Mares Em Revolta
Capítulo Vinte e Três – O Planejamento deve começar
Foi Hermione que veio e encontrou Harry, várias horas depois. Àquela altura ele estava encharcado de suor, com as orelhas chamuscadas e se esquivando por pouco de uma Azaração Explosiva que não tinha dado muito certo.
"Harry?", a voz dela veio detrás dele, e ele girou depressa, reagindo antes de pensar.
"Imobilus!", ele atirou, apontando com os dedos antes que tivesse se virado completamente. Então ele viu que era Hermione e suspirou. Droga. "Desculpe", ele murmurou e estalou os dedos, deixando-a afinal mudar de posição e se mexer de novo.
"Merlin, você está ficando assustadoramente forte", ela disse, fazendo uma pequena careta. Ele até pensou que ela soara um pouco invejosa. Harry sentiu o prenúncio de um sorriso bem sombrio. Era bem Hermione, aquela vontade de ser capaz de fazer mágicas poderosas. Hermione era a mestra em aprendizado, sabedoria, aquela coisa de se afundar mais e mais fundo no que se busca, em suas origens e suas capacidades. Afinal de contas, ela tinha aquele cérebro incrível. Mas vamos encarar isso, ele pensou, flexionando um pouco os dedos e andando até onde deixara sua camiseta, havia também uma parte de Hermione que amava ser a primeira a fazer tudo.
Atrás dele, ela bufou um pouco. "Você se cortou", ela disse, vindo atrás dele. "Espera, me deixa dar um jeito nisso."
"Não, realmente...", ele começou, não querendo falar sobre o tipo de maldições que estiveram voando por aquela sala antes que ela entrasse.
Hermione sacudiu a cabeça, olhando-o de uma maneira reprovadora e maternal ao mesmo tempo. Maternal? Woa, ele estava ficando com fome ou algo do tipo. "Harry, apenas cale a boca e me deixe tomar conta de você antes que a Gina te encontre assim e descubra o que andou, ok?" Harry calou-se. Ela estava certa. Gina provavelmente o deixaria em pior estado do que aquele em que o encontraria.
Uma linha fina se formou bem onde as sobrancelhas de Hermione se juntaram enquanto ela recitava feitiços de cura e diagóstico. Harry apenas ficou parado e observou-a. Ela não disse uma palavra, entretanto, de modo que ele ficou agradecido. Não estava com humor para mais um discurso naquele momento; ele ainda tinha aquela raiva pulsando em suas veias.
Ela finalmente baixou a varinha. "Pronto", ela disse. "Isso vai dar, eu acho." Então ela se virou e andou até a janela, se jogando em uma cadeira ao lado desta. "Agora", ela falou, olhando para ele. "Quer me contar?"
Harry fechou o rosto e pegou de novo sua camiseta. "Não mesmo", ele murmurou. Pro inferno com essas coisas de conversar.
Ela apenas esperou, e afinal Harry suspirou, fechando a camisa. "Eu estava indo para Poções", ele começou. "Chegou uma mensagem, acho que é como se pode chamar."
"Nós nos perguntamos, quando você não apareceu para a aula", erguendo os joelhos e abraçando-os enquanto ela o observava pegar a gravata. "Snape estava particularmente terrível, principalmente quando sua esposa não podia ouvi-lo."
Harry resmungou. "Quando ele não está?", perguntou, sem realmente querer uma resposta.
"Então", ela pressionou, enquanto ele dava o nó na gravata. Por que se importar com aquilo?
Harry desistiu e andou pelo quarto até se jogar no chão e sentar-se ao lado de Hermione. "Voldemort", ele disse. "Uma simpática cartinha, só pra mim. Uma palavra. 'Logo'." Ele sentiu Hermione estremecendo a seu lado, e tentou não suspirar. "Nós não temos muito tempo", ele disse, inclinando-se para a frente.
