de conversar. E ele meio que me olhou como se achasse graça, e depois se virou e apontou a varinha para a porta". Ela enrubesceu de novo. "Eu... Ele a trancou, e se virou de novo pra mim ainda com aquele olhar engraçado. E ele disse algo sobre como conversar fica sempre no caminho, e como Harry estava certo, não valia a pena deixar toda aquela porcaria se meter na história." Ela mal parou para respirar. "E eu estou ainda me perguntando do que diabos ele estava falando, e então de repente ele estava, bem, em cima de mim. Me beijando."
Cara cutucou Gina de novo. "Língua", ela sussurrou, sorrindo afetada diante do rosto avermelhado da Monitora Chefe.
"E... Bem, eu meio que esqueci o que estava acontecendo e nós estávamos nos beijando e havia uma parede e..." Hermione estava tão vermelha que Gina começou a pensar se devia congelá-la e guardar pra pendurar na árvore na noite de Natal.
"Apenas até onde você foi?", Cara perguntou, com um brilho nos olhos. Gina fez uma careta, ela realmente não queria saber aquilo sobre seu irmão.
Hermione sacudiu a cabeça freneticamente. "Bem, ele meio que me derrubou e depois de um tempo se afastou, e disse algo sobre ser a minha vez de desistir dos jogos e droga, simplesmente foi embora."
Gina quis aplaudir seu irmão. Rony estava tão acostumado a ser o escudeiro, o garoto mais jovem, o último na linha, que geralmente não se importava muito com a fama de poder da linhagem Weasley. Mas ele era Monitor Chefe, afinal de contas, e ela sempre conhecera seu irmão como alguém que podia assumir a responsabilidade e fazer as coisas. Afinal, houve um dia em que Fred e Jorge amarraram sua boneca favorita a barquinho deles e o mandaram flutuando para o meio da lagoa e Rony conseguira amarrar uma...
Ele se sacudiu de volta à realidade e se inclinou para cutucar Hermione, sentada entre ela e Cara. "Mione", ela disse, emprestando o apelido carinhoso usado por seu irmão, "você apenas foi beijada por um Weasley. REALMENTE beijada." Ela sorriu com orgulho. "E não me impressiona que você esteja assim, entorpecida. É um efeito colateral muito comum."
Cara falou apressada. "Do Rony?", perguntou.
Gina bufou. "Cara, querida, por que você acha que os meus pais acabaram tendo sete filhos?", ela perguntou. "E como você acha que Fred e Jorge conseguem manter as namoradas, com todos os truques e explosões? Sem mencionar Percy, o panaca, ele ainda está se encontrando com a Penélope, e Gui e Carlinhos podem ter a garota que quiserem, a qualquer momento..."
Cara ergueu uma mão, cortando-a. "Mas Rony? Ele sempre foi tão..."
Hermione interrompeu-a. "Rony é perfeitamente capaz de ser eficaz", ela grunhiu. Só um pouco. Isto fez Gina sorrir, mais ainda. "Ele É Monitor Chefe, apesar de tudo, ele é sempre o primeiro a saltar para tentar salvar alguém, quer use a cabeça ou não, e só porque Harry é sempre o centro das atenções por conta do maldito Voldemort não quer dizer que Rony..."
Cara estava sorrindo com malícia. "Eu entendi, Hermione.", ela disse. "E fico feliz que você finalmente tenha captado." Ela sacudiu a cabeça para a outra garota. "Afinal, você o arrastou pelo nariz por tanto tempo que eu estava meio que me perguntando o que aconteceria se ele resolvesse virar a mesa em cima de você."
"Eu não o arrasto pelo nariz!", Hermione soou ofendida, o que Gina suspeitou ser apenas um disfarce de seus nervos ainda sensíveis.
"Na maioria das vezes arrasta sim", Gina disse, recostando-se de novo. Cara fez o mesmo, mas Hermione continuou sentada e reta. "Claro, porque ele deixa você fazer isso."
