DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).

Nota: não, eu não sou dona dos personagens. Mas isso não me impede de amá-los...

TowandaBR: capítulo curtinho? Fala a verdade, todos os capítulos tem mais ou menos o mesmo tamanho, lol... Você queria mesmo eram mais páginas ruborizantes como essas? (brincadeirinha) Tinha N&V sim, é claro, afinal, é uma fic sobre o grupo todo e como eles são uma família, independentemente do tempo e do espaço... É esperar para ver o que teremos daqui por diante! Beijão...

Emanuela: obrigada, que bom que você está gostando! Aí vai mais um capítulo! Beijos!

Di: obrigada, seu comentário me deixou muito feliz, porque essa realmente era a minha intenção quando eu escrevi o capítulo três: mostrar os casais numa situação mais "quente", mas longe dos "apaixonados fulminantes", e muito mais como os "amantes" que aprenderam a se conhecer e se conquistar a cada noite... Agora, imagine os meninos vestidos com roupas de couro? Não precisavam ser tão agarradas – porque tudo é uma questão de "corte", mas no caso deles, quanto mais agarradinhas melhor he he he Beijão e espero que você continue lendo!

Kakau: esses dois casais são fofos, né? Mas vem muita aventura por aí... E o dia seguinte está só começando... Espero que goste! Beijão!

Fabi: você mencionou um ponto importante. Acho que preciso apontar qual a idade de cada um deles que eu tenho em mente quando escrevo a fic (não quero que ninguém acredite que estou certa, mas apenas para servir de referência ao meu raciocínio he he he). Na minha visão, ao chegar ao platô, Marguerite era uma balzaquiana recém entrada nos 30 anos, Roxton tinha 35, Challenger tinha 50, Summerlee tinha 57, Ned tinha 25 e Verônica tinha 22. Então, agora, dez anos depois, Marguerite é uma quarentona enxuta, Roxton tem 45 anos, Challenger tem 60, Summerlee tem 67, Verônica tem 32 e Ned tem 35... Um ou dois anos mais, ou menos, mas não mais que isso. Novamente, minha intenção não é provar isso, é apenas esclarecer que essas são as idades que eu tenho em mente quando escrevo o capítulo, ok? Ups, mas voltando ao seu comentário, que bom que você gostou desse capítulo "quente" (nem me fale em calor – ui ui ui). Sobre encontros e desencontros, você só vai descobrir se continuar lendo he he he Espero que goste... Beijos!

Clau: Sis, adoro quando você reaparece! Pois é, essa é uma família das menos improváveis (com o mínimo grau de parentesco real a se imaginar), mas que é a prova que o que une as pessoas são laços de amor, e não laços de sangue... Sobre o terceiro capítulo, foi dose dupla mesmo, e eu, como você, gosto mais da segunda parte, mas sou da opinião que todos eles têm o direito de ser felizes, né? Sobre R&M adotarem uma criança, não sei se o platô tem grandes oportunidades para isso (talvez uma criança zanga, ou um dos órfãos da tribo em "The Guardian", massssss, acho que no final das contas eles adotaram os filhos de N&V como se fossem deles!). Beijos e espero que você continue lendo!

Maga: Maguinha querida... A Marguerite arrancando os fios brancos foi inspirada em uma amiga minha – uma quarentona animadíssima que tem a felicidade de ter bem poucos fios brancos e que realmente se dá ao trabalho de arrancá-los um por um – a primeira vez que a vi fazendo isso eu imediatamente pensei que a Marguerite com certeza faria a mesma coisa lol... Agora, esses meninos mais "maduros", ui ui ui, é inspirador só de pensar! Novamente, gosto de imaginar que os anos de convivência só "afinaram" a sintonia da relação dos dois casais... Quanto a nenhum dia ser igual ao outro, realmente o platô é que nem futebol: "uma caixinha de surpresas"... É continuar lendo pra ver! Beijão!