Hermione ficou em silêncio por um momento, depois falou com firmeza, "Então nós precisaremos de reuniões da AD toda noite. E eu preciso colocar aqueles feitiços numa ordem lógica. E nós precisamos de algum tipo de plano."
Harry piscou e olhou para ela. "Hã? Quê? Plano?" Francamente, ele pensara que treinar para se defenderem de maníacos com vestes negras já era um plano.
Hermione sacudiu a cabeça, o cabelo lanzudo agitando-se loucamente. "Não, nós precisamos de um plano para quando eles atacarem", ela disse, aquela linha entre suas sobrancelhas se aprofundando. "Quem vai defender qual parte do castelo? Onde as criancinhas vão ficar? Quem irá levá-los até lá? Esse tipo de coisas."
Harry teve que admitir, ele não se importara em pensar tão longe. Droga, ele estava tão preso naquilo de Eu-Tenho-Que-Matar-o-Lord-Das-Trevas. "Você está certa", ele disse, cruzando os braços e se inclinando de volta. E sorriu de modo sincero. "O que nós faríamos sem você, Hermione?"
Hermione enrubesceu um pouco, mas sorriu de volta. "Vocês todos estariam reprovados nas aulas, mal podendo sobreviver aos ferimentos do quadribol, e não teriam a menor idéia de onde fica a biblioteca", ela disse, presunçosa. Harry riu.
"Você está certa", ele concordou, e se pôs de pé. E estendeu uma mão para ela. "Jantar?", perguntou.
"Não esqueça sua capa", ela disse a ele, cutucando-o no lado, e então enrugando o nariz. "E céus, por favor use algum tipo de feitiço de limpeza. Você está fedendo".
"Quem, eu?", ele provocou, erguendo de propósito um braço bem na frente dela. Ela gritou e correu para a porta. "Ohh, com medo de um pouquinho de suor, Hermione?", ele chamou, correndo atrás dela. Depois de um feitiço discreto, claro.
"Idiota", ela gritou por cima do ombro ao parar no topo do primeiro lance de escadas. Os olhos dela estavam brilhando com o bom humor, embora os pensamentos sérios continuassem ali debaixo. "Vamos, Fedido", ela disse enquanto ele se apressava para alcançá-la. "Nós temos uma reunião para convocar." Ela puxou-o pelo braço enquanto eles desciam as escadas, e enquanto caminhavam, Harry teve um breve pensamento da garota andando a seu lado. Ela estaria ali, ele percebeu, talvez a primeira vez que realmente percebia. Hermione e Rony e Gina e provavelmente todo o resto. Eles todos estariam ali, porque era certo. E isso finalmente fez algo relaxar dentro dele.
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Draco estava no meio de algo prazeroso demais pra ser interrompido, quando aquela maldita garota Weasley apareceu. "Cara, Draco", ela chamou, abrindo com tudo a porta da sala que eles estavam, hum, naquele momento, bem, ocupando, e metendo a sua cabeça ruiva pra dentro. Então ela cobriu os olhos depressa. "Oh, eu não precisava mesmo ver isso."
"Então fique do seu lado do castelo, Weasley", Draco grunhiu, seriamente aborrecido e contemplando uma certa idéia de retribuição. E isso tornaria as coisas um pouco... desconfortáveis para Potter também. Hehehe.
Cara, infelizmente, o conhecia bem demais. Ele foi ameaçado com um olhar, em seguida havia uma camiseta em cima de sua cabeça, e uma bela namorada que se afastou. "Desculpe, Gina, o que está errado?", o amor de sua vida perguntou enquanto ela buscava suas próprias roupas, apressada. Draco nem pensou em se apressar. Não faria isso por ninguém.
A pequena Weasley ainda estava cobrindo os olhos. "Reunião da AD", ela disse. "Essa noite, e todas as outras a partir de hoje."
Draco fechou a cara. "Por que diabos...?", ele demandou. Será que Potter tinha finalmente pirado?