"Você me faz parecer..." Hermione calou-se, e então suspirou e se recostou com as outras duas. Elas ficaram ali, uma do lado da outra, em silêncio, por um tempo. Então Hermione falou de novo. "Acho que sou terrivelmente mandona, né?"
Gina cutucou-a de novo. "Claramente, Rony gosta disso.", ela disse.
Cara cutucou-a também, do outro lado. "E claramente, você gostou dele mandando de volta", ela disse. E gargalhou. "Apenas até onde as coisas foram, de qualquer forma?"
O rosto de Hermione avermelhou-se de novo. "Longe o suficiente", ela disse.
Gina esticou uma mão para tirar da blusa de Hermione uma linha solta e rebelde. "Longe o suficiente para perder um botão?", ela provocou. Hermione gemeu e enterrou a cabeça nas mãos enquanto Gina e Cara gargalhavam.
"Não se preocupe, querida, é tudo perfeitamente normal e maravilhoso. Ou impróprio, como preferir.", Cara falou sombriamente, ainda com o olhar malvado. "E pense assim, quando você for até ele amanhã e deixá-lo saber que está desistindo dos joguinhos, pode conseguir um pouco mais." Hermione gemeu de novo, e Gina sorriu afetada.
"Espere até ter mais, Hermione", ela disse, um pouco sonhadora. "É simplesmente... bom."
Harry estava sentado à mesa do café da manhã, de frente para a sua garota e comendo uma torrada. Ainda era muito estranho pensar nela daquele jeito. Sua garota. A garota em questão estava sorrindo com malícia muito mais do que o normal naquela manhã.
Limpou as migalhas do rosto. "Então você vai me contar?", ele perguntou.
Ela sorriu mais ainda. "Contar o quê?"
Ele virou os olhos. "Sabe, eu vou acabar descobrindo no final", disse a ela.
Gina riu. "Mas enquanto isso, é tão bom te torturar".
Então Rony se jogou ao lado dele, parecendo atormentado e cansado. Harry olhou para Rony enquanto este apenas encarava a comida sem esticar a mão para pegá-la. "Você está bem?", ele perguntou, preocupado.
Rony esfregou uma mão no rosto. "Acho que eu ferrei tudo", ele murmurou em voz baixa. Gina estava se inclinando sobre a mesa, a fim de ouvi-los.
As sobrancelhas de Harry se ergueram. "Noite passada?", ele quis saber. Rony assentiu, e deixou a cabeça cair sobre as mãos, estático diante da comida. Harry olhou para Gina, que parecia preocupada embora bastante satisfeita. Ah. Ele tinha uma boa idéia das razões para os sorrisinhos dela agora.
E então, pelo canto do olho, ele viu Hermione entrando no Salão Principal. Ela parou no portal, olhando em volta com certa incerteza. Por eles, ele supôs. Então seus olhos se arregalaram um pouco, e ele sorriu. E cutucou Rony, não com muita gentileza. "Ei, cara, acho que você vai querer erguer a cabeça e ver isso", ele disse.
Rony relutantemente ergueu a cabeça, e olhou para onde Harry indicava. Seus próprios olhos se alargaram ao reconhecer Hermione, parecendo desconfortável enquanto esperava na entrada, usando uma tiara de margaridas no cabelo. O Salão Principal não estava exatamente vazio e as pessoas foram muito rápidas em notar o estranho comportamento da Monitora Chefe.
"Rony, seu idiota, mexa-se!", Gina sibilou. Aquilo pareceu arrancar Rony de qualquer que fosse o planeta no qual ele estivesse, encarando Hermione, e ele finalmente se ergueu. Ele andou até Hermione e parou, com as mãos nos bolsos.
"Bem?", ele disse, e quase cada ouvido no salão, inclusive os da mesa dos professores, se aguçava para escutar.