Jess: he he he, você então notou que nas entrelinhas das cenas calientes tem algumas breves explanações sobre o que mudou ao longo dos anos? Very smart and very clever, my dear! Você realmente é uma Mata Hari potencial, pode começar a se tornar Miss Smith de verdade... Sobre as roupas de couro, só vou resumir em uma palavra o que se passa na minha imaginação nessas horas: "WOW" he he he. Beijão, saudade de você!

Rosa: estou gostando de ver o quão comportada a senhorita está! Muito bom... Que bom que suas dívidas com as fics estão sob controle, você não imagina como isso me deixa feliz como escritora he he he Faz-me rir imaginar você com os olhinhos fechados nesse capítulo... Fala a verdade... Você aprendeu tudo sobre fechar os olhinhos com o Challenger naquele episódio Stone Cold, não é não? Beijos, saudades!

Aline: mesmo que você não tivesse assinado, essa referência ao "piazinho" só poderia ter vindo de você ou da Nessa he he he. Na minha mente, Abigail é mais parecida com Verônica e Tom mais parecida com Ned. E tenho que dar o braço a torcer que Ned tem uma percepção grande sobre as pessoas, embora na série ele seja ingênuo demais para agir sobre isso he he he Mas o Tom e a Abi são meus xodós nessa fic, pode acreditar... Fala a verdade: fez você se lembrar da Júlia, não fez? He he he Que bom que você gostou da cena entre N&V, e mais ainda de R&M... Ruborizou? Bom, nesse próximo capítulo não acho que você vá se ruborizar... Afinal, se você olhar no fanfic, essa fic é uma fic de Aventura/Drama, romance é apenas um "underlying factor", mas que vai aparecer pontilhando a fic, fique sossegada... Fiquei feliz por você estar de novo "em dia" com essa fic, he he he! XOXO!

Nessa: que emoção! Minhas alunas estão de volta! E em dia com as reviews! Wow, wow, wow! Que bom que você gostou da referência às outras fics e a alguns fatos dos capítulos do passado... Sobre o terceiro capítulo, bom, é minha vez de dizer que eu posso até ter carinha de anjo, mas eu também não sou de ferro, né? (evil laugh). Sobre a cena de R&M ser mais, digamos, "desenvolvida", bom, a explicação está na verdade na review da Aline... Acho que é porque eu consigo, perfeitamente, me colocar no lugar da Marguerite e consigo escrever a cena, digamos, com muito mais riqueza de detalhes he he he (estou ruborizada só de escrever esse parágrafo agora). Não consigo fazer o mesmo com o Ned, porque ele definitivamente não me "entusiasma", se é que você me entende he he he Que bom que você está de volta, não me abandone mais, please! (Cris Drama Queen)... XOXO!

Capítulo 4 – Expedição de reconhecimento

Quando Verônica levantou-se e dirigiu-se para a cozinha, ficou um pouco surpresa de encontrar Roxton acordado. Ele já estava preparando o café.

'Bom dia, deixe-me ajudá-lo.'

'Bom dia, Verônica, na verdade eu vim providenciar café, porque todos sabemos que para Marguerite sair cedo da cama e estar com um mínimo de bom humor, uma xícara de café preto é indispensável...' os dois riram, pois sabiam que ele estava certo.

Ela continuou preparando as outras coisas para o café da manhã. E logo Marguerite apareceu, estremunhada de sono ainda, mas com um sorriso leve nos lábios, sentindo o cheiro delicioso de sua bebida preferida. John piscou para Verônica e apressou-se em servi-la.

'Bom dia, meu amor. Olha só o que eu preparei para você.'

'Você não vai provar?' ela perguntou, provando um gole generoso da xícara fumegante que ele tinha colocado em sua frente.

'Vou.' foi a resposta simples dele, antes de beijá-la em cheio na boca, sentindo ainda o gosto do café.

Ela ruborizou-se, mas não disse nada. Apesar de apreensiva com a excursão, seu coração estava leve porque pelo menos ela ia estar com o homem que amava.

'Por que você demorou tanto?'

'Deixei nossas coisas prontas, pois se nossa expedição mostrar que o melhor é irmos para a aldeia zanga, teremos pouco tempo para nos aprontar, então achei melhor deixar tudo preparado para nossa partida.'