"Harry recebeu uma mensagem", Weasley disse os olhos ainda cobertos. "Nós não temos muito tempo."
"Ah, pelo amor de Merlin tire essa mão da cara", Draco sibilou, seriamente irritado e mais do que um pouco abalado. Ele não queria que aquele dia viesse. Ele queria, pensando bem, mas todas as preocupações iriam com a mesma velocidade que viessem, de modo que ele pudesse voltar a ter aqueles momentos incríveis com Cara para sempre.
Weasley apenas espiou cautelosamente entre os dedos antes de tirar a mão do rosto. "Nós precisamos juntar todos essa noite", ela disse, olhando brevemente para ele antes de se virar para Cara. "Nós precisamos da AD, e precisamos também começar a fazer um plano."
"Plano?", sua tão solícita namorada perguntou enquanto eles rumavam para a porta, as roupas ainda um pouco amassadas mas ao menos, completamente vestidas.
"Hermione está começando", Gina disse a ela. "Quem vai ficar onde, o que vamos fazer com os menores, quem irá levá-los. Esse tipo de coisa."
"Isso não vai importar." Draco murmurou. "Se acabar tudo... Não terá importância."
Gina lançou-lhe um olhar severo. "Por isso os encontros toda a noite", ela disse. "Vamos, Malfoy", ela disse, e saiu da sala. Cara estava logo em seus calcanhares, com um olhar preocupado e os lábios contraídos ao olhar depressa para ele. Ele assentiu, dando a entender que estava indo, e ficou onde estava.
Quando as garotas foram e a porta se fechou mais uma vez, Draco deixou os ombros caírem. Droga de inferno sangrento, ele pensou, passando as mãos pelo cabelo e resistindo ao impulso de se erguer. Tudo daria em merda. E o que eles estavam fazendo, tentando derrotar o Lord das Trevas sozinhos? Claro, havia aquela pequena coisa de Potter que ele revelou na noite de bebida na Torre de Astronomia... algo sobre ser o único. E ele tinha suas suspeitas nesse único.
E correu as mãos pelo cabelo de novo. E agora ele tinha que transformar um bando de alunos grosseiros em guerreiros decentes. Cada maldita noite dali em diante.
Draco sacudiu a cabeça, sentindo o desespero subir pela garganta. Como aquilo poderia ser suficiente?
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Sonora sentou-se e encarou vagamente o caldeirão. O que estava faltando? Ela estava tão perto, tão perto mesmo. Tinha que ser algo, algo que fosse assustadoramente simples. A Poção da Intenção era para uma pessoa. De algum jeito, devia haver um modo de fazer para várias.
"Ainda, Sonora?", veio aquela voz grave e sedosa detrás dela.
Ela suspirou. "Tem que ter um jeito", ela murmurou, e se virou de novo para as pilhas de papéis e livros sobre sua mesa. Tinha que ter um jeito.
Mãos se fecharam sobre as dela. "Pare", disse a voz, gentilmente. As mãos dela ainda seguras. "Não vou deiar que você fique doente com tudo isso." Severus disse por cima dela, soando um pouco ditatorial. "Você não tem dormido, você não come, e está se enterrando aqui dentro."
E algo dentro dela se destravou. "Pessoas vão morrer!", Sonora explodiu. E elevou-se de repente de sua cadeira, a raiva súbita dando impulsão à sua perna fraca e mandando-a para o outro lado da sala. "Pessoas vão morrer se eu não resolver isso! Se eu não puder encontrar uma resposta e logo, haverá corpos cobrindo os terrenos de Hogwarts. E você estará lá", ela rosnou, girando e apontando um dedo para seu marido de aparência surpresa, porém severa. "Você estará lá, com aquele alvo gigante pintado no seu peito, e você acabará MORTO."
"Sonora", ele resmungou, indo até ela.
