Mares em Revolta
Capítulo Vinte e Nove – Fechando o Ciclo
Gina se descobriu apertada contra seu irmão enquanto eles se esticavam para ver Harry. Ele estava deitado tão imóvel naquela cama de hospital que haviam arrumado no Salão Principal... Hermione conseguira curar seu braço quebrado, mas Rony tivera que ser levado a Snape. Ele arrumara uma ferida que simplesmente não parava de sangrar. Agora ele tinha uma cicatriz longa ao lado de seu rosto, que nunca deveria desaparecer. Ela não achava que ele se importava muito, pensando bem, considerando que ele apenas se concentrava em segurá-la com força, para mantê-la afastada de onde Madame Pomfrey estava trabalhando com Harry.
"Por que o cabelo dele está ficando branco?", Gina sussurrou, ainda apavorada até os ossos com a possibilidade de perdê-lo. Ainda não, ainda não, ela insistiu em silêncio. Fora tão difícil ficar com ele, que apenas não podia perdê-lo agora.
Hermione estava branca como papel enquanto se mantinha sentada perto deles, suas mãos apertando uma a outra. Ela estivera ajudando nas curas, as partes mais simples, até que Snape a ordenara rispidamente que se sentasse e bebesse uma poção verde de gosto horrível.
"Ele está usando toda a sua magia", Hermione disse baixinho. "Gastando toda ela, até o fundo da alma. E está tirando vida de cada lugar onde consegue encontrá-la."
Gina não conseguiu conter um lamento. "Vamos, cara", seu irmão murmurou, os braços apertando-a.
Cara estava sentada em outra cama ali perto, Draco deitado ao lado dela. Ele fora atingido por algo que acabara com o feitiço de cura de Hermione, aparentemente. A Profª Snape estava chorando quando o curou, e disse a Cara que ele ficaria bem, mas que sua mão tornaria-se inútil. Estava paralisada e com uma aparência lívida, embora ainda presa ao braço dele.
Simas fora encontrado com o rosto na terra, e sangrara até a morte antes que alguém o encontrasse. As irmãs Patil haviam lutado ombro a ombro e agora tinham queimaduras em seus rostos que nunca sairiam. As duas antigas beldades da escola estavam abraçadas, chorando de alívio. E Neville... Seu corpo jazia imóvel e sozinho, sem marcas e próximo da cama de Harry. Ele salvara Harry, de acordo com Dumbledore, que parecia já tão velho e frágil.
Do outro lado de Harry, sendo observado cuidadosamente pelo próprio Dumbledore, estava o corpo distorcido e pálido que pertencera ao Lord das Trevas. Ele não estava morto, também. Gina mal podia olhar naquela direção, conhecendo a maldade que enchia aquele rosto horroroso.
McGonagall estava andando por ali, falando com membros da Ordem que haviam conseguido se arrastar desde Hogsmeade. Eles todos tinham se apressado para ajudar os aurores, e tantos estavam machucados ou mortos... Ela vira Gui, brevemente, para logo ser arrebatada num abraço forte de seu irmão mais velho antes que ele a beijasse e se fosse encontrar seus pais e irmãos. Merlin sabia se todos teriam conseguido.
Então ali estava ela, com Rony e Hermione, esperando e observando, sem ouvir nada atrás deles. O cabelo de Harry, enrolado na sujeira e sangue do corte que tinha em sua têmpora, estava lentamente ficando branco, mecha por mecha. Ele não se mexia, e por pouco não respirava.
"Por favor", Gina sussurrou, olhando para ele.
E então o ar pareceu ficar estático. Gina se sobressaltou, os olhos se abrindo um pouco mais. O braço de Rony a apertou de novo. E então uma brisa, suave, doce e morna e totalmente avessa ao ambiente invernal que preenchia o Salão Principal, atravessou o recinto, balançando cabelos e vestes.
E Gina viu o peito de Harry se erguer e depois cair. E de novo. E Gina começou a chorar.
"Oh, bendito seja Merlin", Madame Pomfrey disse, sua própria voz abalada. "Nós o temos de volta." Hermione engasgou e se sacudiu e como Gina, começou a chorar lágrimas de alívio. Ela sentiu Rony estremecendo atrás dela, e através das lágrimas viu Dumbledore assentir. Então o diretor se abaixou e tirou o lençol de cima do rosto que costumava ser do Lord das Trevas.