'E nós faremos o mesmo nos próximos dois dias. Pensaremos em defesas para a casa da árvore para o caso de decidirmos ficar, mas principalmente prepararemos armas e munição e nossos apetrechos de viagem, para estarmos prontos para irmos para a aldeia zanga.' Verônica disse.

'Então, enquanto você toma seu café-da-manhã, vou pegar as coisas de que vamos precisar nesses dois dias fora.', ele disse, e saiu da sala, deixando-a com Verônica.

Verônica aproximou-se e se sentou à mesa, junto a Marguerite.

'Você também está preocupada, não é?'

'Um pouco. Mas fico mais tranqüila porque estarei com John, e sei que você, Ned e as crianças estarão juntos, com Challenger e Summerlee aqui. É mais seguro assim, no caso de qualquer dos grupos ser "tragado" por uma onda-espaço temporal. E vocês podem fazer um trabalho de proteção geral da Casa da Árvore que poderá ser muito útil para o caso de decidirmos não viajar!'

Elas foram interrompidas por Ned, que vinha do quarto com cada um de seus filhos apoiado num braço, deixando que ele meio que os arrastasse. As crianças adoravam quando ele fazia isso.

Tom e Abigail eram a perfeita mistura de Ned e Verônica. Os dois eram louros, com os olhos muito azuis, mas a pele deles se bronzeava com a mesma facilidade que a de Verônica. Em termos de temperamento, eram realmente a mistura do que Ned e Verônica tinham de melhor. E a vantagem era que sempre acordavam bem-humorados.

'Bom dia, mamãe! Bom dia, tia Marguerite e tio John!' os dois se soltaram dos braços do pai para abraçarem e beijarem Marguerite e Roxton que tinha chegado com as mochilas, e depois se jogarem no colo de Verônica.

'Ainda bem que você reforçou essas cadeiras, Roxton, caso contrário esses dois já teriam destruído todos os móveis da casa.' Verônica falou, rindo, meio que sufocada pelas duas crianças disputando seu colo. Eles já eram bem grandinhos, mas sempre faziam isso pela manhã.

'Ué, tio John, você está indo passear e nem nos convidou?' Tom perguntou, vendo as mochilas na mão dele.

'E quem vai com você? Tem duas mochilas aí!' Abigail completou, curiosa.

John sorriu e respondeu: 'Eu e sua tia Marguerite faremos uma pequena excursão, crianças. Mas estaremos de volta amanhã à noite, ou o mais tardar depois de amanhã, cedo.'

'Ah, podemos ir com vocês?' os dois pediram 'Deixe, mamãe, deixe!'

Marguerite, vendo a situação de Verônica e Ned, que não queriam ainda alertar as crianças para o perigo, disse: 'Não dessa vez, crianças, nós faremos uma longa viagem daqui a alguns dias, e sua mãe e seu pai, além de vovô Challenger e Summerlee, vão precisar de ajuda para arrumar tudo. Eu e seu tio John contamos que vocês serão capazes de ajudá-los a deixar tudo pronto, enquanto nós vamos dar uma olhadinha no caminho a ser seguido.' Ela sabia que eles ficariam menos frustrados se soubessem que uma outra viagem mais longa os esperava em seguida.

Ned não pôde conter um sorriso. Marguerite realmente tinha jeito com seus filhos, e sabia como enganá-los direitinho. Também, ela tinha praticado durante anos fazendo isso com ele – Ned – e com a própria Verônica.

'Exatamente, crianças. E agora, é melhor vocês tomarem seu café, porque teremos que tirar tudo dos guarda-roupas para ver o que precisaremos levar, e vamos aproveitar para limpar a bagunça do quarto de vocês...' Verônica completou.

'E nós também aproveitaremos para nos prepararmos. Alguns aparatos científicos podem ser úteis enquanto estivermos viajando – se tivermos mesmo que viajar.' Challenger, que vinha subindo com Summerlee do laboratório, disse, antes mesmo de dar seus bons dias.