"Oh, não, fique aí você", ela gritou de novo, apressando-se em ir para o lado oposto. "Não tente me dizer que nós vamos descobrir tudo ou que você não acabará morto no final. Porque eu CONHEÇO você", ela choramingou, virando-se e sentindo lágrimas ardendo em seus olhos. E droga, aquela força súbita em sua perna fraca estava se desvanecendo. Ela teve que se apoiar em uma carteira e piscar para afastar o choro.
"Você estará lá no ataque, vai bater uns doze Comensais da Morte, e então eles te matam. Provavelmente para salvar Dumbledore ou mais alguém que você pensa ser mais importante do que si mesmo." Havia lágrimas em suas bochechas agora, e seu peito arfava. Seu fôlego estava entrecortado, e era difícil respirar, a raiva e a miséria tão firmes na garganta. "E maldição, Severus, eu não posso te perder! Eu não vou te perder! NÃO VOU!"
Ela estava quase cega com as lágrimas, tropeçando nas palavras, e então houveram braços duros apertando-a a lábios contra os seus e o mundo voltou a seu eixo. Quando este se acomodou no lugar, ela se viu abraçada com força pela única pessoa que importava, entre todas as pessoas e coisas.
"Eu não posso fazer promessas", ele disse, a voz sombria. Ela não teve que erguer os olhos para saber o quanto ele próprio estava desalentado. "Eu nunca pude."
Ela estremeceu. "Eu sei", ela disse abafada, o rosto apertado contra as vestes ásperas dele. "Eu sempre soube. Mas maldição, vou te proteger nem que seja meu último ato."
O peito dele se moveu por baixo quando ele resmungou. "Eu pensei que esse fosse o meu trabalho."
"Coma poeira", ela murmurou. "É o meu também." E então algo ocorreu-a. Algo que a fazia querer dançar e gritar em frustração ao mesmo tempo.
"O quê?", ele exigiu, tenso, as mãos apertando-a quando ela tentou se afastar.
"É algo em comum", ela disse, pensando furiosamente enquanto se endireitava e o encarava nos olhos. "Algo que aqueles que beberem devem dividir, algo que faça a intenção ser de TODOS eles."
Os olhos dele se estreitaram. "O que você está pensando?", ele demandou.
Ela foi até seu caldeirão, caminhando com dificuldade, para seu aborrecimento. Ela queria velocidade, não graça. "Tudo em comum, algo totalmente comum...", ela murmurou. E estava virando páginas, resfolegando, pensando o mais depressa que podia. "Droga. Droga!" Ela bateu o livro e fechou-o. "É isso!"
"O quê?", Severus exigiu saber asperamente.
Ela encarou-o, triunfante, selvagem. "Todos eles, cada um lutando pelo lado da luz nessa guerra, têm em comum", ela disse, e pôs uma mão sobre o coração. "Isto aqui."
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Harry deu uma olhada nas pessoas cansadas à sua volta. "Vão para a cama", ele disse, tenso. "E não esqueçam de vir amanhã à noite."
Houve murmúrios e resmungos vindos da multidão enquanto eles rumavam para a porta. Harry se virou, sem se incomodar em escutar.
Eles disseram que o seguiriam, que acreditavam nele. Ele certamente estava testando sua fé, pensou sombriamente. Seria interessante ver quantos apareceriam no dia seguinte.
Malfoy apareceu próximo dele, parecendo frio como sempre. Havia leves sombras em seus olhos, entretanto, e um cansaço inato em seu corpo, mesmo enquanto ele ficava parado ali e relaxado. "Você realmente acredita que eles podem lidar com isso, Potter?", ele grunhiu.
"É a única opção deles", Harry disse firmemente.
"E nós vamos continuar", veio outra voz. Harry olhou por cima do ombro para ver Neville parado, as mãos enterradas nos bolsos, o cabelo suado e grudado no rosto. Neville parecia um pouco aborrecido, seu rosto normalmente amigável então sério e significativo. "Ninguém está confuso sobre o motivo de estarmos fazendo isso. Vamos ficar ao seu lado, Harry, porque não temos outra escolha." Os olhos de Neville estavam trancados nele. Ele sabia, Harry percebeu.