Foi um grande esforço para Harry abrir os olhos. Tudo doía, do polegar ao dedo do pé. E ele se sentia como se nem tivesse força para abrir seus olhos como antes.
Ele conseguiu, entretanto, e lentamente olhou à sua volta. Estava na ala hospitalar, percebeu. O sol estava brilhando fracamente através das janelas, e havia neve na base das janelas.
Devagar virou a cabeça, e tentou olhar em volta. Vazio. Ele era o único ali. Exceto pela dona de uma cabeça ruiva perto dele, enrolada de forma muito desconfortável em uma poltrona. Parecia que estivera lá por um bom tempo, também, se o estado das roupas podia servir como dica.
Gina. O nome dela ecoou enquanto seus olhos percorriam em festa seu rosto pálido, com uma mecha de fogo que caía até seus ombros. Sua Gina.
Deu um certo trabalho e ranger de dentes, mas ele conseguiu fazer uma mão se mexer e se esticar na direção dela. Seus dedos tocaram os dela, que descansavam largados no braço da cadeira.
Ela se assustou e acordou, os olhos subitamente abertos e selvagens. E então ela o encarou, aqueles olhos castanhos largos e maravilhosos bem como ele pensava que estariam. "Harry", ela sussurrou. Então prontamente ela rompeu em lágrimas e se jogou sobre ele, e Harry não podia sentir mais dor porque os braços dela estavam em volta dele e seu rosto, enterrado no cabelo vermelho.
"Eu te amo", ele murmurou dolorosamente naquela massa grossa de mechas.
"Eu sei", ela disse chorosa contra o ombro dele. "Merlin sabe, eu amo você". Ela ergueu a cabeça e escondeu o rosto atrás das mãos. "Bem vindo de volta", ela disse, e beijou-o. Sentir os lábios dela contra os dele, mornos e doces e tentadores bem como deveriam ser, foi o que o fez esquecer-se da dor, esquecer a fraqueza, e ele a beijou de volta com tudo que podia.
"Harry!", veio do batente da porta, um grito de alegria que ele identificou mesmo estando no meio de um beijo com Gina. Ela ergueu a cabeça e se recostou um pouco antes que ele fosse atingido por outra garota chorosa que o abraçou. Desta vez ele foi enterrado em mechas castanhas, e foi beijado no rosto. "Oh, Harry, você está de volta", Hermione estava fungando.
A mão de Rony baixou em seu ombro e o apertou. "Pelas barbas de Merlin, você nos preocupou, cara", seu melhor amigo disse roucamente, parecendo estar ele próprio com os olhos marejados. "Nós não sabíamos se você acordaria um dia."
Harry encontrou os olhos de Rony por cima da cabeça de Hermione, Gina ainda parada por perto também. Seus olhos percorreram a longa e profunda cicatriz que rasgara o rosto de seu companheiro. "É aqui onde eu preciso estar", ele disse, a voz quebrada e fraca. Cada parte dele parecia tão fraca.
Hermione finalmente se acalmou, e Gina imediatamente se aconchegou mais perto, parecendo incapaz de soltá-lo por um segundo. Harry não se importava, ele a queria ali. Tão perto quanto possível. "O que aconteceu?', ele se forçou a perguntar.
"Está acabado", Hermione falou, secando lágrimas. "Voldemort está morto."
Harry fechou os olhos e soltou o ar. Apenas um pode sobreviver... "E os outros?", ele perguntou, abrindo os olhos. Aquilo era o que ele não queria ouvir.
Rony suspirou. "Nós tivemos sorte. Não foram muitos os mortos", ele disse, sentando-se na ponta da cama de Harry. "Simas sangrou até a morte. Três quartanistas da Lufa-Lufa foram esmagados por uma pedra que caiu das torres, quando um Comensal tentou derrubá-las. Um garoto da Corvinal, primo da Ana Abbott, você se lembra dele? Ele foi atingido por maldições de corte demais e morreu, também." Rony sacudiu a cabeça. "Há alguns mais, também. E a Profª Sprout, ela morreu. Hagrid tentou chegar até ela, mas ela estava sendo encurralada, e ele veio tarde demais. Conseguiu quebrar algumas caras antes disso, porém."
"E então houve Neville", Gina falou baixinho, o rosto virado.