Enquanto as crianças se sentavam para comer, Marguerite, que já tinha terminado seu café-da-manhã, e Roxton, que estava pronto com as mochilas deles, se levantaram e foram para a sala, sendo seguidos por Verônica e Ned, e por Challenger e Summerlee. Eles falavam baixo para não atrair a curiosidade das crianças.

'Tomem cuidado, sim? A qualquer sinal de perigo, voltem para a Casa da Árvore.'

'Pode deixar. E vocês não saiam, em hipótese alguma, do perímetro da cerca elétrica, a não ser aos pares..'

As despedidas foram rápidas e práticas, como sempre, e já iam descer, quando Marguerite se voltou:

'Se por um acaso não voltarmos depois de amanhã ao amanhecer, vão com os guerreiros zanga quando eles vierem buscar vocês, entendido? Não nos esperem!'

Challenger e Summerlee se entreolharam, e Verônica e Ned não tiveram tempo de responder. Marguerite já tinha se virado e entrado no elevador onde Roxton a esperava. Eles tiveram que fechar suas bocas antes de fazer qualquer comentário, a preocupação que parecia ter se esvaído antes, agora tinha voltado com toda a força frente à ordem crua mas profundamente racional de Marguerite. Mas tiveram que esquecer os comentários, pois as crianças tinham voado da mesa do café, passado por eles e estavam no balcão acenando para seus tios:

'Tchau, tia Marguerite e tio Roxton, boa viagem! Estaremos esperando por vocês. Encontrem um caminho bem bonito e cheio de aventuras pra nossa viagem.' Ned segurou a mão de Verônica, a preocupação aparentemente acentuada pelos desejos inocentes de seus dois filhos. Challenger e Summerlee tinham se aproximado das crianças, sempre tementes que um dos dois, mais afoito, despencasse do balcão da Casa da Árvore.

Embaixo, Marguerite e Roxton acenaram para eles, tentando aparentar a maior tranqüilidade possível, mas quando trancaram o portão, olhos mais atentos como os de Ned, Verônica, Challenger e Summerlee puderam notar algo que Tom e Abigail era inocentes demais para perceber. Eles não se deram as mãos, como era costume, mas ambos empunharam seus rifles e caminharam lado a lado. Os dois sabiam que aquela não era uma excursão qualquer, e que o perigo poderia espreitá-los até onde os caminhos pareciam mais seguros.

Suspirando disfarçadamente, Verônica convidou as crianças: 'E agora, qual vai ser o primeiro quarto que vamos arrumar?'

Ned se juntou a ela, passando o braço ao redor dos ombros de sua esposa, e acompanhou sua família para dentro. Tanto em seu coração como no de Verônica eles desejaram que Roxton e Marguerite voltassem logo, sãos e salvos.

Challenger e Summerlee se entreolharam também:

'É melhor nos apressarmos, Challenger. Ou então não estaremos prontos para fazer páreo para eles.'

Challenger riu em resposta:

'Garanto que terminaremos muito antes deles. Ou você já se esqueceu que, em se tratando de Abigail e Tom, nada vai acontecer sem muita bagunça? Além disso, tão logo eles estejam encaminhados, sabe que Ned e Verônica vão se juntar a nós. Temos que produzir toda a munição que pudermos, além de avaliar como aumentar as linhas de defesa da Casa da Árvore.'

Dito isso, ambos voltaram para o laboratório.


Os dois caminhavam atentos há mais de quatro horas, mas até o momento, nenhum sinal de perigo, apenas os sons tradicionais da selva. E também não tinham visto nenhum sinal dos planos de realidade dos quais se lembravam tão bem de poucos anos atrás. Isso em si já era um alívio enorme. O que quer que tivesse trazido aquelas tribos novas ao platô, já tinha "passado" e eles não corriam o risco de se perder em alguma daquelas passagens, como Marguerite temera e o que a motivara a fazer questão de trocar lugar com Ned para acompanhar Roxton.

Tinham aprendido que nesse tipo de excursão era necessário falar menos para não se distrair, e não atrair a atenção sobre si, e depois de tantos anos seus olhares bastavam para dizerem o que não podiam expressar em palavras para a segurança de ambos.