"Você nunca se pergunta, Neville?", Harry disse suavemente, encarando o outro. "Se isso não foi um total acidente de nascimento?"
Neville lentamente sacudiu a cabeça, os olhos nunca desviando dos dele. Nem prestou atenção a mais ninguém na sala. "Não", ele disse em voz baixa. "Você nasceu pra isso, Harry. Eu nasci pra alguma outra coisa." E sorriu meio inesperadamente. "Eu não sei o quê, ainda, mas acho que vou descobrir se passarmos por tudo isso."
"Bem, isso é adorável e tudo mais, mas podemos voltar ao assunto principal?", o rosnado de Malfoy cortou toda a intensidade do momento.
Harry manteve o olhar de Neville por mais um minuto, tentando dizer sem palavras. De alguma forma, a mensagem chegou. Neville baixou a cabeça, depois virou-se para Malfoy. "Tem algo a dizer, Malfoy?", seu amigo usualmente calmo disse.
Malfoy ergueu uma fria sobrancelha. "Então finalmente cresceram alguns dentes no verme?", ele murmurou.
"Chega", Harry falou com impaciência. E virou-se para ver os outros. "Hermione, você já tem algumas idéias?"
A Monitora Chefe limpou a garganta, forçando-se a se erguer, cansadamente. "Eu diria para irmos para a sala comunal, mas acho que teremos ouvidos demais perto da gente", ela disse. "Então é melhor todos se aconchegarem por aqui." Draco virou os olhos, mas Harry deu de ombros. Transfiguração, certo?
Várias cadeira e uma mesa depois, todos já estavam sem meias e Harry sem a gravata. Hermione despejara diversos mapas em cima da mesa. "Nós precisamos de um plano", disse ela, apontando um deles. "Este é o castelo. Nós precisamos saber quais são suas fraquezas, e quantas pessoas precisam vigiar ou defender quais pontos." Ela gesticulou para uma lista. "E precisamos saber quantos alunos há nos três primeiros anos, e descobrir onde podemos deixá-los."
"Os terceiranistas podem cuidar dos mais novos", Rony falou, os olhos significativos em sua nova namorada, sério. "Até agora eles já aprenderam como trancar uma porta e estuporar quem quer que passe por ela."
"Podemos tentar fazer os quartanistas revisarem feitiços com os do terceiro e os menores", Gina sugeriu.
Hermione assentiu. "Bom." E olhou para Malfoy. "Draco. Quantas pessoas da sua Casa estão do nosso lado?"
Todos os olhos se voltaram para o sonserino loiro que estava encostado negligentemente em sua cadeira. Seus olhos eram frios. "Você está pronta para uma guerra aqui dentro mesmo?", ele disse, a voz rígida e baixa. "Porque é o que você terá. E acredite em mim quando eu digo que eles treinaram para isso a vida inteira. Não como as crianças que temos aqui." Seu rosto se contorceu um pouco. "Seus pais e suas mães andaram treinando-os desde que eles começaram a andar, apenas esperando o momento." Sua voz era áspera na sala silenciosa. "Haverá guerra aqui dentro."
Foi Rony que finalmente quebrou a atmosfera opressiva. "Em quantos você confiaria, Malfoy?", ele exigiu. Afinal, era o Monitor Chefe, o estrategista, o mestre no xadrez. "Em quantos você confia, e poderia trazê-los para cá?"
Malfoy fez um pequeno gesto, talvez seu primeiro sinal de relaxamento que eles puderam ver. "Poucos. Alguns dos mais novos. Ninguém acima do quinto ano."