Hermione parecia mesmo muito rosada, mas olhava determinadamente para Rony. "Eu... Eu vim te dizer, você está certo", ela disse claramente. "E está na hora de tirar a merda do caminho". Houve uma engasgada coletiva com a linguagem da Monitora Chefe, e mais outra quando ela estendeu uma mão e puxou-o pela gravata, beijando-o em seguida. Então as engasgadas transformaram-se em assovios e gritinhos quando ele abraçou-a contra si, beijando-a de volta.
Harry fez uma careta e depressa desviou o olhar. NADA que ele quisesse ver. Gina estava fazendo o mesmo. "Bem", ela disse. "Está mais do que na hora deles chegarem a isso, mas eu gostaria que eles fizessem lá fora".
Harry sorriu. "Ali vem McGonagall", ele disse. "Acho que eles estão prestes a se soltar."
Harry estava assoviando enquanto tomava seu rumo para a aula de Poções. Imagine. Assoviando no caminho para a aula do Grande Cretino. Ah, bem, não era todos os dias que seus amigos finalmente se arrumavam, depois de anos de repressão e negação.
Estava passando pelo penúltimo lance de escadas e prestes a virar um corredor quando de repente um rápido estrépito, como dedos estalando uma vez. Harry girou nos calcanhares, a varinha escorregando para as mãos, os olhos aguçados, procurando. Aquele não era um som normal, e seus pêlos da nuca estavam se ouriçando.
O corredor estava vazio atrás dele, e assim foi por toda a descida. Exceto... ele observou enquanto um pedaço de papel preto vinha flutuando pelo ar. Ele o deixou cair no chão e estudou-o por um longo momento. Então deu um passo de cada vez na direção da carta, sabendo o que era e não querendo vê-la.
Ele não a tocou, não seria tão estúpido. Ao invés disso apenas olhou-a de cima.
Logo.
Então ela rompeu em chamas violentas e desapareceu. Harry encarou as cinzas que restaram e resistiu ao impulso de sair enfeitiçando tudo à sua volta para descarregar a raiva se revirando dentro de si. Ao invés disso virou-se na direção de Poções, e deu dois passos antes de parar.
Poções não o ajudaria agora. Deu as costas para a aula e tomou um corredor diferente, com uma porta que ia e vinha. Ele podia pensar em apenas uma coisa que pudesse, e isso agora significava que ele não tinha tempo pra mais nada.
Harry respirou fundo e torceu, acima de si mesmo, para que eles tivessem tempo para os encontros da AD, pelo menos. Porque ele tinha uma sensação forte de que eles estavam quase sem tempo.
N/T: Semana legal! Estou mais velha... Estou na segunda fase da Fuvest! Estou no segundo colegial... Que medo de tudo!
Miri: A Eleanor sabe nos fazer ver o Snape duma forma diferente, né? Mais sentimental. Não dá pra negar que ele mudou muito... Ficou humano... Nada como um Severus protetor (e não traidor!) pra gente se sentir melhor. Vai sentir falta mesmo? Eu não sei, parece que traduzir essa série já é parte de mim, faz bem um ou dois anos que comecei... Obrigada!
Carlos Bert: se não disse, ficou dito! E muito obrigada, pelo review e pelo parabéns!
Akiko: Pois é, era um capítulo curto, mas fazer o quê, não sou eu quem dita as regras... Olha só, uma semana e já atualizei de novo! Viva férias! E obrigada!
Keitaro: Sim, Kei, caso você não tenha percebido, as mulheres ruleiam tudo nessa série. A Sonora fez o Severus perceber que gostava dela, a Cara deu jeito no Draco... É a vez da Gina e do Harry, oras. A verdade é que eu não vi o final das "cenas" que você diz, apenas traduzo mesmo! Comecei pra pegar prática, sem ter lido as fics. Mesmo! Agora, eu sei que esse capítulo também não ajudou muito, mas paciência, o próximo é mais comprido. Obrigada de novo!