Estava um dia quente, e John podia sentir o suor se acumulando no forro de seu chapéu. Olhando para o lado, pôde ver que Marguerite já tinham prendido sua trança negra para o alto, mas mesmo assim o suor banhava seu rosto delicado protegido do sol pelo chapéu escuro. Mas ele sabia que por mais cansada que ela estivesse ela jamais pediria para parar para descansarem.

Ele segurou o rifle com apenas uma mão, e então tocou o braço dela: 'Venha, Marguerite, vamos parar aqui para descansar alguns minutos.'

Ela sorriu para ele, e eles se sentaram para tomar água.

'Tudo muito normal até o momento, não?' ela disse.

'Normal demais. Você viu algo estranho?' ele respondeu, tirando o chapéu e se abanando, e também abanando Marguerite.

'Tenho certeza que você notou. Não é algo que eu tenha visto, mas exatamente o que eu não vi. Não vi nenhuma trilha, de animal ou de gente ou de homens-macaco.' ela respondeu, grata pela leve brisa que o movimento do chapéu dele lhe trazia.

'Boa garota, muito bem.' Ele disse rindo, mas sem conseguir esconder a preocupação.

'O que você acha que está mantendo os animais e os homens-macaco longe do nosso território, John?' ela perguntou, ciente da preocupação dele.

'Não sei. Pode ser qualquer coisa. Mas principalmente podem ser muitas coisas – muitas pessoas ou muitas tribos.'

Sentindo a preocupação dele, ela sugeriu: 'Melhor voltarmos a caminhar, então.' Ela se moveu para levantar-se, mas ele a impediu.

'Não, mais alguns minutos ainda. Não há porque corrermos, precisamos estar inteiros e descansados para o caso de qualquer surpresa.'

Aproveitaram para comer alguma coisa, em silêncio, e em menos de meia hora voltaram a caminhar.

Caminhavam atentos aos sibilar que sempre acompanhava a chegada inesperada de raptors, e às batidas fortes de pés que antecediam os t-rex, mas naquele dia praticamente não ouviam nenhum som. O que era estranho, porque nem os pequenos animais ou pássaros que sempre estavam ao redor deles quando não havia perigo também tinham desaparecido.

Isso, na linguagem instintiva da caça, significava perigo, mas nada estava à vista, nem animais, nem homens-macaco, nem canibais.

Tudo quieto demais, silencioso demais.

Tinham a impressão que seus passos reverberavam, mesmo sabendo que estavam mais que acolchoados pela grossa camada de folhas caídas que cobriam a trilha que estavam usando.

E o silêncio chegava a ser opressivo, pois também lhes dava a sensação de estarem sendo seguidos, observados. O que não os deixava confortáveis, em absoluto.

Encontraram sinais muito velhos, apagados, de vários dias já, de alguns animais miúdos e homens-macaco, outros potencialmente de humanos, mas já estavam muito gastos para que John conseguisse reconhecer algo de útil a partir deles.

Em contrapartida, e talvez o mais estranho, era não verem nenhuma pegada recente de raptors ou de t-rex. Eles nunca ficavam longe por muito tempo, estavam o tempo todo trilhando o platô – eles bem sabiam, depois de tantos anos de experiência, que era absolutamente impossível caminhar um dia inteiro sem topar com pelo menos algum rastro deles, quando não com eles em carne e osso.

E dessa vez, nada. Nada mesmo. Tudo calmo demais. Parecia que os animais tinha desaparecido há mais de uma semana, pela falta de rastros, o que coincidia com o momento da última tempestade elétrica.

Chegava a ser incoerente da parte deles, mas pela primeira vez em dez anos de platô teriam preferido mil vezes ter encontrado alguém ou alguma coisa que continuarem naquela caminhada silenciosa e opressiva.

E, conquanto não vissem nada, continuaram caminhando, sem parar praticamente para descansar, completamente desconfortáveis pela impressão constante de olhos invisíveis os acompanhando, olhos sem rastros que eles não conseguiam distinguir claramente, podiam apenas sentir...