Todos se voltaram para Harry, e ele teve que resistir ao impulso de fechar a cara. Ele odiava aquilo, odiava mesmo. "Então nós temos que tirá-los daqui", ele disse, a voz firme. "E prender os outros com os pequenos."
Draco assentiu lentamente. "Vou mandá-los pela porta dos fundos.", ele disse. "E cuidar para que ela se tranque atrás deles."
"Eles vão saber como?", Hermione perguntou. "Quero dizer, o suficiente para manter os outros dentro?"
Draco deu uma risada áspera. "Você ainda não entendeu, Granger. Eles sabem como. Eles vão saber mais do que você poderá sonhar em toda a vida."
Rony o cortou com um gesto. "Chega", ele disse, impaciente. "Nós entendemos, Malfoy. Você se mistura com aqueles que confia."
"Eu posso checar", Harry falou em voz baixa. E de novo todos o olhavam. Mas ele fitou Malfoy. "Eu posso dizer se eles realmente são do lado das trevas ou não."
O rosto de Draco estava terrivelmente tenso. "Eu odeio essa maldita guerra.", ele disse. "Faça."
Harry assentiu levemente, e olhou para Hermione. "Continue", ele ordenou.
Hermione parecia miserável e teve que respirar fundo. "Então é isso. Agora nós precisamos descansar."
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Gina abraçava Harry com força enquanto eles estavam sentados num sofá da sala comunal, encarando o fogo. O braço dele estava firme em sua cintura, a outra mão distraidamente mexendo no cabelo dela. Ela podia sentir a tensão presa dentro dele.
Bem por cima ela se perguntou quanto tempo faltaria para que Harry tivesse que enfrentar seu destino. Como tudo acabaria? Ela sabia que ele estava assustado. Ele estava com medo por todos eles, e por si mesmo.
Ela chegou mais perto, os olhos caindo sobre seu irmão e Hermione no outro sofá, apoiados firmemente um contra o outro. Eles se precisavam, especialmente agora que os dias iam lentamente terminando, ela pensou. A espera. Aquilo era que testaria todos eles.
A mão de Harry continuava se movendo com distração pelo cabelo dela, e Gina finalmente virou-se de frente para ele. Ela apertou os lábios no pescoço dele e sentiu sua pulsação acelerar. "Venha comigo", ela disse, num sussurro. Ela o sentiu assentir um pouquinho.
Rony olhou-os quando eles se levantaram, mas Gina o fuzilou com o olhar apenas. Seu irmão continuou a encarando em retorno, depois assentiu também. Gina sentiu uma onda de afeição pelo ruivo alto que fora seu melhor amigo, seu colega de brincadeiras e seu mais ativo defensor a vida toda. Agora ele estava colocando de lado todos os seus instintos protetores e reconheceu que era apenas o que duas pessoas que importavam para ele precisavam.
Ela apertou a mão de Harry com mais força enquanto o levava para seu dormitório. Aquela noite era para eles.
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N/T: Certo, parem de reclamar do tamanho dos capítulos. Este até é maiorzinho. ¬¬
Rodrigo Black Potter: hum, você viu, dessa vez tivemos um mas a autora preferiu pular. Entretanto, como eles serão todas as noites agora, acho que você deve ter alguns, sim. E obrigada!
Mimi Granger: Sim, a Hermione anda muito imprevisível, se quer saber. Mas ai... Eu adoro RH, fazer o quê. Ah, e obrigada pelos parabéns. E pelo review, claro!
Miri: Isso é que é ser sucinta. Eu queria ter visto a cena na torre em detalhes, mas não se pode ter tudo... Também sou leitora! E obrigada.
Keitaro: Pára de reclamar! Pode parecer que não, mas eu tenho vida real. E outra fic pra tocar, também. Mocinho apressado... Agora tá acabando, agüenta firme. E obrigada pelos reviews e elogios!
Renata: Sentindo falta? Mas eu to sempre atualizando! Por que isso? Não entendi! Bem, obrigada!