Harry fechou os olhos. Neville. "Eu sei", ele disse. Seu amigo. Abriu os olhos de novo, sentindo a mágoa presa em sua garganta. "Ele me salvou, vocês sabem."
Hermione assentiu, os olhos se enchendo de novo. Ela parecia muito magra, ele percebeu. Não parecia muito bem. "Dumbledore sabe o que ele fez", ela disse, os lábios tremendo um pouco. "O Ministério o premiou com a Ordem de Merlin, Primeira Classe. Ele é um herói, agora."
Harry deu um sorriso contido. Exatamente como ele dissera. "E com você, está tudo bem?", ele perguntou finalmente, os olhos passando pela cicatriz no rosto de Rony para a face pálida dela, e afinal para a garota cansada encostada em seu ombro.
Rony deu de ombros. "Nada que não se conserte", ele disse, as mãos se erguendo para puxar Hermione para perto dele. "Mamãe e papai estão bem, e também os outros", ele disse, parecendo ler a mente de Harry. "Jorge perdeu um olho, foi o pior que houve. Fred disse que vai usar um tapa olho também, para que eles possam continuar enganando os outros."
"Cara torceu o pulso, mas já está bem agora", Hermione falou, aconchegando-se nos braços de seu namorado. "Draco...", ela hesitou. "Perdeu a mão esquerda. Foi atingido por um feitiço, que se misturou com o encantamento de cura que eu tinha feito mais cedo..."
Harry viu Rony se inclinar para dar um beijo de apoio no rosto de Hermione, a sua própria cabeça ficando pesada e começando a doer de novo.
"Você está cansado", Gina disse em seu ombro, estando ali encostada.
"É", ele disse sem força. "Por quanto tempo eu fiquei aqui?" E apostou que não podia ser mais do que o tempo que o manteriam preso no hospital, agora que ele estava acordado.
"Duas semanas", Rony disse, "Nós nos dividimos em grupos, mas tem sido um inferno tirar a Gina daqui." Aquilo explicava as roupas gastas e o rosto cansado, ele pensou. "Da próxima vez, tente não se matar, hein, cara?"
Harry fechou a cara para Rony, antes que Gina se erguesse para mexer no seu cabelo. "Você quase gastou toda a sua força vital, Harry", ela falou, baixo. "Você quase se foi."
Os lábios de Hermione estremeceram antes que ela se controlasse. "Agora você vai começar a moda do cabelo branco", ela disse.
"Branco?", Harry perguntou, confuso, mas não realmente interessado. Seu corpo doía de novo, e era difícil ficar acordado.
"Shh", Gina disse, afagando seu cabelo de novo, antes de se deitar de novo. "Estamos aqui, não vamos sair. Você dorme e depois nós te dizemos tudo."
Harry suspirou, e seus olhos exaustos pararam sobre o rosto dela, no de Rony, e na de Hermione. Sua família, ele pensou. Ele fechou os olhos e as imagens permaneceram em sua mente. Toda a sua família.
N/A: E isto, Queridos Comentadores, é o fim!
Meus agradecimentos a cada e um e a todos. Seus comentários me mantiveram escrevendo, suas sugestões foram o que evitaram que minha história acabasse caindo numa terra de ninguém. Foi uma grande viagem essa, alimentar essa obsessão, minha e de vocês. : - )
N/T: Fim! Sim, acabou! Uau, eu nem acredito nisso. Foram uns três anos para traduzir essa série... Sempre misturada com alguma fic minha, parece até de propósito. Eu dividi o tempo dela com umas... Deixem-me pensar... Quatro fics, ou mais. Sem falar das one-shots de desafios... Puxa vida! Tudo começou quando eu queria ver como era traduzir, e queria algo com o Severus, desde que incluíssemos uma personagem original ficando com ele. Um belo dia eu percebo que tinha continuação... E continuação da continuação... E nossa! Teve gente que continuou lendo esse tempo todo. Nem dá pra acreditar! Queria agradecer especialmente à Miri, que é uma dessas pessoas. Foi por causa dessa trilogia que nós ficamos amigas, não é? Isso tudo foi realmente legal, tanto que me fez decidir fazer faculdade de tradução... Ano que vem estarei lá! Tomara...
Só pra reforçar: OBRIGADA A TODOS! E viva a autora!