Os dois silenciosos, apenas o som de suas respirações pesadas pelo esforço da caminhada, seus poderes de observação quase palpáveis de tão densos no silêncio da trilha estreita. A faca que Roxton usava para abrir caminha na trilha onde ela ficava mais estreita parecia rasgar não apenas as folhas selvagens e imensas que insistiam em obstruir seu caminho, mas também cortavam o ar pesado que os envolvia.

Era como estarem pisando em ovos, atentos e tensos para qualquer novidade naquele dia surreal, tão diferente dos dias a que estavam acostumados a viver no platô, cercados pelos ruídos da selva, dos animais, e principalmente envolvidos o tempo todo em uma ou outra aventura. E descobriram que a tensão da realidade era muito mais simples de encarar que a tensão que estavam vivendo agora: a tensão da ansiedade, do que podia vir a ser, do que podia surpreendê-los de um minuto para o outro.

Mas, com ou apesar disso tudo, continuaram caminhando...

Enquanto isso, na Casa da Árvore...


Tom e Abigail estavam se divertindo muito.

Apesar das broncas de Verônica vendo a bagunça que eles faziam, era sempre engraçado encontrar coisas que eles julgavam perdidas há muito tempo, ou então coisas que faziam sua mãe ou seu pai pararem para contar uma história que tinha a ver com o que eles tinham encontrado.

Verônica e Ned tinham decidido preparar uma mochila para cada um, pois seria o mais fácil de carregarem no caso de terem mesmo que ir para a aldeia zanga.

Mas o difícil era escolher o que levar, já que não sabiam quanto tempo ficariam fora, e muito menos o que poderia acontecer tanto na Casa da Árvore abandonada quanto na própria aldeia zanga nesse meio tempo.

Aliás, para serem sinceros, eles nem sabiam se iriam mesmo para a aldeia zanga, pois tudo dependeria de como a expedição de Roxton e Marguerite estivesse indo.

Era difícil para os dois ficarem assim, sem uma perspectiva dos próximos dias. Felizmente tinham muito que se ocupar, e a arrumação das coisas era só uma parte delas.

As crianças estavam entretidas na arrumação do que tinha ficado fora da mochila, reorganizando as coisas no armário, e então Ned e Verônica desceram ao laboratório.

'Precisam de ajuda?'

Challenger estava derramando chumbo derretido nos moldes circulares que usavam para a munição, e Summerlee abanava lentamente para que a fumaça tóxica do chumbo fosse desviada da direção dos dois. Só depois de terminar a tarefa que exigia precisão para minimizar o desperdício é que Challenger e Summerlee responderam:

'Não nesse momento. Temos ainda mais alguns poucos quilos de chumbo para derreter. Por que não dão uma volta no perímetro da casa da árvore para avaliar vulnerabilidades, de forma que possamos mais tarde discutir como podemos fortalecer nossa defesa?' Challenger sugeriu.

Verônica e Ned assentiram, e saíram do elevador. Gastaram pouco mais de uma hora andando dentro do perímetro da cerca elétrica, e avaliando tudo o que poderia ou precisaria ser feito para protegê-los no caso de decidirem ficar.

Era muita coisa. Eles podiam pensar em várias alternativas, que Ned ia listando conforme Verônica as enumerava, mas ela estava muito preocupada com o que via. Sob os olhos atentos da caçadora, a Casa da Árvore finalmente se mostrava como uma casa segura contra animais do platô e homens-macaco, mas pouco segura contra outros seres humanos. Ned, finalmente notando o quanto Verônica estava tensa, levou-a para cima, para o quarto deles, para conversarem sem serem interrompidos e sem colocar as crianças em alerta.

Ele se sentou ao lado dela, abraçando-a. Era possível sentir o corpo dela tenso, mas ela relaxou um pouco no seu abraço.

'O que a está incomodando? Estou ficando agoniado de vê-la assim...'

'Não sei, Ned, tenho a estranha sensação que vamos ter que ir mesmo à aldeia zanga.' O que vira na casa e seu sexto sentido eram muito fortes nessa direção.

'Isso não é problema, Verônica, eles são nossos amigos, e quando tudo isso passar voltaremos à Casa da Árvore.'

'É isso que está me incomodando. Olhar todas essas coisas que estamos vendo aqui e ter a sensação de que não vou voltar para cá.'

'Imagine, Verônica, é claro que voltaremos. Não se preocupe.'

'É difícil explicar, Ned. Mas algo me diz que não. Não consigo nos ver novamente na Casa da Árvore, pela primeira vez na minha vida toda.'

Ned compreendeu a apreensão de sua esposa. A Casa da Árvore tinha sido o lar de Verônica desde que ela se entendia por gente.

'Como assim, Verônica? É só uma apreensão com toda essa situação...'

Ela segurou o Trion, em seu pescoço, antes de continuar.

'Você sabe que eu não tenho intuições costumeiramente, Ned. Quando elas aparecem são difíceis de explicar, mas têm sempre um significado, gostando eu dele ou não.'

'E o que você acha?'

'Não sei dizer, não é nítido, mas o que sinto é que não voltaremos a pisar na Casa da Árvore.'

'Mas estaremos longe do platô?' ele disse, esperançoso. Isso podia significar voltarem a Londres, e desde que ele estivesse com ela e com as crianças, jamais reclamaria.

Ela sorriu para ele. Conhecia-o tão bem, sabia no que ele estava pensando.

'Consigo nos ver no platô, Ned, não se preocupe.'

'Eu sei. Mesmo que um dia encontrássemos, hipoteticamente, uma saída daqui, seu lugar é aqui. Afinal, tenho a honra e o orgulho de ser casado não apenas com a mulher mais linda do mundo, mas também com a Protetora do platô!'

Ela riu, encostando a testa na dele. Mas seu semblante voltou a ficar sério.

'O que foi agora?'

'Também estou preocupada com Marguerite e Roxton. Tenho tanta certeza agora que teremos que ir à aldeia zanga, que isso me faz também ter a certeza que eles estão em perigo lá fora.' ela disse, continuando a segurar o Trion que sempre estava em seu pescoço.

'Calma, vai dar tudo certo. Roxton e Marguerite estarão de volta amanhã, e saberão ficar fora de perigo.'

'Espero que sim, Ned. De qualquer forma, é melhor não tentarmos imaginar... Só nos vai deixar mais preocupados, não vai nos ajudar e, o que é pior, não vai ajudar nossos amigos, onde quer que eles estejam agora.'

'Isso. Nos resta agora esperar. E rezar para que eles fiquem bem.'

Ficaram em silêncio mais um momento, curtindo apenas o calor, o conforto e a segurança da proximidade de seus corpos.

'Venha, vamos ver o que nossos filhotes estão aprontando pois, para estarem silenciosos há tanto tempo, devem estar destruindo a casa.' Ned se esforçou por distraí-la.

Levantou-se e, dando a mão para Ned, dirigiram-se ao quarto onde tinham deixado as crianças, e encontraram os dois numa nuvem de penas: os dois pestinhas tinham decidido iniciar uma guerra de travesseiros.

As duas crianças pararam quando viram seus pais à porta do quarto. Mas então, Ned e Verônica trocaram olhares travessos entre si, se aproximaram das crianças, e entraram também eles na guerra de travesseiros.

Nem é preciso dizer que dessa vez, literalmente, voaram penas para todos os lados! Ned e Verônica conseguiram se distrair um pouco, ao mesmo tempo saboreando o quanto era boa a inocência de seus filhos, tão distantes dos problemas que no momento preocupavam todos os adultos que habitavam a Casa da Árvore, estivessem na casa ou não nesse momento.

Quando não conseguiam mais respirar de tanta pena no ar, resolveram que era hora de dar um basta naquela festa, e de arrumar a bagunça.

Como sempre, as crianças se dispuseram a ajudar. Naquele ritmo, nunca terminariam de arrumar as mochilas de todos. Porém, no próximo quarto que fossem arrumar, um dos dois permaneceria com as crianças, para ter certeza que eles não se distrairiam tanto dessa vez... E o outro desceria para discutir as melhorias de defesa anotadas por Ned junto com Challenger e Summerlee.

CONTINUA...

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